sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mãe cria panfleto para ajudar filho autista e arte repercute na internet

Mariana Caminha disponibiliza o arquivo editável 
para que pais possam fazer a mesma homenagem aos pequenos. 
Página no Facebook auxilia com mais informações 
sobre o transtorno
 Diagnosticado com autismo pouco depois do primeiro ano de vida, o pequeno Fabrício Caminha, hoje com 4 anos, cresce se transformando em mais um exemplo para as pessoas que vivem a mesma situação. Enfrentar uma rotina de terapias, rotinas adaptadas e até mesmo o preconceito das pessoas não seria fácil para ele sem a ajuda da mãe, a jornalista Mariana Caminha, 34 anos. O empenho em derrubar as barreiras da desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TED) fez com que ela tivesse uma ideia que repercutiu na internet. Em um panfleto, reuniu as principais informações sobre o próprio filho no intuito de apresentá-lo aos coleguinhas de escola e professores.
 Doutores do TEA
Já que estamos de volta às aulas, que tal produzir um infográfico para os novos coleguinhas do seu filho, falando um pouco sobre o amiguinho autista? É só editar, imprimir o documento e mandar dentro de um envelope para os pais. Uma maneira divertida e criativa de quebrar o preconceito, derrubar mitos, fazer novos amigos. Bom também para os novos professores e diretores... Quem quiser o arquivo editável em photoshop, é só escrever o email aqui embaixo!
Quem quiser o arquivo editável em photoshop, é só escrever o email aqui embaixo! 
Mariana conta que tomou a atitude apenas para mostrar as qualidades do menino e ajudá-lo a se integrar à nova escola e a interagir melhor. Depois de deixar uma unidade particular, Fabrício vai estudar na Escola Classe 303 Sul, onde terá uma educação direcionada, ao lado de outras crianças com necessidades semelhantes às dele. “A gente sempre teve muita sorte de encontrar professores motivados e amiguinhos que sempre ajudaram o Fabrício, que foram muito carinhosos com ele, no ensino regular. Daí resolvi criar esse panfleto para tentar incentivar ainda mais o esclarecimento, o diálogo e trazer as crianças e os pais delas para perto dos autistas”, explica.
Ser mãe de uma criança autista foi um desafio. “O mais difícil foi fechar o diagnóstico. Começamos a perceber, quando ele tinha um ano e dez meses, a dificuldade em falar. Pensamos que era um problema de audição e procuramos ajuda médica em várias especialidades. Só conseguimos fechar o diagnóstico com um médico em São Paulo. Depois disso, as coisas começaram a se encaixar mais. Não é algo fácil, principalmente porque o autismo não é uma condição muito conhecida entre médicos, mas não é algo impossível”, explica.
Depois de criar o panfleto, a mãe de Fabrício resolveu postá-lo no Facebook, na página “Doutores do TEA”, criada por ela para a troca de informações com outros pais. “Eu nem imaginava que ia repercutir tanto, mas, depois que coloquei [a arte] no Facebook, dezenas de pessoas em todo o país começaram a me chamar para fazer um igual para os filhos”. Hoje, o perfil disponibiliza um link onde é possível abrir o arquivo editável para que as pessoas façam a mesma homenagem aos pequenos.
Funcionária da Embaixada do Reino Unido, Mariana morou por sete anos na Inglaterra, onde deu à luz o menino. O conhecimento na língua inglesa também virou ferramenta de ajuda. “A maioria das informações sobre o transtorno estão em língua inglesa, o que acaba virando mais uma barreira. No ‘Doutores do TEA’, a gente busca simplificar ainda mais a informação”, diz. Ela ressalta que ainda há muitas barreiras a serem vencidas e que o apoio da família às pessoas que têm o espectro autista é fundamental. “Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida, sem tratar o assunto com estereótipos. A gente não precisa de pena, nem eles”.
'Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles', diz Mariana (Arquivo Pessoal )
"Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer. É um desafio. Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar, mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles", diz Mariana
Sem estatísticas
"Você sabe que ele [o autista] vai sofrer, você vai sofrer.
É um desafio.
Tem dias que você está otimista, tem dias que fica mal e mesmo assim tem que se entregar,
mas de uma forma divertida. A gente não precisa de pena, nem eles", diz Mariana
Segundo a Associação Brasileira de Autismo (Abra), o Brasil ainda não dispõe de estatísticas oficiais sobre o autismo no país, tampouco no Distrito Federal. A SES também não tem dados sobre quantos atendimentos são realizados na rede pública para essas pessoas. Estudos em outros países têm mostrado um aumento nos casos diagnosticados. Em março do ano passado, uma pesquisa do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), demonstrou que uma em cada 68 crianças norte-americanas de 8 anos de idade tem autismo. A prevalência do transtorno no país teve um aumento de 30% em relação aos números divulgados em 2012, que apontavam que uma em cada 88 crianças dos Estados Unidos era autista. O relatório revelou também que a maioria recebe o diagnóstico após os 4 anos de idade, embora a síndrome possa ser detectada a partir dos 2 anos.
O autismo é definido por um conjunto de comportamentos que variam em grau e gravidade. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde, a síndrome pertence aos Transtornos Globais de Desenvolvimento e pode se manifestar de diversas formas. As mais comuns são: Autismo Infantil; Autismo Atípico ou Transtorno Global de desenvolvimento (TGD); Síndrome de Asperger; e Síndrome de Rett.
O tratamento é feito de acordo com as necessidades de cada paciente e depende da complexidade do caso. Os neuropediatras aconselham aos pais que estejam atentos ao comportamento da criança desde os primeiros meses. Quanto mais rápido é diagnosticado, melhores são as chances de garantir qualidade de vida ao autista. Há dificuldades que precisam ser trabalhadas e desenvolvidas durante toda a vida e, além da equipe médica, a família também precisa entender as necessidades da pessoa.

FONTE:
Jacqueline Saraiva - Correio Braziliense
SAÚDE PLENA



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Oliver Sacks, neurologista e escritor, anuncia câncer terminal

 ...e afirma: 
“Não há tempo para nada que não seja essencial”.
Em trechos de sua “carta”, Sacks afirma: “Não há tempo para nada que não seja essencial”. “Não posso fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei algo em troca; li, viajei, pensei e escrevi. Tive uma relação com o mundo, a relação especial do escritor e leitor.”
Oliver Sacks (81 anos), neurologista e escritor britânico ficou conhecido, dentre outras realizações, pelos livros “Tempo de despertar” e “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”. A primeira obra, datada de 1973 é um relato baseado em suas próprias experiências como médico e foi posteriormente adaptada e protagonizada por Robert Williams e Robert DeNiro no cinema, obtendo três indicações ao Oscar. Seus livros foram traduzidos para mais de vinte línguas e são sucesso de vendas, conquistando diversos prêmios pelo mundo. O neurologista também é membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras, da Academia Americana de Artes e Ciências e da Academia das Ciências de Nova Iorque.
Nesta semana, Sacks anunciou a descoberta de um câncer em estágio terminal no fígado. O anúncio se deu por meio de um artigo intitulado “Minha própria vida”, originalmente publicado pelo New York Times no dia 19 de fevereiro.
Ele inicia o texto contando como foi a descoberta da doença:
“Há um mês, eu sentia que estava em boas condições de saúde, robusto. Aos 81 anos, ainda nado uma milha por dia. Mas a minha sorte acabou – há algumas semanas, descobri que tenho diversas metástases no fígado. Há nove anos, encontraram um tumor raro no meu olho, um melanoma ocular. Apesar da radiação e os lasers que removeram o tumor terem me deixado cego deste olho, apenas em casos raríssimos esse tipo de câncer entra em metástase. Faço parte dos 2% azarados.
Sinto-me grato por ter recebido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou cara a cara com a morte. O câncer ocupa um terço do meu fígado e, apesar de ser possível desacelerar seu avanço, esse tipo específico não pode ser destruído.”
Sacks ainda fala de como pretende viver de agora em diante:
“Depende de mim agora escolher como levar os meses que me restam. Tenho de viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que conseguir. Nisso, sou encorajado pelas palavras de um dos meus filósofos favoritos, David Hume, que, ao saber que estava também com uma doença terminal aos 65 anos, escreveu uma curta autobiografia em um único dia de abril de 1776. Ele chamou-a de “Minha Própria Vida”.
Ainda inspirado em Hume: “Tive sorte de passar dos oitenta anos. E os 15 anos que me foram dados além da idade de Hume foram igualmente ricos em trabalho e amor. Nesse tempo, publiquei cinco livros e completei uma autobiografia (um pouco mais longa do que as poucas páginas de Hume) que será publicada nesta primavera; tenho diversos outros livros quase terminados.”
Sacks conta que Hume, no texto citado acima escreve que era “um homem de disposição moderada, de temperamento controlado, de um humor alegre, social e aberto, afeito a relacionamentos, mas muito pouco propenso a inimizades, e de grande moderação em todas as paixões.” Relata a seguir que aí se distancia do filósofo: “apesar de desfrutar de relações amorosas e amizades e não ter verdadeiros inimigos, eu não posso dizer (e ninguém que me conhece diria) que sou um homem de disposições moderadas. Pelo contrário, sou um homem de disposições veementes, com entusiasmos violentos e extrema imoderação em minhas paixões.”
O médico conta ainda:
“Nos últimos dias, consegui ver a minha vida como a partir de uma grande altura, como um tipo de paisagem, e com uma sensação cada vez mais profunda de conexão entre todas suas partes. Isso não quer dizer que terminei de viver.
Pelo contrário, eu me sinto intesamente vivo, e quero e espero, nesse tempo que me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus àqueles que amo, escrever mais, viajar se eu tiver a força, e alcançar novos níveis de entendimento e discernimento.
Isso vai envolver audácia, claridade e, dizendo sinceramente: tentar passar as coisas a limpo com o mundo. Mas vai haver tempo, também, para um pouco de diversão (e até um pouco de tolice).”
E continua: “Sinto um repentino foco e perspectiva nova. Não há tempo para nada que não seja essencial. Preciso focar em mim mesmo, no meu trabalho e nos meus amigos. Não devo mais assistir ao telejornal toda noite. Não posso mais prestar atenção à política ou discussões sobre o aquecimento global.
Isso não é indiferença, mas desprendimento – eu ainda me importo profundamente com o Oriente Médio, com o aquecimento global, com a crescente desigualdade social, mas isso não é mais assunto meu; pertence ao futuro. Alegro-me quando encontro jovens talentosos – até mesmo aquele que me fez a biópsia e chegou ao diagnóstico de minha metástase. Sinto que o futuro está em boas mãos.
Nos últimos dez anos mais ou menos, tenho ficado cada vez mais consciente das mortes dos meus contemporâneos. Minha geração está de saída, e sinto cada morte como uma ruptura, como se dilacerasse um pedaço de mim mesmo. Não vai haver ninguém igual a nós quando partirmos, assim como não há ninguém igual a nenhuma outra pessoa. Quando as pessoas morrem, não podem ser substituídas. Elas deixam buracos que não podem ser preenchidos, porque é o destino – o destino genético e neural – de cada ser humano ser um indivíduo único, achar seu próprio caminho, viver sua própria vida, morrer sua própria morte.”
E Oliver Sacks conclui seu texto:
“Não posso fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei algo em troca; li, viajei, pensei e escrevi. Tive uma relação com o mundo, a relação especial do escritor e leitor.
Acima de tudo, fui um ser sensível, um animal pensante nesse planeta maravilhoso e isso, por si só, tem sido um enorme privilégio e aventura.”
Texto originalmente publicado em: New York Times, em 19 de Fevereiro.

OBS.: Todo o conteúdo desta e de outras publicações deste site tem função informativa e não terapêutica.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Politicamente correto e o direito ao desconforto




Na última semana, por meio das redes sociais, tomei conhecimento de um apanhado de ideias sobre o “politicamente correto” e a “liberdade de expressão” obtido de um blog mantido pelo O Globo. 
A autora do blog, Silvia Pilz, que se apresenta como jornalista, cronista e alguém que “diz o que pensa”, teceu comentários a respeito de vários grupos de pessoas (minorias, para ser mais preciso) e do já bem conhecido “politicamente correto” que, segundo ela, tem obstado seu direito de “dizer o que pensa”, resumo improvável do significado total do direito à liberdade de expressão, instituto jurídico preconizado na Constituição Federal de 1988 e desde lá em vigor.
Silvia conseguiu reunir, em um texto apenas, diversas situações envolvendo minorias, como pessoas com síndrome de Down, anões e negros. Ela também falou sobre crianças em processo de adoção, no que deveria ser um post, talvez, de humor. O texto pode ser lido aqui. Anteriormente ela já havia escrito sobre crianças com síndrome de Down e relatava ter encontrado um “enxame” de crianças em viagem à Barcelona, o que teria lhe parecido uma espécie de “pesadelo”. Em O Globo, o texto foi editado e o termo “enxame” substituído por “time”, mas em seu blog pessoal permanece conforme o original, pelo menos até o momento em que estou digitando isto.
Na internet e na imprensa, algum desconforto inicial deu vazão a uma onda de revolta em relação às opiniões da autora. O Dep. Romário Faria, do PSB do RJ, pai de uma menina com síndrome de Down, foi contundente ao publicar em seu perfil no Facebook que “suas palavras são apenas tolices de uma pessoa com uma visão de mundo bastante limitada” e que a autora estaria “fora do tempo”.
Obviamente ninguém conseguiria cercear o direito ao desconforto individual diante do que quer que seja, pois trata-se de um sentimento íntimo, cultivado sob condições sempre muito específicas. Cada indivíduo está absolutamente livre para chocar-se com o que imagina ser insuportável. E, dentro do estado de direito, está livre também para manifestar-se quanto a isso, sujeitando-se às contrariedades.
Na jurisprudência recente brasileira, não são poucos os casos de jornalistas interpelados judicialmente sob vários tipos de argumentos, como incitação ao preconceito, racismo e apologia à discriminação. O poder judiciário, via de regra, tem preferido recusar os “delitos de opinião” e garantido o princípio do contraditório, através do direito de resposta. E o direito à liberdade de expressão sempre esteve mais relacionado às liberdades conquistadas após o final da ditadura militar. Apenas mais recentemente tem sido invocado nesses casos, para o qual a legislação é pétrea, tanto no Brasil quanto na maioria dos países ocidentais.
O desejo de que o estado puna formalmente a autora do texto, entretanto, foi aventado por muitas pessoas, mais ou menos informalmente. O jornalista Luis Nassif, por exemplo, defende a ideia de que o Ministério Público Federal proponha ação civil pública contra a autora e sua editora, a Globo, por dano moral coletivo.
É provável que, visitando os perfis pessoais de pessoas emocionalmente envolvidas com o assunto, medidas ainda mais graves sejam consideradas respostas razoáveis. É democrático. Não há cerceamento possível ao desconforto. Li em alguns perfis nas redes sociais que a autora mereceria morrer, no que pode ser apenas um laivo de ira momentânea quanto também a expressão de uma intolerância ainda mais grave e violenta. Talvez, como em muito já se faz, judicializar a questão do preconceito possa resolver alguma coisa sobre o gesto preconceituoso, mas talvez não mova ele de seu nicho um milímetro sequer e apenas alimente ainda mais intolerância, em um círculo vicioso perigoso e indesejável.
É preciso mais reflexão, mesmo que isso seja custoso, para que não se crie um monstro em substituição ao outro. Evidentemente, eliminar a expressão de uma ideia não é suficiente para eliminar a própria ideia e, talvez a ocultando, ela fique ela ainda mais mascarada e inacessível. Na história da humanidade, sobre outros assuntos, isso já ocorreu muitas vezes e não se obteve grandes avanços em relação aos direitos humanos, mesmo que em nome de uma outra ideia mais plausível, defensável ou digna.
Talvez o maior crime de Silvia Pilz seja um que não possa ser dimensionado juridicamente, porque enraizado no discurso e manifeste-se na psicologia humana. Ao classificar o coletivo de pessoas com síndrome de Down como “enxame”, o que ela obtém é a imediata desumanização das pessoas. Seu estatuto civil e moral estaria reduzido ao universo animal, de onde não poderiam ser abordadas natural e socialmente. É um pensamento estranho e igualmente desconfortável, porque a síndrome de Down é uma fatalidade genética inerente à condição humana, assim como o nanismo ou a cor da pele.
Desde o ataque à redação do Charlie Hebdo, muito se tem debatido sobre violência e liberdade de expressão. Ora, não é preciso raciocinar muito para concluir que uma condição inata não pode ser comparada a uma opção racional adulta, como no caso da religiosidade. Mas não falta quem tente forçar uma relação sobre a liberdade de expressão, a possível expressão de um humor intelectualizado e a popularização de ideais preconceituosas, contra as quais o “politicamente correto” pretende, talvez, ser uma espécie de remédio. O humorista Rafinha Bastos, na Folha de São Paulo, foi celeremente buscar guarida nesse guarda chuva destroçado, mas parece ter convencido a poucos.
Seja como for, fatos assim levam-me a crer cada vez mais de que realmente quase ninguém mais examina as próprias ideias antes de exercer o direito a “dizer o que pensa”. Se não examinam sequer as ideias dos outros e perpetuam farsas com a instantaneidade de um clique, que dirá dar-se ao trabalho de conferir fontes, refutar hipóteses absurdas, ideias ultrapassadas e informações sem sentido?
O trágico, neste caso, não reside nos efeitos finais da livre expressão, porque felizmente a sociedade e as pessoas vêm livrando-se de estereótipos e estigmas, mas no trânsito abundante de ideias pobres e ridículas de toda a espécie, incapazes de um mínimo ato de reflexão, interpretadas fora de qualquer rigor intelectual e sem senso de humor algum para além de um calcado na ridicularização do ser humano, na distinção social e no preconceito.
Haverá momento em que pensar-se no que é dito será mais frequente, felizmente, do que dizer-se o que pensa, embora tudo conspire pelo contrário. Se a liberdade de expressão é, sem dúvida, condição prévia para qualquer debate honesto na esfera pública e o humor uma forma peculiar de elaboração mental, a propagação de ideias sem elaboração nenhuma apenas repete, como em um eco infinito, a própria pobreza de espírito, que é a tragédia máxima para o ser humano pensante.
Lúcio Carvalho

* Coordenador-Geral da Inclusive – Inclusão e Cidadania.

BPC - Sobre o Benefício de Prestação Continuada

BPC Trabalho - Benefício de Prestação continuada da Assistência Social

É um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal à pessoas com 65 anos ou mais de idade e à pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, onde em ambos os casos a renda mensal bruta familiar per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo vigente.
O BPC também encontra amparo legal na Lei Federal 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. 
O Benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. Os recursos para custeio do BPC provem do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
Mudanças na Lei do Benefício de Prestação Continuada – BPC

Recentemente foram aprovadas normas que mudaram as regras do Benefício De Prestação Continuada – BPC – (Lei 12.470, de 31.08.2011 e Decreto 7.617, de 17.11.2011).
As mudanças tiveram por propósito favorecer o ingresso da pessoa com deficiência que recebe o BPC no mercado de trabalho formal e estimular sua qualificação profissional.
Agora o BPC é suspenso (não mais cancelado) quando a pessoa com deficiência passa a trabalhar. Ao deixar o trabalho, o Beneficio voltará a ser pago. A pessoa deve apenas requerer ao INSS a retomada do pagamento do Benefício. Para voltar a receber o BPC não precisa mais fazer perícia, basta fazer o requerimento. Durante todo tempo no qual a pessoa estiver trabalhando o prazo para reavaliação bienal do benefício também será suspenso. Esse prazo só voltará a contar a partir do restabelecimento do pagamento do BPC. Com essas modificações a pessoa com deficiência e a sua família não precisam mais ter medo do trabalho com carteira assinada. Hoje a pessoa tem tranquilidade e segurança de trabalhar, pois se não der certo essa experiência ela terá condições de voltar a receber o pagamento do BPC imediatamente.
Contrato de Aprendizagem
Outra novidade importante é que agora a pessoa com deficiência que recebe o Benefício pode fazer um curso de aprendizagem profissional ganhando em torno de meio salário mínimo por mês e continuar recebendo o valor do BPC (1 salário mínimo) por um período de no máximo 2 anos. O aprendiz é contratado por uma empresa que assina sua a carteira de trabalho e tem direito a férias, 13º salário, previdência social, vale-transporte, FGTS, etc. Os cursos de aprendizagem profissional são
gratuitos e dividem-se em duas etapas: a primeira dentro de uma Escola Profissional como SENAC, SENAI, SESCOOP etc. A segunda fase é um aprendizado prático dentro da empresa que propicia um ingresso gradual no mundo do trabalho. Para entrar ser contrato como aprendiz a idade mínima é de 14 anos e não há idade máxima. Além disso, a pessoa com deficiência não precisa ler e escrever para entrar no curso de aprendizagem. As habilidades e as competências relacionadas com a profissionalização devem ser consideradas e não a escolaridade.
O BPC não é uma aposentadoria e, portanto, em caso de morte de seu titular o beneficio não é transferido para seus dependentes. O contrário acontece quando a pessoa tem carteira assinada e passa a contribuir com o sistema previdenciário. Além disso, o BPC não dá direito ao recebimento do 13º salário, férias e a outros benefícios eventualmente concedidos pelas empresas como auxílio alimentação, plano de saúde, etc. Aproveite essas mudanças. Você verá que a sua vida e a de seu filho mudará quando o ingressar no mercado de trabalho. O trabalho organiza a rotina do dia a dia, traz responsabilidade, cria um circulo de amizades e dá reconhecimento a pessoa.

Por Ana Maria Machado da Costa *

* Auditora Fiscal do Trabalho- Ministério do Trabalho e Emprego- SRTE/RS

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 - Deputada Federal Mara Gabrilli


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - Senado Federal - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 - Abertura das celebrações - Oração por um Autista.


Abertura da celebração do Dia Mundial da Conscientização do Autismo - Senado Federal - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 -


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (5)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (4)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (3)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (2)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (1)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

EUA dizem que presidente russo é autista

O Presidente russo pode sofrer de uma forma de autismo, a síndrome de Asperger, que o obriga a um "controlo máximo" de si próprio quando atravessa uma crise, segundo um relatório do Pentágono, datado de 2008.
Depois de estudarem as expressões e os movimentos do seu rosto em vídeo, os analistas militares concluíram que o desenvolvimento neurológico de Vladimir Putin tinha sido perturbado na sua infância, dando a impressão de um desequilíbrio físico e de estar pouco à vontade nas relações com terceiros.
"Este sério problema de comportamento foi identificado pelos neurologistas como a síndrome de Asperger, uma forma de autismo que afeta todas as suas decisões", afirmou a autora do relatório, Brenda Connors, da Escola de Guerra da Marinha, produzido num centro de reflexão do Pentágono.
Mas a instituição, equivalente a um Ministério da Defesa, minimizou o documento, revelado pelo diário USA Today, que nunca subiu ao gabinete do secretário da Defesa ou outros dirigentes militares.
Uma porta-voz do Pentágono, Valerie Henderson, disse à agência noticiosa AFP que o documento "nunca foi transmitido ao secretário e não foi objeto de pedidos de dirigentes do Departamento da Defesa para o examinarem".
Por outro lado, esta possibilidade só pode ser confirmada por um 'scanner' do cérebro de Putin, segundo o relatório.
"Durante as crise, para se estabilizar e equilibrar as suas percepções (...), ele tem de se impor um controlo máximo", explicou Connors, que estudou a linguagem corporal de outros dirigentes mundiais.
No documento do Pentágono considerou-se também que o olhar sempre fixo de Putin é a marca de uma falta neurológica e uma incapacidade de responder a sinais externos.
Putin apresenta uma "hipersensibilidade" e "uma forte dependência ao combate, às reações frias ou dando a impressão de fugir", em vez de um comportamento social mais matizado, especificou-se ainda no relatório.

JORNAL DE NOTÍCIAS

http://m.jn.pt/m/newsArticle?contentId=4384806&related=no

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A Educação de alunos com TEA e o direito ao apoio de profissional

As regulamentações do MEC para os Estados Municípios e DF, na área da educação das pessoas com deficiência 
NOTA TÉCNICA Nº 24 / 2013 / MEC / SECADI / DPEE Data: 21 de março de 2013, são as que os autistas têm direito, conforme a Lei 12.764/2012 e o 
Decreto de regulamentação 8.368/2014.

Devemos considerar que os sistemas educacionais da União, Estados, Municípios e DF são autônomos o que significa uma negociação intensa em cada município, razão pela qual as famílias devem conhecer a regulamentação discutir e acompanhar a implantação dos serviços que só recentemente incluiu os autistas.
A educação regulada na Escola Comum para alunos com deficiência é na perspectiva da inclusão. O aluno é matriculado na série correspondente com o professor titular, como os demais alunos sem deficiência e, se necessário, tem direito ao AEE-Atendimento Educacional Especializado.
O AEE é um conjunto de recursos complementares e suplementares (e nunca substituto da sala de aula comum) que a Escola organiza em uma sala específica, com professores, tecnologias e metodologias e destina-se aos alunos com deficiência, cegos, surdos, autistas ou outras deficiências que necessitarem destes apoios para permanecerem estudando na sala comum.
O AEE na sala de múltiplo uso ou sala de recursos não deve ser no horário da aula comum e normalmente, é ofertado em turno contrário à aula. A sala de recursos do AEE pode ser frequentada apenas alguns turnos na semana e uma sala de uma Escola pode receber alunos com deficiência de outras escolas.
As Escola Especializada como APAEs, Pestalozzis, AMAS, cegos, surdos,(ONGs), podem ser conveniadas com as Prefeituras e oferecerem AEE para alunos das escolas publicas regulares do Município.
Ainda como parte do AEE existe a possibilidade do aluno com deficiência matriculado na Escola Regular contar com apoio de um profissional de apoio para facilitar a sua inclusão apoiando na locomoção, alimentação, higiene, comunicação e interação nos espaços da escola.
Estas situações devem ser desenvolvidas prioritariamente com os alunos e com os profissionais da Escola, mas se necessário, o apoio pode ser mais direto ao aluno. Depende do nível de necessidade de cada aluno com deficiência daquela Escola, este profissional pode ser de nível médio e não substitui o Professor titular e se não for necessário, não será exclusivo de um único aluno, pode ser o mesmo do mesmo aluno que muda de série, por exemplo, por que as suas funções são de apoio.

O numero destes profissionais de apoio na escola regular varia de acordo com a quantidade de alunos, com os tipos de deficiências e de suas necessidades.

FONTE:
Nota de Deusina Lopes - Facebook. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Aplicativo ajuda no tratamento do autismo por meio da brincadeira

O autismo tem sido tema em pauta por conta de diversas pesquisas e casos que relatam características e soluções no tratamento do distúrbio. Pensando nisso, o projeto pernambucano Can Game visa proporcionar novas experiências no aprendizado e tratamento do autismo através da brincadeira e interação.

O software e aplicativo, desenvolvido pela Life Up, é uma ferramenta inovadora e facilitadora para os médicos que tratam do autismo O mesmo pode ser utilizado em residências, escolas e áreas comuns pelo paciente, sem qualquer constrangimento social, sendo acompanhado remotamente pelo médico o que vem a reduzir tempo e custo em relação ao tratamento.

Assim as diversas atividades do Can Game podem ser executadas junto à família e amigos com todo carinho e dedicação que a criança precisa, promovendo a seu desenvolvimento cognitivo social e autonomia social. A iniciativa é direcionada a crianças, jovens  e adultos com autismo que chegam a 70 milhões no mundo e 2 milhões no Brasil.

O projeto venceu a categoria Arquitetura do Prêmio Brasil Criativo, iniciativa da ProjectHub com chancela do Ministério da Cultura e patrocínio da 3M, que se tornou oficialmente a premiação da criatividade brasileira.

FONTE:

https://catracalivre.com.br/geral/premio-brasil-criativo/indicacao/aplicativo-ajuda-no-tratamento-do-autismo-por-meio-da-brincadeira/