Imagem mostra no topo à esquerda um neurônio normal. À direita deste, está um neurônio de um camundongo com mutação no gene que produz a proteína NHE6. Na parte inferior, à esquerda, aparece novamente um neurônio normal e, à direita, um com defeito - mas ambos tendo recebido tratamento com BDNF (Morrow lab/Brown University/Divulgação)
Pesquisa com camundongos mostra caminho para possível tratamento
Cientistas identificaram uma causa genética para um
déficit na ligação entre neurônios e os circuitos cerebrais em pessoas com
certos tipos de autismo. Os pesquisadores afirmam ainda que conseguiram, em
camundongos, restaurar o crescimento neuronal ao compensar o problema nos
mecanismos moleculares que eles identificaram. O estudo foi divulgado nesta
quinta-feira na revista especializada Neuron.
A mutação do gene que produz uma proteína chamada
de NHE6 costuma ser diretamente associada a um tipo raro e severo de autismo
chamado de síndrome de Christianson. Mas os pesquisadores afirmam ter
descoberto uma ligação desse gene com outros tipos de autismo mais comuns.
"No autismo geral essa proteína é
desregulada", diz Eric Morrow, professor da Universidade Brown, nos
Estados Unidos. A NHE6 ajuda a regular a acidez do endossomo - organelas
responsáveis por transportar o material ao redor das células e degradar
proteínas, inclusive aquelas necessárias para que os neurônios cresçam seus
longos braços (axônios e dendritos) para formar as conexões dentro do cérebro.
Os cientistas descobriram que camundongos com
mutação nesse gene tinham uma acidez maior nos endossomos. Essa desregulação
afetava moléculas presentes na célula que regulam o crescimento dos axônios e
dendritos. Os animais com essa mutação acabavam por ter menos conexões entre
neurônios, chamadas de sinapses.
"Um dos problemas primordiais em desordens
como o autismo, nós acreditamos, é que elas são um problema de comunicação
entre diferentes áreas do cérebro e de neurônios que se comunicam com outros em
rede", diz Morrow.
Para tratar o problema, os cientistas testaram
aplicar diretamente uma das moléculas em falta nos camundongos (chamada de
fator neurotrófico derivado do cérebro, ou BDNF, na sigla em inglês). Os
animais que receberam o BDNF tiveram um crescimento dos axônios e dendritos
próximo ao de um neurônio normal. Outro dado destacado é que já existem
remédios para reposição do BDNF disponíveis para os pacientes.
"Nós não achamos que isto seja tudo sobre esta
condição", diz Morrow, que agora tenta entender melhor as respostas dadas
ao uso dos medicamentos. "Mas se somos capazes de tratar este mecanismo
com drogas exógenas, isso poderia reparar o suficiente ou ao menos algum
elemento (do autismo)?", questiona
FONTE:
ISTOÉ ONLINE
http://www.istoe.com.br/reportagens/324041_AUTISMO+CIENTISTAS+CONSEGUEM+RESTABELECER+CONEXOES+ENTRE+NEURONIOS?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
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