Post em 02.01.2018
Sua explicação senhor Marcos Mion, tem nome e sobrenome: Discriminação e Preconceito.
O senhor acaba de publicar a sentença, de que seu filho autista está condenado ao desprezo da família e da sociedade, no presente e no futuro incerto.
Há tempo do senhor se recuperar dessa atitude.
Minha nota para o senhor é "dó".
Nilton Salvador
Pai de autista
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Tendo em vista a repercussão sobre o assunto da publicação do post acima citado,
com as mais diferenciadas opiniões dos leitores, fiz um comentário:
POST EM 03.01.2018 em
https://www.facebook.com/nilton.salvador
O AUTISTA DO APRESENTADOR
Ao ser questionado por não levar
o filho em viagem familiar, o apresentador Marcos Mion explicou que ele não
lida bem com o cronograma desse tipo de passeio, por estar na condição de
autista.
A meu ver todo o glamour que a grande mídia e
as redes sociais, afins ou não, deram ao fato comum sobre o dia a dia de uma
família que tem um autista em casa, não vem ao caso o grau do TEA, pode ter
sido a senha para que neste começo de ano, o Brasil esteja lançando um novo
olhar sobre cerca de três milhões de autistas onde pouquíssimos são vistos pela
população, por alguns críticos de ocasião que geralmente demonstram não saber
do que falam e pelo governo que quase nada vê.
O senhor Marcos Mion discriminou
seu filho autista sim, mesmo não sendo fácil escolher as palavras certas para
descrever coisas do autismo e de um autista, enquanto o mundo nos cai em cima.
É possível que minha observação
apresente falhas, precise de ajustes, ou alteração de pontos de vista, porém,
tudo isso não diminui a sensação de preconceito e discriminação que ele causou
por dizer o que disse sobre a condição do filho e por isso mesmo, pela atitude
mantenho a nota que lhe dei.
O autismo agora descrito como espectro, embora
muitos ainda o confundam com “uma doença grave”, para mim continua sendo um
atentado que escolheu alguém para vítima, mas nem por isso pode ser visto como
uma reles desculpa alteradora de rotinas que impeça a salutar convivência
familiar.
Alguns pais como é o caso apresentador,
demonstra ter capacidade adaptativa reduzida para superar situações inesperadas
como a do seu filho autista e pior, está convencido do que, “o que ele gosta”,
o menino “não tem porque não gostar”, por isso decide deixá-lo em casa,
enclausurado, excluído da família e da sociedade. Isso se chama preconceito.
O autismo continua sendo um dos
mais extraordinários e perturbadores desafios das nossas vidas, pois nos
confronta com algumas das mais elementares verdades da nossa condição, seja
qual for à origem ou a condição social em que nos situemos.
Singelamente pais de autistas, defendem seus
filhos usando a sua razão, cada um a seu jeito, se esforçando para desarmarem o
espírito de ideias preconcebidas de que deficiência só existe para outros, que
criam limitadores e impedem oportunidades.
Bendita existência dos avós com os quais o
filho do apresentador gosta de ficar, pois a afinidade do pai reduzida está
voltada para a mãe e demais filhos que ao não viajarem juntos, salvam suas
rotinas. Espero que não se apeguem a asneira de que “avós só servem para
estragar os netos.”.
Autistas em nosso país também sofrem de
deficiência social. A maioria com as desvantagens de quem começa atrás para se
equiparar àqueles mais favorecidos pela vida. Nada os desmerece, então, será
que na condição econômica do apresentador não caberia um competente cuidador,
terapeuta, personal trainer, e outro a selecionar que permitisse a companhia do
menino? Não! Ao deixar com o menino autista com os avós, além da discriminação
e do preconceito, pior, fica revelada a crueldade da exclusão.
Sobre a “nota dó” que conferi, os mais
exaltados manifestaram que fiz um julgamento. Apressadamente não observaram que foi uma
nota de reprovação ao pai, que em troca do conforto aos demais integrantes da
família, desprezou o filho autista.
Criticar talvez seja mais perverso ainda
pensar que somos parte do problema, pois quando uma pessoa pública como o
apresentador, visto como pai exemplar, com a cumplicidade da mídia divulga
matéria cheia de boas intenções para induzir os menos informados a aceitarem
que a melhor situação para um filho autista é estar separado da família, porque
quem decide é aquele que pensa que sabe onde é o melhor lugar para ele.
Cada mensagem que foi postada permitiu
leituras para todos os gostos, porém o que mais me comoveu foi à manifestação
de confiança na capacidade de transformar a diversidade de que é preciso
“reinventar a confiança” sobre o que foi dito sobre a atitude do apresentador,
que apontou estranhezas várias e diferentes contradições vividas neste nosso
mundo autístico, repleto de profundas tristezas e reconfortantes alegrias.
“Temos que superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos
une”
Este é o recado para iniciar um
novo ano, é do futuro que importa falar. Devemos nos convencer de que todas as
manifestações que vimos, sejam razões mobilizadoras de mudanças para que não
subsistam como recordação de fracasso com os autistas.
Aceitar e achar bonita uma
situação como essa do apresentador Marcos Mion, será o mesmo que esquecer o
essencial dos momentos em que decidimos falar da atitude discriminatória e
preconceituosa dele em relação ao próprio filho autista.
Num momento de projeção do que
pode ser o ano que agora começa, através de um novo olhar é que podemos nos
inspirar nas narrativas comoventes para começar um novo tempo para os nossos
autistas.
Nunca é tarde para recomeçar!
Nilton Salvador
rosandores@gmail.com