sábado, 13 de novembro de 2010

Odontologia para pacientes AUTISTAS



1. Qual a importância de levar meu filho autista ao dentista?

A prevenção é sempre o melhor caminho, então os pais devem incluir na rotina de seus filhos a visita ao dentista, afinal ele já está acostumado à consultas com fonoaudiólogas, psicólogas, terapeutas, etc. O profissional irá ensiná-lo a fazer a prevenção de cáries e doenças periodontais, além de técnicas facilitadoras para conquistar a boa higiene oral.

2. Meu filho(a) será atendido amarrado?

A contenção mecânica é uma forma de estabilizar o paciente para o tratamento odontológico. O paciente não é machucado ele é apenas estabilizado. Esse processo só é realizado com autorização do responsável. Em muitos casos a contenção só é usada 1 ou 2 vezes, até que o paciente confie no profissional e sinta que não sofre durante o tratamento. Para evitar esse procedimento é que indicamos o condicionamento para facilitar o tratamento odontológico.

3. Como é o condicionamento?

O condicionamento é realizado por profissionais treinados e que de forma lúdica apresentam o tratamento odontológico. O método falar-mostrar-fazer é empregado nessa fase. Também são utilizados fantoches, brinquedos, bolinhas de sabão e tudo mais que o paciente goste. Essas informações são conseguidas durante a entrevista com os pais, antes de iniciar as sessões de condicionamento.

4. E se meu filho não sentar na cadeira do dentista?

Não tem problema, nesse caso o condicionamento é realizado no chão sobre um tapete de E.V.A.. A medida que o profissional conquistar a confiança do paciente, ele será transferido de forma espontânea para a cadeira odontológica.

5. Quantas sessões de condicionamento serão necessárias?

O número de sessões é individual porque cada paciente é único. Não podemos criar expectativas para os pais. Nesse momento temos que explicar que é uma tentativa, que vamos fazer o possível e que temos que acreditar que é possível. Nesses anos todos percebo que alguns pacientes surpreendem até os pais e logo estão familiarizados com a rotina da odontologia.

6. Não seria melhor a anestesia geral e fazer tudo de uma vez?

Todos procedimentos tem sua indicação, inclusive a anestesia geral. Até pouco tempo todos pacientes autistas que necessitassem de uma intervenção mais invasiva eram levados ao centro cirúrgico e submetidos à anestesia geral. Hoje sabemos que é possível tratá-los em ambulatório utilizando as técnicas de condicionamento propostas. Tudo depende da motivação dos pais em tentar e da formação do profissional.

7. Meu filho terá que ser condicionado para sempre?

Quando o paciente conhece um procedimento e o aceita, em sessão seguinte não será necessário retomar o condicionamento porque ele já aprendeu ou seja já adquiriu essa nova habilidade. Quando o paciente se mostrar estressado na 2ª sessão devemos retomar o condicionamento anterior e ter certeza que ele confiou e aprendeu.

8. O tratamento é diferente?

Não. O tratamento para pacientes autista é o mesmo o que muda é a necessidade de facilitar esse tratamento usando para isso o condicionamento.


Dra.Adriana Zink -CROSP 52600- www.adrianazink.blogspot.com

Livro: Autismo e Morte

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Estudo analisa o comportamento cerebral do autismo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Autismo e Odontologia



É brincando que se atende...

Metodologia aplicada pela dentista
 especialista em pacientes especiais/dedicada ao estudo do
paciente autista.


O condicionamento para o tratamento odontológico pode ser iniciado no chão para que o paciente sinta segurança no profissional.
A cadeira odontológica é um ambiente novo e pode ser estressante. O que importa é tratá-lo, sentar no chão faz parte do condicionamento, o profissional que atende pacientes autistas tem que estar aberto às novas emoções, ousar, brincar, acreditar que é possível!

Saiba mais em:

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Oficialmente Pessoa Portadora de Deficiência agora é "PESSOA COM DEFICIÊNCIA"

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS

PORTARIA Nº 2.344, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010

DOU de 05/11/2010 (nº 212, Seção 1, pág. 4)

O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições legais, faz publicar a Resolução nº 1, de 15 de outubro de 2010, do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência  CONADE, que altera dispositivos da Resolução nº 35, de 6 de julho de 2005, que dispõe sobre seu Regimento Interno
Art. 1º - Esta portaria dá publicidade às alterações promovidas pela Resolução nº 1, de 15 de outubro de 2010, do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE em seu Regimento Interno.
Art. 2º - Atualiza a nomenclatura do Regimento Interno do CONADE, aprovado pela Resolução nº 35, de 6 de julho de 2005, nas seguintes hipóteses:
I - Onde se lê "Pessoas Portadoras de Deficiência", leia-se "Pessoas com Deficiência";
II - Onde se lê "Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República", leia-se "Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República"
III - Onde se lê "Secretário de Direitos Humanos", leia-se "Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República";
IV - Onde se lê "Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência", leia-se "Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência";
V - Onde se lê "Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência", leia-se "Política Nacional para Inclusão da Pessoa com Deficiência";
Art. 3º - Os artigos 1º, 3º, 5º, 9º e 11, passam a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1º -
............................................................................

........

XI - atuar como instância de apoio, em todo território nacional, nos casos de requerimentos, denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, quando ocorrer ameaça ou violação de direitos da pessoa com deficiência, assegurados na Constituição Federal, na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências e demais legislações aplicáveis;
XII - participar do monitoramento e implementação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, para que os direitos e garantias que esta estabelece sejam respeitados, protegidos e promovidos; e
............................................................................

................." (NR).

Art. 3º - Os representantes das organizações nacionais, de e para pessoa com deficiência na forma do inciso II, alínea a, do art. 2º, serão escolhidos dentre os que atuam nas seguintes áreas:
............................................................................

..............................
II - um na área da deficiência auditiva e/ou surdez;
............................................................................

..............................

IV - dois na área da deficiência mental e/ou intelectual;
............................................................................

.................... (NR).

Art. 5º - As organizações nacionais de e para pessoas com deficiência serão representadas por entidades eleitas em Assembléia Geral convocada para esta finalidade e indicarão os membros titulares e suplentes
§ 1º - As entidades eleitas e os representantes indicados terão mandato de dois anos, a contar da data de posse, podendo ser reconduzidos.
§ 2º - A eleição será convocada pelo CONADE, por meio de edital publicado no Diário Oficial da União, no mínimo 90 (noventa) dias antes do término do mandato.

§ 4º - O edital de convocação das entidades privadas sem fins lucrativos e de âmbito nacional exigirá para a habilitação de candidatos e eleitores, quetenham filiadas organizadas em pelo menos cinco estados da federação, distribuídas, no mínimo, por três regiões do País.
............................................................................

.............................

§ 6º - O processo eleitoral será conduzido por Comissão Eleitoral formada por um representante do CONADE eleito para esse fim, um representante do Ministério Público Federal e outro da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SNPD, especialmente convidados paraesse fim.
............................................................................

................... (NR).
Art. 9º - Os Conselhos Estaduais e Municipais de Direitos da Pessoa com Deficiência serão representados por conselheiros eleitos nas respectivas Assembléias Gerais estaduais ou municipais, convocadas para esta finalidade.
Parágrafo único - O Edital de Convocação para a habilitação dos Conselhos Estaduais e Municipais será publicado em Diário Oficial pelo menos 90 (noventa) dias antes do início dos novos mandatos e definirá as regras da eleição, exigindo que os candidatos comprovem estar em pleno funcionamento, ter composição paritária e caráter deliberativo.
Art. 11 -
............................................................................

.........

§ 1º - A eleição do Presidente e do Vice-Presidente dar-se-á mediante escolha, dentre seus membros, por voto de maioria simples, para cumprirem mandato de dois anos.
............................................................................

..............................

§ 4º - Fica assegurada a representação do Governo e da Sociedade Civil na Presidência e na Vice-Presidência do CONADE e a alternância dessas representações em cada mandato, respeitada a paridade.
............................................................................

..............................
§ 6º - Caso haja vacância do cargo de Presidente, o Vice- Presidente assumirá e convocará eleição para escolha do novo Presidente, a fim de complementar o respectivo mandato, observado o disposto no § 4º deste artigo.
§ 7º - No caso de vacância da Vice-Presidência, o Plenário elegerá um de seus membros para exercer o cargo, a fim de concluir o mandato, respeitada a representação alternada de Governo e Sociedade Civil.
............................................................................

................... (NR).

 Art. 4º - Revogam-se os §§ 1º, 2º e 3º do art. 9º da Resolução nº 35/2005.

Art. 5º - As alterações no Regimento Interno do CONADE entram em vigor na data de publicação desta Portaria.

PAULO DE TARSO VANNUCCHI



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pitoco e o Autismo

Antes de nascer, o Cérebro dos Bebês fica em Estado de Repouso


Mesmo quando os nossos cérebros estão em repouso, eles não ficam completamente “parados”. Os cientistas chamam isso de “atividade do estado de repouso”. Um novo estudo descobriu que essa atividade se desenvolve no momento em que um feto completa 40 semanas.

Essa atividade do estado de repouso é o que envolve o cérebro quando ele não está trabalhando em uma tarefa específica. Os neurônios que realizam essa ação estão por todas as redes do cérebro, desde áreas visuais e zonas motoras até áreas envolvidas na atenção e no pensamento abstrato.
Uma dessas redes, a rede de modo de repouso, é ativa quando as pessoas estão em estado de vigília, levando os pesquisadores a teorizarem que ela está envolvida com devaneios e introspecção.
Agora, o novo estudo descobriu que a rede de modo de repouso é plenamente operacional até o nascimento. Isso sugere que o papel da rede tem a ver com mais do que a introspecção.
Os pesquisadores realizaram exames cerebrais em 70 bebês saudáveis que tinham nascido entre 29 e 43 semanas de desenvolvimento. Os pesquisadores descobriram que as redes de repouso ficavam completamente desenvolvidas nos bebês nascidos com 40 semanas. Quando um bebê atinge 40 semanas de idade, sua rede é muito parecida com a do adulto.
Já os bebês de 30 semanas tinham fragmentos incompletos, mas reconhecíveis das redes, sugerindo que as redes de estado de repouso em crianças se desenvolvem nas últimas 10 semanas de gravidez.
Para observar os cérebros das crianças, os pesquisadores utilizaram ressonância magnética funcional, um método que capta as mudanças no fluxo sanguíneo no cérebro. A circulação sanguínea aumentada traz mais oxigênio e se correlaciona com a atividade do cérebro.
Os resultados sugerem que as redes de estado de repouso estão menos envolvidas com a ação consciente e os pensamentos do que se acreditava antes. Elas são mais fundamentais do se pensava, porque não precisam estar relacionadas com qualquer aspecto cognitivo.
Segundo os pesquisadores, essas redes são muito poderosas para ajudar a entender o que o cérebro está realmente fazendo. O próximo passo é estudar crianças que tem redes de repouso fragmentadas, para saber se esses rompimentos afetam o desenvolvimento do bebê.
[LiveScience]

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Palestra na APADEM




A APADEM convida para a palestra:

 “Espectro Autista: Diagnóstico e Tratamento”

Com a psiquiatra  Leticia Amorim
(AMA/SP)

Dia: 13 de novembro às 15:00

Local:
 APADEM
Av: Beira-rio, nº 413- Voldac – Volta Redonda – RJ

Tel: 24- 3337-3683

TERAPIA OCUPACIONAL - Coordenação Motora Fina (4)

Johanna Cordeiro Melo Franco,
especialista no Conceito Neuroevolutivo Bobath e Integração Sensorial.

 


1) Pintura com os dedos - Trabalhar mobilidade dos dedos


2) Furador de papel (flores,estrelas,coração)- trabalhar fortalecimento muscular no dedo indicador depois realizar uma colagem com os desenhos.


3) Labirinto- colocar dentro saco ziploc com fita adesiva e gel de cabelo com bolinhas de gude.Trabalhar dedo indicador o caminho com a bolinha de gude.


4) Colocar moedas dentro do cofrinho -trabalhar o dedo indicador e polegar.


5) Colar os adesivos de bolinha dentro das
bolinhas desenhadas no papel.


6) Transferir os cereais(arroz,feijão,milho) de uma vasilha para potes de iogurte com colher sem deixar derramar.Pode brincar faz de conta-inventar uma receita e nomear os ingredientes e depois escolher os nomes das pessoas da familia ou da escola para oferecer a comidinha. 


7) Brincadeira com areia- colocar com as mãozinhas a areia dentro do funil e balde.


8) cartelas com as letras e colocar o pregador de roupa na letra representada.Trabalhar fortalecimento muscular dedo indicador e polegar.


9) Escrever as letras com o dedo indicador -trabalhar os movimentos do dedo para sentido e direção correta das letras.



10) Escrever as letras do alfabeto com cola colorida e passar o dedo indicador em cima da letrinha.Pode confeccionar cartões com as letras com texturas diferentes(emborrachado,lixa,espuma) -Trabalhar a percepção tátil e os movimentos do dedo indicador -preparação para escrita. Depois pode brincar com criança,falar uma palavra com a letra(associação).


11) Pegar objetos pequenhos com palitinho de japonês ou de cabelo(colocar uma gominha para facilitar os movimentos abrir e fechar) e transferir os objetos para vasilha.


12) Jogo de pinos ou Resta um -Trabalhar os movimentos pinça fina indicador e polegar para encaixe dos pinos.



13) Pegar bolinhas de algodão com pegador de saladas o de macarrão e colocar dentro dos potes.Trabalhar o movimento abrir e fechar com movimentos do dedo indicador e polegar.Depois,a criança pode contar a quantidade de bolinhas no pote ou noção quantidade(muito/pouco).


14) Colorir o desenho dentro do limite no plano vertical -trabalhar fortalecimento muscular na parte ombro e braço.

sábado, 30 de outubro de 2010

Cães ajudam no desenvolvimento de Crianças Autistas.

O cão não é apenas o melhor amigo do homem. Estudo revela que o animal treinado pode ajudar crianças que possuem transtornos de desenvolvimento.
Pesquisadores da Univesidade de Montreal, no Canadá, descobriram que eles podem reduzir significativamente os níveis de ansiedade em crianças autistas.
"Nossos resultados mostraram que os cães tinham um claro impacto sobre os níveis do hormônio do estresse das crianças", disse Sonia Lupien, a autora do estudo Sonia Lupien.
Para detectar os níveis de estresse, Sonia e sua equipe mediram a quantidade de cortisol presente na saliva de 42 crianças autistas. O cortisol é um hormônio produzido pelo corpo em resposta ao estresse e é detectado na saliva.
"Nós observamos o nível de estresse das crianças em três condições: antes e durante o convivívio com o cão e depois quando ele foi embora", afirmou. Durante todo o experimento, os pais preencheram um questionário indicando o comportamentos dos filhos durante as três etapas. Em média, os pais apontaram 33 comportamentos problemáticos antes de receber o cão e 25 com a presença do animal.
De acordo com a publicação Daily Mail, o estudo publicado na revista Psychoneuroendocrinology também descobriu que os cães podem ajudar nas suas habilidades sociais. A crianças autistas encontram dificulades para entender emoções e sentimentos das outras pessoas.
Os pesquisadores entendem que seria uma solução relativamente simples para ajudar as crianças e suas famílias a lidarem com essas dificuldades.
Fonte: Terra - Saúde - Bem Estar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Diagnóstico malfeito banaliza tratamento para Déficit de Atenção (TDAH)




Venda de remédios para a doença aumentou 1.616%;
especialistas apontam dificuldades no diagnóstico

O medicamento usado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) - vendido como Ritalina (Novartis) e Concerta (Jassen-Cilag) - está entre as substâncias controladas mais consumidas no País. Entre 2000 e 2008, o número de caixas vendidas passou de 71 mil para 1,147 milhão - aumento de 1.616%. A alta no consumo suscitou questionamentos sobre a banalização do uso do remédio à base de metilfenidato entre crianças e adolescentes.
Alguns especialistas apontam a demanda reprimida por um tratamento que existia e ainda existe no Brasil como causa do inchaço nas vendas. Para outros, é resultado de diagnósticos malfeitos - crianças que não se encaixam no padrão de aprendizagem e comportamento estariam sendo "domadas" à base de psicotrópicos.
O que alimenta ainda mais a polêmica é a dificuldade de diagnosticar o TDAH. Não há um exame definitivo. Os médicos se baseiam em relatos subjetivos de pais e professores sobre o comportamento da criança e num questionário com 18 sintomas relativamente comuns entre jovens, como falar em demasia, interromper conversas e dificuldade para esperar.
"O diagnóstico deve ser feito por um médico treinado e envolve outros especialistas, como psicólogo, psicomotricista e fonoaudiólogo. É preciso descartar outros problemas que afetam o comportamento e o aprendizado", explica o psiquiatra infantil Francisco Assumpção, da Universidade de São Paulo (USP). "Mas muitas vezes os critérios são preenchidos pela própria escola ou até mesmo pelos pais, que me procuram apenas para pedir o remédio."
O analista legislativo Luís Fernando Leite dos Santos conta que sua filha de 16 anos foi recentemente diagnosticada como portadora de TDAH por ter apresentado alterações de humor e queda de rendimento no último bimestre escolar. "Embora o relatório da escola afirmasse que o nível de dispersão nas aulas não era tão relevante, o médico receitou o remédio e ainda disse que eu poderia pegá-lo no posto de saúde", diz o pai, inconformado.
No caso do garoto João Petrika, de 12 anos, a simples mudança de escola fez milagres. Há cerca de quatro anos ele foi diagnosticado como hiperativo e ingressou num programa de tratamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fez terapia e tomou remédios. Mas o desempenho escolar só melhorou neste ano. "Antes ele evitava a escola. Agora que mudou de colégio, tem apenas três faltas", conta o pai Antonio Petrika. Há dois anos sem remédios, João tem outra explicação: "Gosto mais desta escola porque os professores são melhores. Na anterior, gritavam o tempo todo."
O TDAH é um dos transtornos mentais mais comuns em crianças e se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Estudos indicam que a prevalência na população é de 5%. Isso significa que numa sala de aula com 40 alunos, pelo menos 2 teriam a doença. "A dificuldade de aprendizado passou a ser sinônimo de problema com a criança, quando às vezes é da escola", afirma Assumpção.
Pais têm dificuldades de impor limites aos filhos
É na escola, onde a criança desenvolve grande parte de seu processo de socialização, que o uso da Ritalina vem sendo mais percebido. A reportagem ouviu relatos de educadores que confirmam a incidência do uso do medicamento em até 18% dos alunos de uma mesma sala de aula. Para os professores, há casos em que o remédio é realmente necessário - nos de alunos hiperativos -, mas a banalização é uma realidade. "A causa é o imediatismo de muitos pais e neurologistas, que querem medidas rápidas", afirma Raquel (nome fictício), de 48 anos, professora de ciências de uma escola particular de classe média alta.
Alguns educadores dizem que o uso indiscriminado do remédio está vinculado à dificuldade que algumas famílias têm de impor limites aos filhos. "É comum ouvirmos ‘não sei o que faço com meu filho. Ele toma medicação, mas não sei o que fazer’", conta Isadora (nome fictício), de 43 anos, professora de história do ensino fundamental. "Ouço pais falando ‘meu filho tem 13 anos e mudou muito. Vou levá-lo ao neurologista e ao psiquiatra.’ Ele tem 13 anos, é claro que mudou: é a idade de ser agitado", diz a professora de história Larissa (nome fictício), de 32 anos. "Se criassem uma escola que ensinasse os pais a educarem as crianças, seria um sucesso. Muitos priorizam a carreira e, quando percebem mudanças nos filhos, decidem levá-los ao médico."
As escolas ouvidas afirmam não ser contra o medicamento - o desafio é mostrar aos pais que é possível tentar métodos menos invasivos, como terapia e atividades físicas.
Esse foi o caminho escolhido pelo pediatra da Unifesp José Artur Medina, pesquisador do TDAH, que convive com o transtorno na família. Além dele próprio, seu pai e seu filho são portadores. "Já fui reprovado, preso, me envolvi com drogas. Cheguei a experimentar Ritalina e notei um ganho cognitivo. Mas muda a personalidade", diz. Para o filho de 5 anos, Medina receitou suplementos de ômega 3 e aulas de judô. Exercícios físicos, diz ele, estimulam uma parte do cérebro menos desenvolvida em crianças com TDAH e isso proporciona grande melhora.
A pediatra Maria Aparecida Moyses, da Universidade Estadual de Campinas, também critica a padronização do pensamento e aprendizado. "Nós não somos assim."

Fonte: Agência Estado
Por Karina Toledo e Mariana Mandelli

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

III CICLO DE PALESTRAS SOBRE INTERVENÇÕES COM AUTISMO



• Dia 19 – Sexta Feira - 18:30 às 20:30 horas
Entendendo a Comunicação no Autismo: transformando as atividades do dia-a-dia em oportunidades para aprender comunicaçãoLuciene de Oliveira Vianna, Educadora e diretora do centro conviver

• Dia 19 – Sexta Feira - 20:45 às 21:45 horas
O uso de recursos visuais no ensino de habilidades sociais.Manuela Christ Lemos ,psicóloga, pós graduada em Psicologia Clínica:Terapia Comportamental e Cognitiva

Luana Luzia Souza, educadora do Centro Conviver, graduanda em psicologia

• Dia 20 - Sabado - 8:00 às 9:00
Trabalhando Comunicação expressiva através de recursos do PECS (Picture exchange communication system) Izaniele Marquetti, educadora do Centro Conviver, graduanda em psicologia

Caroline Bordin, educadora do Centro Conviver, graduanda em psicologia

• Dia 20 - Sabado - 9:00 às 10:00
Entendendo a agressividade no autismo: fundamentos e intervenções.Bruno Martins Antonio, Psicólogo,pós-graduado em Psicologia Analítica e Especializando em Neurociência

Enéas Michel Somacal, Educador do Centro Conviver

• Dia 20 - Sabado - 10:15 às 11:15
O papel da estimulação sensorial tátil nos programas clínico-educacionais de intervenção diária Maria Ines Silva, Licenciada pela Faculdade de Arte do Paraná, mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto em Portugal.

Paola Borges , Educadora do Centro Conviver, graduanda em psicologia pela UTP

Dia 20 - Sabado - 11:15 às 12:15
Mini-oficina de música: vivência prática de uma sessão de musicoterapiaGizely Delmônico, Musicoterapeuta pós-graduada em Terapia Corporal e Relacional sistêmica

Dia 20 - Sabado - 12:15 às 13:30
Almoço
  • Dia 20 - Sabado - 13:30 às 14:30
Organização e execução de propostas musicais para grupos de crianças pequenas com AutismoLuciane Cristina Zandoná, Musicoterapeuta e Pós-graduanda em Educação Especial com enfâse em inclusão

Claudimara Zanchetta, Musicoterapeuta e Terapeuta Corporal Reichiana

• Dia 20 - Sabado - 14:30 às 15:30
Autismo e Inclusão: Discutindo o papel do acompanhante terapêutico no ambiente escolar Verônica Tasch Dias , Educadora do Centro Conviver, Graduanda em Psicologia pela UFPR

Yanne Ribeiro Gonçalves , Educadora do Centro Conviver, Graduanda em Psicologia pela UFPR

• Dia 20 - Sabado - 15:30
Intervalo

• Dia 20 - Sabado - 16:00 às 17:00
Abordagem Educacional TEACCH: Possibilidades na execução de tarefas através de Estações de Trabalho.Luis Paulo Moura, Pedagogo, pós-graduado em psicopedagogia

Elisangela de Lima, Educadora do Centro Conviver

CONTATO E INSCRIÇÕES


JORNADA@CENTROCONVIVER.COM.BR

• Valor R$ 100,00

• Palestras Individuais de 1 hora R$ 10,00/2 horas 20,00


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pitoco e o problema da professora

Cães Ajudam a diminuir Estresse em Crianças Autistas


Segundo uma nova pesquisa, cães-guias especialmente treinados podem reduzir o estresse em crianças com autismo.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que estes cães podem ajudar crianças autistas em situações sociais e a melhorar a sua rotina diária. Mas o novo estudo é o primeiro a mostrar que eles podem trazer benefícios fisiológicos também.
O autismo é uma série de condições em que as crianças têm problemas para se comunicar, interagir com os outros e se comportar adequadamente em situações sociais.
Os pesquisadores mediram os níveis de cortisol na saliva de 42 crianças com autismo. Normalmente, a produção de cortisol atinge picos cerca de 30 minutos depois que uma pessoa acorda, e diminui ao longo do dia.
A resposta do cortisol ao acordar das crianças foi medida antes, durante e após o cão-guia ser introduzido na família. Os cães foram treinados para serem obedientes e manterem a calma, mesmo em ambientes caóticos.
Os resultados mostram que os cães tiveram um grande impacto sobre os níveis do hormônio do estresse das crianças. Os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, diminuíram nas crianças após um cão-guia ser introduzido na família. Os cães também melhoraram o comportamento das crianças, reduzindo o número de problemas relatados pelos pais.
Nas duas semanas antes de os cães serem trazidos às casas, os níveis de cortisol das crianças aumentaram 58% durante os primeiros 30 minutos acordados. Mas quando os cães estavam presentes, essa resposta foi reduzida para um aumento de apenas 10%. E, após quatro semanas, quando os cães foram retirados das casas, a resposta do cortisol voltou a ter um aumento de até 48%.
Os pais também relataram uma diminuição de comportamentos problemáticos e perturbadores de seu filho, como birras, enquanto o cão estava presente. A média do número destes comportamentos caiu de 33, nas duas semanas anteriores à presença do cão, a 25 enquanto o animal fez parte da família.
Mas, por enquanto, os pesquisadores disseram que o efeito do cortisol reduzido na criança ainda não pode ser determinado. No entanto, estudos com adultos têm ligado aumentos do hormônio ao aumento do estresse geral, e a diminuição do hormônio a um estado mental positivo.
Mais pesquisas precisam ser feitas em crianças autistas para descobrir se estas diminuições nos níveis de cortisol na verdade correspondem a uma mudança nos seus níveis de estresse.
Muitos estudos já apontavam os benefícios dos cães-guias para crianças com autismo, e agora, um dos objetivos dos pesquisadores é saber por que os cães diminuem os níveis de cortisol delas. Por exemplo, pode ser que os cães ajudem as crianças a dormirem melhor, o que pode ter afetado os níveis de cortisol.

Fonte:
LiveScience
 Natasha Romanzoti






quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Médico brasileiro especialista em Autismo assume cargo na Georgia

O brasileiro Ami Klin brinca com criança no Yale Hospital,
onde foi chefe do departamento de Pesquisa de autismo.

A capital da Geórgia acaba de ganhar um importante aliado no tratamento e pesquisas sobre o autismo. Além de ser o chefe do Marcus Autism Center em Atlanta, o brasileiro Ami Klin assume os cargos de Pesquisador e de diretor da Divisão de Autismo e Deficiências Relacionadas do Departamento Pediátrico da Faculdade de Medicina. Ambas posições serão ocupadas na Universidade de Emory.
Segundo o jornal The Weekly, o médico brasileiro, que é internacionalmente reconhecido, se junta a outros cientistas mundialmente renomados. O time é considerado fundamental para o avanço nas pesquisas do autismo. “O trabalho deles pode transformar a vida de inúmeras crianças e suas famílias no mundo inteiro”, afirmou o presidente e diretor geral da Georgia Research Alliance, Michael Cassidy.
No Marcus Autism Center, Ami Klin será um líder que poderá transformar os diagnósticos, tratamentos e pesquisas do autismo. Sua nomeação coincide com o aniversário de 20 anos do local, que mantém o compromisso de melhorar a vida das crianças que tem autismo e males relacionados.
“O autismo não é mais uma doença rara. O Dr. Klin tem a incrível habilidade de pensar sobre este transtorno em termos de um sistema de atendimento e mudar o futuro de crianças afetadas pelo autismo na próxima geração”, declarou Bernie Marcus, fundador do Marcus Autism Center.
Psicólogo e pesquisador, Ami Klin deixa o cargo de professor de psicologia infantil e psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, em Connecticut. Na renomada instituição, o brasileiro dirigia o Programa de Autismo, e investigou aspectos do autismo, desde a infância até a idade adulta. Em uma tecnologia aplicada, o médico visualizava diretamente o olho da criança, o que permitia saber se ela tem autismo.
Números alarmantes
É com bons olhos que Klin vê o novo desafio em Atlanta. “Queremos avançar neste centro, trazendo especialistas e defensores da principais instituições acadêmicas e organizações estaduais, para juntos solucionarmos os quebra-cabeças e desafios associados ao transtorno do espectro do autismo”, disse o médico brasileiro.
Uma em cada 110 crianças nos Estados Unidos são portadoras de autismo. O número é maior ainda no estado da Geórgia, onde estima-se que mais de 20.000 crianças sofram da doença. O desafio do Dr. Ami Klin e de especialistas de Yale tem início em 2011.
Para o diretor executivo do Marcus Autism Center, Don Mueller, ter o médico brasileiro e a equipe dele é uma oportunidade única para impactar o futuro das crianças autistas. “A contratação do Dr. Klin ilustra o comprometimento da comunidade de Atlanta em construir um centro de autismo de nível mundial. Seu time colaborará com os membros do Consórcio de Autismo de Atlanta para transformar os cuidados das crianças que tem autismo na Geórgia e no mundo”, disse ele.
A presidente do Departamento Pediátrico da Emory University, Barbara Stoll, compartilha da opinião de Mueller. “Poucas contratações podem ser consideradas transformativas. O recrutamento do Dr. Klin e de seus colegas vai transformar nossos programas em autismo e neurociência social e tem um impacto bem além da Geórgia”, disse ela, que também é professora.

Da redação do ComunidadeNews.com
Foto: Reprodução do ComunidadeNews.com

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Como fazer o desfralde de Autistas?

Por: *Carolina Dutra Ramos

O atraso de desenvolvimento presente no autismo dificulta a aquisição de habilidades, diferentemente de pessoas com desenvolvimento típico, que a medida que crescem desenvolvem maior independência de modo gradual e progressivo. Com isto, é necessário que seja ensinado às pessoas com autismo tudo, até mesmo o que parece uma habilidade simples que ao longo da vida aprende-se de forma espontânea, para eles tem que ser ensinada.
Um problema levantado pelos pais de pessoas com autismo é a dificuldade em tirar a fralda dos filhos.
Inicialmente, o mais importante para começar o desfralde de alguma criança com autismo é ter em mente que será necessário paciência, persistência e confiança, porque para obtermos sucesso no desfralde, é indicado iniciar quanto mais cedo possível, em torno de dois anos e meio e três anos de idade. E ao tomar a decisão de iniciar o desfralde, a fralda não deverá mais ser colocada novamente na criança em nenhum momento seja para dormir, passear de carro, ficar na escola.
Como já foi explicado anteriormente crianças com autismo são diferentes de crianças com desenvolvimento típico, sendo assim sua mente fica confusa, sem saber quando pode fazer as necessidades na fralda ou não.
Pode ocorrer de algumas crianças segurarem suas necessidades até o momento em que é colocada a fralda, por fazerem associação de que xixi e cocô é só na fralda. Por isso é necessário que ela associe as suas necessidades agora ao vaso sanitário e não seja mais colocada a fralda.
É recomendado levar a criança ao banheiro com frequência, inicialmente com pequenos intervalos de tempo, deixando sempre a criança no vaso sanitário um tempo também inicialmente reduzido.
Começamos com os pequenos intervalos de tempo que devem ser aumentados conforme o desenvolvimento do ensino. Exemplo: iniciou-se o treinamento com um intervalo de dez em dez minutos, deixando a criança de 30 segundos a um minuto no vaso sanitário, foi observado que a criança está fazendo várias vezes as suas necessidades no vaso sanitário, com isso pode-se aumentar o intervalo de tempo de idas ao banheiro para 15 em 15 minutos e assim sucessivamente.
Sugere-se também registrar os horários em que ocorrem o xixi e o cocô para ser possível ter uma noção de seus horários e lhe dar uma idéia do tempo de intervalo que pode ser praticado com a criança.
O tempo que se permanece no banheiro tem que ser prazeroso, deve-se levar brinquedos, música, algo que seja bom e que a criança goste, para que a ida ao vaso sanitário seja positiva e reforçadora a ela.
Lembrando das palavrinhas chaves: paciência, persistência e confiança, deve-se durante a noite acordar para levar a criança ao banheiro também. Recomenda-se que não dê muito líquido a ela no período da noite. Se não for possível acordar a criança durante a noite, devido a um distúrbio de sono, que seja colocada a fralda com ela dormindo e retirada antes de acordar.
Quando fizerem qualquer necessidade no vaso sanitário, deve-se elogiar e reforçar com algo que a criança gosta. A questão do reforço é algo muito bom para obtermos resultados positivos, pois motiva as crianças. Os reforços podem ser: receber um brinquedo, ouvir a música que gosta, ver o DVD que gosta, ganhar uma guloseima (um pedaço de chocolate, bala, salgadinho), cantar para ele ou apenas um elogio social (Muito bem! Parabéns!) entre outras coisas que a criança goste.
Esses reforços também aos poucos vão sendo retirados, assim que a criança começa a associar suas necessidades fisiológicas ao banheiro e começa a obter o controle esfincteriano. A retirada também deve diminuir aos poucos, em alguns momentos damos, em outros não.
É importante ter sempre em mente que não tem um tempo certo para a criança aprender, cada uma tem seu tempo.
Para obter sucesso é fundamental que todos que estejam envolvidos com a criança ajam igualmente com ela. Se apenas quando ela estiver com os pais ficar sem fralda, mas quando for para a escola ou para a casa dos avôs ficar de fralda, o treinamento será muito sofrido para a criança e a possibilidade de dar certo será menor.
Quando a criança obteve o controle esfincteriano e aprendeu a usar o banheiro, o próximo passo a ser ensinado deve ser ensinar-se a limpar-se com menos apoio.
Como em qualquer ensino, o importante para que a criança obtenha maior nível de independência e autonomia é não fazer nada por eles, e sim com eles, ou seja, para ensiná-los a limpar-se é necessário dar apoio para a criança se limpar, apoiando fisicamente sua mão e retirar essa ajuda gradativamente, aos poucos.
É possível que algumas pessoas com autismo necessite sempre de um pequeno apoio, mas é necessário que não desista de ensiná-los para que possam alcançar pelo menos um pequeno nível de independência.
Durante o desfralde, deve-se ficar atento a alguns sinais que podem vir a prejudicar a criança, como segurar muito tempo a urina ou prisão de ventre. Inicialmente é normal ocorrer prisão de ventre, porém, caso ocorra com freqüência, causando mal estar à criança, é aconselhável procurar orientação médica, tanto para prisão de ventre, quanto para segurar muito tempo a urina – para que não ocorra uma infecção urinária.
Tudo isso é fundamental para dar a chance das crianças desenvolverem suas habilidades de forma mais autônoma e independente, para uma melhor qualidade de vida presente e futura.


*Carolina Dutra Ramos é pedagoga,
 com habilitação em educação especial e pós-graduada em Psicopedagogia,
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Trabalha na Associação Amigos do Autisa (AMA), de São Paulo, desde 2004,
e atualmente é coordenadora pedagógica das unidades Lavapés e Luis Gama da instituição.
E-mail: carol.dramos@uol.com.br


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Crianças autistas podem ser afetivas, diz estudo

Com três anos, L.S. ainda não fala,
mas sua mãe, Deise, 28,
tem esperança de que ele desenvolva essa capacidade.  

L.S, 3 anos, durante uma consulta com sua mae Deise de Andrade Santos, 28, no ambulatório de autismo do HC
Seu filho é autista. Anda pela casa de olhos fechados e passa muito tempo girando o corpo. Quando quer algo, L.S. agarra a mão de Deise para comunicar seu desejo.
"Ele é muito carinhoso, sempre retribui os meus beijos e abraços. E percebe quando estou triste, chega até a parar de comer", diz.
A dona de casa Joana também testemunhou um ato de empatia por parte de seu filho, Tiago. Autista de grau moderado, o jovem de 25 anos percebeu que a mãe estava abalada com a morte de um parente e quis confortá-la: "Ele oferecia a camiseta dele para secar as minhas lágrimas", conta.
Ainda que não se saiba se a troca de afetividade entre mãe e filho seja mera imitação de gestos por parte do autista, há pesquisas que contradizem a ideia comum segundo a qual os autistas são frios e alienados.
Um estudo conduzido na Queen's University, Canadá, com 15 crianças autistas, avaliou a capacidade que elas tinham para contar e sustentar uma mentira.
Os pesquisadores perceberam que 12 dessas crianças eram capazes de contar "mentiras piedosas", cujo objetivo é não desapontar as expectativas dos outros.
Quando recebiam um presente que não gostavam (um sabonete, no teste), eles mentiam para não magoar quem os havia presenteado.


NEM TÃO RÍGIDOS

Para Gustavo Giovannetti, psiquiatra da Unifesp, a habilidade que os pesquisadores detectaram não pode ser generalizada para todos os espectros de autismo, muito menos para casos mais severos, mas confirma teses mais atuais a respeito do tema.
"O que a pesquisa mostra é que o desenvolvimento dos autistas não é tão fechado e que seus sintomas não são assim tão rígidos", afirma.
Segundo o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do ambulatório de autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o mérito do estudo é desafiar o senso comum sobre a frieza dessas pessoas.
"É preciso acabar com esse mito de que autistas não têm afetividade. O que eles têm é dificuldade para demonstrar sentimentos por causa de suas limitações em se comunicar", diz.
A reportagem da Folha visitou na sexta-feira (15) o ambulatório em que o médico atende no HC, em meio a atividades lúdicas como a presença de contadores de história e cães terapêuticos.
Um de seus pacientes, o adolescente F.V., 15, estava acompanhado pela mãe, Angela. "Ele começou a ficar agressivo. Bate em mim e quebra tudo se não é atendido. Não tenho mais força para controlá-lo. Já pensei até em interná-lo", desabafa.
Vadasz afirma que mesmo o comportamento agressivo de F.V. é uma prova de que ele tem emoções.
"A raiva é uma demonstração de seus sentimentos e de sua frustração por não conseguir exprimir um desejo."
Um diagnóstico precoce, diz o médico, pode melhorar as perspectivas de jovens autistas: "Quanto mais cedo a criança for tratada, maiores as chances de desenvolver capacidades de interação".
Sinal que pode ser promissor para o pequeno L.S., que ainda não consegue falar.
"Ele é muito novo ainda, quem sabe até os seis anos não seja capaz de desenvolver a comunicação verbal?", afirma o médico.
GUILHERME GENESTRETI
Foto: Letícia Moreira/Folhapress

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Especialista explica como identificar o Autismo

Orientações da terapeuta Patrícia Piacentini
são principalmente para os pais.

O autismo é descrito por autoridades no assunto dos Estados Unidos e da Europa como uma epidemia atual.
O Brasil não possui estatística sobre a síndrome. Dados de 2007 apontam apenas para uma estimativa. De acordo com o Projeto Autismo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), num universo de cerca de 190 milhões de habitantes, havia aproximadamente um milhão de casos de autismo.
No mundo, segundo a ONU, acredita-se ter mais de 70 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. A incidência em meninos é maior, tendo uma relação de quatro meninos para uma menina com autismo. SINTOMASSegundo a terapeuta Patrícia Piacentini (foto 1), os sintomas podem ser percebidos após o nascimento da criança através da questão motora e a habilidade dela se comunicar com os outros em volta.
“As estereotipias podem surgir, porque é justamente a transição dessas crianças de se autoregular. Se seu corpo não está funcionando do jeito que você espera, você vai criar movimentos de autoregulação, que é justamente o que a gente trabalha”, disse.
Hoje, já é possível identificar o autismo em crianças a partir dos seis meses. Patrícia Piacentini diz que os pais podem ajudar os filhos que tem a síndrome brincando com eles.
 “O pai não precisa ser terapeuta, só ser pai, brincar com as crianças, estimulando a questão motora. É claro que os pais precisam de ajuda, mas podem ajudar nessa intervenção e trazê-las para o convívio social”, explicou.

Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Google.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estatuto do Deficiente - 10 anos depois

A proposta que cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência (PL 3638/00) prossegue sem acordo na Câmara. Após quase dez anos de tramitação, parlamentares e entidades reconhecem a importância da proposta, mas reivindicam alterações no texto.

Para a representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade – órgão da Secretaria Especial de Direitos Humanos que reúne integrantes do governo e de organizações da sociedade civil), Laís de Figueiredo Lopes, o debate gira em torno da abordagem da proposta. “O projeto, segundo alguns movimento sociais, trouxe uma visão assistencialista do grupo, o que gera resistência entre aqueles que trabalham no sentido do protagonismo das pessoas com deficiência, que não devem ser vistas simplesmente como beneficiários de certas políticas públicas.”
A proposta de estatuto reúne leis e decretos que concedem benefícios ao grupo, além de propor algumas novidades, como: prioridade na tramitação de processos judiciais; programas específicos de educação profissionalizante; tipificação de crimes contra pessoas com deficiência; ampliação do perfil para recebimento do benefício de prestação continuada (BPCBenefício no valor de um salário mínimo e pago mensalmente a pessoas idosas de 65 anos ou mais e portadores de deficiência incapacitados para a vida independente e para o trabalho. Em ambos os casos, os beneficiados devem pertencer a famílias com renda por pessoa inferior a 1/4 do salário mínimo. ), entre outras.

Convenção da ONU

O principal argumento contra a votação do Estatuto da Pessoa com Deficiência é uma suposta dessintonia entre o texto que tramita na Câmara e o tratado internacional resultante da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada pelas Nações Unidas em Nova Iorque, em 2006. Mais de 140 países são signatários do tratado, incluindo o Brasil.
O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), que é presidente da Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Fenapaes), explica que o projeto de lei não foi debatido após a ratificação do tratado pelo País, que ocorreu em 2008. “Existem alguns temas ligados principalmente à tutela das pessoas com deficiência, à emancipação civil desse grupo e aos seus direitos políticos que precisam de maiores reflexões”, argumenta.
O presidente da Associação Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB), Moisés Bauer, explica que “o tratado internacional traz uma abordagem diferente daquela proposta no projeto do estatuto, tendo por base uma visão de autossuficiência da pessoa com deficiência”.
Laís de Figueiredo Lopes explica que, em 2009, o Conade e a Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveram uma série de encontros regionais para debater a proposta. Mas, segundo ela, ainda são necessários mais debates sobre o tema. Laís explica que a “falta de consenso” atinge pontos que variam desde a capacidade legal das pessoas com deficiência, a inserção desse público nas escolas comuns até o próprio conceito de deficiência. Para ela, “a deliberação não avança no Legislativo porque, de certa forma, o Congresso tem sido respeitoso com os movimentos sociais”.
___________________
Fonte: Agência Câmara