quinta-feira, 5 de abril de 2012

A responsabilidade do pediatra: diagnóstico precoce de autismo

Ricardo Halpern*
     Desde 2007, o dia 02 de abril foi definido pela ONU como o Dia da Conscientização do Autismo. Essa data, através do seu simbolismo, tem trazido um diálogo maior da sociedade através das famílias e de indivíduos com Autismo e os profissionais que atuam nesta área. Veio como um alerta necessário para que os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), antes considerados raros, fossem vistos com maior responsabilidade. Pesquisas e interesse pelo TID, onde o Autismo aparece como o mais prevalente, têm aumentado ano a ano, produzindo mais conhecimento, desmistificando situações anedóticas e afastando o que não é científico. Com isso, os critérios diagnósticos se ampliaram e o olhar sobre o Autismo fez com que um número maior de casos fosse diagnosticado. A prevalência do autismo é de cinco a vinte casos por 10000 nascidos. Estudo recente realizado por Fombonne, em 2009, refere uma prevalência de até 30 casos por 10000 quando considerado todos os TIDs. Em geral, tem seu início no primeiro ano de vida em 25% dos casos, 50% no segundo ano, e 25% a partir do terceiro ano de vida. É considerado um distúrbio de desenvolvimento complexo, com etiologias múltiplas, e variados graus de comprometimento.
     Nesse contexto, a responsabilidade do pediatra na identificação precoce do autismo fica muito evidente. O conhecimento de que é possível o diagnóstico antes dos 36 meses, a disponibilidade de instrumentos de triagem, e a certeza dos resultados benéficos dos programas de intervenção precoce fazem do pediatra um participante ativo e potencial para o reconhecimento do Autismo.
     A SBP, acompanhando a evolução da pediatria e preocupada com a nova agenda do pediatra para o século XXI, tem preparado e incentivado, através dos diversos eventos científicos, os pediatras brasileiros para o diagnóstico dos TIDs. A identificação precoce dessas condições modifica de forma marcada o prognóstico e a qualidade de vida das crianças e de suas famílias. Fica colocado aqui um desafio que tem sido trazido por várias vozes dentro da pediatria brasileira, o de incorporar definitivamente na nossa prática diária a utilização de instrumento de triagem para autismo! Vamos estender a conscientização para além do dia 02 de abril, para todos os dias da nossa rotina profissional.

* Dr. Ricardo Halpern é presidente do Departamento Científico de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria


Fonte e Foto:
http://www.sbp.com.br/show_item.cfm?id_categoria=95&id_detalhe=1762&tipo=D
 



A.L.A.R.M.E. Para Autismo

 Autismo é prevalente
  • Uma em seis crianças é diagnosticada com problemas de desenvolvimento e comportamento Uma em cada 166 é diagnosticada dentro do espectro autista
Lembrar
  • Problemas de desenvolvimento apresentam sinais discretos e podem passar despercebidos Sinais precoces de autismo podem estar presentes antes dos 18 meses
Agir precocemente
  • Vigilância e triagem são importantes pontos de sua pratica clinica Utilizar instrumentos apropriados de triagem quando necessário Reconhecer sinais de alerta (atraso de linguagem, falta de reciprocidade social, comportamentos atípicos) Melhorar a qualidade de vida das crianças e suas famílias através de intervenção precoce
Referir
  • Para um programa de intervenção precoce ou escola apropriada Para um especialista ou equipe para confirmação diagnostica Para uma avaliação sensorial imediata Para os recursos da comunidade (escolar, saúde) para auxilio as famílias
Monitorar
  • Marcar acompanhamento para discutir a evolução Observar aparecimento tardio de outros comportamentos ou características do paciente Buscar outras características de comportamento e fenotípicas Oferecer aos pais atualização e informação sobre o assunto Advogar a favor dos direitos da criança e sua família em busca de benefícios para intervenção
Escutar
  • A informação dos pais porque ela é acurada e de qualidade
  • Os pais em geral têm uma idéia muito clara de que algo esta errado
  • Quando os pais não trazem o problema pergunte se eles têm alguma duvida sobre o desenvolvimento do seu filho
 Fonte:
Halpern R, 2010 adaptado de Autism A.L.A.R.M. Project from AAP,
National Center on Birth Defects and
Developmental disabilities CDC