quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 -


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (5)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (4)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (3)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (2)


Dia Mundial da Conscientização do Autismo - 2014 (1)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

EUA dizem que presidente russo é autista

O Presidente russo pode sofrer de uma forma de autismo, a síndrome de Asperger, que o obriga a um "controlo máximo" de si próprio quando atravessa uma crise, segundo um relatório do Pentágono, datado de 2008.
Depois de estudarem as expressões e os movimentos do seu rosto em vídeo, os analistas militares concluíram que o desenvolvimento neurológico de Vladimir Putin tinha sido perturbado na sua infância, dando a impressão de um desequilíbrio físico e de estar pouco à vontade nas relações com terceiros.
"Este sério problema de comportamento foi identificado pelos neurologistas como a síndrome de Asperger, uma forma de autismo que afeta todas as suas decisões", afirmou a autora do relatório, Brenda Connors, da Escola de Guerra da Marinha, produzido num centro de reflexão do Pentágono.
Mas a instituição, equivalente a um Ministério da Defesa, minimizou o documento, revelado pelo diário USA Today, que nunca subiu ao gabinete do secretário da Defesa ou outros dirigentes militares.
Uma porta-voz do Pentágono, Valerie Henderson, disse à agência noticiosa AFP que o documento "nunca foi transmitido ao secretário e não foi objeto de pedidos de dirigentes do Departamento da Defesa para o examinarem".
Por outro lado, esta possibilidade só pode ser confirmada por um 'scanner' do cérebro de Putin, segundo o relatório.
"Durante as crise, para se estabilizar e equilibrar as suas percepções (...), ele tem de se impor um controlo máximo", explicou Connors, que estudou a linguagem corporal de outros dirigentes mundiais.
No documento do Pentágono considerou-se também que o olhar sempre fixo de Putin é a marca de uma falta neurológica e uma incapacidade de responder a sinais externos.
Putin apresenta uma "hipersensibilidade" e "uma forte dependência ao combate, às reações frias ou dando a impressão de fugir", em vez de um comportamento social mais matizado, especificou-se ainda no relatório.

JORNAL DE NOTÍCIAS

http://m.jn.pt/m/newsArticle?contentId=4384806&related=no

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A Educação de alunos com TEA e o direito ao apoio de profissional

As regulamentações do MEC para os Estados Municípios e DF, na área da educação das pessoas com deficiência 
NOTA TÉCNICA Nº 24 / 2013 / MEC / SECADI / DPEE Data: 21 de março de 2013, são as que os autistas têm direito, conforme a Lei 12.764/2012 e o 
Decreto de regulamentação 8.368/2014.

Devemos considerar que os sistemas educacionais da União, Estados, Municípios e DF são autônomos o que significa uma negociação intensa em cada município, razão pela qual as famílias devem conhecer a regulamentação discutir e acompanhar a implantação dos serviços que só recentemente incluiu os autistas.
A educação regulada na Escola Comum para alunos com deficiência é na perspectiva da inclusão. O aluno é matriculado na série correspondente com o professor titular, como os demais alunos sem deficiência e, se necessário, tem direito ao AEE-Atendimento Educacional Especializado.
O AEE é um conjunto de recursos complementares e suplementares (e nunca substituto da sala de aula comum) que a Escola organiza em uma sala específica, com professores, tecnologias e metodologias e destina-se aos alunos com deficiência, cegos, surdos, autistas ou outras deficiências que necessitarem destes apoios para permanecerem estudando na sala comum.
O AEE na sala de múltiplo uso ou sala de recursos não deve ser no horário da aula comum e normalmente, é ofertado em turno contrário à aula. A sala de recursos do AEE pode ser frequentada apenas alguns turnos na semana e uma sala de uma Escola pode receber alunos com deficiência de outras escolas.
As Escola Especializada como APAEs, Pestalozzis, AMAS, cegos, surdos,(ONGs), podem ser conveniadas com as Prefeituras e oferecerem AEE para alunos das escolas publicas regulares do Município.
Ainda como parte do AEE existe a possibilidade do aluno com deficiência matriculado na Escola Regular contar com apoio de um profissional de apoio para facilitar a sua inclusão apoiando na locomoção, alimentação, higiene, comunicação e interação nos espaços da escola.
Estas situações devem ser desenvolvidas prioritariamente com os alunos e com os profissionais da Escola, mas se necessário, o apoio pode ser mais direto ao aluno. Depende do nível de necessidade de cada aluno com deficiência daquela Escola, este profissional pode ser de nível médio e não substitui o Professor titular e se não for necessário, não será exclusivo de um único aluno, pode ser o mesmo do mesmo aluno que muda de série, por exemplo, por que as suas funções são de apoio.

O numero destes profissionais de apoio na escola regular varia de acordo com a quantidade de alunos, com os tipos de deficiências e de suas necessidades.

FONTE:
Nota de Deusina Lopes - Facebook. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Aplicativo ajuda no tratamento do autismo por meio da brincadeira

O autismo tem sido tema em pauta por conta de diversas pesquisas e casos que relatam características e soluções no tratamento do distúrbio. Pensando nisso, o projeto pernambucano Can Game visa proporcionar novas experiências no aprendizado e tratamento do autismo através da brincadeira e interação.

O software e aplicativo, desenvolvido pela Life Up, é uma ferramenta inovadora e facilitadora para os médicos que tratam do autismo O mesmo pode ser utilizado em residências, escolas e áreas comuns pelo paciente, sem qualquer constrangimento social, sendo acompanhado remotamente pelo médico o que vem a reduzir tempo e custo em relação ao tratamento.

Assim as diversas atividades do Can Game podem ser executadas junto à família e amigos com todo carinho e dedicação que a criança precisa, promovendo a seu desenvolvimento cognitivo social e autonomia social. A iniciativa é direcionada a crianças, jovens  e adultos com autismo que chegam a 70 milhões no mundo e 2 milhões no Brasil.

O projeto venceu a categoria Arquitetura do Prêmio Brasil Criativo, iniciativa da ProjectHub com chancela do Ministério da Cultura e patrocínio da 3M, que se tornou oficialmente a premiação da criatividade brasileira.

FONTE:

https://catracalivre.com.br/geral/premio-brasil-criativo/indicacao/aplicativo-ajuda-no-tratamento-do-autismo-por-meio-da-brincadeira/

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Universidades oferecem atendimento psicológico gratuito


Psicoterapia para crianças, adolescentes e adultos, tratamento para crianças com autismo, mulheres com quadro de infertilidade, pessoas obesas, candidatos à adoção, dependentes químicos. Estes são exemplos de casos que chegam às Clínicas de Psicologia das Universidades Estaduais de Maringá (UEM), Londrina (UEL) e do Centro-Oeste (Unicentro). 

O serviço é gratuito.

Incluídas na série de serviços prestados pelas universidades diretamente às comunidades onde se inserem, as clínicas psicológicas garantem atendimento para muitas famílias que não teriam acesso ao serviço, por falta de recursos ou de informação.
Em Maringá, um dos atendimentos especializados é voltado a crianças e adolescentes com autismo. O apoio é considerado fundamental para que o autista insira-se no grupo social ao qual ele pertence. O tratamento começa normalmente na infância e segue até a adolescência e é realizado três vezes por semana.
Segundo a psicóloga e diretora da clínica da UEM, Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana, o atendimento psicoterapêutico torna as crianças e adolescentes mais independentes e produtivos. "São crianças com defasagem de habilidades consideradas adequadas para a sua faixa etária e quanto antes a gente detectar esses déficits mais cedo conseguimos intervir", explica Vânia Lúcia.
"É preciso que uma parte do tratamento seja feito na clínica e outra na casa do paciente para que possamos ajudá-lo em suas atividades diárias como banho, vestir-se, alimentar-se, atividades que uma criança autista não consegue realizar sozinha", disse ela.
Os pacientes atendidos nas clínicas de psicologia das universidades se inscrevem por iniciativa própria ou por indicação de algum profissional da área da saúde. Dependendo do caso, o paciente pode ter atendimento individual ou em grupo.
GRUPO DE APOIO - A clínica da UEL realiza cerca de 480 atendimentos ao mês. São desenvolvidos vários projetos de pesquisa e extensão com grupos específicos, alguns com grande procura, como o grupo de apoio a mulheres com quadro de infertilidade e para pessoas obesas.
De acordo com a coordenadora de um dos projetos, Ednéia Aparecida Perez Hayashi, durante os encontros semanais, a equipe de profissionais trabalha para ajudar as mulheres a aprenderem a lidar com as situações de estresse e ansiedade que envolvem o quadro de infertilidade.
"Como a experiência da infertilidade pode causar problemas no relacionamento conjugal, familiar e social em geral, o apoio psicológico nesta fase da vida é essencial para a melhoria dos relacionamentos e para que as mulheres sintam-se bem emocionalmente", afirma.
Já o projeto com pessoas obesas surgiu a partir de uma pesquisa realizada com cerca de 150 voluntários e coordenada pela professora e psicóloga Lucilla Maria Moreira Camargo. A pesquisa revelou uma grande correlação entre obesidade e transtornos emocionais como depressão, ansiedade e estresse.
A clínica da UEL recebe muitas pessoas interessadas no atendimento, a maioria mulheres que não conseguem perder peso. "O objetivo principal é que as pessoas aprendam a lidar melhor com seus sentimentos, habilidades sociais, autocontrole, assertividade. É preciso que entendam qual é a função que a comida tem em sua vida e, desta forma, poder arranjar melhor seu ambiente no sentido de promover a perda de peso", explicou a psicóloga.
ADOÇÃO - Em Irati, onde está localizada a clínica de psicologia da Unicentro, são feitos cerca de 110 atendimentos ao mês. Entre os projetos realizados em grupo está o direcionado a candidatos à adoção, coordenado pela professora Verônica Suzuki Kemmelmeier.
Conforme previsão legal, é necessário que estas pessoas passem por uma preparação psicossocial. Segundo a psicóloga, muitas pessoas acabam mudando seus conceitos e critérios após os encontros. "Os encontros acabam possibilitando uma maior reflexão para que os candidatos entendam melhor o processo de espera, reavaliem que talvez tenham exigido um perfil de criança difícil de se atingir, o que pode resultar em uma espera de até dez anos", explica Verônica.
Há também muitos mitos em torno da adoção, como a questão do laço sanguíneo, que acaba gerando temor de doenças genéticas, de que filhos de pais dependentes podem ser mais problemáticos.
Embora grande parte dos pacientes atendidos nas clínicas de psicologia das universidades estaduais seja carente, o atendimento é oferecido a toda a comunidade.

Fonte:
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--186-20150126

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Esta vacina vai ajudar crianças autistas e foi criada por um português


Um professor português de uma universidade canadense desenvolveu uma vacina contra uma bactéria intestinal em crianças autistas, uma solução que irá permitir maior qualidade de vida aos portadores daquela deficiência.
"Noventa por cento das crianças com autismo sofrem de diarreia e de constipações intestinais severas. Muitas usam fraldas ainda aos cinco e seis anos de idade, quando vão para a escola, devido a certas bactérias que existem nos intestinos dessas crianças com autismo", começou por explicar à agência Lusa Mário Monteiro, de 48 anos, professor de química da Universidade de Guelph, no sudoeste do Canadá.
Esta solução permite melhorar os cuidados de saúde, já que "o tratamento constante à base de antibióticos trazem outros problemas", salientou o imigrante português, que nasceu em Gouveia, distrito da Guarda, e vive no Canadá desde 1981.
Mário Monteiro disse que a sua equipa de vacinas da Universidade de Guelph está agora a desenvolver medicamentos que podem melhorar a condição das crianças autistas, com uma "nova geração de vacinas", que pode representar "um grande passo contra uma das responsáveis pela acentuação dos sintomas de autismo".
Estão em curso a decorrer ensaios preliminares da vacina, um projeto que já foi saudado por outras organizações da área.
Este trabalho já foi reconhecimento pela organização britânica vaccinenation.org em colaboração com a World Vaccine Congress na área das vacinas.
Em 2014, Mário Monteiro foi distinguido por aquele organismo como uma das 50 pessoas mais influentes em termos globais, na área das vacinas. Na lista encontram-se nomes como Bill Gates, fundador da Microsoft, do primeiro-ministro da Índia Shri Narendra Modi, e de Bruce Aylward, coordenador da Organização Mundial de Saúde na reação ao ébola na África Ocidental.
"A responsabilidade acrescida (da distinção) é bem-vinda. Espero que governos e companhias farmacêuticas estejam mais dispostas a ajudar a ciência ", concluiu.
Mário Monteiro é também um dos poucos investigadores de açúcares complexos, existentes nas superfícies das bactérias.
A sua vacina para proteger as pessoas contra a Campylobacter jejuni, umas das principais bactérias que causa doenças intestinais transmitidas por alimentos em termos globais, foi aprovada para testes clínicos nos Estados Unidos, com a primeira fase a iniciar-se em maio de 2015.

FONTE:

http://www.noticiasaominuto.com/mundo/334648/portugues-cria-vacina-para-doenca-associada-ao-autismo

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Beto Richa sanciona lei com Estatuto da Pessoa com Deficiência no Paraná

Com 277 artigos, o estatuto viabilizará uma série de direitos.
Segundo o IBGE, 20% da população do PR tem algum tipo de deficiência.
O governador Beto Richa sancionou a lei 18.419/2015, que estabelece o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná.
 O governador Beto Richa (PSDB) sancionou a lei que estabelece o Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná. A lei foi criada para ampliar a inclusão social e garantir plena cidadania às pessoas com deficiência. De acordo com o governo estadual, antes da sanção do governador, o documento já havia sido discutido e aprovado em audiências públicas em todas as regiões do Paraná. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20% da população paranaense tem algum tipo de deficiência.
Com 277 artigos, o estatuto viabilizará uma série de direitos descritos na Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006. O texto do estatuto foi elaborado com a participação de instituições, pessoas com deficiência e familiares, segundo o governo estadual.
O documento abrange leis federais sobre os direitos da pessoa com deficiência e outros itens que não estavam contemplados – um deles é a obrigatoriedade para shopping centers e restaurantes de destinar 5% dos lugares acessíveis para refeição nas praças de alimentação para uso preferencial de pessoas com deficiência, em rota acessível.
O estatuto, assinado na quarta-feira (7), aborda diretrizes nas áreas de saúde, educação, profissionalização, trabalho, assistência social e acessibilidade. 


sábado, 10 de janeiro de 2015

Coração não é lugar para preconceito, e sim amor!

Mães e pais de autistas, muitos de nós reclamamos que sofremos preconceito por parte da sociedade, mas muitas vezes nós mesmos infligimos preconceito sobre outros pais. Vamos ter cuidado...preconceito é falta de conhecimento. Seu filho autista leve não é melhor nem pior que o filho do outro que é autista severo, são apenas diferentes. Podem precisar de abordagens distintas, mas nem por isso melhor ou pior que o outro.

Os métodos terapêuticos ou de ensino não devem ser rotulados, que este é bom só prá um e não será nunca para o outro.

A escola especial ou inclusiva é escola, e escola é lugar de aprender. Deve ser um espaço aberto para receber aquele que em determinado momento precisa dela. Não é um local para caberem rótulos, pelo contrário deve ser um lugar que promova a liberdade.

Lembremos de quando formos tecer comentários, do outro lado da tela pode ter uma outra mãe/pai que como você precisa de palavras construtivas, precisa de apoio e informação segura. Derramar sobre o outro nosso preconceito e nossos achismos, pode magoar mais que ajudar. Vamos cuidar e ser bálsamo na dor de nossos irmãos, e que possamos ajudar e promover sua libertação. Sejamos solidários, se nossa palavra não for para edificar, é melhor não dizer nada.

Como diz a grande Berenice Piana: em bando nos cuidamos e nos tornamos mais fortes!


Claudia Moraes, Coordenadora do MOAB/RJ

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

NÃO É AUTISMO, É IPAD


       A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.
Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.
Fiz uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes. Aqui vai a conversa:
A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos - crianças de dois ou três anos - usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?
A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.
Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?
Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.
O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.
A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.
O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.
Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com frequência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranquilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.
A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.
No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.
O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?
Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.



Currículo de Maria Lúcia Novaes Menezes
Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.

FONTE:

http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/nao-e-autismo-e-ipad-20150107/

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Autista cria livro e rádio para divulgar transtorno

Se apresentando co­mo palhaço Pinheiro trabalha 
seus problemas de comunicação 

Quieto, distraído, fazendo movimentos repetitivos. Essa é a imagem que a grande maioria das pessoas tem dos autistas. Além do estereótipo, a falta de informação e o acesso gratuito a especialistas restrito ainda dificultam o diagnóstico e o desenvolvimento dos autistas no Brasil.
“No ABC não tem praticamente nada. Temos de ir para São Paulo achar especialistas e é tudo particular”, destacou André Luiz Pinheiro, 41 anos, morador de Santo André, autor do livro O mistério de Palhaço Azul e criador da webrádio Xiririca. O autismo é definido como um transtorno global do desenvolvimento com características básicas, como inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Pedagogo, pós-graduado em educação infantil, educação ambiental e agora concluindo a especialização de educação inclusiva, Pinheiro é exemplo de como o diagnóstico da doença ainda é difícil e de que os autistas podem viver normalmente. “Só fui diagnosticado aos 40 anos. As pessoas desconfiavam e me indicavam que deveria procurar ajuda. Fiquei dois anos procurando vários médicos até receber o diagnóstico”, destacou.
Pinheiro ressaltou que desde os 2 anos apresenta sinais, mas que como entrou na escola e se formou normalmente as pessoas só o consideravam um garoto estranho. “O que senti quando recebi o diagnóstico? Alívio. Eu, diagnosticando e fazendo tratamento, já sinto uma melhora muito grande, mesmo tardio”, pontuou.
O pedagogo se encaixa no perfil da Síndrome de Asperger, transtorno do espectro autista. Normalmente, os pacientes com esse perfil se distanciam da imagem clássica do autista. “Muita gente por aí tem e não sabe. Teve gente que falou que achava impossível eu ser autista, pois fiz faculdade. Converso com muitas pessoas autistas e cada uma é de um jeito diferente, varia bastante. A única característica igual para todos é o problema com interação social”, ressaltou.
Pinheiro acredita que o mito em torno da doença, a falta de informação, ajuda a assustar os pais, que recebem o diagnóstico dos filhos com desespero. “Tem gente que acha que autista não pode namorar, casar, que não vai conseguir estudar”, afirmou. Com ajuda da internet e de campanhas de conscientização, o pedagogo percebe que muitas pessoas têm conseguido o diagnóstico ainda na infância. No entanto, aponta que o sistema público de saúde não oferece o mínimo para que o diagnóstico e o tratamento ocorram nas famílias sem condições financeiras.
Livro
Pinheiro destacou que a fase mais difícil de superar foi a adolescência. É sobre essa etapa que o pedagogo conta em seu livro, O mistério do Palhaço Azul, lançado pelo Clube de Autores. A autobiografia traz as dificuldades da época em que não sabia que era autista, sua busca por ajuda e sua transformação após o diagnóstico. “Quero passar esperança para as pessoas, que é possível o autista se desenvolver e viver normalmente.”
Fazendo apresentações co­mo palhaço Pinheiro viu a oportunidade de trabalhar seus problemas de comunicação, uma forma de se abrir para um mundo de extroversão que muitas vezes se distancia do autista.

Outra atividade que André desenvolve é na webrádio Xiririca, onde junta música e informação, contando sua história e ajudando a divulgar o autismo. A rádio já possui mais de 8 mil acessos, com uma média de visitação diária de 200 acessos e fica 24 horas no ar. A rádio pode ser ouvida pelo endereço www.radioxiririca.com.br e o livro, impresso ou em versão digital, pode ser adquirido pelo site www.clubedeautores.com.br

FONTE:
Luana Arrais Graduada em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo 
é repórter de Política e Cidades.

Eugênio Cunha: Autismo e perspectivas

No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa com o transtorno teve vitórias e desafios

Rio - Nos últimos anos, os debates acerca do autismo ganharam visibilidade. A exposição do tema na mídia e nas redes sociais disseminou informações que têm aclarado um pouco mais esse campo de estudos, ainda desconhecido para a maioria das pessoas. O autismo é um transtorno tão complexo e com sintomas tão diferentes, que há quem diga que não existem dois autistas iguais. O autista tem dificuldades na interação social e um apego exagerado a rotinas.
No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa com o transtorno teve vitórias e desafios. Algumas das conquistas foram a capacitação de profissionais e professores da rede pública de ensino, pesquisas científicas buscando descortinar a síndrome e a inauguração da primeira clínica-escola pública para autistas no Brasil, em Itaboraí.
Porém, ainda há grandes desafios pela frente. Muitos autistas foram impedidos de frequentar escolas simplesmente por serem autistas. Crianças viram o seu direito a uma educação multidisciplinar cerceado, porque há poucas escolas estruturadas para atendê-las. Como resultado, mães e pais se sentiram desamparados na luta pelo tratamento de seus filhos; esquecidos foram por quem deveria ampará-los.
Também falta espaço no mercado de trabalho, porque não existem políticas para o campo profissional que os capacitem e os incluam.
Porém, nesse estado das coisas, surgiram aqueles que não perderam a esperança, mas nutriram seus sonhos na mesma perspectiva de muitos professores, desejosos por um espaço educacional afetivo e social, que não discrimine, mas acolha e inclua a partir de um modelo de ensino que aponte mais para as necessidades de quem aprende e menos para os conceitos de quem ensina. São família e escola. Esses são os que poderão superar os desafios.


Eugênio Cunha é autor do livro ‘Autismo e inclusão’

FONTE: 
http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2015-01-07/eugenio-cunha-autismo-e-perspectivas.html

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A deficiência. Quando ela é notícia?

Ao contrário do que se supõe, a deficiência não é noticiada apenas em datas comemorativas ou em situações de discriminação. Isso acontece todo o dia, o ano inteiro. Conheça a seguir os resultados de pesquisa realizada pela Inclusive sobre a relação entre mídia e deficiência.
     No último 15 de agosto, durante mesa redonda promovida pelo “Memorial da Inclusão: os caminhos da pessoa com deficiência” em evento paralelo ao VI Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência, apresentamos os dados preliminares de uma pesquisada realizada pela Inclusive – Inclusão e Cidadania a respeito da relação entre os temas “deficiência” e “comunicação social”. Até a data de apresentação, havíamos publicado apenas os dados preliminares da pesquisa, além de uma exposição rápida da metodologia empregada em texto divulgado na própria Inclusive (ver aqui) e por alguns outros meios de comunicação. No texto a seguir, procuraremos apresentar a íntegra dos dados obtidos, bem como retornar brevemente aos aspectos metodológicos e de contextualização da pesquisa.
     Ao longo dos últimos anos, não foram muitas as oportunidades presenciais de debater a relação entre os assuntos “deficiência” e “comunicação social”, assim como poucos foram os estudos realizados nesse sentido. Embora os meios de comunicação expressem e consolidem representações sociais, o tema deficiência ainda parece muito mais relacionado às ciências da saúde e ciências sociais do que aos temas pertinentes à comunicação social de um modo geral. A proposta central desta pesquisa é, portanto, procurar resgatar o interesse pelo cruzamento dos temas e, quem sabe, fomentar novos estudos, debates e questionamentos, isso tanto no tocante à esfera governamental, meio acadêmico, quanto aos movimentos sociais propriamente ditos. Queremos crer que estas informações possam fomentar tanto o desenvolvimento de intervenções programadas em políticas públicas quanto mobilizem novos diagnósticos e investigações.
     Desde 2003, quando a ANDI – Agência de Notícias da Infância realizou, em parceria com a Fundação Banco do Brasil, um abrangente trabalho de pesquisa – intitulado Mídia e Deficiência, não há muitos registros sistematizados sobre a relação entres os assuntos, embora sem dúvida tenha sido produzido conhecimento a respeito, especialmente em projetos de pesquisa de cunho acadêmico e também em trabalhos de educação em direitos humanos dirigidos aos profissionais dos meios de comunicação, estes realizados em sua maioria por ONGs e consultorias especializadas.
     No meio acadêmico, encontram-se principalmente trabalhos dirigidos à análise de discurso, mas não análises de ocorrência, como é o foco aqui. Dentre estes, destaca-se o trabalho de mestrado de Ana Carolina Soares Costa Vimieiro, defendido em 2010 na UFMG. A dissertação, intitulada “Cultura pública e aprendizado social: a trajetória dos enquadramentos sobre a temática“, recupera as práticas discursivas sobre as diferentes expressões da deficiência em três grandes veículos de mídia: a revista Veja e os jornais Folha de São Paulo e O Globo, no período entre 1969 e 2008. Pela extensão da abrangência, é possível perceber a migração de sentido, ocorrida através dos anos, do conceito político de integração e das representações sociais de caráter predominantemente assistencial, expressos pela caracterização piedosa e centrada nos aspectos médicos da deficiência, para o conceito mais contemporâneo de inclusão social. Segundo a pesquisadora, é em meados dos anos 80 que a proposta inclusiva ganha força no Brasil e, a partir de então, toma o centro das abordagens jornalísticas, ainda que com a subsistência do antigo discurso e das práticas mais disseminadas anteriormente.
     Além desta pesquisa, mas ainda na perspectiva da análise do discurso, encontramos o trabalho de Ruvana de Carli que, em “Deficiente versus pessoa portadora de deficiência” , analisa as representações socioculturais nos jornais Correio do Povo e Zero Hora, ambos de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Trata-se de um trabalho que enfocou especialmente a questão terminológica, sendo que toma ainda por preferencial o termo “pessoa portadora de deficiência” ao invés do “pessoa com deficiência” consolidado principalmente após a promulgação daConvenção sobre Os Direitos da Pessoa com Deficiência – CPCD, de 2008. O trabalho em questão foi defendido e apresentado bem antes disso, no ano de 2003.
Dados quantitativos
     Os dados que apresentaremos a seguir são de caráter estritamente quantitativo e foram obtidos através de uma metodologia baseada na utilização dos dados processados pela search engineGoogle News ©, em conteúdos do tipo “notícia” e “reportagem”, no período compreendido entre junho de 2013 e junho de 2014. Trata-se de uma abordagem que tem limitações particulares, mas que procurou valer-se dos recursos de pesquisa disponíveis empregando técnicas de pesquisa por cruzamento direto e filtragens seletivas.
     As principais limitações referem-se à abrangência de indexação da própria ferramenta que, por razões de interesse particulares e preservação de direitos autorais de determinadas fontes de conteúdo, não obtém apresentar resultados totalizantes. Dessa forma, todas as ocorrências numéricas obtidas na pesquisa são dados absolutos e não resultado de amostragem, dada a conformação desigual dos resultados e a ausência de uma fixação ideal do universo de pesquisa. Isso significa dizer que nenhum dos resultados numéricos referem-se a um percentual totalizante, mas um valor único e singular de ocorrências.
     No gráfico a seguir, apresentam-se as principais ocorrências temáticas em relação aos temais transversais à questão da deficiência obtidos dentro do período já mencionado.
[Gráfico de colunas verticais – temas transversais: acessibilidade (1130), cultura (1690), educação (9610), esporte (9370), legislação (1080), saúde (12450), trabalho (7452), violência (4735)]
Gráfico 1 – Temas transversais
     O que se pode examinar de forma rápida é a predominância de conteúdos relacionados à saúde das pessoas com deficiência em detrimento de outros temas, como as questões de acessibilidade e legislação, por exemplo. Nesse caso, é importante considerar que o universo de publicações especializadas na área do Direito não foi selecionado para o efeito da pesquisa, o que pode explicar o pequeno enfoque jornalístico dado ao tema. Em relação aos demais, parece haver um certo equilíbrio, com exceção dos conteúdos sobre “cultura”, também de menor prevalência.
     O próximo gráfico demonstra as ocorrências obtidas em cruzamento com os temas “inclusão” e “exclusão”, no qual se verifica a predominância do primeiro, o que pode traduzir um maior enfoque informacional às ações sociais de caráter efetivamente inclusivo. Essa interpretação coincide com avanços sociais obtidos principalmente na última década, quando o desejo e as políticas públicas voltadas à inclusão da pessoa com deficiência na sociedade tiveram grande desenvolvimento, mesmo que sem anular completamente situações de exclusão, verificadas em outra espécie de manifestação social, como o preconceito, a discriminação, violência, etc.
[Gráfico de colunas verticais – exclusão (618), inclusão (1480)]
Gráfico 2 – Exclusão x Inclusão
Discriminação e preconceito são os dados apresentados no gráfico a seguir.
[Gráfico de colunas verticais – discriminação (306), preconceito (210)]
Gráfico 3 – Discriminação x Preconceito
     Como a discriminação é propriamente um gesto real enquanto que o preconceito um sentimento individual ou social, está claro que o registro da presença da discriminação deveria ser maior do que o observado sobre o preconceito propriamente dito. Mesmo que diversas iniciativas, campanhas e produtos de informação tenham sido produzidos no sentido de minimizar o preconceito social contra as pessoas com deficiência, seu caráter mais abstrato parece impor uma presença menor nos meios de comunicação. Isto não equivale a dizer que ele (o preconceito) não exista ou seja menos relevante, mas apenas que é menos registrado.
     Os próximos dados referem-se à oferta de educação e modelos de escola.
[Gráfico de colunas verticais – escola inclusiva (4350), escola especial (2970)]
Gráfico 4 – Educação
     Apesar da ainda grande presença de conteúdo relacionado às escolas especiais, as experiências educacionais inclusivas contaram com uma presença maior nas informações. É importante distinguir, neste ponto, a diferença que há entre “escola” e “educação” especial. A educação especial é uma modalidade de ensino que permanece dentro do conceito de educação inclusiva, sendo a esta transversal e tem uma conotação diferente de “escola especial”, que se refere a estabelecimentos de ensino dirigidos exclusivamente ao público de pessoas com deficiência, na qual as pessoas com deficiência não compartilham do mesmo espaço social dos demais estudantes.
     O gráfico a seguir apresenta os dados referentes ao cruzamento com os termos “assistência social” e “políticas públicas”.
[Gráfico de colunas verticais – assistência social (791), políticas públicas (1970)]
Gráfico 5 – Assistência social x Políticas públicas

     Aqui, talvez seja interessante observar a migração de sentido relacionado aos temas. Enquanto que naquela pesquisa realizada pela ANDI em 2003 predominavam dados sobre assistência social, atualmente as informações sobre políticas públicas são as mais difundidas. Decorrência do aperfeiçoamento democrático e de políticas de Estado cada vez mais orientadas ao desejo por mais inclusão social, este resultado talvez indique uma apropriação política do tema pelas próprias pessoas com deficiência, já não tão dependentes da condução do Estado como em décadas anteriores. Evidentemente, trata-se de uma interpretação possível e não de uma conclusão taxativa.
O próximo gráfico verifica as ocorrências a respeito da CPCD e do projeto de lei do antigo Estatuto da Pessoa com Deficiência, denominado desde meados de 2014 por “Lei Brasileira da Inclusão”.
[Gráfico de colunas verticais – Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (220), Estatuto da Pessoa com Deficiência (291)]
Gráfico 6 – Legislação
     Mesmo que, do ponto de vista da hierarquia legal, a CPCD ocupe posição superior ao Estatuto, aparece menos que ele, demonstrando talvez um pequeno esforço de divulgação nesse sentido, se tomados os dados em comparação. Coforme o já mencionado, nestes dados não estão consideradas as publicações especializadas em Direito, mas apenas os meios de comunicação escrita. Outra explicação reside na longa tramitação do antigo Estatuto, que já dura uma década de muita controvérsia.
     Os dados apresentados no gráfico a seguir relacionam-se à terminologia utilizada na redação jornalística e informativa em relação ao assunto.
[Gráfico de colunas verticais – deficiente (11600), portador de deficiência (2143), portador de necessidades especiais (1640), pessoa com deficiência (3100)]
Gráfico 7 – Terminologia
     A predominância do uso do termo “deficiente” ao preconizado pelo próprio movimento social e também pelas normais legais “pessoa com deficiência” pode demonstrar, talvez, que a correspondência realizada de forma mais apressada ainda identifique as condições de deficiência como um atributo pessoal e não como a expressão da interação da pessoa com o meio social, como o expresso na compreensão vigente incorporada pela própria CPCD, do “modelo social da deficiência”. Ainda assim, é possível observar que os números referem-se a uma crescente utilização do termo “pessoa com deficiência” em relação ao “portador de deficiência” ou ao “portador de necessidades especiais”.
     Os dados a seguir, os últimos que coletamos, indicam que, ainda assim, a compreensão do modelo social da deficiência é crescente, em detrimento à interpretação do modelo médico. Para mais referências sobre os modelos de compreensão da deficiência, indicamos a leitura de “Deficiência, direitos humanos e justiça” , de autoria dos pesquisadores Débora Diniz, Lívia Barbosa e Wederson Rufino dos Santos, publicada na Sur – Revista Internacional de Direitos Humanos.
[Gráfico de colunas verticais – modelo médico (1770 - 60), modelo social (2640-152)]
Gráfico 8 – Modelo social x Modelo médico
     Os números entre parênteses que acompanham os principais referem-se às ocorrências coletadas em pesquisa adicional sobre a produção acadêmica recente sobre os temas. Nesse caso em  específico os números foram recuperados em um outro sistema de informações, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, mantida por bibliotecas e instituições de ensino superior de todo o país sob a coordenação do IBICT – Instituto Brasileiro  de Informação em Ciência e Tecnologia.
Conclusões
     Ainda que os dados aqui apresentados sejam meramente de natureza quantitativa, queremos crer que podem significar e apresentar um determinado recorte social pertinente ao modo pelo qual a temática da deficiência vem sendo veiculada mais recentemente nos meios de comunicação. Sem nos determos exatamente no “como”, procuramos nos centrar mais no “quando”, ou seja, procuramos verificar as formas e o conteúdo pelo qual a temática vem sendo expressa pela mídia escrita. Dessa forma, procuramos destacar que a realidade social é mais determinante das informações do que por elas determinada, tendo-se em vista que a proliferação dos meios de comunicação e ascensão das redes sociais de trocas de informação operou nos últimos anos uma guinada importante a respeito da forma como as pessoas consomem, produzem e relacionem-se com a informação escrita. Um estudo específico sobre as ocorrências na perspectiva da convergência das redes sociais seria muito interessante no sentido de estabelecer-se um comparativo aos meios de comunicação convencionais.
     De qualquer maneira, ainda nos parece que a repercussão da realidade social acontece de forma relevante nos meios de comunicação impresso, através dos quais as informações continuam a ser conhecidas e compartilhadas. A proliferação de fontes secundárias e o protagonismo crescente das próprias pessoas com deficiência, que tomaram para si a tarefa de construir sua própria narrativa social e relatar sua experiência, de alguma maneira relativiza em muito a repercussão daquelas fontes principais de informação, antes detidas pelas instituições, governos e etc. A forma pela qual as pessoas interagem com a informação, discutem-na e atribuem a ela maior ou menos significado seria também um capítulo ainda a ser mais bem compreendido, mas em análises qualitativas bem mais detalhadas que o levantamento de dados aqui empreendido.
     Se na atualidade a credibilidade das informações perdeu um pouco o “endereço” certo e é acreditada ou desacreditada em meio à torrente de informações que circula na internet e nas redes sociais, é igualmente relevante entender o quando e o porquê de determinadas temáticas obterem as linhas e os holofotes da mídia. Entender a presença de um ou outro elemento, nesse sentido, pode ser tanto chave de interpretação como de provocação social.
     Já que a sociedade parece nunca ter sido tão permeável à opinião pública quanto parecer ser atualmente, os meios de comunicação certamente refletirão as mudanças do desejo social, configurando um espaço mais aberto e democrático de produção e consumo de informações. Dessa forma, compreender a representação social e cultural das pessoas com deficiência nos meios de comunicação é elemento central tanto para a compreensão do comportamento da sociedade civil quanto da repercussão das ações institucionais, seja das esferas de governo ou dos movimentos sociais. Nessa perspectiva, nossa pesquisa procurou tão somente fazer um pequeno recorte diagnóstico. Ainda que contenha imprecisões ou limitações metodológicas, se puder fomentar um pensamento mais racional e programado sobre a realidade presente da relação entre a temática da deficiência em relação à comunicação social, assim como novas investigações sobre o tema, terá cumprido a maior parte de seus objetivos iniciais.
fonte: Inclusive - Observatório da Imprensa - Postado por Lúcio

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Google está ajudando a entender a origem do autismo

Um dos motivos para que o Google seja o líder absoluto no mercado mundial de buscas na internet é o simples fato de que a empresa passou os últimos 15 anos melhorando o seu motor de pesquisas. Com isso, a companhia consegue fuçar no mar de informações da internet e identificar os dados exatos (ou algo muito próximo disso) que as pessoas precisam.
Contudo, a Gigante de Mountain View está dando um passo a mais e se distanciando do mercado comercial de buscas. De acordo com as informações divulgadas nesta semana pelo site Wired, o Google firmou parceria com a Autism Speak, organização voltada ao estudo e tratamento do autismo, para estudar a doença em questão e tentar encontrar a origem dela dentro do próprio organismo humano.
Um trabalho muito pesado
O Google vai armazenar os dados do genoma de 10 mil pessoas que têm autismo e de seus familiares. A companhia e seus parceiros acreditam que, através desse banco de dados e das habilidades de pesquisa da Gigante das Buscas, vai ser possível encontrar padrões em comum para determinar a origem do autismo. Essa descoberta deve deixar a medicina muito próxima de encontrar a cura ou um tratamento mais eficiente.
Para que esse projeto seja possível, o Google vai utilizar uma ferramenta chamada de Google Genomics, recurso lançado há alguns meses e que trabalha com a plataforma da nuvem da companhia. Além disso, o barateamento para que o mapa do genoma humano seja construído facilitou o agrupamento de dados, fazendo com que a empresa possa trabalhar com um grande volume de informações – para você ter ideia, o genoma de uma pessoa equivale a 100 GB, de modo que o acesso remoto auxilia os pesquisadores.

O pessoal do Wired também lembrou que esta não é a primeira empreitada do Google no ramo da medicina, já que a companhia tem investido parte de seus fundos em outras frentes, como o estudo do câncer, por exemplo.