Na novela global "Amor à Vida", Linda
(personagem de Bruna Linzmeyer) chama a atenção para um transtorno que, segundo
estimativas, atinge 0,6% da população. Isto significa que a cada 200 pessoas há
uma que se encontra no espectro autista. Apesar disso, a doença ainda é
bastante desconhecida e as famílias afetadas sofrem com o preconceito e com a
falta de assistência do poder público.
De acordo com a psicóloga clínica Fernanda
Fernandes, por mais que o poder público tenha se mobilizado para atender essa
demanda, a realidade é que hoje ainda há no Estado uma estrutura bastante
precária e incapaz de oferecer assistência necessária. "Tenho ouvido muito
das famílias que chegam até o meu consultório o relato da dificuldade em
encontrar profissionais especializados nesta área, mesmo nos tratamentos
particulares", diz.
Para ela, o fortalecimento e estruturação da
Associação dos Amigos do Autista (AMA) em Cuiabá seria fundamental para uma
melhor perspectiva em relação ao atendimento de pessoas autistas, em especial
daqueles que não possuem recursos para prover um tratamento adequado. A
reportagem do Diário tentou manter contato com a AMA, mas a informação obtida é
de que a entidade estaria se reestruturando.
Conforme Fernanda Fernandes, o autismo é um
transtorno invasivo do desenvolvimento, caracterizado por padrões restritos,
repetitivos e estereotipados de comportamentos e prejuízos na interação social
e na comunicação. "Este transtorno tem sido relacionado a uma alteração
cerebral, cuja origem ainda não se sabe ao certo, mas vem sendo o foco de
investigação de muitos pesquisadores", explica a psicóloga, que participou
do Centro de Autismo e Inclusão Social (CAIS), vinculado ao Instituto de
Psicologia da USP e que presta atendimento a autistas e orientações a familiares.
As primeiras características percebidas por boa
parte das famílias estão sinais como o fato da criança não estabelecer (ou
estabelecer muito pouco) contato visual, aparenta quase nunca ouvir quando
alguém lhe chama pelo nome e nem responde comandos mesmo não tendo qualquer
problema auditivo, apresenta um atraso no uso funcional da linguagem e até
mesmo na aquisição da fala, demonstra fisionomia pouco expressiva, em alguns
casos apresenta comportamentos repetitivos (os mais frequentes costumam ser
rodar objetos, balancear o corpo e fazer um flapping com as mãos, como se
estivesse batendo repetidamente em alguma coisa no ar), prefere interagir com
objetos do que com as pessoas, além de utilizar o adulto como “ferramenta”,
como por exemplo, ao invés de pedir um copo de água a criança segura o braço
dos pais e os leva até o bebedouro.
"Muitas vezes a criança autista fala sem erros
e com ausência do chamado 'tatibitate'. Também é muito comum a intolerância ao
barulho, a inflexibilidade em mudar de rotina, os interesses restritos (até
mesmo uma restrição na dieta alimentar)", frisa. Outro dado importante é
que o autismo costuma ter uma incidência quatro vezes maior em meninos do que
em meninas.
Fernanda Fernandes alerta que logo que as primeiras
características chamarem a atenção dos familiares ou educadores, estes devem
procurar profissionais qualificados a fim de investigar e diagnosticar o
quadro, pois quanto mais cedo se inicia o tratamento maior é a perspectiva de
melhora do quadro.
O tratamento não proporciona a cura do autismo.
Porém, é possível amenizar seus sintomas. "O tratamento pode envolver uma
equipe multidisciplinar, muitas vezes composta pelo psiquiatra, neurologista,
psicólogo e fonoaudiólogo. Também temos outras propostas alternativas, tais
como a equoterapia e o método 'Son Rise'", frisa. "Dentro das
abordagens psicológicas, o método ABA (Análise do Comportamento Aplicada) tem
se revelado altamente proficiente para o tratamento do autismo. Devido ao
sucesso, foi considerado pelo governo americano como um tratamento psicológico
de excelência", acrescentou.
FONTE:
JOANICE
DE DEUS
Logo: Autismo Mundo Azul
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