sexta-feira, 29 de julho de 2011

ADOÇÃO - O Parto do Coração

Neste livro, a adoção é vista “de fora”, enquanto conceitos e julgamentos a “vêem de dentro”, sem recíproca, tão presente como está no espírito e no coração de cada adotante, pelo desencontro de posições a respeito das relações multisseculares do gênero humano, intrigantes acima de tudo.

Quanto aos costumes ainda desconhecidos, evoluções sem precedentes com o progresso do homem, deram para a adoção uma fisionomia nova, por suas mentes brilhantes em sua expressão, superando dissidências, unindo forças e irmanando povos.

A adoção de um ser humano, mesmo sendo consagrada desde os tempos imemoriais, deve ser cada vez mais estimulada em todos os campos de nossas atividades.

Falar sobre adoção parece estar entre o dever de todos, pois pensando no espírito das novas gerações que vicejam, é oportuno e necessário tomar conhecimento desse processo, pelas circunstâncias deste mundo multipolarizado e de diretrizes incertas dos nossos dias.

Pitoco e seus Mistérios Escolares

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Má saúde ao nascimento pode significar educação especial no futuro

           Um novo estudo aponta que bebês que nascem com problemas de saúde têm maiores chances de necessitar de educação especial quando adolescentes.

          A saúde do bebê pode ser observada logo após o nascimento, através do “índice de Apgar”. Os médicos utilizam o índice um e cinco minutos após o nascimento. Essa avaliação é uma medida do quão bem o bebê fez a transição da vida intra-uterina.

         O baixo índice de Apgar pode significar que algo deu errado durante o parto, como a privação de oxigênio em algum momento. Ele é importante para ver como o bebê e seu cérebro estão se comportando.

         A avaliação – que inclui teste de coração, pulmão e função cerebral – tem uma escala que vai de 0 a 10. A nota máxima significa que o bebê respira perfeitamente bem, tem ritmo cardíaco rápido o suficiente e bons reflexos.

        Agora, cientistas descobriram que os bebês que tem notas baixas na avaliação podem ser relacionados com dificuldades escolares na adolescência.

       Os pesquisadores analisaram dados de cerca de 900 mil bebês nascidos entre 1973 e 1986. A maioria das crianças tinha índice de Apgar normal, variando de 9 a 10. Apenas 1% tinha pontuação abaixo de 7 e um terço destes eram abaixo de 4, indicando sérios problemas imediatos.

       No total, cerca de 23 mil dessas crianças estavam indo para uma escola de educação especial aos 16 anos de idade. Crianças com um índice de Apgar abaixo de 7 tinham o dobro de chances de ir para escolas especiais comparadas a crianças com altos índices. Já as crianças que tiveram pontuações extremamente baixas, como 2 ou 3, eram cerca de três vezes mais propensas a precisar de educação especial.

       Alguns fatos já conhecidos sobre bebês com nota muito baixa no Apgar é que eles têm maior risco de morrer logo após o parto, e também são mais propensos a desenvolver paralisia cerebral.

       A pesquisa sugere que os pais devem ficar alertas caso o filho tenha apresentado baixo desempenho do índice de Apgar. Mas sem desespero: apenas 1 em cada 44 bebês com uma pontuação abaixo de 7 vai necessitar de educação especial no futuro. Isso demonstra que, mesmo sendo um indicador importante, o índice de Apgar não pode ajudar a prever quais crianças vão precisar de mais ajuda na escola.

      Os cientistas explicam que o índice de Apgar pode ter um impacto cerebral futuro, mas as crianças nascidas com baixo índice não devem ser tratadas como um grupo separado. Cada uma deve ser tratada individualmente, tanto em suas necessidades médicas como na capacidade acadêmica.
Stephanie D’Ornelas
Reuters
27.07.2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Metáfora do Autismo...Seria algum ensaio?





Lançamento do Livro:
POLÍTICA PARA NÃO SER IDIOTA 
de Renato Janine Ribeiro e
Mario Sergio Cortella.








Entrevista com o  filósofo Renato Jenine Ribeiro 
NO PROGRAMA DO JÔ DE 22.07.2011
Jô diz: é interessante esse título.
Renato Janine diz: O Mario Sergio começou dizendo, ele pensou na palavra idiota e pensou em mim, então eu achei um pouco curioso quando ele falou isso.
Mas que a idéia era a seguinte: para os gregos Idiota é a pessoa confinada na vida própria, que não sai de si. Então se a pessoa não tem convívio social, se a pessoa não vai a, não constrói laços com os outros e não discute os fins da sociedade, mesmo numa sociedade pequena, um condomínio, um clube uma coisa assim, essa pessoa se torna um idiota por causa que confinada nela,e ela acaba, tudo acaba sendo decidido pelos outros e não por ela.
Jô:
Entendi!
Renato Janine:
Então o ponto de partida é esse.
Jô: Quer dizer que, por exemplo, a idéia de que depois dos 70 anos, as pessoas não precisam mais votar, é chamar todo velho de idiota?
Renato Janine:
Não por que.
Jô: Por querer que todo velho fique idiota?
Renato Janine:
Votar é apenas uma das coisas, talvez a menos importante da política, porque voto você vota cada dois anos.
Jô:
Eu sei, estou perguntando fora idiota no sentido fora da comunidade que atua nas coisas.
Renato Janine:
É, mas, por exemplo: Essa pessoa pode continuar atuando muito na vida social, na moradia dela, com relação à família dela, com relação aos amigos, enquanto ela está atuando, tá opinando, não tá deixando que passem por cima dela, ela está de alguma forma fazendo política…
VEJAM O VÍDEO

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Especial Mães de Ferro - APAE de Itabira - MG.


A TV Cultura de Itabira no mês de maio buscando homenagear todas as mães, lançou uma matéria especial com algumas das mães apaeanas. Representando uma sincera homenagem à todas que cuidam de seu filho com deficiência com dedicação, paciência, determinação e muito amor.
Repercutindo ainda a Série Mães de Autistas aqui no Vivências, France Jane nos mostra os videos Mães de Ferro com os quais  a TV Cultura homenageou as mães da APAE de Itabira e por extensão todas as mães de Pessoas Deficientes.
Para todas as mães a nossa gratidão e carinho.
Visitem:

Vejam as reportagens completas no:
http://www.itabira.apaebrasil.org.br/noticia.phtml/37727/ESPECIAL+MAES+DE+FERRO+APAE+DE+ITABIRA.html

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Antidepressivos na Gravidez Aumentam risco de Autismo

     Segundo um novo estudo, crianças cujas mães tomam Zoloft, Prozac, e outros antidepressivos similares durante a gravidez são duas vezes mais propensas a desenvolver autismo ou um distúrbio relacionado.
     Essa classe de antidepressivos, conhecidos como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), pode ser especialmente perigosa no início da gravidez: crianças expostas às drogas durante o primeiro trimestre tinham quase quatro vezes mais chances de desenvolver um distúrbio do espectro do autismo.
     O estudo incluiu menos de 300 crianças diagnosticadas com autismo ou doenças relacionadas. Usando um banco de dados de um hospital que inclui mais de 3,2 milhões de pessoas, a equipe identificou 298 crianças com a condição que nasceram entre 1995 e meados de 1999, e as compararam com 1.507 crianças sem autismo que tinham mais ou menos a mesma idade e nasceram no mesmo hospital.
     Em seguida, os cientistas checaram se suas mães, no ano antes do nascimento, preencheram prescrições para um ISRS, incluindo Prozac, Zoloft, Luvox, Celexa, e Paxil (ou suas versões genéricas).
     Os pesquisadores não puderam confirmar se as mães realmente tomaram a medicação, no entanto, 20 das crianças com austimo (ou 6,7%) foram expostas a ISRS no útero, comparativamente com 50 (3,3%) das crianças no grupo de controle. Depois de levar em conta outros fatores que poderiam afetar tanto o risco de autismo quanto o uso de ISRS (tais como a idade da mãe, etnia e histórico de depressão ou outras doenças mentais), os pesquisadores descobriram que a exposição às drogas no útero aumenta o risco de diagnóstico de autismo em 2,2 vezes, enquanto no primeiro trimestre a exposição ao risco aumenta 3,8 vezes.
      Cerca de 12% das mães cujos filhos tinham autismo foram diagnosticadas com depressão ou outro distúrbio mental. Pesquisas anteriores já haviam descoberto um maior risco de autismo nos filhos de mães com transtornos mentais, mas o novo estudo não encontrou tal relação em mães que não tomaram ISRSs.
     Os pesquisadores alertam que essa é a primeira pesquisa sobre o assunto, e não prova que tomar ISRS durante a gravidez causa diretamente a condição. Os resultados precisam ser confirmados em estudos maiores, e as mulheres não devem se guiar por essas informações ainda.
     Segundo os médicos, deficiência mental materna durante a gravidez é um grave problema de saúde pública. Não tratar não é uma opção. Enquanto algumas crianças podem estar em risco por causa de uma exposição à ISRS, muitas mães e seus filhos se beneficiarão.
     Depressão não tratada durante a gravidez carrega seus próprios riscos, tais como nascimento prematuro e problemas de crescimento. Os riscos potenciais para a criança tem que ser equilibrados com o risco da mãe não ser tratada. Os pesquisadores não querem que as pessoas parem de tomar antidepressivos por causa da nova associação: o correto é conversar com seus médicos sobre a relação risco-benefício.
     Evidências de estudos anteriores sugerem que as pessoas com autismo têm anormalidades nos seus níveis e regulação de serotonina, uma substância química do cérebro envolvida no humor e vários outros processos biológicos. Os cientistas acreditam que os ISRSs aumentam a disponibilidade de serotonina no cérebro, uma vez que as drogas passam através da placenta, e poderiam influenciar o desenvolvimento de um bebê.
     Em estudos com animais, as mudanças nos níveis de serotonina durante a gravidez tiveram grandes efeitos no desenvolvimento do feto e da prole. Se houver efeitos similares em seres humanos, dizem os pesquisadores, eles podem variar dependendo da composição genética de uma criança.
     A grande maioria das crianças do estudo que foram expostas a ISRSs no útero não desenvolveu autismo. Há muitas crianças que sofrem exposição pré-natal a ISRS e que são resistentes: o próximo passo da pesquisa é descobrir quem está em risco e quem não está.
     A Administração de Drogas e Alimentos americana diz que, quando administradas em altas doses, drogas dessa categoria têm sido relacionadas com defeitos de nascimento em estudos com animais. Não ficou provado se elas são seguras ou inseguras em seres humanos, mas as grávidas devem usá-las apenas se o benefício potencial justificar o risco potencial para o feto.
     Sim, estudos com animais fornecem fortes evidências de que a exposição a altos níveis de serotonina no útero produz comportamentos autistas e mudanças na estrutura do cérebro. Como há poucos estudos realizados em humanos, os cientistas acreditam que a coisa mais sensata a se fazer é estar ciente dos riscos e pensar duas vezes antes de tomar tais drogas durante a gravidez.

CNN
HypeScience

domingo, 10 de julho de 2011

Música Até o Fim, de Fantine Tho, com o tema AUTISMO

    
     A cantora Fantine Tho lançou dia 07/07/2011, no site da MTV Brasil, um videoclipe da música "Até o Fim", dirigido por Marco Rodrigues, com um tema incomum: o autismo.
    A ideia do clipe nasceu no início de 2011, após a música ter sido escolhida como trilha sonora do vídeo institucional da Revista Autismo, produzido por Marie Shenk, para o Dia Mundial do Autismo (todo 2 de abril, decretado pela ONU), pois retratava bem a luta dos pais para ir "até o fim" na batalha de conquistar mais habilidades e qualidade de vida a seus filhos com autismo. Fantine (ex-integrante do grupo Rouge), ao autorizar a utilização da música, disse se sentir "honrada com o convite para uma causa tão nobre". Já havia um entendimento entre o jovem cineasta Marco Rodrigues e a cantora para a produção de um videoclipe e Fantine sugeriu que o trabalho fosse com a canção "Até o Fim" e tivesse um formato que abordasse um tema social e informativo: o autismo. Marco, que é de Santos (SP), topou o desavio e "abraçou" a causa em sua estreia nos videoclipes


 Revista Autismo

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AUTISMO - MTV Documentário

Exposição pré-natal a Antidepressivos pode provocar Autismo


      Filhos de mulheres que fizeram uso de antidepressivos durante a gestação, e em fase anterior a essa, têm mais probabilidades de desenvolverem autismo, segundo investigadores da Kaiser Permanente Northern California, nos Estados Unidos.
      O estudo envolveu dois grupos: o primeiro composto por 298 crianças autistas e as suas mães, e um grupo controlo com 1.507 crianças sem o transtorno e suas mães.
     No grupo do autismo, 20 (6,7%) das mães teve prescrição de pelo menos um antidepressivo no ano anterior ao nascimento da criança, contra 50 (3,3%) das mulheres do grupo de controle.
     Das 20 mães que fizeram uso de antidepressivos na gravidez no grupo do autismo, 65% receberam prescrição de inibidores selectivos da recaptação da serotonina, 10% apenas um inibidor e a 25% foram prescritos um ou mais inibidores não-selectivos da recaptação.
     Entre as mães do grupo de controle que fizeram uso de antidepressivos, 50% utilizaram inibidores selectivos da recaptação, 18% um inibidor selectivo da recaptação da serotonina em combinação com outro antidepressivo e 32% um ou mais inibidores não selectivos da recaptação da serotonina.
    O estudo mostrou que quanto maior o uso do medicamento e a combinação entre eles, maiores são as hipóteses de a criança desenvolver o transtorno.



Foto:Google.

domingo, 3 de julho de 2011

Olhares Divergentes

Para melhor visualização - clique na foto


    
O maior e mais recente levantamento realizado no país – um dos únicos feitos na América do Sul – sugere que o autismo e suas variações afetam uma em cada 370 crianças ou 0,3% dessa população.    Coordenado por Mercadante, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Cristiane Silvestre de Paula, psicóloga e epidemiologista da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o estudo avaliou sinais de autismo em 1.470 crianças com idade entre 7 e 12 anos, uma amostra considerada bastante razoável. Mas o trabalho, publicado em fevereiro no Journal of Autism and Developmental Disorders, ainda é um estudo piloto. Sua principal limitação é que foi realizado em apenas um município brasileiro: Atibaia, cidade de 126 mil
habitantes a 60 quilômetros de São Paulo. “Fizemos esse estudo, financiado pelo Mackenzie, com pouco dinheiro”, conta Mercadante, que pretende fazer um estudo populacional sobre autismo com amostra representativa de um município inteiro.
     Em Atibaia, a psicóloga Sabrina Ribeiro identificou todas as escolas e as unidades de saúde da região estudada e treinou professores, médicos e profissionais do programa de saúde da família para identificar sinais de autismo nas crianças. Das 1.470 que viviam na área, 94 foram encaminhadas para testes clínicos mais detalhados e 4 receberam diagnóstico de autismo.
     Se o índice observado ali puder ser extrapolado para o resto do país – inclusive para os adultos, uma vez que estudo recente na Inglaterra mostrou prevalência de autismo semelhante em adultos e crianças –, é de esperar que existam 570 mil brasileiros com alguma forma de autismo. “Alguns trabalhos indicam que a prevalência de autismo talvez seja mais baixa entre os latinos”, comenta Mercadante. “O fato de nossa cultura exigir mais o desenvolvimento das habilidades sociais do que as de muitos países do hemisfério Norte, onde costumam ser feitos os estudos epidemiológicos, pode ajudar as pessoas com casos mais leves a levar uma vida com certa independência e a não serem identificadas como autistas”, diz.
     Essa seria uma estimativa favorável. É possível que os números daqui e os de outros países estejam subestimados, suspeitam os pesquisadores ingleses que realizaram o primeiro estudo de prevalência de autismo em adultos, publicado em maio nos Archives of General Psychiatry. No trabalho, eles avaliaram sinais de autismo em 7.461 adultos e confirmaram que 618 tinham alguma forma do distúrbio. “Em nenhum dos casos identificados nesse levantamento as pessoas sabiam que eram autistas nem tinham recebido um diagnóstico oficial anteriormente”, disse Traolach Brugha, pesquisador da Universidade de Leicester, na Inglaterra, e autor do estudo, em comunicado à imprensa.
     Embora a maioria dos casos fosse de pouca gravidade, a constatação acende um sinal amarelo: mesmo em países com sistemas de saúde bem estruturados muitos casos nem chegam a ser conhecidos. Caso as taxas no Brasil sejam elevadas como a dos Estados Unidos, pode haver até 1,9 milhão de brasileiros com autismo. “Seria uma bomba para os cofres públicos”, diz Cristiane. “Mostraria que é preciso aumentar muito a capacidade de atender o problema.”
     “O autista demanda tratamento contínuo e dispendioso”, conta Maria Cecília Mello, mãe de Nicholas, um jovem de 19 anos que há apenas três anos recebeu o diagnóstico de síndrome de Asperger. “Eles também precisam de acompanhamento especializado para alavancar suas habilidades específicas e desenvolver aquelas em que apresentam dificuldades”, diz a juíza federal, fundadora, ao lado de Mercadante e de outros pais e pesquisadores, da organização não governamental Autismo & Realidade, criada em 2010 com a meta de divulgar informações sobre o distúrbio e arrecadar recursos para financiar pesquisas na área.
     Nos Estados Unidos, onde há estatística para quase tudo, anos atrás Michael Ganz, da Universidade Harvard, calculou em US$ 3,2 milhões o custo para manter um autista ao longo da vida, levando em conta despesas médicas, de educação e perda de produtividade no trabalho.
     No sistema público de saúde brasileiro, os casos suspeitos de autismo deveriam, em princípio, ser identificados pelos pediatras nas unidades básicas de saúde e encaminhados para cuidado especializado em um dos 128 centros de atenção psicossocial infantil (CAPSi). Mas esses centros estão concentrados no Sudeste e no Nordeste. Cinco estados brasileiros não têm CAPSi e outros sete dispõem de apenas um, de acordo com relatório recente do Ministério da Saúde.
     Na cidade de São Paulo, a mais bem servida do país, há apenas 13 CAPSi. Com a prevalência de autismo de 0,3% da população, seriam necessários cerca de 70 desses centros para atender apenas os autistas da capital paulista, segundo Cristiane. Ante esse quadro, conta Mercadante, a maioria dos casos é atendida por associações de pais e amigos das crianças com deficiência intelectual, as AMAs e APAEs. Em São Paulo, uma decisão de 2001 da Justiça determinou que a Secretaria de Estado da Saúde pague tratamento, assistência e educação especializados para quem tem autismo.
     Sem um levantamento mais amplo como o que ele e Cristiane planejam, vive-se um círculo vicioso. “Como não há estudos de prevalência abrangentes no país, não se consegue mostrar que o problema existe. E, sem provas, fica difícil exigir atendimento”, afirma a epidemiologista, que participa de um levantamento de problemas de saúde mental em crianças de cinco capitais brasileiras, projeto do Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes, apoiado pela FAPESP e pelo governo federal.
     Atendimento médico precoce e de qualidade é fundamental para influenciar a evolução do autismo. Tanto que, no mundo todo, pesquisadores buscam estratégias para identificar com segurança o autismo já no primeiro ano de vida. “Quanto mais cedo se identificam os sinais, melhores as chances de intervir para tentar recuperar a capacidade de a criança se relacionar com os outros e buscar a construção de uma linguagem significativa”, afirma a psicóloga e psicanalista Maria Cristina Kupfer, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), fundadora do Lugar de Vida, entidade que há 20 anos atende casos de autismo. “A intervenção precoce permite ainda ouvir os pais, que sofrem por não receber de volta dos filhos a atenção que lhes dão.”
     Desde que o autismo foi descrito nos anos 1940, o diagnóstico continua clínico. Em geral um neurologista ou psiquiatra examina a criança e avalia sua história de vida à procura de indícios de atraso no desenvolvimento da capacidade de interagir socialmente e se comunicar e de defasagem no desenvolvimento motor, descritos no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, da Associação Psiquiátrica Americana, e na Classificação Internacional de Doenças, da OMS.
     Ainda que alguns sintomas surjam muito cedo, nos primeiros meses de vida, os casos só costumam ser confirmados por volta dos 3 anos de idade, quando o cérebro já atravessou uma das fases de crescimento mais intenso. E isso na melhor das hipóteses. Mercadante acredita que no Brasil a identificação só ocorra aos 5 ou 6 anos, quando já se perdeu uma fase fundamental do desenvolvimento infantil. No estudo de Atibaia, por exemplo, só um dos quatro casos de autismo havia sido identificado anteriormente e recebia acompanhamento especializado. “Precisamos melhorar a capacitação dos pediatras para que identifiquem os sinais o mais cedo possível”, afirma Cristiane.



O cérebro no autismo


     Alterações no córtex temporal podem causar prejuízo na percepção de informações importantes para a interação social
     Mamãe, mamãe, descobri que o Capitão Gancho é bonzinho. Ele falou ‘Eu vou cuidar muito bem de você!’”, anunciou o garoto durante a consulta, interrompendo a conversa da mãe com o médico. E repetiu mais duas ou três vezes a descoberta que fizera ao assistir ao filme sobre Peter Pan, para em seguida retomar o silêncio habitual e voltar a agitar as mãos para cima e para baixo como se quisesse desprendê-las dos braços. Diferentemente de crianças da sua idade, o menino de 7 anos atendido pelo psiquiatra infantil Marcos Tomanik Mercadante não conseguia perceber a ironia na fala do vilão, determinada por uma marcante alteração no tom de voz.
     Os sinais que Mercadante observou no garoto são característicos de um grupo de distúrbios com prevalência ainda pouco conhecida no país e que apenas nos últimos anos começaram a ser mais bem compreendidos – em parte, consequência de trabalhos de pesquisadores brasileiros trabalhando no país e no exterior. Classificados como transtornos do espectro autista ou transtornos globais do desenvolvimento, esses problemas de origem neuropsicológica se manifestam na infância e, com maior ou menor intensidade, prejudicam por toda a vida a capacidade de seus portadores se comunicarem e se relacionarem com outras pessoas. Incluem quadros variados como o autismo clássico, marcado por dificuldades severas de linguagem e de interação social; a síndrome de Asperger, na qual a inteligência é normal ou superior à média e a aquisição da linguagem se dá sem problemas, mas em que são comuns os gestos repetitivos e a falta de controle em movimentos delicados; ou ainda a síndrome de savant, em que, apesar do retardo mental, a memória ou as habilidades matemáticas ou artísticas são extraordinárias.
     Levantamentos feitos nos últimos anos registraram um aumento importante no número de casos desses transtornos. Há pouco mais de uma década se acreditava que o autismo e suas variações fossem bastante raros. Com base em pesquisas feitas nos Estados Unidos e na Europa, calculava-se que uma em cada 2,5 mil crianças – ou 0,04% da população infantil – apresentasse algum distúrbio do espectro autista. Hoje essa proporção é 20 vezes maior. Quase 1% das crianças norte-americanas e inglesas sofrem de algum desses transtornos de desenvolvimento, segundo dados recentes dos Centros para Controle e Prevenção de    Doenças dos Estados Unidos e de pesquisas de universidades da Inglaterra. E a taxa pode ser ainda mais elevada. Trabalho publicado em maio no American Journal of Psychiatry indica que a prevalência de distúrbios autistas é de 2,5% na Coreia do Sul.
     O mais provável é que não haja uma epidemia de autismo. Em relatório apresentado em 2010 à       Organização Mundial da Saúde (OMS), especialistas brasileiros e estrangeiros indicaram, após analisar quase 600 estudos sobre o assunto, que o aumento na taxa desses transtornos parece decorrer do uso de estratégias mais abrangentes de diagnóstico e da maior vigilância de profissionais da saúde – embora não se possa excluir completamente uma elevação real no número de casos.
     No Brasil, porém, os dados sobre o problema são praticamente desconhecidos. Por falta de estudos populacionais, não se sabe com segurança quantas são nem onde estão as crianças com transtorno do espectro autista. Muito menos se recebem o mínimo de atenção do sistema de saúde e de educação para que consigam levar uma vida o mais próximo do normal possível.

Ricardo Zorzetto
Edição Impressa 184 - Junho 2011

© Marie Hippenmeyer
fotos da série Preto e Branco, 2002-2007





sexta-feira, 1 de julho de 2011

Novo Método de Identificar Autismo tem 94% de Precisão

     
     Ainda que descrito pela medicina há mais de meio século, o autismo continua um grande enigma para a ciência. O diagnóstico, baseado nas observações médicas e no relato de cuidadores, pode levar meses para ser confirmado. Invariavelmente, ele assusta. “A maioria esmagadora dos pais leva tempo para aceitar”, afirma a professora Adriana Alves. Ela conta que, depois de um ano peregrinando de consultório em consultório com o filho, a primeira sensação foi de desespero quando soube que o menino era autista. Até os 2 anos, o garoto era absolutamente indistinguível de outras crianças da mesma idade. Falava, brincava e se movimentava muito bem.

     “De um dia para o outro, notamos os movimentos repetitivos. Fernandinho parou de falar, não se envolvia mais em brincadeiras e parecia não ouvir e entender ninguém. O diagnóstico foi feito quando ele já tinha 3 aninhos”, relata a mãe. De lá para cá, Adriana e o marido passaram a esmiuçar o assunto. Nem todas as respostas foram encontradas. “Imaginamos que a culpa era nossa, perguntávamos onde havíamos errado. Foi e continua sendo um enorme desafio”, diz o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Fernando Cotta.

     O autismo não é uma disfunção única, mas um espectro de problemas que variam em intensidade e tipos. O único consenso até o momento é que, quanto antes o diagnóstico for feito, melhor. Não existem ainda exames específicos que detectem o distúrbio. Pesquisadores da Universidade de Harvard, porém, deram um passo importante nesse sentido. Com colegas da Universidade de Utah, também nos Estados Unidos, estão desenvolvendo um teste de base biológica que lança mão da ressonância magnética para detectar o autismo de alta funcionalidade. Batizado de DTI6, o exame monitora o fluxo de água ao longo das fibras nervosas do cérebro para produzir um mapa detalhado dos circuitos cerebrais.

     O professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard, Nicholas Lange, explica que a fiação do    cérebro dos autistas é menos organizada nas áreas relacionadas a alguns aspectos do transtorno, incluindo déficit de linguagem, comportamento social e emoções. “Há também uma inversão da organização hemisférica. Estamos aprimorando o teste, mas ele poderá fornecer aspectos biológicos do cérebro que a ciência ainda não conseguiu detectar e que seriam importantíssimos para fechar o diagnóstico com objetividade e certeza”, avalia Lange, o principal pesquisador envolvido no estudo.
    
    Por enquanto, 30 pacientes autistas e 30 voluntários com desenvolvimento normal foram estudados. Todos do sexo masculino. “O teste identificou corretamente os autistas com precisão de 94%. Acredito que levaremos três anos para aprimorá-lo. Nossa intenção é combinar o DTI6 com as informações genéticas do paciente. Acredito que esse seja o caminho para fazê-lo promissor”, conclui.

Genoma

     Um artigo publicado recentemente na revista científica Neuron também traz novidades. Pesquisadores do Cold Spring Harbor Laboratory, em Nova York, constataram que centenas de pequenas variações genéticas raras e espontâneas desempenham papel importante nos casos de autismo. A pesquisa confirma a hipótese de que muitas mutações não seriam hereditárias, mas se manifestariam apenas nos indivíduos afetados.

     “Estudamos mais de mil famílias nas quais uma criança tem autismo e outra não. Conseguimos mostrar que os autistas nascem com uma predisposição quatro vezes maior de sofrer tais mutações em relação ao irmão que não desenvolveu o transtorno”, detalha o cientista Michael Ronemus, um dos autores do estudo.  De acordo com ele, o trabalho mostra pela primeira vez que existem de 250 a 300 regiões do genoma humano nas quais variantes podem provocar uma das formas de autismo. “A identificação exata desses genes ajudará a direcionar melhor o tratamento”, avalia.



Fonte: Correio Braziliense
Foto: Sintonia Fina








Senado aprova lei para incluir autista em cotas



     Senado Federal aprovou no dia 15 de junho o projeto de lei 168/11 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista. De acordo com a nova lei, os autistas têm os mesmos direitos atribuídos às pessoas com deficiência como, por exemplo, cota de vagas de emprego em empresas com mais de cem funcionários. O texto segue para a Câmara dos Deputados.

     A projeto de lei aprovado também prevê o incentivo à formação e capacitação de pessoas com autismo, bem como de seus pais e familiares. Segundo o texto, as pessoas autistas devem ser incluídas no ensino regular, em classes comuns, mas também está previsto no texto a garantia de atendimento educacional especializado quando não for necessário cuidados específicos.

     O texto aprovado pelos senadores indica também a criação de um cadastro único de autistas, com o objetivo de criar estatísticas nacionais sobre esse tipo de distúrbio.

     O projeto prevê ainda direitos dos autistas, como proteção contra exploração e acesso a serviços de saúde, à moradia e à assistência social. Também estende o direito a jornada especial a servidor público que tenha sob seus cuidados cônjuge, filho ou dependente autista.

       O projeto é de autoria da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, mas o texto tem como base sugestão da Associação em Defesa do Autista (Adefa). O relator do projeto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) foi Paulo Paim (PT-RS), também presidente da CDH.

Jornal do Brasil
Marina Pita