sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Uma possibilidade de cura para o autismo


  • Cientistas levantam hipótese em estudo, mas que ocorreria em um pequeno grupo de autistas.

            A possibilidade de cura do autismo sempre foi vista com ceticismo por cientistas e médicos. Mas um amplo estudo publicado no periódico “Journal of Child Psychology and Psychiatry” contesta esta afirmação e diz ser possível, sim, reverter completamente os sintomas do transtorno neurológico que afeta a comunicação, a sociabilidade e o comportamento. Ainda assim, os autores advertem contra falsas esperanças, já que é um grupo restrito de doentes que, por razões ainda não esclarecidas, consegue ter uma melhora do quadro. E não há indicadores para mostrar quem estaria neste pequeno grupo, que representa menos de 10% dos autistas.


    Quadro foi totalmente revertido em autistas

    A equipe da Universidade de Connecticut recrutou 34 pessoas diagnosticadas com autismo antes dos 5 anos e que, posteriormente, reverteram os sintomas, que iam de moderados a graves. Durante a pesquisa, eles tinham entre 8 e 21 anos e passaram por intensivos testes, junto de outros 34 participantes sem autismo.
    — Eles não podiam mais ser enquadrados no diagnóstico — concluiu Deborah Fein, autora do estudo, em entrevista ao “New York Times”. — Mas tenho que salientar aos pais que é uma minoria de crianças que é capaz disto, e ninguém deve pensar que perdeu a viagem se não conseguir este resultado.
    Professor de Medicina da Universidade da Califórnia, Alysson Renato Muotri não apenas concorda que isto é realmente possível como desenvolve pesquisa na área. Segundo Muotri, há mais de uma década se sabe que entre 1% e 5% dos autistas conseguem reversão através de terapias intensas. Porém, acreditava-se que isto poderia ser atribuído a um diagnóstico errado.
    — Mais e mais vemos trabalhos descrevendo que é um fenômeno real. Soma-se a isso nossas pesquisas mostrando que neurônios autistas conseguem se recuperar dos defeitos sinápticos se expostos ao ambiente certo (na presença de drogas que alteram as sinapses, por exemplo), mostrando que as alterações genéticas não são deterministas. Disso tudo tiramos uma lição importante: o autismo pode ser reversível sim. Acho que o próximo passo é entender porque alguns pacientes conseguem isso e outros, não — defendeu Muotri.
    A neuropediatra Carla Gikovate, especialista em autismo, também comemora o resultado.
    — De uns dois anos para cá estão surgindo estudos sérios apontando para esta possibilidade. Antes, os especialistas eram descrentes sobres estes resultados, mas isto está mudando — diz Carla. — Casos de reversão têm sido possíveis por causa do diagnóstico cada vez mais precoce, inclusive da formas mais leves da doença, assim como pelo tratamento intensivo, principalmente com envolvimento de pais e escola.
    A possibilidade, entretanto, é vista com cautela pelo psiquiatra Caio Abujadi, coordenador do ambulatório de autismo da USP e diretor clínico do Instituto Priorit:
    — Temos visto nas nossas pesquisas que há uma gama de sintomas do autista que não está só no campo neurológico. Envolve a alteração do sistema imunológico, metabólico etc. Há alergias, dificuldades alimentares, sensibilidade, uma genética muito complexa que envolve milhares de genes. Falar em cura de uma alteração como esta é muito difícil.
    Autora do livro “Meu filho ERA autista”, a professora Anita Brito, moradora de Jandira (SP), orgulha-se do quadro do filho, Nicolas, que completará 14 anos em fevereiro. Com sintomas desde o nascimento, o jovem não falava, balançava-se e torcia os dedos, chorava e ria sem motivo, mas hoje dá até palestras sobre a fase mais intensa da doença.
    — Nunca demos remédios ou fizemos dietas específicas. Foi carinho, amor, estímulo constante que o fizeram melhorar — diz Anita. — Hoje ele fala pelos cotovelos, diz que quer namorar, é o melhor aluno de Ciências. Ainda continua torcendo os dedos e precisa controlar a ansiedade, mas, olhando para ele, é um garoto totalmente normal.

    Já tem lei, mas ainda faltam pesquisas

    O governo federal promulgou a lei 12.764/12, que institui a política nacional de proteção aos direitos do autista, garantindo a eles os mesmos benefícios legais de outros portadores de deficiência. Mas isto ainda é pouco, segundo grupos de pais de autistas, que reivindicam mais apoio para pesquisa, com a criação de um Centro de Excelência de Pesquisa do Autismo. “Meu filho tem 29 anos e experimentou vários tratamentos que são só paliativos”, contou por email Ray Melo, que tem cobrado, com o apoio do pesquisador Alysson Muotri, mais atenção ao tema pelo Ministério da Saúde.

FONTE:
flavia.milhorance@oglobo.com.br
http://oglobo.globo.com/saude/uma-possibilidade-de-cura-para-autismo

AUTISMO - "Ser Saudável"


De que forma ele afeta a sociabilidade, a linguagem, a capacidade lúdica e a comunicação da criança?

Guilherme e CláudiaGuilherme e Cláudia
     Guilherme, de 4 anos, é autista. O transtorno começou a ser observado pela mãe, Cláudia Zirbes, quando o menino tinha um ano e três meses. Guilherme não falava e parecia não ouvir. Fez vários exames até se confirmar o diagnóstico de autismo. Atualmente, é atendido por uma psicóloga, que desenvolveu um programa baseado na Análise Aplicada do Comportamento (ABA). Guilherme também participa de uma pesquisa que associa informação auditiva mais informação visual num sistema alternativo de comunicação.

JúliaJúlia
     Márcia Madalozzo
percebeu que a filha era "diferente" quando ela tinha só dois meses. O desenvolvimento de Júlia era aparentemente normal, mas ela apresentou uma hipotonia leve e em seguida, começou a equilibrar tudo o que encontrava no dedo polegar. Aos 11 meses, começou a perder as poucas habilidades que tinha adquirido. Quando a filha completou um ano e três meses, Márcia já não tinha mais dúvidas de que ela era autista. Júlia faz tratamento biomédico, dieta SGSC, fono, e equoterapia. Frequenta a escola regular, gosta muito de animais, livros e seu sonho atual é ser a Rapunzel. Márcia participa de uma ONG que ajuda crianças autistas.
     Tema do Ser Saudável desta semana, o Autismo não traz alteração física, mas comportamental. É uma disfunção neurológica de base orgânica que interfere na comunicação e relacionamentos afetivos. Não ocorre por bloqueios ou razões emocionais, mas pode ser agravado por estes. O transtorno nunca desaparece por completo. Porém, com os cuidados adequados, o indivíduo se torna cada vez mais adaptado socialmente.
Júlia e Camila FurtadoJúlia e Camila Furtado




Este episódio conta com a participação do neurologista e psiquiatra, presidente do Centro Pró-AutistaWanderley Manoel Domingues; da terapeuta ocupacional, supervisora do Centro Pro-AutistaHeloiza Maria Zanella Goodrich; da orientadora do Grupo TEIAS, que trabalha com tecnologia e educação, Liliana Passerino; do psicólogo e coordenador do Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar da UFRGS Claudio Roberto Baptista.

 FONTE:
http://tvbrasil.ebc.com.br/sersaudavel/episodio/autismo
Produção: Daniel Pedroso
Direção: Hique Montanari
Apresentação: Camila Furtado de Souza e Enrique Barros




Lei prevê benefícios ao reconhecer o autismo como deficiência

Para assistir o vídeo da reportagem, clique no endereço abaixo:

http://globotv.globo.com/globo-news/jornal-das-dez/v/lei-preve-beneficios-ao-reconhecer-o-autismo-como-deficiencia/2351533/

No Brasil existem cerca de 2 milhões de autistas. 
A lei 12764, promulgada em 27.12.2012, define a condição 
como deficiência e 
garante aos autistas uma série de benefícios.

2 de abril 
Dia Mundial da Conscientização do Autismo
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