quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A vida é a arte do encontro


    Em julho estive em Natal (RN), para conhecer um jovem rapaz que iria completar 32 anos em agosto, diga-se a mesma idade que eu, e que é um artista. Ele, cover do Rei Roberto Carlos, teve sua história escolhida, entre tantas outras, para ser gravada e exibida no programa Criança esperança 2011. Nessa viagem nossa pequena equipe se deparou com uma família, que iria se tornar muito mais do que uma linda história. Ademilson, Lourdes, Katiluci e Jobson Maia, se tornaram nossa nova família no Rio Grande do Norte.

      Jobson Maia, nosso artista autista, foi um dos melhores encontros que eu tive nos últimos tempos. Falar sobre o autismo sendo leiga no assunto é difícil. Chegar a uma cidade, entrar em uma casa, invadir a intimidade de uma família, que para muitos teria um problema, um filho “autista”, era uma missão que gerava em mim, confesso, uma certa expectativa. Mas o encontro se tornou feliz e entusiasmado, no simples ato de conhecê-los. Trinta e dois anos de passaram para essa família e eles nunca tiveram um problema e sim um presente. Está certo, às vezes é difícil recebermos presentes sem sabermos os porquês desse mundo. Se hoje ainda temos poucas informações sobre o autismo, há trinta anos, imaginem o que essa família não teve que buscar para conseguir diagnosticar o Jobson. Acreditaram até que ele era surdo, mas um dia, quando estavam escutando no rádio uma música do Rei Roberto Carlos, Jobson aumentou o volume. Os pais descobriram que ele não era surdo, sua questão era outra e ele descobriu seu amor pela música do Rei, que hoje o transformou em um grande artista.

      A missão dessa família linda só deixa como exemplo o que o amor e a inclusão fazem com “qualquer” ser humano; o deixam vivo. Jobson hoje, aos 32 anos, sai às ruas de Natal sozinho, pega ônibus, escolhe seus LPs nos sebos da cidade que freqüenta, usa a internet para se manter informado, cria a capa de seus DVDs, faz shows por diversas partes do Brasil, senta e conversa sobre o autismo entendendo sua condição, mas sendo essa jamais uma limitação para estar na vida como um cidadão.

     
O mais interessante de ir a Natal, gravar com a família do Jobson, além de poder contar uma história tão bonita, sobre uma família tão sensível e inteligente, foi que eu, Tatynne Lauria, me senti incluída.

 
Por: Tatynne Lauria
(Cord.de Produção do Criança Esperança 2011