Linda e Rafael se beijam em 'Amor à Vida'. (Foto: TV Globo/
Divulgação)
* Alessandro Vianna
Muitos amigos e paciente noveleiros tem me questionado se
realmente pode haver um relacionamento como o de Rafael (Rainer Cadete) e Linda
(Bruna Linzmeyer), da novela "Amor à Vida". Minha primeira colocação
é de que não podemos esquecer que uma telenovela é uma obra de ficção,
portanto, tem suas peculiaridades que não necessariamente são condizentes com a
vida real.
Essa dúvida surge principalmente pelo estigma de que as
pessoas autistas são isoladas em seu próprio mundo, alienando-se de qualquer
comunicação. Porém, no autismo cada caso tem suas características, suas
dificuldades que variarão de acordo com alguns aspectos, como - por exemplo - o
ambiente familiar e os estímulos nele proposto.
As conquistas e um possível relacionamento dependerão do
grau de capacidade, complexidade e principalmente do tipo e tempo de tratamento. Normalmente, os autistas não respondem
igualmente e rapidamente a evolução que a personagem Linda teve durante a
trama. É sempre um longo caminho, baseado em paciência e colaboração da família
e tratamento contínuo.
Linda ( Bruna Linzmeyer) dá presente para Perséfone. (Foto:
TV Globo/ Divulgação)
O autista
geralmente apresenta dificuldades de entender as emoções e consequentemente de
expressá-las, o que não significa que elas não poderão manifestar o que sentem.
No entanto, a forma de expressão será diferente da maioria das pessoas.
Normalmente, apresentam uma certa resistência ao toque. Abraços e carinhos
provavelmente não farão parte de seu repertório comportamental.
É importante
ressaltar que não há nenhum problema em pessoas autista se relacionarem
afetivamente. Dependerá sempre do nível de deficiência intelectual, suas
limitações, podendo até constituir uma família.
A trama da TV
Globo mostra com maestria e encantamento a possibilidade de um relacionamento
entre pessoas consideradas “normais” e as que possuem algum tipo de transtorno,
mas não podemos esquecer, como citei no começo, que em uma ficção alguns
caminhos são menos dolorosos, mais sintetizados, mais românticos do que a vida
real e isso fica muito claro no amor entre Rafael e Linda.
Linda (Bruna
Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete). (Foto: TV Globo/ Divulgação)
Na minha
opinião, a pessoa que se relacionar com um autista deve conhecer a fundo o
transtorno e se posicionar sempre numa postura de acolhimento, tendo
consciência das dificuldades que serão apresentadas. É importante saber que se
trata de um transtorno mental do desenvolvimento humano que afeta a linguagem,
a interação social e o comportamento, que tende a ser estereotipado e
contínuos. Tem intensidades variáveis, que envolvem de sintomas leves, ligados
à cognição social, aos mais intensos, associados ao retardo mental. Nos quadros
mais graves, há a possibilidade da pessoa não desenvolver a capacidade para o
aprendizado e a linguagem.
Os sintomas
costumam surgir antes dos três anos de idade, sendo possível fazer o
diagnóstico aos 18 meses. Apatia, falta de apego, atraso na fala e atitudes
agressivas são comportamentos presentes. O tratamento exige acompanhamento de
um psiquiatra, terapias e medicamentos.
Uma coisa
posso afirmar: o parceiro dentro de um relacionamento com um autista terá uma
evolução gigantesca como ser humano.
*
Alessandro Vianna
é psicólogo clínico e sente um enorme prazer em estudar e
entender o comportamento humano.
Especial para o Yahoo
http://br.mulher.yahoo.com/personagem-de--amor-%C3%A0-vida--causa-pol%C3%AAmica-225522814.html
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