Olá Gente Amada.
“Não se deixe levar pelo canto das
aves agourentas.
Precisamos da união de todos”.
Postei aqui a citação acima, como opinião de pai de autista sobre PL 1631/11, atualmente no Senado Federal para análise e
aprovação como PL 168/11, pedindo atenção para o assunto publicado, pois que
ficam dissipadas dúvidas de muitos sobre a redação do artº 7 do projeto, polêmica que é.
Embora não fique registrado
publicamente, comentários sobre postagens, até por timidez das pessoas, recebo-os
em PVT para o meu email – rosandores@gmail.com, integrante aqui das listas que
participo.
O Argemiro, munido da sutileza que o
caracteriza, deu-me uma pedrada, via lista, demonstrando estranheza por eu ter
feito o apelo para que não se deixassem “levar pelo canto das aves agourentas”
embora discordando eticamente como é do seu feitio, valoriza as opiniões ali postadas.
Uma querida mãe componente
tradicional da lista por suas opiniões incisivas. Verdadeira fera na defesa da
sua opinião, também não abre mão da contrariedade do que vê como um “risco sem
precedentes” para o futuro dos nossos filhos autistas, os Artigos 2º e 7º do PL
1631 (atualmente 168/11 no Senado Federal), a exemplo de outros pais
integrantes da lista que também assim já se manifestaram.
Ora minha gente amada da lista e
demais meios de contato que nos ligam: “não existe ainda lei nenhuma que de
fato garanta a inclusão.”
Também entendo que devemos aprovar o
PL 1631/11 (168/11) como está, pois interpretações
contrárias que se façam existir depois, mesmo levando em conta a diversidade de opiniões não permitindo
unanimidade sobre sua redação, nossos limites se esgotaram, embora as desgastantes
tentativas de unir todos os que pensam de outra forma.
Sei que o PL aprovado, e se
sancionado, começará outra briga, a exemplo da Constituição de 1988 que até
hoje está incompleta, mas o que importou e muito importa, é que ela aí está,
justamente para tirar o povo das amarras do poder injusto e dominante, e que
cada vez que precisamos de um artigo ainda não regulamentado, temos que
enfrentar as forças políticas, a exemplo do que fizeram com o Estatuto do
Deficiente, colocando-o para adormecer pelas mesmas pessoas que ainda estão no
Congresso Nacional, puramente por ambições pessoais.
Resguardadas as proporções, e
sancionado o PL 1631/11 (168/11) como MARCO ZERO, de uma Lei maior em prol do
autista, ESTAREMOS enterrando todo um passado de leis inócuas, acórdãos e etc, o
que proporcionará que nossos filhos, autistas ou não, sofram mais que o inevitável.
Quero a Lei, não gosto de pensar em
punir, nem mensurar penas para aqueles que falharão por arrogância,
discriminação ou preconceito contra nossos filhos autistas.
Sempre existirá alguém que se julgue
acima do razoável e que ousará recusar uma inscrição de um autista para inseri-lo
nesta ou naquela instituição de ensino. Esse tipo de pessoa não imagina que estará
enfrentando eu e você por ousar querer tomar uma decisão por nós em relação a
nossos filhos, com a lei em nossas mãos.
Para mim a promulgação desta lei
agora, será suficiente para a justiça resolver problemas para nossos autistas, ou
quem sabe até pelo aperfeiçoamento por iniciativa de quem o critica, no futuro no futuro.
Já lutamos e discutimos tanto por este
projeto, que às vezes fico me indagando por que algumas pessoas, sem
generalizar, não tomam iniciativas para alterá-lo de acordo com suas razões?
Não vejo como justo e perfeito, que
alguns pais de autistas queiram imputar para os grupos que estão à frente do
projeto, culpas eventuais do presente para o futuro. Talvez não sirva de
exemplo, mas depois que comecei a reclamar, também entendi que deveria me
inserir no contexto e aí estou.
Quanto a “Ave agourenta”, jamais quis
“apelidar alguém como tal” – quem sou eu - mesmo por que é ambígua de
interpretação a designação, tanto para bem quanto ao mal. Eu estava na torcida
– a favor – quando escrevi “Ave Agourenta”, a exemplo de outras vezes, e quem
me lê sabe, por que algumas pessoas parece que torcem pelo “gol contra”, principalmente no
último minuto do jogo decisivo.
A coruja no Império Romano, era
considerada agourenta e seu canto anunciaria a proximidade da morte. Já os
gregos, considerando que a noite era o momento do pensamento filosófico e
intelectual elegeram-na como representante da busca pelo saber, atravessando os
tempos, embora nem em todas as culturas tenha se firmado como símbolo de
inteligência.
Já o brasileiro, não é difícil
encontrar algum que não tenha uma corujinha em casa para tirar o azar, ou para
trazer sorte, né mesmo?
O urubu, desde que comecei a estudar
o primário (lembram?) minha primeira professora, dona Emilde, ensinou a todos
que ele era um animal útil. Concordei. Só não entendo porque ele é símbolo do
Flamengo. Talvez por que eu seja torcedor do Botafogo.
Como vocês podem observar, não abro
mão da riqueza de discutir aquilo que acredito, por pensar que osso é uma
qualidade de todos nós.
A esquisitice “Ave Agourenta”, para
quem a tomou como provocação, meu mais humilde pedido de desculpa. Não fiquem
de mal comigo, pois quando o assunto trata dos nossos filhos autistas, penso
menos, meus dedos ficam mais velozes e às vezes provoco alguns esbarrões.
E mais, se quiserem brigar comigo, terão
dois trabalhos: brigar e fazer as pazes.
Que cada um continue fazendo a sua
parte.
Recebam e aceite o meu fraterno
abraço.
Luz e Paz
Nilton Salvador
Fotos: Google.