segunda-feira, 2 de junho de 2014

Por que dizer NÃO ao CAPS para tratamento de Autistas?

Por que falta CAPACIDADE, CAPACITAÇÃO para fazê-los FUNCIONAR, e para tanto basta que os recursos já disponíveis nos programas específicos para pessoas com deficiência obedeçam à política pública, que inclua o AUTISMO.
  • Por que CAPS foram criados para atender pessoas com transtornos mentais graves como a esquizofrenia, e dependentes do uso de crack, álcool, drogas lícitas e ilícitas, de todas as faixas etárias, não tendo dessa forma capacidade e capacitação para atender pessoas deficientes na condição de autista.
  • Por que o CONADE passou a acusar comunidade autista no Brasil de discriminação em relação aos doentes citados aí em cima, quando foi descoberta a intenção subliminar de querer impor, o Artigo 3º - Alínea “C” do decreto de Regulamentação da Lei 12.764/12, que direciona os autistas para tratamentos manicomiais nos CAPS, para uma população estimada em dois milhões de pessoas naquela condição, quando na verdade não digeriu as denúncias.
Quanto mais o CONADE erra, mais persiste no mesmo erro mantendo no texto da regulamentação da Lei 12.764/12, a infeliz alínea “C”, criada pela iniciativa privada, integrante do seu conselho, o que leva a honorabilidade da instituição ser posta à prova.


 Só queremos que nossos filhos não sofram mais do que o  inevitável.



A arquitetura de Elizabeth quer cidades inclusivas para autistas

Estudante americana de 23 anos desenvolveu um kit de ferramentas que quer ajudar os urbanistas, arquitetos e paisagistas a desenhar cidades que não discrimina.
A dimensão e a correria das cidades transformam-nas em lugares pouco aconselháveis para pessoas com autismo. Elizabeth Decker sabe-o por experiência próxima: Marc, o irmão mais novo de 19 anos, foi diagnosticado com a doença há anos e é dependente da família para boa parte das tarefas. Foi com o futuro do irmão na mente que a estudante de arquitetura partiu para o seu trabalho de pós-graduação: podem as cidades ter um urbanismo que as transforme em lugares que não discriminam adultos com esta doença?
 A resposta afirmativa da jovem de 23 anos está sustentada num kit de ferramentas que serve como pesquisa exploratória para urbanistas, arquitetos e paisagistas poderem projetar cidades mais inclusivas para adultos com perturbações do espectro do autismo (PEA), uma disfunção do desenvolvimento que afeta o comportamento do indivíduo e a sua capacidade de comunicar e sociabilizar. “Imagino cidades inclusivas para indivíduos que vivem com autismo a incluírem serviços e programas próximos uns dos outros, facilmente acessíveis para adultos com autismo”, explicou ao P3 Elizabeth Decker numa entrevista por Email.
 Por exemplo? “Espaços abertos e comida saudável devem estar a um ou dois quarteirões de uma unidade de habitações a preços acessíveis. Serviços de transporte públicos devem ligar essas unidades dentro das cidades.” Para pessoas com autismo, os ambientes urbanos significam um acréscimo de confusão mental — sobrecarga sensorial, transportes públicos inadaptados e escassez de espaços verdes são alguns dos problemas.
 Para os entender melhor e sustentar a tese "A city for Marc: An inclusive urban design approach to planning for adults with autism", Elizabeth entrevistou adultos com PEA, médicos neurologistas e sociólogos. Top 5 de necessidades: formação profissional, apoio à saúde mental e física, emprego, transporte público e habitação acessível. Com estas premissas na cabeça, Elizabeth Decker aplicou os princípios de um design inclusivo usando a cidade de Nashville, em Tennessee, como caso de estudo.
 A espaços “subutilizados”, Elizabeth quer dar utilidade: por exemplo, se há um lote vago ao lado de um ginásio poderia usar-se esse espaço para atender às necessidades de saúde de pessoas com autismo.
 A estudante pensou habitação acessível conectada com serviços para autistas e mostrou que é viável em modelos 3D. A investigação recolheu também uma série de links para locais com alimentação saudável e aconselha a construção de instalações dedicadas à formação profissional junto de outras de programas cívicos e institucionais. Além disso, os espaços verdes devem ser reforçados de forma a haver áreas onde o ruído urbano seja menos agressivo.
 Estas alterações a Nashville — e que podem ser readaptadas para outras cidades — não significam “redesenhar cidades inteiras para esse grupo”, acautela: “As cidades são feitas para serem diversas e são desenvolvidas com muitos esforços individuais de empresários, comunidades e empresas.”
 Através deste projeto, Elizabeth quer conhecer melhor o irmão, cujo autismo estará situado no espectro médio. “A minha família é afortunada por ter o Marc, porque às vezes as atitudes inocentes dele conseguem simplesmente melhorar o nosso humor”, disse, acrescentando que o irmão sonha trabalhar numa padaria quando terminar a escola.
 “Não chega ver a cidade por blocos e sugerir construir um edifício ou um parque. Sem a visão de uma cidade inclusiva como um todo, o design falha na tentativa de ligar com sucesso as necessidades de um adulto com autismo”, acredita. O autismo é uma doença genética, sem cura, que afeta uma em cada 68 crianças nos EUA, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
Em Portugal não há números conclusivos.
FONTE:
Texto - Texto de Mariana Correia Pinto

http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/12332/arquitectura-de-elizabeth-quer-cidades-inclusivas-para-autistas
Foto: JIM YOUNG/REUTERS