Marcando o Dia Mundial da
Conscientização do Autismo celebrado em 2 de
abril, mais uma vez os maiores monumentos do mundo foram iluminados de azul, por
ser a cor dos meninos e, mesmo considerando estes dramáticos tempos da
pandemia de coronavírus.
Para marcar o evento, o CDC (Centers
for Disease Control and Prevention) divulga que a prevalência do autismo
aumentou em quase 10%, para 1 em cada 54 crianças nos EUA, como estimativa de
apoio global, sendo validadas pela primeira vez para crianças negras e brancas,
e um progresso significativo em relação ao número de crianças que recebem diagnóstico
precoce.
Autistas sofrem imensamente
com as mudanças provocadas pelo isolamento, daí a importância da comunicação por
meio de forma didática, uma das maiores dificuldades que eles têm, enquanto
requerem ações nomeando sentimentos.
Temos o que comemorar? Não!
Não temos. Não somos sequer capazes de escolher representantes que de fato nos
representem. Pais de autistas formam grupos coesos, mas são politicamente
fracos, quase nulos, o que infelizmente os obriga pagar o alto preço do descaso
com eles, que em princípio devem ser mantidos nos seus graus de dificuldade em
sua maioria para continuar a serem explorados pela simpatia natural de cada um.
Ninguém precisa concordar
comigo, mas convenhamos, especialistas em promessas no poder suprimem direitos não
cumprindo leis específicas duramente conseguidas, com algumas que até já foram mutiladas
como impeditivos de acessibilidade, que verdadeiramente não se consegue transpor
caminhos como realidade dolorida.
Permita-me chamar sua
atenção para o momento de Isolamento Social que estamos vivendo, para que você pense
e veja se consegue descrever exatamente como está se sentindo?
Nós pais de autistas,
vivemos este isolamento permanentemente. Raramente somos convidadas para um
almoço em família ou para uma festa de aniversário, porque nosso filho autista pode
causar algum problema e, em tempo de coronavírus só pode ser olhado de longe.
Não existe solidariedade.
Existe dó. Raramente alguém pensa qual o sentimento dessa família, da mãe que
quer fazer o melhor para o filho ou filha, mas é impedida ora pelo mau uso de
palavras ou quando se deparam com uma situação fortuita de surto, tensão
nervosa, descompensação, discriminação e a pior das pandemias, o preconceito.
Navegar é preciso, dizia
Camões. Conscientizar é preciso, dizem os pais de autistas, no sentido duplo da
palavra. Depois deste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, recém passado,
eu peço para você pensar um pouquinho nisso.
É o melhor momento, porque o
coronavírus separou você de gente, familiares ou não, te escondeu dentro do teu
próprio lar, mas sem poder sair, e pior, impede de abraçar o seu amigo, seu vizinho,
seu amado, seu familiar, e à distância, cuide da fresta, pois ele é
imprevisível.
Isso vai durar bem pouco. Vai
virar fumaça, mas eu gostaria de chamar sua atenção para esse isolamento
social. Se você não sabia, é bom que saiba que as famílias de pessoas com
autismo passam uma vida assim, sistematicamente.
Então vamos amar, respeitar,
ajudar, não apenas nesse período em que estamos todos comovidos, onde
precisamos ajudar uns aos outros, mas que para isso continue acontecendo.
Não é fácil reconhecer, mas
quando você ver uma mãe em qualquer lugar com uma criança em crise, não
critique, não julgue, pergunte se você pode ajudar. Faça o seu melhor, pois de
repente aquela criança despertando a tua intolerância é autista.
Intensifique seus efeitos,
esforços, exerça sua influência, pois nunca é tarde demais para uma doação,
ajudando ainda mais as famílias e pessoas com autismo que precisam de apoio,
agora mais do que nunca, pois nestes momentos aparecem uma série de segmentos
que se diferenciam, onde dores, a fome e as necessidades se intensificam, mas
na realidade são iguais.
Qualquer donativo, grande ou
pequeno, aumentará nossa capacidade de fornecer assistência direta à comunidade
de autistas, na medida em que atravessamos esses difíceis tempos de ISOLAMENTO
SOCIAL, pois todos nós somos responsáveis uns pelos outros.
Nilton Salvador