terça-feira, 24 de maio de 2011

Terapia promove benefícios e mostra que Autista pode ter vida social - Balada dos (in) comuns

Iniciativa:
festa em casa noturna promove integração e entretenimento a adolescentes dotados de
Autismo
      Autistas padecem, até mais do que dos próprios sintomas da doença, de um mal invisível aos olhos da maioria: a discriminação.
     A exemplo do que ocorre com males como a síndrome de Down e o Parkinson, as associações pejorativas dessa disfunção que atinge um em cada 100 brasileiros dificultam o tratamento em todos os níveis de manifestação.
     E o equívoco de praxe é quase sempre achar que portadores de autismo não conseguem (ou não podem) ter vida social.
     Justamente para acabar com esse tabu, a Associação para o Desenvolvimento de Autistas de Campinas (Adacamp) e o Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente (Ciad) têm feito papel inverso para, entre outras coisas, “diminuir o preconceito e proporcionar lazer e diversão para os pacientes”.         
     Numa iniciativa inédita, em parceria com a casa noturna Heaven & Hell, 23 autistas, de 17 a 25 anos, foram, literalmente, para a balada.
      Cada um à sua maneira, todos dançaram e se divertiram como pessoas comuns, numa festa para pessoas comuns. E o resultado não poderia ser melhor. “É nítida a evolução no aspecto social dos que participam de eventos como esse. Eles se sentem mais seguros para se comunicar e passam a enxergar as pessoas de outra maneira”, relata a coordenadora do Ciad, Maria Helena Cirne Toledo.
      Esse tipo de projeto, chamado pela Adacamp de terapia da integração sensorial, auxilia no desenvolvimento da atenção, da concentração, da audição, da compreensão e do equilíbrio, melhora a receptividade tátil e o controle da impulsividade.
     Há também melhoras significativas em comportamentos reproduzidos por essas pessoas em função da hipersensibilidade sensorial apresentada na grande maioria dos autistas. As reações deles durante a balada comprovam tal premissa.

“O mais difícil depois é convencê-los a ir embora”, brinca Maria Helena.

      Outro tratamento é a musicoterapia, que se tornou uma das prioridades das principais entidades de auxílio ao autista do País e que, segundo dados acadêmicos, tem tido bons resultados.
     “A música é a única ponte de comunicação possível para os portadores deste transtorno neurológico.
     Neles, a música não verbalizada é decodificada no hemisfério direito do cérebro (subjetivo e emotivo).     
     Ela se move até o centro de respostas emotivas, localizado no hipotálamo, e passa para o córtex (responsável pelos estímulos motores e do intelecto)”, diz Maristela Pires da Cruz Smith, presidente da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo.

metrópole
Henrique Nunes

Campinas 22/5/11