Modelo Denver de Intervenção Precoce permite
diagnosticar crianças dos 12 aos 48 meses e já é utilizado nos EUA há vários
anos
A cooperativa Focus anunciou, esta quinta-feira, a
introdução em Portugal do Modelo Denver de Intervenção Precoce, que há vários
anos é utilizado nos Estados Unidos para diagnóstico das patologias do espectro
do autismo em crianças dos 12 aos 48 meses.
A implementação nacional do referido programa era um
dos objetivos da instituição de solidariedade social fundada em 2012 em Vale de
Cambra e concretizar-se-á em setembro com três medidas: a realização de dois
workshops para profissionais, a edição portuguesa do livro das autoras do
modelo e a criação das primeiras equipas de prevenção precoce com essa
metodologia, em Aveiro, Braga, Lisboa e Porto.
«Em 2012, a Revista Time elegeu este programa como
um dos 10 principais progressos da Medicina», declarou à Lusa o presidente da
Focus, Fernando Barbosa. «Vai ser apresentado pela primeira vez em Portugal e a
sua característica distintiva é que abrange todas as áreas de desenvolvimento
da criança, o que permite diagnosticar mais cedo eventuais formas de autismo,
logo a partir dos 12 meses», acrescenta.
O primeiro Modelo Denver foi desenvolvido nos anos
80 por Sally Rogers, investigadora da Universidade da Califórnia, e Geraldine
Dawson, sua colega na Universidade de Duke. É o upgrade desse programa que
agora chega a Portugal, após estudos controlados terem demonstrado que a sua
componente específica de intervenção precoce tem vantagens no desenvolvimento
geral do indivíduo autista e repercussões substanciais na sua idade adulta.
«Em Portugal temos o problema de se detetar muito
tarde as formas de autismo, porque os pediatras e mesmo as escolas têm alguma
dificuldade no diagnóstico», admite Fernando Barbosa. «Mas os Estados Unidos
estão 40 anos à nossa frente e [em 2013] fizeram um estudo que demonstrou que a
despesa anual do Estado com indivíduos autistas foi de 137 mil milhões de
dólares, 90% dos quais relativos a situações de desemprego e necessidades
residenciais», revela esse responsável.
O que vários outros estudos demonstraram, garante o
presidente da Focus, é que o que o Modelo Denver de Intervenção Precoce pode
diminuir essa fatura: «Uma intervenção intensa na fase inicial do desenvolvimento
da criança, quando a plasticidade do seu cérebro ainda é moldável, pode
permitir a redução desses custos futuros em 2/3 e conduzir essas pessoas a uma
participação ativa na sociedade».
As Perturbações do Espectro do Autismo provocam um
conjunto de alterações no desenvolvimento humano que se manifestam sobretudo ao
nível da interação social, da comunicação e da imaginação.
Segundo dados da Focus, essa é a perturbação de
desenvolvimento que regista maior taxa de crescimento atualmente, sendo que nos
Estados Unidos, por exemplo, uma em cada 68 crianças sofre dessa condição,
enquanto na Coreia do Sul, por sua vez, a prevalência aumenta para um em cada
38 indivíduos.
Fernando
Barbosa afirma que «em Portugal não existem estatísticas» sobre a matéria, mas,
a avaliar pelos dados internacionais, indica que serão cerca de 65.000 os
cidadãos com perturbações autistas.
«Mas muitas
pessoas ainda não foram diagnosticadas nem receberam um tratamento adequado»,
avisa
FONTE:
http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/autismo-focus-autismo-modelo-denver--saude-tvi24/1563713-4071.html