quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Falando de Autismo


   Até pouco tempo atrás, falar de autismo era um assunto que não provocava interesse jornalístico, pois não justificava discussões nas redações, até que a partir de meados de 2005 a mídia norte americana começou a elevar as pautas da síndrome infantil para a categoria de doença, sugerindo que estava em curso uma epidemia mundial do distúrbio, aumentando a carga de preocupação sobre os conceitos existentes e indefinidos em relação às características autísticas.
   Além de não passar de mais uma enganação alarmista para pais e responsáveis precariamente informados sobre o autismo em nosso país, onde ainda não há órgãos oficiais de saúde para cuidados específicos, sabe-se lá que interesses estariam por detrás daquelas notícias falsas, já que os índices de autistas diagnosticados no mundo são os mesmos de três décadas atrás, e esse tempo fica bem próximo da descrição da síndrome por Leo Kanner, psiquiatra infantil da John Hopkins University em 1943.
   Infelizmente no Brasil, o autismo começou a ficar mais conhecido, quando alguns políticos que surfaram nas ondas das CPIs de corrupção e imoralidade, se utilizavam da palavra autista para desqualificar o presidente da República, ministro, senador, deputado estadual, federal e personalidades, estabelecendo um adjetivo desqualificante que por pouco não vira moda.
   Felizmente, numa cruzada silenciosa: pais, associações, grupos de discussão na internet no mundo inteiro e movimentos pró autistas, conseguiram conter a onda, pois muitos daqueles políticos e outros que se utilizaram do autismo para caracterizar alguém com um “defeito”, desconheciam a condição médica do mesmo.
   Alguns profissionais da saúde em autismo ao invés de orientar, invertem situações para os pais, fazendo-os crer que o portador não se relaciona com outra pessoa que não seja igual a ele, incluindo propensões para outras síndromes especialmente na adolescência, de acordo com seu arbítrio, por falta de preparo técnico e experiência.
   Enquanto isso, o autista e seus pais continuarão pagando o alto preço do seu aprendizado que deveria ter a definição da causa da síndrome vindo da escola de formação do profissional, para manter a esperança da cura de um quadro psicológico abstrato e sem precedentes.
   Em condições normais, pais de autistas ou não, não precisávamos estar nos engalfinhando com políticos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, rogando que se altere o artigo do projeto do Estatuto do Deficiente, onde está definido o autismo como deficiência, pela expressão: transtorno global do desenvolvimento, abrangendo outras síndromes, evitando que fiquem fora da proteção da lei.
   O autismo pode também ser uma proposta de educação, pois é de função pedagógica. Tudo que se faz pelo autista é orientado para educá-lo dentro dos princípios da pedagogia, não podendo ser visto como uma sina de caráter assistencialista, mas sim como uma linha reta de bom senso, merecedor de confiança.
   Autistas precisam de psiquiatras, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos e adjacentes competentes, que não fiquem praticando autofagia, cada um querendo deter monopólio de saberes, mas sim aprimorando experiências até para o governo brasileiro, a exemplo do que acontece em outros países onde a saúde é levada a sério.
   Autistas não devem ser catalogados apenas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico ao receberem o seu diagnostico, e que seus pais não se deixem levar pelo imediatismo, aceitando docilmente prescrições que seus efeitos colaterais os levem do seu estado natural para situações perturbadoras.
   Não podemos esquecer que nossos filhos autistas ou não, só vieram através de nós.
   Cada autista é único, vêm com sua própria personalidade, talentos e pensamentos.

O Poder da Resposta

        Dia desses quando cumpria mais um dia das minhas tarefas nas lides espirituais, atendi uma senhora, que me contou da sua tristeza pelo desvio de conduta do seu filho para as drogas.
    Não são raros estes encontros que nos trazem histórias dramáticas.
    Aquela senhora queria mesmo era uma explicação para o que ouvira em uma casa espírita, onde fora feita a mesma pergunta, e o “espírito consultado respondera” que o seu filho já estava perdido, isto é: por ele nada mais poderia ser feito.
    Não foi difícil explicar para ela que os espíritos nem sempre sabem tudo e menos ainda estar todos os lugares.
    Com felicidade senti que ao se despedir aquela mulher levou consigo uma enorme quantidade de perguntas, que certamente as respostas viriam durante o seu dia-a-dia, e lhe trariam o conforto para descobrir que seu filho não estava assim tão perdido.
    É comum encontrarmos na rua alguém oferecendo um folheto com o endereço de algum Consultor Espiritual. A função é tão pomposa que de repente dá para acreditar que é uma profissão regulamentada, pois o que se vende de bom é que eles podem resolver tudo.
    Se você está doente, sente dores de cabeça, dores na coluna, foi desenganado pelo médico, se pode fazer a cirurgia, tem problemas financeiros, sentimentais, lar dividido, casamento destruído, incompatibilidade conjugal, pessoas viciadas na família, se as portas estão fechadas, que está sendo vitima de inveja, obra de feitiçaria, olho grande, ouve vozes, sofre perseguição, ou quer localizar alguém seqüestrado ou não, ufa... Procure o consultor espiritual.
    Têm alguns “guias espirituais” que além de dar palpites, antecipam os números do resultado de jogos das loterias e mais, predizem até rituais de procedimentos do que se deve fazer antes de morrer, sem falar que o time que você torce será campeão.
    O que se poderia dizer àquela senhora que foi informada que seu filho estava perdido para as drogas, ou de quem com a maior pureza da alma se dirige ao consultor espiritual do folheto ou do cartão de visitas, é que ambos desconhecem a função dos espíritos, o que fazem e como vivem. Ela por ingenuidade, ele por esperteza.
    Aos espíritos pode-se perguntar qualquer coisa, assim como se poderá receber qualquer coisa como resposta. Cada espírito esta atendendo ao encarnado, de acordo com o seu grau de evolução.
    Os espíritos menos esclarecidos, nem sempre têm permissão para dizer tudo o que sabem. Espíritos evoluídos ou mais adiantados como se houve comumente, estão limitados a sua situação evolutiva, e só dizem o que sabem quando podem dizer, jamais dizendo ou interferindo naquilo que o encarnado, através o seu livre arbítrio, capacidade e capacitação poderia resolver, e nestas condições, ir e vir é uma questão de obediência..
    A fé, ingenuidade ou necessidade leva a pessoa a confiar em qualquer informação espiritual. Mas como saber se a informação é confiável? Até onde a informação é verdadeira?
    Sempre exemplificamos que qualquer manifestação extraordinária, previsão de acontecimentos futuros, lugares pré-determinados e outras informações que despertem curiosidade ou despertem o inusitado, devem ser rejeitados. Por quê?
    Por que a Casa Espírita não é consultório de adivinhações que atende pedidos deste tipo. Toda e qualquer revelação espiritual é espontânea e quase que infalivelmente acontecem por intermédio de um médium, completamente desconhecido da pessoa que a procura para atendimento.
    A Casa Espírita é um lugar para atendimento de assistência espiritual.
    Consultório médico é para atendimento de enfermidades. Casa de loteria é para jogar e tentar ganhar nos números dos seus palpites.
    Encontrar coisas e algum desaparecido é missão de polícia.
    A missão dos espíritos é o bem e o progresso da humanidade. Qualquer orientação ou informação pode ser obtida de médium atendente, por sua honestidade e boas intenções, em casa espírita.
    Uma pergunta de cunho espiritual, deve ter sempre em mente o aprimoramento moral.
    Levados por nossa boa fé, facilmente podemos nos deixar enganar por espíritos inescrupulosos, assim como podemos ser atraídos por consultores espirituais de má fé com suas “respostas infalíveis”.

Você é Portador da Síndrome da Paciência?



VOCÊ É PORTADOR DA SÍNDROME DA PACIÊNCIA?


“Se você estiver me ouvindo e entendendo, me dê uma resposta: movimente seu braço direito, esquerdo, abra os olhos, movimente a perna direita, esquerda etc.".
Insista uma, duas, três, cinco ou dez vezes, dependendo do estado autista ou do seu próprio.
Eu, sempre dou uma resposta, movimentando o membro solicitado ou fazendo a expressão pedida.
Quando responder é a questão... Quando quero... Quando posso... Questão de tempo... Imensurável.
A dificuldade nas respostas é comum para os autistas, talvez devido à frustração da descoberta que, deprime tanto a mãe como ele.
Pratique a Síndrome da Paciência que há em você.

Parada para Pensar - Real Significado da Vida

    Enquanto caminhava pelas ruas do bairro onde moro, eu observava que algumas residências ainda estavam enfeitadas com alegorias de Natal, principalmente as luzes nos jardins que se enrodilham entre arbustos e árvores, formando figuras que provocam exercícios de imaginação que vão da fantasia a emoção.
    Interessante, quando eu era menino, me lembro bem, os enfeites natalinos iam sendo desmontados logo após as festas de fim de ano. Alguns eram mantidos no máximo até o Dia de Reis, também conhecido como o final do Natal.
    Agora, o tempo passa e não importa que as alegorias desbotem ou as lâmpadas queimem provocando intervalos maiores no pisca-pisca dos vaga-lumes artificiais. O que importa é que a decoração deve ser mantida, sem dia marcado para terminar.
    Meu filho me chamou atenção para os papais noéis atuais. Eles são “transformers”, iguais aos bonecos do filme, desmontáveis, pulando o muro com uma perna só, outro aparece de costas se enredando pela parede e um dos mais interessantes é aquele que já está com meio corpo dentro da chaminé quando tem na casa, representando para quem vê de longe alguém que está invadindo a casa pelo telhado.
Cruzes. Descobri que os noéis esquartejados têm preço maior do que o valor que pagam pelo trabalho de um Papai Noel ao vivo, embora exista informações da sua extinção porque seus altos honorários a partir do tamanho da barba são insuportáveis, fazendo o lojista descartar a atração comercial, não importando o sacrifício.
    Em algumas lojas, e em centros comerciais a época natalina ainda é prorrogada por alguns dias. Tem presentes, ceia farta, abraços efusivos, gente sorrindo em imensos painéis luminosos, prolongando o espírito natalino para acompanhar as grandes liquidações comerciais.
    E eu cá com meus botões fazendo uma parada para pensar que se comemora o aniversário de nascimento do Divino Amigo, meu ídolo maior, de quem recebemos a maior lição de humildade da história da humanidade a partir da manjedoura em meio aos animais, como é que nós, simples mortais menos poderosos, nunca nos lembramos de calçar as sandálias da humildade?
    Como é que gastamos o que não temos e esbanjamos o que nos sobra?
    Raramente reavaliamos nossas atitudes, nunca nos esquecemos de criticar os defeitos dos nossos semelhantes. Como enaltecê-los por maiores que sejam suas qualidades se não corrigimos nossos erros, justamente na época mais propícia para isso.
     Penso que nos acostumamos a reclamar, pois é mais fácil ser desagradável ou mal humorado do que agradecer a Providência Divina por tudo o que de graça recebemos e não raro quando damos nos contrariamos.
     Raramente nos lembramos daquelas amizades que nos eram tão caras. Menos ainda daqueles que temos à nossa volta, que são obrigados a ouvir nossas bobagens e ainda sentir a nossa injustiça, só por que pensamos que a iniciativa de ser agradável não deve ser nossa.
    Tenho um amigo das lides espirituais que nos ensina que todo dia é Natal. Não importa que as liquidações e ofertas de início de ano seja aquilo que sobrou no estoque de vendas natalinas.
    Importa que o melhor presente seja para o nosso semelhante ficar feliz, até chore, mas que seja de emoção e não de dor pelo esquecimento.
    Que as imperfeições sejam reconhecidas pela mente e pela alma, para que não sejam repetidas no futuro, e haja perdão de todo lado.
    Que o aborto, não seja legalizado e nem considerado um instrumento de combate ao crime como querem alguns fracos que ainda desconhecem o real significado da vida.
    Que sejamos respeitados, governantes e governados.
    Que nenhum brasileiro precise viver como réu, na iminência de ser condenado por insânias contidas neste tal de PNDH (Plano Nacional de Direitos Humanos), só porque enquanto os mensalões continuam a justiça permanece cega e travada, o povo pobre e o pobre povo fica no pavor, enquanto nosso próprio presidente assinala que assinou sem ler um pensamento politicamente obsoleto, fingindo ser democrático.
Zilda Arns através do seu trabalho e vontade deu ao povo carente um pouco de dignidade, sem pensar em cadeira na ONU ou Premio Nobel.
    Zilda Arns e Chico Xavier jamais quiseram reinar através de feitos não realizados, sendo exemplos de tudo o que nossos políticos, sem generalizar, não querem ser.
    Quero considerar que este novo ano seja um projeto que vai dar certo.
    Que se inclua em tudo o que fazemos. Que faça parte de nós. Que nos deixe chegar até o seu fim pensando que estamos mais felizes do que quando o começamos.
    Na Luz e na Paz.

Normose - Involuções Humanas Atuais


    Tem uma nova doença na praça.
    É a Normose.
    Antes de ser doença, é também uma palavra nova.
    Serve para definir a pessoa que está sofrendo de ser normal.
    Vamos deixar claro.
    Quem está sofrendo de Normose, está padecendo da doença de ser normal.
    Entendeu?
    Não?
    É complicado.
    Temos que viver dentro de um padrão socialmente aceitável, de acordo com as evoluções humanas atuais.  Isto é, dentro de padrões pré-estabelecidos pela sociedade tida como avançada.
    Devemos nos encaixar num padrão que não é nada fácil de ser alcançado. Eu por exemplo, como sujeito integrante do sistema, para parecer normal, tenho que manter uma constituição física sarada e mais, ser razoavelmente bem sucedido financeiramente.
    A partir daí, já estou excluído da normosidade. Se desta variação da Normose ninguém falou, anotem: direitos de criação para mim, por favor.
    Atualmente parece que devemos viver mantendo uma enganação permanente.
     Foi promulgada a lei da tolerância zero para o álcool.
    Entre muitas brincadeiras que tripudiam a lei, que para mim é inócua porque não tenho esse hábito de consumo, ou padeço da doença do alcoolismo como a medicina trata, ou simplesmente tenho que me encaixar dentro dos padrões da normosidade, caso contrário, sou apenas mais um bêbado.
    Aqui em casa estamos policiando o vinagre, ora de álcool, ora de vinho que usamos, porque um regiminho semanal à base de saladas poderá nos sujeitar à perda da carteira de habilitação e pontuá-la negativamente, ser multado, e de repente ser preso protestando, porque até explicar para o guarda o que é Normose, ao ficar informado do que significa, poderá nos prender por desacato, o que não seria nenhum absurdo quando se topa com despreparados para a função pública, useiros e vezeiros do abuso de poder.
    Como se não bastasse a depressão  estar consagrada como  mal do século, o que provoca uma imensidão de efeitos colaterais, agora inventam a Normose.
    A Normose nos obriga a lembrar de ditaduras comportamentais.
    E de se perguntar quem são esses ditadores de comportamentos?
    Provavelmente são aqueles que não puderam contar com o apoio dos filhos, física e afetivamente.
    A “santa inquisição” fez ligações malignas até para as parteiras que nos “aparavam”, sem titular aquelas que  que as antecederam desde que o mundo é mundo, taxando-as de bruxas e condenando-as à fogueira.
    A Normose não conta com aspectos etéreos como justificativa para serem implantadas no universo. É uma mutação de palavras que  se mostram eficazes na hora de mudar formas usuais, mas ficam devendo quanto ao conteúdo.
    A ninguém é dado o direito de exigir que você se comporte dessa ou daquela forma, ou faça prova contra si mesmo de acordo com a Constituição Federal, como é o caso de assoprar no bafômetro para medir o teor alcoólico.
   Há duplicidade de lei. A primeira é tida como ideal. A segunda é mais um modismo do atual governo. Quanto ao  problema todo mundo sabe que é de educação simplesmente.
    O que se espera da humanidade, essa pobrezinha, que já pagou preços altíssimos pelos seus próprios destemperos?
    Fala com a  Normose, pois ela estimula a ânsia de querer o que não se precisa.
    Consta que quem inventou a Normose é aliado de adjacentes das Neurociências. Consagrada ela vai fazer em pouco tempo você pagar terapeutas para ter com quem conversar.
    A Normose é uma fraude. Leva a pessoa para hábitos inconscientes além de estar na base de uma crença da separatividade gerando distorções básicas na percepção da realidade, prática da corrupção e a produção de autômatos na vida cotidiana, considerando-a descartável, especificamente com ausência de valores éticos, onde o sujeito isento de sentimentos desaparece.
    Voltando a “santa inquisição” igual à ditadura – que a terra lhes seja pesada - foi pensando normosamente que surgiram as guerras justas, as guerras santas e as vitórias militares. Cruzes.
    Conhecido educador e psicólogo francês residente no Brasil, Pierre Weil, numa brincadeira com palavras indicou: na inflação de produtos no mercado, o estímulo à consumatose, que é a compulsão de comprar. A normose na educação via informática que submetida à consumatose, leva à informose. E não para por aí... Noves fora, penso que deveríamos nos preocupar um pouco mais com a energia do amor e da compaixão com alteridade, fazendo da vida íntegra mais um ato de solidariedade evitando equívocos que a Normose pode provocar, e em vez de uma vida, salvar duas.
    O entendimento de tudo que nos acontece, assim como de todas as coisas, se dá por etapas.
    O percurso da inquietude de cada experiência são sentimentos que não podem ser divididos com ninguém porque são únicos, indivisíveis. Suas formas não podem ser alcançadas por ninguém.

Deficiências Educacionais

Como pais, mantemos o inabalável sentimento que nossos filhos, serão eternamente crianças.

Sobre o indivíduo, René Zazzo, psicólogo francês, falecido em 1995, que deixou uma vasta obra sobre a psicologia da criança, observa deficiências nos sistemas educacionais de países francamente evoluídos, inclusive na própria França, no que diz respeito ao estudo do comportamento de crianças deficientes.

Foi dele um dos primeiros textos no mundo a definir oficialmente Psicologia Escolar como um campo específico de atividades de natureza psicológica.

Em uma das suas mais conhecidas citações, está a sugestão de que deveríamos interrogar um estudante de psicologia infantil para constatar que: “ele será capaz de recitar Piaget, Freud, Skinner e talvez Wallon. Mas ficará estupefato se você lhe pedir que descreva como é uma criança de três anos...”

Uma das principais razões, para que os pais obtenham sucesso com necessidades educacionais do seu filho autista ou não, é manter para si mesmos, um nível elevado de autoestima, pois ele é visto por seu filho como um bom modelo para ser imitado.

Com pais inseguros, sem autoestima, e cheios de dúvidas de sua capacidade ou de suas possibilidades de sucesso para o enfrentamento da síndrome, será impossível aproveitar-se da evolução na educação para desenvolver o seu filho deficiente.

Não se pode deixar passar em branco, que o filho recebe estímulos desde que é feto, tanto internos provenientes do corpo da mãe, quanto externos proporcionados pelo meioambiente.

Partilhadas as emoções da mãe com o feto desde os primeiros dias da gravidez, sabe-se da produção dos sentimentos positivos que favorecem o desenvolvimento do filho.

O senso comum para colocar nossos conhecimentos do ponto de vista bio-psico-sócio-espiritual é ter o firme propósito de informar a todos que nos lêem uma ação pedagógica, para que o resultado reflita-se no comportamento de cada um em relação aos deficientes, autistas ou não.

É o nosso desejo que uma fundamentação teórica supere o espontaneísmo, permitindo que o trabalho espiritual também se torne eficaz, sem dogmatismos que denunciem formas de educação como instrumentos de dominação.

Ser pai de um deficiente de qualquer matiz, a partir da maternidade e paternidade instinto, é alcançar a fase maternidade e paternidade sentimento, doação incondicional em direção da paternidade-maternidade, indissociáveis, numa síntese integral de instinto, emoção, sentimento, consciência e espiritualidade.

Quando se pergunta como se processa a interferência do perispírito do reencarnante na organização genética do corpo após a fecundação, Vianna de Carvalho elucida:

“O perispírito é o agente modelador dos equipamentos orgânicos, assim como dos delicados processos mentais, que decorrem das conquistas do Espírito.”

Quando se questiona arraigado no mecanicismo da ciência à raiva e a dor de ser pai de um deficiente, mental ou não, por que, logo eu, sem rever sua convicção sobre a realidade espiritual lhe impingindo reprovações, ainda não sabe que as provações enrijecem as fibras morais responsáveis pela ação dignificadora.

Ressalte-se também que os fatores genéticos, genes e cromossomos, bem como as “condições psicossociais e econômicas” contribuem também para a formação de “um quadro dos processos de burilamento moral-espiritual, resultantes de dispositivos individuais para a evolução”.

O processo educativo nos permite visualizar e nos propõe praticar, ao mesmo tempo, com os sentidos, com o intelecto e com a afetividade, procurando ampliar a capacidade perceptiva do autista e, portanto, elevar a sua sintonia.

O autista interage com o meio a partir da percepção que possui do meio, percepção essa em seus aspectos sensorial, intelectual e afetivo.

Essa interação ocorre tanto no sentido horizontal, ou seja, com o meio físico, social, como no sentido vertical, ou seja, com o meio espiritual.

Reiteramos que o deficiente é um Espírito que traz em si mesmo sua bagagem do passado (subconsciente) e, ao mesmo tempo, o "germe da perfeição", uma meta superior a atingir (superconsciente) e que, para evoluir, deve trabalhar no presente, usando as conquistas passadas, buscando a inspiração superior para construir seu próprio futuro.

As metodologias, a nosso ver, são apenas recursos.

Sempre! Ótimos recursos, necessários sem a menor dúvida, mas estão aí para nos orientar e servir sem interferir.

Muitos especialistas das áreas das neurociências, professores e técnicos, já perceberam que seus alunos têm condições de se apropriarem de conhecimentos pedagógicos e procuram avançar com eles rumo a conhecimentos mais complexos, do ponto de vista das deficiências mentais ou síndromes que são portadores.

No entanto, alguns céticos, por teimarem em não acreditar, envidam imensos esforços para que não se saia da regras estabelecidas pelos padrões conservadores superados pelo tempo, Senhor da Razão.

Preocupam-se apenas com o desenvolvimento de habilidades que permitam aos alunos/pacientes operar socialmente, trabalhando dentro de critérios de funcionalidade que apenas limitam as possibilidades dos alunos se desenvolverem.

Não levam em consideração afinidades ou desajustes entre os seres, necessidades de realização e autorrealizações ético-morais, unindo-os ou não, de forma a darem cumprimento aos imperativos, responsáveis pela evolução individual.

É fato que não precisamos ser donos de “mente brilhante” o filme, como John Nash, o matemático e professor, Prêmio Nobel de Economia para sabermos da extrema fragilidade de um ser humano.

Não precisamos entrar no mundo de uma pessoa assim porque não temos a mínima noção de como uma patologia daquele tipo afeta uma vida do deficiente mental ou não, autista asperger ou não, e da sua dependência.

Um pouco de vontade e bom senso, basta para entender que ficamos totalmente dependentes, afora o discernimento de cada um, após a descoberta ou o diagnóstico dramático, para descobrirmos que também precisamos de amparo, não só terapêutico e espiritual, mas de treinamento e preparação para atender as mínimas necessidades daquele que é uma extensão da nossa própria existência.

Não devemos esquecer que os estudiosos e os pesquisadores destes assuntos, mesmo que reducionistas, timidamente nos advertem que acima de tudo, o amor ainda é fundamental.

Esta tensão atinge primeiramente a mãe, que poderá ficar assustada, triste, depressiva, cansada, e até infantilizada com a nova responsabilidade.

O pai, também, só que de maneira menos visível, e sua ansiedade em face às mudanças, com freqüência atingirá as relações do casal, a vida de cada um dos parceiros, e as mudanças que ocorrerão.

Sem a preparação adequada nenhum terá discernimento para enfrentar a brutalidade da situação futura.

No entanto, o pai poderá oferecer à sua mulher, sua parceira, ao seu filho deficiente, autista ou não, o maior de todos os confortos, que são as suas ações acontecendo de forma tranqüila, acalmando a mãe, diminuindo seus temores a apreensões do dia-a-dia e transmitir segurança de toda ordem para o futuro.

Cada autista traz um repertório inato, de preferências e aversões. Cabe a mãe essencialmente encontrar a melhor forma de ampará-lo nas suas dificuldades.

Os pais devem ter a consciência e saber que o excesso de zelo nunca conduzirá o autista para uma educação que dê bons resultados, assim como acontecerá com o descaso.

Por ocasião da exibição de uma novela na televisão, o personagem autista foi personificado com tamanho lirismo, era tão lindo e simpático que freqüentemente em discussões afins, encontrávamos pessoas expressando vontade de ser “autista”.

Era bonito ser autista. O Autismo ganhou status equivocado.

Alguém contou a história errada para o autor da novela e o Autismo está pagando pelo estigma até hoje, pois as pessoas lembram-se da palavra e ligam imediatamente aquele personagem.

Cada pai, cada mãe de autista, cada responsável, tem que resolver suas próprias nuances autísticas, eventuais conflitos aos pontos de vistas adversos e conflitantes, vigentes na sociedade em que vivemos, e devemos fazê-lo de acordo com os ditames da nossa própria consciência.

Devemos nos convencer que, o futuro dos nossos filhos, autistas ou não, depende da educação e dos exemplos que dermos a eles, que dependem das condições que nós pais criarmos.





Compromisso Diário de Maneira Inocente

Há mudanças que acabam transformando nosso dia-a-dia exigindo maior esforço e tempo na adaptação, com impactos sobre as tarefas que executamos. É por isso que algumas vezes não conseguimos manter alguns compromissos.

Um aspecto interessante das tarefas de cada um de nós, é a forma como elas acabam influenciando a forma como passamos pelas transformações da vida, decorrentes da nossa necessidade de aperfeiçoamento, para encarar a vida de forma mais abrangente. São situações que se transformam em lições, levando-nos a entender diferentes aspectos de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.

Ensina um filósofo, que aqueles que fazem o bem, fazem-nos em grande quantidade: ao provarem aquela satisfação, sentem que é suficiente, e não querem ter o aborrecimento de se preocupar com todas as conseqüências; mas aqueles que sentem prazer em fazer o mal, são mais esforçados, estão sempre atrás de nós até o fim, nunca estão tranqüilos, porque têm aquela idéia fixa que os corrói.

Nossa pretensão de querer construir um mundo melhor, a necessidade de aprender a pensar até as últimas conseqüências, a fim de descobrirmos se porventura aquelas ações que planejamos não poderão provocar maiores males do que bens, vindo talvez a prejudicar alguém injustamente, ou a nós mesmos.

Sabemos que podemos construir alguma coisa, sem destruir outra. Na realidade nada pode se tirar do nada. Tudo que produzimos necessita algum recurso. Não é razoável que empreguemos nosso esforço e nossa capacidade em algo na construção de alguma coisa de menor valor, se para isso precisarmos destruir ou consumir alguma coisa de maior custo ou valor.

Não é assim.

Uma das condições que precisamos satisfazer para identificar o bem, consiste como é óbvio, em avaliarmos, previamente, as suas possíveis conseqüências, nem só das imediatas, mas sim devemos realizar também o exame, criterioso e exaustivo, de todas as conseqüências que poderão ocorrer, tanto no futuro mais próximo, quanto no mais distante.

Fazer o bem de maneira inocente, desavisada, ingênua ou imprudente pode converter-se numa armadilha, que poderá nos levar diretamente à infelicidade e à desgraça, ou que poderá provocar a infelicidade e a desgraça de terceiros, inclusive daquelas pessoas às quais estamos tentando fazer o bem.

É o que acontece quando exageramos na bondade para com os outros, como, por exemplo, quando mimamos um filho, a ponto de transformá-lo num indivíduo genioso, egocêntrico e profundamente infeliz, assim como causador da infelicidade de outras pessoas.

Aqui, devemos contrariar o filósofo. Devemos, sim, ter o aborrecimento de nos preocuparmos com as conseqüências das nossas ações, mesmo quando temos a absoluta certeza de que estamos praticando atos da mais admirável bondade. Não podemos esquecer de tomar este cuidado.

A verdade é que só Deus poderia afirmar que praticou boas ações. Nós, humanos, podemos alcançar altos graus de bondade e sabedoria, mas nunca seremos perfeitamente bons e sábios.

A impermanência do mundo material, que atinge mesmo nosso próprio corpo físico, que se transforma incessantemente, força-nos a não nos apegarmos a esta ou aquela circunstância, força-nos a viver o que vier pela frente e a sermos senhores de nós mesmos independentemente dos fatores externos.

O espírito eterno - que em essência todos nós somos - não pode e não deve estar preso ao transitório, deve encontrar a felicidade não no fato de possuir algo, ou estar em algum lugar ou posição, mas sim em "ser".

E "ser" significa agir de forma a vivenciar a eternidade agora mesmo, significa atuar de conformidade com os princípios em que acreditamos, significa fazer em cada instante de vida o melhor que pudermos dentro do ponto de compreensão que já atingimos.

O Espiritismo é um caminho para atingir este equilíbrio interior, não é o único, existem outras filosofias e religiões que vividas sinceramente levam aos mesmos resultados, mas ninguém pode negar que é um dos mais coerentes e claros.

Assim, existem mudanças na nossa vida cotidiana, mudanças que encaradas da forma correta, pela perspectiva do ser eterno, sempre somam algo de melhor a nós mesmos e aos que nos cercam, e longe de nos apegarmos aos cenários que se vão, devemos nos adequar aos novos cenários que a vida nos apresenta, sob a direção extraordinária desta realidade maior a que chamamos de Deus.

Por outro lado, também sabemos que Deus escreve certo, às vezes por linhas tortas. O processo da existência é um bom exemplo disso, quando enfrentamos determinados problemas que às vezes julgamos injustos.

De qualquer forma, tenhamos a fé necessária para remover as montanhas de nossas imperfeições do dia-a-dia e aguardemos o tempo, que é o melhor remédio para tudo.