domingo, 15 de setembro de 2013

Autismo: faltam profissionais até na rede privada

        
       Na novela global "Amor à Vida", Linda (personagem de Bruna Linzmeyer) chama a atenção para um transtorno que, segundo estimativas, atinge 0,6% da população. Isto significa que a cada 200 pessoas há uma que se encontra no espectro autista. Apesar disso, a doença ainda é bastante desconhecida e as famílias afetadas sofrem com o preconceito e com a falta de assistência do poder público.
De acordo com a psicóloga clínica Fernanda Fernandes, por mais que o poder público tenha se mobilizado para atender essa demanda, a realidade é que hoje ainda há no Estado uma estrutura bastante precária e incapaz de oferecer assistência necessária. "Tenho ouvido muito das famílias que chegam até o meu consultório o relato da dificuldade em encontrar profissionais especializados nesta área, mesmo nos tratamentos particulares", diz.
Para ela, o fortalecimento e estruturação da Associação dos Amigos do Autista (AMA) em Cuiabá seria fundamental para uma melhor perspectiva em relação ao atendimento de pessoas autistas, em especial daqueles que não possuem recursos para prover um tratamento adequado. A reportagem do Diário tentou manter contato com a AMA, mas a informação obtida é de que a entidade estaria se reestruturando.
Conforme Fernanda Fernandes, o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, caracterizado por padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos e prejuízos na interação social e na comunicação. "Este transtorno tem sido relacionado a uma alteração cerebral, cuja origem ainda não se sabe ao certo, mas vem sendo o foco de investigação de muitos pesquisadores", explica a psicóloga, que participou do Centro de Autismo e Inclusão Social (CAIS), vinculado ao Instituto de Psicologia da USP e que presta atendimento a autistas e orientações a familiares.
As primeiras características percebidas por boa parte das famílias estão sinais como o fato da criança não estabelecer (ou estabelecer muito pouco) contato visual, aparenta quase nunca ouvir quando alguém lhe chama pelo nome e nem responde comandos mesmo não tendo qualquer problema auditivo, apresenta um atraso no uso funcional da linguagem e até mesmo na aquisição da fala, demonstra fisionomia pouco expressiva, em alguns casos apresenta comportamentos repetitivos (os mais frequentes costumam ser rodar objetos, balancear o corpo e fazer um flapping com as mãos, como se estivesse batendo repetidamente em alguma coisa no ar), prefere interagir com objetos do que com as pessoas, além de utilizar o adulto como “ferramenta”, como por exemplo, ao invés de pedir um copo de água a criança segura o braço dos pais e os leva até o bebedouro.
"Muitas vezes a criança autista fala sem erros e com ausência do chamado 'tatibitate'. Também é muito comum a intolerância ao barulho, a inflexibilidade em mudar de rotina, os interesses restritos (até mesmo uma restrição na dieta alimentar)", frisa. Outro dado importante é que o autismo costuma ter uma incidência quatro vezes maior em meninos do que em meninas.
Fernanda Fernandes alerta que logo que as primeiras características chamarem a atenção dos familiares ou educadores, estes devem procurar profissionais qualificados a fim de investigar e diagnosticar o quadro, pois quanto mais cedo se inicia o tratamento maior é a perspectiva de melhora do quadro.
O tratamento não proporciona a cura do autismo. Porém, é possível amenizar seus sintomas. "O tratamento pode envolver uma equipe multidisciplinar, muitas vezes composta pelo psiquiatra, neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo. Também temos outras propostas alternativas, tais como a equoterapia e o método 'Son Rise'", frisa. "Dentro das abordagens psicológicas, o método ABA (Análise do Comportamento Aplicada) tem se revelado altamente proficiente para o tratamento do autismo. Devido ao sucesso, foi considerado pelo governo americano como um tratamento psicológico de excelência", acrescentou.

FONTE:
JOANICE DE DEUS


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