terça-feira, 19 de abril de 2011

Série: Mães de Autistas e suas Histórias - II - Sheila

  • Sheila passou por todos os processos de desenvolvimento e aprendizagem de uma menina autista.
  • Antes mesmo de ser diagnosticada por mim como autista pois, nos anos de 1971 em que nasceu ninguém sabia distinguir o autismo.
  • Seu grau no espectro autista é de alto funcionamento. Aos 8 anos de idade foi duvidosamente reconhecida como tal. Neste tempo foi estimulada por psicólogos e nas escolas, embora nenhuma delas suportava os seus comportamentos agressivos.
  • Com o passar dos anos as minhas angústias e meus temores aumentavam gradativamente.
  • Atualmente, aos seus 39 anos de idade, reside em um condomínio para pessoas deficientes leves desde 2001 e namora um Down há vários anos o que a ajudou ser mais afetiva.
  • Alí aprendeu a ser mais adulta e sabe conversar com mais desenvoltura.
  • Aprendi com ela a ser mais paciente e não censurar e dar reprimendas.
  • Ao mesmo tempo, com seus problemas próprios de autismo, conseguiu se socializar ao entender o limite dos outros e o seu mesmo.

PENSAMENTOS DE AUTISTA

Outubro de 2008

Muitas pessoas falam alto penso que é uma bronca, mas não é.
Me dá pavor, medo e susto porque me sinto culpada.
Toque:
Quando alguém me toca ou me abraça eu me sinto penalizada, sensível, arrepiada.
Tenho medo que me ataquem nas minhas costas.
Fujo das multidões e de grandes barulhos, penso que as pessoas vão me pressionar, me apertar,
por isso que eu tenho medo.
Dificuldade no pensamento de lembrar o que as pessoas falaram.
Assim acabo perguntando mais de uma vez.
Relembrar às vezes é bom.
O Davi representa para mim uma obsessão que quando vai para São Paulo,
sinto falta dele porque gosto dele.
A falta é saudade e medo de perder ele porque um dia ele pode morrer.
O Davi tem 61 anos e com a idade surgem problemas de saúde.
O Davi representa o amor para mim. Por isso não gosto de ficar longe dele.
O que significa morte para mim: acabou a vida da pessoa e isso me entristece.
Quando as pessoas falam: "muda de assunto" fico triste e irritada.
As pessoas não entendem que eu preciso de repetição para aprender coisas novas.
Não consigo lembrar de tudo porque é muita coisa na minha cabeça.
Sinto que muitas informações se acumulam.
Eu tenho muita dificuldade de prestar bastante atenção porque me perco nos pensamentos.
Prefiro estar com pessoas mais velhas porque entende a minha dificuldade e aprendo coisas novas com pessoas mais velhas.
Interrompo as conversas porque o assunto não me interessa. Eu não sou uma máquina não consigo fazer as coisas ao mesmo tempo.
Assunto de adulto demora para entender porque me perco nos pensamentos e
não entendo o que eles dizem.
Emoções: sinto contente com a família, ganhar presentes, estar perto do meu namorado, amigos, estar com a terapeuta indo na fazenda, ouvindo música.
Tem muita gente que fala alto demais pensando que é uma bronca mas é o jeito da pessoa.
Me dá raiva quando as pessoas estão de mau-humor comigo.
Me dá tristeza quando fico longe do meu namorado.
O Davi é a pessoa que mais me chama a atenção, significa "cheguei" porque amo ele por isso que eu fico com uma obsessão profunda, forte, me preocupa demais porque adoro porque está dentro do meu coração como se o Davi fosse uma coisa super importante. A minha preocupação mundial é o Davi.
Não consigo esquecer ele, me faz falta, fico 24 horas pensando nele.
Tudo o que me chama a atenção e me dá alegria: cavalo bonito manso,
vaca com bezerro manso, fazenda bonita em geral.
Fico imaginando sobre shopping, roupa colorida bonita, brinquedo, livraria, papelaria.
Imagino também cria de gatos e cachorros.
Não consigo participar quando tem muita gente em uma reunião ou festa porque não entendo o que as pessoas estão falando e fico afastada.
Medo de algumas pessoas não gostarem de mim e me tocarem.
A minha mãe fica me pressionando para aprender a fazer as coisas mais rápido.
Uma colega fica me pressionando para entender rápido e eu não consigo entender rápido. Medo de aprender coisas novas que é difícil de fazer.
Família: reunião de gente. Pai, mãe, irmãos, tios, avós, bisavós.
Família significa para mim felicidade porque me dá presente que eu gosto.
Eu gosto de visitar a minha família porque tenho novidades para contar.
Tem coisa gostosa para comer que nem bolo.
Não entendo o que significa os familiares.
Venci a preguiça de trabalhar o dia todo, tenho amigos conversando sobre outros assuntos.
Barreira ou dificuldade significa uma estrada congestionada para esvaziar para chegar em casa.

Yvonne Falkas.
Mãe da Sheila - autista

6 comentários:

rosa disse...

Muy linda esntrada ya me hice seguidora muchos besos felicitaciones te invito a conocer el blog de mi nieta jazmin

Lu Ar disse...

Quando leio sobre como o autista pensa raciocina penso muito na Laura que não fala e sente tudo isso! E eu sei que ela passa por todas estas dificuldades e tal qual a Sheila, também tenho medos: Medo das outras pessoas não compreenderem a Laura, medo dela sofrer. Parabéns à Sheila pela força e coragem de enfrentar este mundo tão avesso ao autista! Parabéns à sua mãe pela luta em prol de seu bem estar! Abração as duas. Muita Paz e muita LUZ!

Anônimo disse...

Não sabia os detalhes de ser autista. Mas, lendo o que você escreveu sobre Sheila, compreendi o que se passa com eles e suas alegrias e passadas tristezas como mãe. Que Deus sempre ilumine seu caminho.
Beijos,
Eliana

Anônimo disse...

Sheila é sobrinha minha e há logrado avances excepcionais. Nada como felicitar a sua mãe e a família cercana pelo amor e paciência que lhe dedicam.
Se você chegue a ler estas palavras, "eu gosto muito de você"
Beijo do teu tio Edy

Anônimo disse...

Rosa Pena disse... Aplausos para a fabulosa Yvonne que sempre lutou com coragem e de frente.Sheila é hoje um exemplo da importância da família e minha amiga Yvonne jamais se perdeu em lamentações. Foi a luta e venceu. Beijos meus. Rosa Pena

22 de abril de 2011 08:17
www.rosapena.com

rosapena disse...

Aplausos para a fabulosa Yvonne que sempre lutou com coragem e de frente.Sheila é hoje um exemplo da importância da família e minha amiga Yvonne jamais se perdeu em lamentações. Foi a luta e venceu. Beijos meus. Rosa Pena