sexta-feira, 30 de setembro de 2016

MOVIMENTO ORGULHO AUTISTA - BRASIL

                                                   Movimento Orgulho Autista - Brasil

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Novo laboratório em SP cria 'minicérebros' para tratamento de autismo

Pesquisadores analisam genes de cada paciente para prever remédios cada vez mais certeiros para luta contra a doença.

Por Carolina Dantas, do G1
26/09/2016 

Um novo laboratório localizado em São Paulo criará “minicérebros” para ajudar no tratamento personalizado de pacientes com autismo.
Inaugurado, a startup de biotecnologia Tismoo é uma parceria entre o biólogo molecular Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, e a professora Patrícia Beltrão Braga, da USP. Eles pretendem, por meio da análise genética dos pacientes, obter um tratamento mais certeiro para a doença.
De acordo com Muotri, o laboratório é o primeiro do tipo no mundo. O passo inicial do tratamento é fazer a análise genética detalhada de cada indivíduo ou família, e detectar a mutação que causou o autismo. Ele defende que a técnica, em alguns casos, seja feita pelo menos com o pai, mãe e filho -- no caso de o casal desejar um segundo filho, isso é importante.
(Foto: Tismoo/Divulgação)
Primeiro laboratório é parceria entre pesquisadores 
 O segundo passo é analisar a mudança nos genes e mapear os tratamentos possíveis. Boa parte das mutações não estão catalogadas, por isso o laboratório irá rastrear na literatura médica tudo o que está em fase de pesquisa.
O último passo é o dos “minicérebros”. Com o mapa genético do paciente em mãos, é feita uma reprogramação celular por meio de células-tronco e são criados esses "minicérebros" com a genética do autista. São pequenas estruturas de neurônios que recriam em certa medida o funcionamento cerebral. Desta forma, é possível testar quantos medicamentos forem necessários para o tratamento.
Mas o "minicérebro" não tem uma estrutura completa e não é um cérebro em miniatura. Ele não tem consciência, mas simula de forma rudimentar o tipo de organização que existe no cérebro humano.
A vantagem de usar "minicérebros" em laboratório é que eles crescem como culturas de células e formam naturalmente uma estrutura em camadas – similar à que existe no córtex, a superfície do cérebro, responsável pelo processamento mais sofisticado de informações no sistema nervoso.
Possuindo tamanho médio em torno de 30 micrômetros — largura de um fio de cabelo de bebê – essas estruturas são maiores que os grupos isolados de neurônios em cultura de células bidimensionais. É possível, assim, medir os impulsos elétricos que trafegam por essa estrutura e verificar se estão ocorrendo de forma normal.
“Você pode criar 100 ou 200 'minicérebros', gerados a partir de células-tronco. E com isso pode testar 100 drogas ao mesmo tempo, o que é uma coisa que jamais um médico conseguiria em um ser humano”, explicou Muotri.
Por enquanto, o laboratório deverá focar no tratamento de autismo. Muotri diz que, no futuro, devem expandir para outras síndromes.
Minicérebros (Foto: Editoria de Arte/G1)

sábado, 24 de setembro de 2016

Quando o Autismo é mal lembrado

O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi instituído em 2005 para coincidir com o quase esquecido Dia da Árvore em 21 de setembro, representando o renascer das plantas, que simbolizam o sentimento de renovação das reivindicações em prol da cidadania, inclusão e participação plena na sociedade.
O mundo vai demorar a esquecer dos esforços dos paratletas autistas ou não, competindo na Paralimpíada, unidos em mente, corpo e espírito de luta.
O som emanando dos dedos renascidos do maestro João Carlos Martins ao piano, e da interpretação do tenor Saulo Laucas, cego e autista cantando o Hino Nacional, são provas da existência divina.  Inspiradoras formas de ver os talentos das pessoas com deficiência, cada uma no seu jeito de ser.
Em uma entrevista ao canal de TV Globo News, na sua primeira semana como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia expressou que a sociedade poderia esperar empenho dos ministros, porque eles “não eram autistas, e sim cidadãos”, o chocando o universo autista.
A reação de pais e interessados foi imediata e com críticas recriminadoras, algumas até exacerbadas contra o deslize da ministra. Também se manifestaram o Movimento Orgulho Autista do Brasil, a OAB - seccional de Brasília, ONGs, associações e grupos afins.
Diante  da reação negativa a ministra divulgou um pedido de desculpas, dizendo em sua nota, que reconhece o mau uso da palavra “autista” e destacadamente: “sem qualquer motivação de ofensa ou desqualificação – à condição autista”.
Recebi, diz a ministra, “manifestações – justas e motivadas – de que o uso era indevido e poderia ser interpretado como ofensivo.” “Peço desculpas por isso e esclareço, ainda uma vez, que jamais tive qualquer intenção de ofender ou de manifestar discriminação” e mais, afirmando que tem “experiência familiar” embora não citando o grau de parentesco.
O candidato mais cotado nas pesquisas para ser prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella e também senador da República, ao responder uma entrevista sobre ônibus e vans, afirmou: ...“Não vou ser governo “autista”, essas coisas todas precisam ser feitas”...
Critica por pais e interessados pelo mau uso da palavra autista de forma pejorativa e preconceituosa, divulgou vídeo dizendo que: "Gostaria de pedir desculpas por um descuido durante uma entrevista, na qual usei a palavra autista de forma inadequada. Em nenhum momento tive a intenção de ofender. O combate ao preconceito começa quando temos a humildade de admitir que erramos. Por isso, reitero minhas desculpas.". Na eleição anterior o candidato chamou o prefeito Cesar Maia de autista. Agora ratificou o mau uso da palavra.
Posso não ter percebido, mas não vi a Secretária Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério da Justiça e Cidadania, Rosinha da Adefal emitir opinião ou se manifestar no episódio da ministra e do candidato a prefeito do Rio de Janeiro.
Pais de autistas formam uma comunidade forte, porém pulverizada e com pouca força política, tendo em vista os cuidados às suas famílias, que são afetados de diversas formas pela dedicação aos filhos, abandonados pelo governo e impedidos de contribuir para o crescimento do país enquanto sofrem de desesperança.
O autista não constitui uma classe diferenciada de pessoas. Moram no Brasil, não tem outra mãe, não é outro filho e também é um cidadão. Não nos cabe fazer juízo de valor para o que aconteceu, e menos ainda querer coloca-los na vitrine da compaixão, mas sim prosseguir na luta para que não sofram mais do que o inevitável.   
 A delicadeza da ministra Cármen Lúcia se desculpando foi um alento, porém não aliviou as dores dos pais pelo impacto da afirmação, esperançosos de que a autoridade máxima da nossa Justiça, e pessoa pública, um dia exemplifique para a nação o que é preconceito e discriminação à luz da lei.

Nilton Salvador

Pai de Autista