quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Falando de Autismo


   Até pouco tempo atrás, falar de autismo era um assunto que não provocava interesse jornalístico, pois não justificava discussões nas redações, até que a partir de meados de 2005 a mídia norte americana começou a elevar as pautas da síndrome infantil para a categoria de doença, sugerindo que estava em curso uma epidemia mundial do distúrbio, aumentando a carga de preocupação sobre os conceitos existentes e indefinidos em relação às características autísticas.
   Além de não passar de mais uma enganação alarmista para pais e responsáveis precariamente informados sobre o autismo em nosso país, onde ainda não há órgãos oficiais de saúde para cuidados específicos, sabe-se lá que interesses estariam por detrás daquelas notícias falsas, já que os índices de autistas diagnosticados no mundo são os mesmos de três décadas atrás, e esse tempo fica bem próximo da descrição da síndrome por Leo Kanner, psiquiatra infantil da John Hopkins University em 1943.
   Infelizmente no Brasil, o autismo começou a ficar mais conhecido, quando alguns políticos que surfaram nas ondas das CPIs de corrupção e imoralidade, se utilizavam da palavra autista para desqualificar o presidente da República, ministro, senador, deputado estadual, federal e personalidades, estabelecendo um adjetivo desqualificante que por pouco não vira moda.
   Felizmente, numa cruzada silenciosa: pais, associações, grupos de discussão na internet no mundo inteiro e movimentos pró autistas, conseguiram conter a onda, pois muitos daqueles políticos e outros que se utilizaram do autismo para caracterizar alguém com um “defeito”, desconheciam a condição médica do mesmo.
   Alguns profissionais da saúde em autismo ao invés de orientar, invertem situações para os pais, fazendo-os crer que o portador não se relaciona com outra pessoa que não seja igual a ele, incluindo propensões para outras síndromes especialmente na adolescência, de acordo com seu arbítrio, por falta de preparo técnico e experiência.
   Enquanto isso, o autista e seus pais continuarão pagando o alto preço do seu aprendizado que deveria ter a definição da causa da síndrome vindo da escola de formação do profissional, para manter a esperança da cura de um quadro psicológico abstrato e sem precedentes.
   Em condições normais, pais de autistas ou não, não precisávamos estar nos engalfinhando com políticos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, rogando que se altere o artigo do projeto do Estatuto do Deficiente, onde está definido o autismo como deficiência, pela expressão: transtorno global do desenvolvimento, abrangendo outras síndromes, evitando que fiquem fora da proteção da lei.
   O autismo pode também ser uma proposta de educação, pois é de função pedagógica. Tudo que se faz pelo autista é orientado para educá-lo dentro dos princípios da pedagogia, não podendo ser visto como uma sina de caráter assistencialista, mas sim como uma linha reta de bom senso, merecedor de confiança.
   Autistas precisam de psiquiatras, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos e adjacentes competentes, que não fiquem praticando autofagia, cada um querendo deter monopólio de saberes, mas sim aprimorando experiências até para o governo brasileiro, a exemplo do que acontece em outros países onde a saúde é levada a sério.
   Autistas não devem ser catalogados apenas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico ao receberem o seu diagnostico, e que seus pais não se deixem levar pelo imediatismo, aceitando docilmente prescrições que seus efeitos colaterais os levem do seu estado natural para situações perturbadoras.
   Não podemos esquecer que nossos filhos autistas ou não, só vieram através de nós.
   Cada autista é único, vêm com sua própria personalidade, talentos e pensamentos.

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