sábado, 9 de março de 2013

Vivências Autísticas Solidárias...


Passo a expor o meu pensamento a respeito desta polêmica envolvendo autistas adultos do município de Rio Grande/RS, e respectivas famílias, e a escola Municipal de Educação Especial Maria Lúcia Luzzardi.
Penso que é necessário analisar a questão pelos distintos prismas, talvez interesses, envolvidos. 
Resumindo estes em grandes grupos, temos: 
1) família com filhos adultos; 
2) Escola, sua direção e respectivo corpo técnico; 
3) poder público (Município de Rio Grande) e 4) família com filhos menores.
     Os dois primeiros com participação relevante na criação, existência desta escola modelo para o Brasil inteiro.
     O terceiro é o mantenedor desta escola.
     Os últimos são usuários desta escola.
     Uma observação para auxiliar a fechar o raciocínio: hoje, de um modo geral, há muito mais incidência de casos de autismo que no passado, porém, num grau mais ameno, mais sutil, que o apresentado pelas crianças de duas, três décadas atrás.
Voltando...
     Os primeiros (família com filhos adultos) lutaram arduamente, no passado, para que esta escola existisse.       A escola lhes fornece, desde então, um auxílio importantíssimo, seja na educação, seja no carinho e atenção ou mesmo no cuidado diário.
     A segunda (escola), como o nome mesmo diz, é voltada para a educação, para o aprendizado, para a evolução do assistido. Seus profissionais estudaram e especializaram-se para proporcionar a educação aos especiais. E este é o seu objetivo principal e, diria, primordial.
     O terceiro (município), que é quem deveria estar mais envolvido na questão, é quem tem obrigação (frente à constituição e às leis) de assistir o cidadão especial, assim como o típico carente, de prover a necessidade das famílias especiais, tanto na educação como nos cuidados diários.
     Os últimos (família com filhos menores) são usuários/“clientes” da escola e, alguns destes, parceiros da escola.
     A escola, reduzindo o horário de atendimento aos autistas adultos que não a utilizam para aprendizado pedagógico, foca no seu objetivo essencial que é o ensino/aprendizado do autista, o que possibilitará um aperfeiçoamento maior de sua força de trabalho e, por conseguinte, uma melhor prestação de serviço aos autistas mais novos, ou seja, os da família com filhos menores, cuja demanda tem aumentado sobremaneira.
     As família com filhos adultos, que há tempo já não possuem uma relação harmônica com a direção e o corpo técnico da escola, sentem-se excluídos e apunhalados com a decisão da escola (reduzir horário de atendimento aos autistas adultos que não apresentam ganho pedagógico). Além de que, para estes, surgirá maior dificuldade pela frente, fora todas as pedras que já tiveram que tirar de seus caminhos nesta longa caminhada, pois, a partir de agora, terão que ocupar, sozinhos, o tempo no qual a escola cuidava de seus autistas.
     Sei que muitos pais de autistas adultos possuem participação essencial na existência desta escola, assim como muitos da direção e do corpo técnico atuais da escola também...
     E o município??
     Inicialmente, é necessário esclarecer que os riograndinos com autistas em suas famílias são abençoados, pois esta cidade possui uma escola, pública, para estes cidadãos especiais que pode ser considerada modelo e que MUITOSSSSS pais Brasil afora gostariam de ter em suas cidades. É uma questão em que o poder público deveria agir, em todas as cidades, mas raras são as exceções em que políticas públicas benéficas são implantadas.
     Então, O RESPONSÁVEL DE SUPRIR ESTA LACUNA É O PRÓPRIO MUNICÍPÍO. 
     O município tem a obrigação de continuar prestando o serviço de educação e aprendizado às crianças autistas, assim como tem o dever de continuar auxiliando, assistindo, às famílias de autistas adultos, mesmo que para isso tenha que criar instituição nova, específica para os cuidados destes, inclusive em tempo integral.
    Portanto, todos têm o que defender, todos possuem a sua razão no caso, mas só um, o município (poder público), possui a obrigação de prover as necessidades das famílias com autistas adultos, das famílias com autistas mais novos, bem como as demais famílias necessitadas.
     As intrigas, desavenças e declarações inflamadas não levarão à solução.
     Paz no coração de todos, que Deus nos auxilie e proteja e QUE O PODER PÚBLICO, ATRAVÉS DE POLÍTICAS PÚBLICAS, SUPRA TODAS AS NECESSIDADES ESSENCIAIS DOS ESPECIAIS (NO CASO), E TAMBÉM DOS NÃO ESPECIAIS!

Anderson Clivatti dos Santos
Amigo dos Autistas