terça-feira, 3 de setembro de 2013

Em apoio a ato nacional, grupo pede respeito a direitos dos autistas no DF

                     Entre reivindicações está manutenção das escolas 
turmas especiais.

Cerca de 150 pessoas participaram de passeata no Parque da Cidade 
pelos direitos dos autistas
(Foto: Raquel Morais/G1)
Cerca de 150 pessoas com camisetas, faixas e balões azuis participaram na manhã deste domingo (1º) de uma passeata no Parque da Cidade, em Brasília, para pedir a regulamentação da Lei 12.764, sancionada em dezembro de 2012, que estabelece as políticas de proteção aos autistas. Entre as principais reivindicações estão a manutenção das escolas especiais e a capacitação da rede pública de saúde para o diagnóstico precoce. O ato ocorre paralelamente em São Paulo, Porto Alegre, João Pessoa, Salvador e Rio de Janeiro.
Diretora do Movimento Orgulho Autista Brasil e mãe de uma garota de 6 anos que tem o transtorno, Evellyn Diniz explica que as classes diferenciadas são importantes para que as crianças e adolescentes consigam se desenvolver. Ela também diz que faltam profissionais preparados para acompanhar esses estudantes na rede pública. O G1 não conseguiu contato com a Secretaria de Educação para comentar o caso.
“Querem fazer a inclusão a ferro e fogo, colocar um autista que às vezes não tem nem coordenação motora para segurar o lápis em uma sala com 40 alunos. Dizem que só em Brasília existem classes especiais e que por isso tem que acabar. Em vez do Brasil nivelar por Brasília, Brasília vai nivelar por baixo”, afirma.
Evellyn Diniz, diretora do Movimento Orgulho Autista Brasil em Brasília
A caminhada, iniciada por volta de 11h, começou atrás da administração do parque. Durante o percurso, o grupo pedia o não fechamento das Apaes e escolas especiais, o cumprimento da lei e a capacitação de profissionais.
Em abril deste ano, o GDF informou que nomeou cem monitores tomariam posse nas escolas públicas e que estava promovendo gestões junto a Secretaria de Administração Pública e área financeira do governo para a contratação de mais profissionais. Na época, a pasta contabilizava 834 alunos diagnosticados com autismo na rede pública de ensino.
"Cabe esclarecer que todas as escolas públicas são inclusivas e recebem alunos com autismo, entretanto, dependendo do grau de comprometimento, o estudante poderá ser atendido por uma escola especial”, disse, por e-mail.
Regulamentação
Por meio da lei 12.764, serviços de saúde, educação, nutrição, moradia, trabalho, previdência e assistência social devem beneficiar não só os pacientes com diagnóstico fechado, mas também aqueles casos em que há suspeita.
A política estende à categoria todos os benefícios legais de todos os indivíduos com deficiência, incluindo desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcionários até o atendimento preferencial em bancos e repartições públicas, segundo informou a Agência Câmara.
O texto prevê ainda uma punição para gestores escolares que recusarem a matricular alunos com autismo. O responsável pela negação está sujeito a multa de 3 a 20 salários mínimos. Em caso de reincidência, os gestores podem até perder o cargo.
Entenda
O autismo é um transtorno incurável que afeta quase todos os aspectos do comportamento: a fala, os movimentos do corpo, o interesse por amizades, a vida social e as emoções. Um estudo apontou que, enquanto nos Estados Unidos o diagnóstico é feito antes dos 3 anos de idade, no Brasil o transtorno só é identificado quando a criança já tem de 5 a 7 anos. Esse atraso agrava as deficiências do autismo e traz mais sofrimento para as famílias.
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Dados da Autism Society (ASA) apontam que uma em cada 50 crianças dos Estados Unidos são diagnosticadas com autismo. Segundo a diretora de eventos do Movimento Orgulho Autista Brasil, Adriana Alves, o transtorno é mais prevalente na população que câncer, Aids e diabetes juntos e pelo menos três vezes mais comum que a síndrome de Down.
Mãe de um adolescente com autismo, Adriana diz acreditar que pouco se tem feito no Brasil para preparar essas pessoas para o futuro. "[Entendo que] ignorar as estatísticas, principalmente as americanas, é protelar um enorme problema social e de saúde pública que, muito em breve, atingirá uma parcela muito significativa da população, tanto brasileira quanto mundial."
FONTE:
Raquel Morais
Do G1 DF