sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nosso cérebro toca sua própria música


 Seria possível colocar nosso cérebro no ritmo mais próximo ao de um Mozart ou Einstein?
[Imagem: Mehta/Kumar]


Rádio cerebral

Cientistas já haviam demonstrado que o cérebro possui "estações de rádio", transmitindo em várias frequências.
Isso alterou completamente a visão que se tinha até então da chamada atividade neural, que era vista como uma sequência homogênea de pulsos elétricos.
Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) mostraram como essas estações de rádio cerebrais criam ritmos adequados para o aprendizado.
A descoberta, que, juntamente com a anterior, desafia o conhecimento que se tinha dos mecanismos de funcionamento do cérebro e do aprendizado, poderá levar a novas terapias para ajudar a tratar problemas de aprendizado e memória.

Sinapses

Hoje considera-se que o cérebro aprende através do reforço de suas sinapses, a conexão entre os neurônios - quanto mais fortes são as sinapses, maior é o aprendizado.
A alteração na força de uma sinapse - chamada plasticidade sináptica - ocorre através das chamadas sequências de disparo, séries de sinais neurais que ocorrem em várias frequências e em temporizações diferentes.
Contudo, em seus experimentos, os cientistas vinham usando apenas a frequência desses disparos, mostrando que muitos disparos reforçam a sinapse.
E eles usam muitos disparos mesmo, centenas deles, quando o cérebro em condições reais não usa mais do que 10, e a uma velocidade de 50 disparos por segundo, quando os experimentos usavam uma frequência irreal de 100 disparos por segundo.
Os cientistas não faziam isso porque eram "sem noção", mas porque não havia tecnologia disponível para fazer melhor.
A pesquisa mostrou que os neurônios e as sinapses não são meros fios elétricos carregando uma corrente - eles precisam de ritmo. [Imagem: UCLA]

A pesquisa mostrou que os neurônios e as sinapses não são
meros fios elétricos carregando uma corrente - eles precisam de ritmo.

[Imagem: UCLA]
Antena no cérebro

Agora, Mayank Mehta e seu colega Arvind Kumar criaram essa tecnologia, partindo de novos modelos matemáticos que otimizaram a captura das medições e das gerações dos impulsos.
A propósito, Kumar é um dos autores de uma nova teoria sobre a linguagem do cérebro.
Contrariamente ao que se havia concluído antes, Mehta e Kumar demonstraram que aumentar a frequência dos estímulos não é a melhor forma para aumentar a força das sinapses e otimizar a plasticidade sináptica.
Quando se supera o ritmo natural do cérebro, o aumento da frequência na verdade diminui a intensidade das sinapses.
Esta descoberta de que a sinapse tem uma frequência ótima para o aprendizado levou os cientistas a compararem as frequências das sinapses com base em sua localização no neurônio - o neurônio lembra as raízes de uma árvore, com sinapses nas pontas de cada um dos chamados dendritos.
E os resultados mostraram que, quanto mais distante a sinapse está do centro do neurônio, mais alta é sua frequência ótima.
"Incrivelmente, quando se trata do aprendizado, o neurônio se comporta como uma gigantesca antena, com as diferentes pontas dos dendritos ajustadas para diferentes frequências," conta Mehta.

Música do cérebro

Veio então a descoberta mais surpreendente e "melódica" dessa rádio cerebral.
Para um aprendizado ótimo, as diversas frequências das diversas sinapses precisam atingir um ritmo preciso, com temporizações perfeitamente ajustadas, como em uma música.
Mesmo com a frequência ótima, se o neurônio perde o ritmo, o aprendizado é prejudicado.
E o cérebro não gosta de tocar sempre a mesma música. Tão logo uma sinapse "aprende" - registra sua intensidade mais forte - sua frequência ótima muda.
Em outras palavras, seu cérebro toca em uma frequência diferente, mais baixa, depois que aprende - o nível ótimo de disparos dos neurônios tem uma redução na frequência de cerca de 20%.
Embora essa pesquisa não tenha tido esse objetivo, os resultados levantam a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos para "re-sintonizar" os ritmos do cérebro.
Esse processo de redução na frequência, segundos os pesquisadores, pode ter importantes implicações para o tratamento de desordens relacionadas à memória, como as desordens pós-traumáticas.
Ou, quem sabe, encontrando o ritmo correto, os seres com cérebros normais possamos nos transformar em algo mais próximos de cérebros mais "ritmados" - Mozart ou Einstein seriam objetivos razoáveis.

Moisés de Freitas
Diário da Saúde

Ouvir música faz o cérebro inteiro se iluminar


O cérebro se ilumina praticamente por inteiro quando a pessoa está ouvindo música, um fenômeno até agora sem equivalente em termos de atividade humana. [Imagem: Vinoo Alluri]
O Poder ativador da música
Cientistas da Finlândia descobriram uma nova técnica inovadora que permite estudar como o cérebro processa diferentes aspectos da música.
Em uma situação realística de "curtir a música predileta", a técnica analisa a percepção do ritmo, tonalidade e do timbre, que os pesquisadores chamam de "cor dos sons".
O Estudo é inovador porque ele revelou pela primeira vez como grandes áreas do cérebro, incluindo as redes neurais responsáveis pelas ações motoras, emoções e criatividade, são ativadas quando se ouve música.
Cérebro iluminado
Os efeitos da música sobre as pessoas sempre foram mais assunto de poetas e filósofos do que de fisiologistas e neurologistas.
Mas os exames de ressonância magnética permitem gerar filmes que mostram como os neurônios "disparam", literalmente iluminando cada área do cérebro nas imagens produzidas na tela do computador.
Para estudar os efeitos de cada elemento musical sobre o cérebro, o Dr. Vinoo Alluri e seus colegas da Universidade de Jyvaskyla escolheram um tango argentino.
A seguir, usando sofisticados algoritmos de computador, eles analisaram a relação das variações rítmicas, tonais e timbrais do tango com as "luzes" produzidas no cérebro.
Emoção na música
A comparação revelou algumas coisas muito interessantes, mostrando que a música ativa muito mais áreas do que aquelas relacionadas à audição.
Por exemplo, o processamento dos pulsos musicais aciona também áreas do cérebro responsáveis pelo movimento, o que dá suporte à ideia de que música e movimento estão intimamente relacionados.
As áreas límbicas do cérebro, associadas às emoções, estão também envolvidas no processamento do ritmo e da tonalidade.
Já o processamento do timbre depende de ativações da chamada rede de modo padrão, associada com a criatividade e com a imaginação.
Além do interesse científico, estas informações são valiosas para compositores, que poderão "mexer" em suas melodias dependendo da emoção que querem transmitir com suas músicas.
Redação do Diário da Saúde

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Convite para lançamento do livro: Minha filha...Autista?


domingo, 11 de dezembro de 2011

Próxima Atração: Novela Índigo ou Autista?



A TV Globo apresentou em 2003 e reprisou em 2008 a novela “Mulheres Apaixonadas”, na qual a atriz infantil Bruna Marquezine emocionou o Brasil noveleiro por representar a personagem Salete, uma Criança Índigo, que tinha percepção da Luz, premonições, paranormalidade avançada e via anjos, tendo no seu diretor Manoel Carlos, um conhecedor e defensor do tema importado dos Estados Unidos, que causou espanto na época.
Uma lembrança boa da novela foi à canção de abertura: Pela Luz dos Olhos Meus, interpretada por Tom Jobim e Miúcha. Inesquecível.
Cerca de 10 anos depois, a TV Globo está gravando a próxima novela das seis, desta vez comparando Crianças Índigo por terem intuição acima da média são confundidas com paranormais, com os dotados da síndrome de Asperger, que se distinguem do autismo clássico e não comportam retardo global no desenvolvimento, e que se tratados precipitadamente, podem ser diagnosticados pacientes de TDA, ou do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade -, com base em invencionices inaceitáveis, e pior ainda, serem medicados com drogas que seus efeitos colaterais no futuro os levarão a drogadição e a estigmatização como mais uma diferença.
A moda índigo para crianças “normais e especiais” não pegou no Brasil, embora gere controvérsias para os defensores daquelas possuidoras de talentos especiais como fará a menina Klara Castanho, interpretando na novela a personagem que nasceu com consciência sobre o sentido da vida, iniciando a reestruturação de uma família, após cinco anos em estado de coma, e ao despertar para um mundo novo, não sendo compreendida, começa a receber apoio, repetindo assim as apostas vencedoras da emissora na temática espírita.
Ao ler as primeiras divulgações da nova novela, fiquei feliz, pois, pretensioso pensei que a TV Globo iria incluir no seu contexto de teledramaturgia, um fragmento do projeto mundial para a “conscientização do autismo” o que muito contribuiria para aliviar um pouco a dor que nós pais sentimos quando defendemos nossos filhos do preconceito de mal informados, cada vez que a sindrome é usada pejorativamente ou para desqualificá-los. Ledo engano meu.
A estréia será justamente na época em que os pais de autistas e aspergers estarão se engalfinhando com o despreparo das escolas para matriculá-los, na Educação Inclusiva, o que seria uma ótima oportunidade para a imprensa e a televisão, antecipando a novela, mostrarem como padecem as famílias para incluir seus filhos deficientes no sistema educacional.
 A preocupação principalmente dos pais, interessados, estudiosos e profitentes da Doutrina Espírita, é que quando não for transmitido o verdadeiro sentido de como as pessoas dotadas daquelas síndromes vivem, estará sendo criado mais um estigma absurdo contra quem não tem como se defender ao ser relacionado com irrealidades paranormais como é o caso das Crianças Índigo, que por refletirem uma aura azul, teriam uma espiritualidade mais desenvolvida.
Preocupa-nos saber que o padrão televisivo da qualidade global, pelo crédito que tem, seja protagonista de uma imensa confusão ao fazer a analogia entre autismo e crianças índigo, gerando dúvidas e impasses na continuação das conquistas já obtidas no progresso destes pacientes, que massacrados pela vida, ainda tenham que se defender de irrealidades, as vezes com danos irreparáveis.  
Comparar autista ou Asperger com Criança Índigo ou de outro matiz qualquer, é um preconceito sem precedentes, pois além de criar “um ser diferente dos outros”, quem acreditar, alargará mais ainda o abismo nas relações humanas, impedindo convivência.
Ultimamente a Psicologia está apresentando questões interessantes sobre inteligências mais sagazes, contudo assuntos como o das Crianças Índigo não passam de deslumbrantes jogos de palavras que surgem das atividades manipuladoras de massas em tempos de indecisões espirituais.
Colocar a síndrome do autismo ou Asperger no mesmo patamar sem conhecer a sua real condição como fenômeno, não é o caminho.
Não queremos acreditar que a TV Globo exiba numa novela o advento de crianças índigos caracterizadas por um sistema para classificar seres humanos, ou compará-las com autistas, descritos por Léo Kanner e Hans Asperger, cada um no seu espectro, que na verdade é um modelo defeituoso de educação determinado por facções doutrinárias importadas, sem buscar informações básicas com quem conheça a causa do autismo, inoculando na população como ressonância, o veneno do separatismo de personalidades fictícias e transitórias.
Antes de encarnar um Espírito, a criança escolhe o lugar e a família que preencherá as suas necessidades de crescimento e evolução, ou seja, nada que a diferencie da outra, sendo que seus pais devem responsabilizar-se por encontrar formas de estimular esta sensível e bela energia, além de ajudá-las no desenvolvimento dos seus dons e talentos, autista ou não, como parte da missão espiritual delas na Terra.
José Saramago ensinava: Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
Que cada um faça sua parte. 
www.escrita.com.br

Fundo para inclusão de pessoas com deficiência em ações da ONU


    Juntas, as agências da ONU: PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), ACDH (Alto Comissariado de Direitos Humanos), UNDESA (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais), OMS (Organização Mundial da Saúde), OIT (Organização Internacional do trabalho) e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançaram ontem um Fundo pelos Direitos das Pessoas com Deficiência (MDTF).
Representantes dos Estados e de organizações de pessoas com deficiência da sociedade civil estiveram presentes ao lançamento, que aconteceu no Consulado da Austrália em Nova York.
      A Aliança Internacional de Deficiência (IDA) foi fundamental no estabelecimento do Fundo, destinado a dar maior atenção aos direitos das pessoas com deficiência por parte equipes da ONU nos vários países em que atuam. Em reconhecimento a sua representatividade, IDA será representada pela sua presidente, Diane Richler, no acompanhamento desta nova política. A IDA é composta pelas 12 organizações regionais ou internacionais:

  • - Disabled Peoples’ International (DPI) – Pessoas com Deficiência Internacional
  • - Down Syndrome International (DSI) – Síndrome de Down Internacional
  • - Inclusion International (II) – Inclusão Internacional
  • - International Federation of Hard of Hearing People (IFHOH) – Federação Internacional das Pessoas com Deficiência Auditiva
  • - The World Blind Union (WBU) – União Mundial dos Cegos
  • - World Federation of the Deaf (WFD) – Federação Mundial dos Surdos
  • - World Federation of Deafblind (WFDB) – Federação Mundial dos Surdos-cegos
  • - The World Network of Users and Survivors of Psychiatry (WNUSP) – Rede Mundial de Usuários e Sobreviventes da Psiquiatria
  • - Arab Organization of Disabled People (AODP) – Organização Árabe de Pessoas com Deficiência
  • - European Disability Forum (EDF) – Fórum Europeu de Deficiência
  • - The Latin American Network of Non-Governmental Organizations of Persons with - Disabilities and their Families (RIADIS) – Rede Latino-Americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias
  • - Pacific Disability Forum (PDF) – Fórum de Deficiência do Pacífico

      O Embaixador Gary Quinlan, representante da Austrália junto às Nações Unidas, anunciou uma contribuição de 2 milhões de dõlares de seu país ao Fundo.
      Os principais beneficiários desta fonte de recursos serão os escritórios da ONU e ONGs nacionais, que poderão trabalhar em parceria com os serviços nacionais de agências da ONU. Alguns dos objetivos incluem: capacitação para a ratificação e implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, apoio a iniciativas específicas sobre a deficiência em estratégias nacionais e reformas políticas e legislativas, apoiando o diálogo entre os Estados, sociedade civil e Equipes de País da ONU. Espera-se ainda tirar as pessoas com deficiência da invisibilidade, apoiando a coleta de dados gerais e específicos sobre o estado e a discriminação enfrentada por pessoas com deficiência.
      “O principal desafio neste momento é de angariar recursos o Fundo pelos Direitos das Pessoas com Deficiência”, disse Diane Richler, Presidente da IDA. “Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para encorajar os Estados, os doadores bilaterais e multilaterais e doadores privados a contribuir para o MDTF e, assim, apoiar a promoção de direitos das pessoas com deficiência no trabalho da ONU nos países em desenvolvimento. ”

Por Patricia Almeida 
Fonte – Inclusive e IDA


sábado, 10 de dezembro de 2011

Declarações de Sócrates provocam “autismo jornalístico”


José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
Ex-Primeiro Ministro de Portugal
    Não sou economista mas, como pessoa atenta ao que se passa à sua volta, quando ontem ouvi José Sócrates num vídeo difuso e incompleto a falar da dívida não percebi o espanto de algumas almas. É que eu pensava que toda a gente sabia que, tal como outros países mais prósperos que nós, temos dívida há muitos anos. E que um país ter dívida é tão normal como ter receita e ter despesa.
    Por isso, quando ontem ouvi Sócrates, de Paris, meio na penumbra (devia ser câmara oculta porque a sessão era privada, soube-se hoje) dizer que era preciso “gerir a dívida” porque pagar a dívida pública é “uma ideia de criança” percebi que a frase iria ser imediatamente retirada do contexto e instrumentalizada à exaustão. Confirmei isso logo a seguir ao ver Freitas do Amaral, instado por Crespo, na SICN, a criticar Sócrates (que elogiava quando era seu ministro).
    Pois hoje, quando a RTP entrevistou Sócrates e este disse de viva voz o que já se tinha percebido ontem, isto é, que pagar a dívida de uma vez e em pouco tempo era “coisa de criança” e depois apareceu Passos Coelho a dizer ”acho que ninguém pode discordar” fui ver como é que Mário Crespo abria hoje o “Jornal das 9″.
    E não perdi o meu tempo. Crespo abriu o seu “Jornal” com as declarações de Sócrates à RTP a explicar o que dissera na tal sessão. Depois, quando se esperava que Crespo introduzisse o comentário de Passos Coelho – de inegável interesse jornalístico – não o fez. Preferiu repetir o vídeo de ontem, o da frase truncada. Mas não ficou por aí. Repetiu também o excerto de ontem do comentário de Freitas do Amaral a criticar a afirmação truncada de Sócrates.
    Isto é, Crespo substituiu a notícia de hoje pela notícia de ontem. Preferiu continuar com Freitas a comentar Sócrates a mostrar Passos a comentar (e a concordar) com Sócrates.
   Chama-se a isto “autismo” jornalístico (comportamento constituído por actos repetitivos e estereotipados que não suporta mudanças de ambiente e prefere um contexto inanimado) (sem ofensa para os autistas).

Publicado em 8 de Dezembro de 2011 por:

COMENTÁRIO

 
estrelaserrano@gmail.com diz:


Dezembro 9, 2011 às 22:10


Lamento ter atingido a sua sensibilidade. A expressão é obviamente metafórica. Bem sei que o autista pode ser mais inteligente que o não autista. A ideia não era ofensiva como se percebe, segundo creio. Mas aceito o reparo e agradeço.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A vida é a arte do encontro


    Em julho estive em Natal (RN), para conhecer um jovem rapaz que iria completar 32 anos em agosto, diga-se a mesma idade que eu, e que é um artista. Ele, cover do Rei Roberto Carlos, teve sua história escolhida, entre tantas outras, para ser gravada e exibida no programa Criança esperança 2011. Nessa viagem nossa pequena equipe se deparou com uma família, que iria se tornar muito mais do que uma linda história. Ademilson, Lourdes, Katiluci e Jobson Maia, se tornaram nossa nova família no Rio Grande do Norte.

      Jobson Maia, nosso artista autista, foi um dos melhores encontros que eu tive nos últimos tempos. Falar sobre o autismo sendo leiga no assunto é difícil. Chegar a uma cidade, entrar em uma casa, invadir a intimidade de uma família, que para muitos teria um problema, um filho “autista”, era uma missão que gerava em mim, confesso, uma certa expectativa. Mas o encontro se tornou feliz e entusiasmado, no simples ato de conhecê-los. Trinta e dois anos de passaram para essa família e eles nunca tiveram um problema e sim um presente. Está certo, às vezes é difícil recebermos presentes sem sabermos os porquês desse mundo. Se hoje ainda temos poucas informações sobre o autismo, há trinta anos, imaginem o que essa família não teve que buscar para conseguir diagnosticar o Jobson. Acreditaram até que ele era surdo, mas um dia, quando estavam escutando no rádio uma música do Rei Roberto Carlos, Jobson aumentou o volume. Os pais descobriram que ele não era surdo, sua questão era outra e ele descobriu seu amor pela música do Rei, que hoje o transformou em um grande artista.

      A missão dessa família linda só deixa como exemplo o que o amor e a inclusão fazem com “qualquer” ser humano; o deixam vivo. Jobson hoje, aos 32 anos, sai às ruas de Natal sozinho, pega ônibus, escolhe seus LPs nos sebos da cidade que freqüenta, usa a internet para se manter informado, cria a capa de seus DVDs, faz shows por diversas partes do Brasil, senta e conversa sobre o autismo entendendo sua condição, mas sendo essa jamais uma limitação para estar na vida como um cidadão.

     
O mais interessante de ir a Natal, gravar com a família do Jobson, além de poder contar uma história tão bonita, sobre uma família tão sensível e inteligente, foi que eu, Tatynne Lauria, me senti incluída.

 
Por: Tatynne Lauria
(Cord.de Produção do Criança Esperança 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Livro AUTISMO E CÉREBRO SOCIAL - Fátima Dourado

Este livro que aborda o autismo em toda sua complexidade, revelando como ele entrou na sua vida da autora redefinindo a sua história. Fátima conta a sua história de várias perspectivas: como mulher, como mãe, como médica e psiquiatra infantil e como fundadora da maior instituição brasileira de atendimento à pessoas com autismo. Nessa narrativa o desempenho desses papéis se entrelaça e se complementa colocando-nos diante de comoventes relatos do cotidiano dessa família transformada pela presença de dois filhos autistas; de experiências fascinantes vivenciadas na prática profissional da autora com seus “pequenos pacientes” como ela carinhosamente os chama; e de recentes descobertas na área da neurociência social que lançam novas luzes sobre o entendimento dos transtornos do espectro autista e apontam novas estratégias de intervenção. Fátima Dourado um ser humano extremamente generoso que compartilha conosco a sua experiência de vida, de trabalho e, sobretudo, de amor e de esperança

                                                            Arlete Rebouças Azevedo
Mãe do Thiago Azevedo (autista de 20anos)
ABRAÇA
Associação Brasileira para a
Ação por direitos das pessoas com Autismo.
-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Lançamento do Livro Autismo e Cérebro Social, Compreensão e Ação de Fátima Dourado no
I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM AUTISMO



 2 de dezembro às 16 hs

UNIFMU - Campus Ibirapuera
Avenida Santo Amaro, 1239 - Vila Nova Conceição -
São Paulo - SP








ONU - DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


“Juntos por um Mundo Melhor:
Incluindo
Pessoas com Deficiência no Desenvolvimento

Mensagem do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Ban Ki-moon, por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (3/12/2011)

      Passaram-se 30 anos após as Nações Unidas comemorarem pela primeira vez o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, então focando o tema “Participação Plena e Igualdade”. Durante este lapso, foram alcançados notáveis avanços na tarefa de divulgar os direitos das pessoas com deficiência e fortalecer o marco normativo internacional para a realização destes direitos, desde o Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes (1982) até a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).

      Cada vez mais países se comprometem a proteger e promover os direitos das pessoas com deficiência. Não obstante, muitas tarefas permanecem pendentes. As pessoas com deficiência apresentam os índices mais altos de pobreza e de privações; e a probabilidade de que não tenham atendimento médico é duas vezes maior.
        Os índices de emprego das pessoas com deficiência em alguns países chegam a apenas um terço dos da população geral.   
      
        Nos países em desenvolvimento, a diferença entre os índices de frequência à escola primária das crianças com deficiência e os de outras crianças se situa entre 10% e 60%.

      Essa exclusão multidimensional representa um altíssimo custo, não apenas para as pessoas com deficiência, mas também para toda a sociedade. Este ano, a celebração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência nos relembra que o desenvolvimento só poderá ser duradouro se for equitativo, includente e acessível para todos. É, portanto, necessário que as pessoas com deficiência estejam incluídas em todas as etapas dos processos de desenvolvimento, desde o início até as etapas de supervisão e avaliação.

      Corrigir as atitudes negativas, a falta de serviços e o precário acesso a eles, e superar outros obstáculos sociais, econômicos e culturais, redundarão em benefício de toda a sociedade.

      Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, faço um apelo aos governos, à sociedade civil e à comunidade internacional para que trabalhem em benefício das pessoas com deficiência e colaborem com elas, lado a lado, a fim de alcançarem o desenvolvimento includente, sustentável e equitativo em todo o mundo.

...ooOoo...
Tradução:
Romeu Kazumi Sassaki






quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Meninos com autismo degenerativo têm cérebros maiores, diz estudo



Menino com autismo tapa os ouvidos em um
centro especial de educação e treinamento

      ..Os meninos que perdem, repentinamente, as habilidades de linguagem e socialização por sofrer de um tipo de autismo degenerativo, apresentam um crescimento anormal do cérebro a partir dos quatro meses de idade, revelou um estudo americano publicado esta segunda-feira.
Os cérebros dos meninos que sofrem de autismo degenerativo são 6% maiores do que os cérebros dos saudáveis e dos que sofrem de outro tipo de autismo, cujos sintomas se apresentam na mais tenra idade.
      O estudo, do qual participaram 180 indivíduos, e foi descrito como "a maior pesquisa sobre o desenvolvimento do cérebro em meninos pré-escolares com autismo" feito até agora não revelou nenhum crescimento anormal no cérebro das meninas que sofrem de autismo.
       O estudo traz mais dados "à evidência crescente de que há tipos biológicos diferentes de autismo, (que apresentam) mecanismos neurobiológicos diferentes", assegurou David Amaral, co-autor do estudo e diretor do projeto do Instituto MIND, da Universidade da Califórnia (sudoeste).
       O autismo, que afeta quatro vezes mais os meninos do que as meninas, inlcui uma ampla gama de transtornos do desenvolvimento que podem variar de uma leve dificuldade de socialização até a completa incapacidade de comunicação, movimentos repetitivos, hipersensibilidade para certas luzes e sons e problemas de comportamento.
      Estudos anteriores sugeriam que os sintomas clínicos do autismo tendem a coincidir com um crescimento anormal do cérebro e da cabeça que se apresenta entre o nono e o décimo oitavo mês de vida.
      No entanto, este estudo, publicado na edição de 29 de novembro da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), "descobriu que o meninos com autismo degenerativo mostram uma forma de neuropatia diferente (neste caso, o tamanho diferente do cérebro) com relação aos meninos diagnosticados com autismo desde o início de suas vidas", disse a principal autora da pesquisa, Christine Wu Nordahl, estudiosa do Instituto MIND.
      "Além disso, quando avaliamos as meninas com autismo, encontramos que nenhuma delas apresentou crescimento anormal do cérebro", sem importar o tipo de autismo do qual sofriam.

Fonte e Foto:
Por Liu Jin
AFP
..

Autismo - Saiba mais sobre a Terapia Assistida com Animais

      O autismo é um transtorno que se apresenta em crianças com cerca de 3 anos de idade, que se caracteriza por alterações na comunicação, na interação social e na imaginação. Apesar de o número de casos crescer cada dia mais, a síndrome é pouco compreendida pelas pessoas. O autismo tem diversos tratamentos que ajudam tanto o portador quanto sua família. Estudos apontam que crianças autistas e cães se comunicam e aprendem o mundo de forma semelhante. Para mostrar como isso acontece, a Jovem Pan Online foi conhecer a terapia assistida por animais, no Projeto Infante do Instituto de Psicologia da USP.
 
Confira na reportagem de Márcio Duarte.
 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

“TANGO PARA OS LOBOS – Cantos proibidos de uma Aspie”



      Ana Parreira, autora, é psicóloga e descobriu apenas na idade adulta que era uma Aspie, isto é, que se encontrava na condição (síndrome) de Asperger.
      Essa revelação, embora tardia, foi o que possibilitou reconstruir a forma de estar no mundo, mudou sua vida e melhorou suas próprias condições, habilidades, pois aprendeu mais claramente sobre suas dificuldades pessoais.
      Ana pertence a uma geração negligenciada pelo mundo autista, pela própria característica do autismo no Brasil, ainda muito pouco conhecido e cujo aproveitamento tem sido privilegiado a crianças, em geral não incluindo as gerações mais velhas.
      O livro conta uma história de amor de uma Aspie, vivida na idade adulta, é um livro com base em situação real, embora alguns nomes sejam trocados.
      Foi escrito para o amor da sua vida, a quem no livro Ana chama de Thomaz.
      A história é contada em prosa e em versos, onde “Marília” conversa com Thomaz, que evocam na modernidade o amor de Thomaz Antonio Gonzaga, Dirceu, e Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, ou Marília.

Este é um corajoso depoimento de uma mulher madura, que põe a descoberto a sua própria vida, sua libertação e seu relacionamento com o amor – de maneira a que o leitor possa refletir sobre o mito de que os Aspies (ou Aspergers) “não têm empatia e não são capazes de amar”.
      O livro traz uma carta de Drummond para Ana, que fala sobre “publicar um livro somente quando achar que está no ponto.”
      Traz na contracapa a análise do cientista Alysson Muotri, que fez a leitura do livro de Ana com muito cuidado e analisa sua mente como Aspie.
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“TANGO PARA OS LOBOS – Cantos proibidos de uma Aspie” não fala tecnicamente sobre os Aspergers, mas mostra muito sobre eles, principalmente sobre mulheres Aspies adultas - e suas possibilidades, dúvidas, limites e obstáculos que transpôs sozinha. Ana explica como, em estado de amor, seu estado imunológico atingiu um pico de bem-estar tão elevado que efetuou algumas curas em seu corpo.
Esta é, acima de tudo, uma história de amor, de esforço e conquistas, de superação e de libertação.
Para adquiri-lo
Email: villa.aspie@gmail.com. Tel: 019 – 9185.0015 ou 19 – 2511.2443 (fixo), em Campinas SP.
Parte da renda segue para ajudar na publicação da Revista Autismo.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

As conquistas de uma criança autista

      Receber a notícia de que o filho é autista transforma as suas perspectivas de presente e futuro, mas é a partir dessa mudança que você pode apresentar um novo mundo para a criança. Conheça o dia a dia de uma família em que uma das filhas gêmeas tem o distúrbio
 “Aqui mora uma família feliz.”

Ana Paula Pontes
• Foto Raoni Maddalena
       As palavras talhadas na plaquinha de madeira que enfeita a porta do apartamento da pedagoga Luciana Nassif, 39 anos, e do comerciante Marcos Antonio Cavichioli, 46, em São Paulo, antecipam o clima que eu iria encontrar na casa dessa família, apesar da avalanche de sentimentos que tomou a todos nos últimos anos. 
      Com um sorriso no rosto, um tererê ornando os longos cabelos lisos e castanhos, quem me recebe é uma das gêmeas do casal, Isabela, 8 anos. Assim que entro, sou convidada a conhecer sua irmã. No quarto, com a babá, Mariana se mostrou indiferente com a minha chegada. Mesmo com a insistência da mãe para que se virasse para mim, continuou com um olhar cabisbaixo. Mari Mari, como é carinhosamente chamada, é autista.
      Ela está aprendendo agora a demonstrar e a receber carinho, por gestos. Mari Mari não fala. Ela tem um grau severo do transtorno do espectro autista, termo que os especialistas usam para se referir aos diversos graus que envolvem o autismo. Fica mais fácil entender se comparamos a um dégradé, desde cores muito escuras, em que se encontram os casos mais graves, até as cores claras. Por isso cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento. Para Mari Mari, que estaria na parte escura deste dégradé, é preciso ensinar o que parece tão corriqueiro.
      Há um ano, e pela primeira vez, a menina abraçou a mãe – um dos pilares do comportamento autista é a dificuldade de interação com o outro. É um abraço “adaptado”. Ela aceita o carinho, mas não cruza as mãos por trás das costas da pessoa. Em vários momentos da entrevista, ela corria, na ponta dos pés (um comportamento que começou aos 5 anos) para o colo da mãe, sorria, trazia o boneco predileto, gargalhava.
       O contato visual, o beijo, que não é aquele estalo no rosto, mas uma encostadinha apenas, demonstrações de interesse pela irmã e o sorriso presente no rosto eram cenas apenas sonhadas pela família até pouco tempo.
      A mãe me conta, em tom de orgulho, as recentes conquistas da filha. Mari Mari não se incomoda mais se uma criança chega perto dela no parquinho, mesmo que prefira estar só, e ganhou autonomia para comer sozinha e “pedir” o que tem vontade, como quando leva o litro de leite até a mãe para que ela o esquente.      
      “Pode parecer pouco, mas esse é um grande avanço”, diz Luciana. Não, não é fácil ter um filho autista. Mas o diagnóstico não é o fim, e sim um novo começo na vida de toda a família.
      “Quando questionei o neurologista que a acompanhava sobre a possibilidade dela ser autista, ele disse que eu não sabia o que era uma criança com o transtorno. Nunca vou me esquecer disso.” Luciana, mãe de Isabela e Mari Mari
      Onde tudo começa?

      A ciência não descobriu, até hoje, a causa da doença. O que os especialistas concordam é a forte influência da genética na alteração do funcionamento do cérebro do autista. Alguns genes – e muitos foram identificados – podem ou ser herdados mutados dos pais, algo raro, ou sofrer novas mutações durante a formação do embrião. Mas não para por aí. Várias teorias são relacionadas a todo momento com o aparecimento do transtorno, mas nem todas são referendadas pelos médicos e nada é conclusivo.   Alimentação, vacinação, infecções na gravidez e até intercorrências no parto ou nos primeiros anos de vida integram essa lista. As pesquisas relacionam até fertilização in vitro e prematuridade, como é o caso das gêmeas, que nasceram de 32 semanas.
      Isabela saiu da maternidade em cinco dias. A irmã, nos mais de três meses em uma UTI neonatal, passou por uma cirurgia cardíaca e diversos exames, inclusive para detectar a existência de alguma síndrome por ter nascido com as orelhas mais baixas e os dedos levemente flexionados. Mari Mari, segundo os médicos, tinha atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
      Mesmo acompanhada por uma equipe multidisciplinar desde os seis meses, não mostrava avanços. “Ela gostava de ficar sozinha na escola e, aos 2 anos, teve a primeira convulsão (problema que afeta 25% dos autistas).” Aos 3, os atrasos ficaram evidentes e ela passou a balançar as mãos quando ficava nervosa.  “Quando questionei o neurologista que a acompanhava sobre a possibilidade de autismo, ele disse que eu não sabia o que era uma criança com o transtorno. Nunca vou me esquecer disso”, diz. A avó materna das meninas, que desconfiava da existência de um problema maior, mostrou a Luciana uma reportagem sobre autismo. Depois de ler, ela agendou uma consulta com um dos especialistas entrevistados. Em 40 minutos e aos 4 anos e 7 meses, a família soube que Mari Mari era autista.
      Essa trajetória desgastante não é incomum. Como não há um exame que detecte o transtorno, o diagnóstico é clínico, feito com base no comportamento da criança. E pode levar muito tempo para chegar a uma conclusão. “O ideal é descobrir o transtorno com cerca de 1 ano, quando os tratamentos dão resultados melhores”, diz Antonio Carlos de Farias, neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe (PR), pesquisador e coautor do livro Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes: Mitos e Fatos (Ed. Autores Paranaenses). Se identificado nessa fase, ou até os dois anos, a chance de a criança falar é de 75%.     
      “No Brasil, estima-se que existam 1 milhão e meio de autistas, e menos de 5% recebem a assistência adequada”, diz Estevão Vadasz, psiquiatra, que estuda o assunto desde 1978, coordenador do Programa dos Transtornos do Espectro Autista, referência no país, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Segundo o Ministério da Saúde, uma a cada mil crianças é autista no Brasil. Dados internacionais, porém, mostram que essa incidência é de uma para cada 110.

Fonte: Crescer - Globo.com








segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Viver sem limite e o apelo de uma mãe de autista



Mãe com filho autista interrompe a fala da presidenta Dilma para pedir maior atenção às crianças com autismo durante a discurso de lasnçamento do  programa 'Viver Sem Limite', onde se destina a melhorar a vida, o acesso, a educação e demais direitos aos deficientes fisicos e intelectuais.




Educação Inclusiva: o Brasil não pode e não irá retroceder


Este texto tem por objetivo esclarecer toda a população sobre uma manobra política inescrupulosa que aconteceu em Brasília na última semana e que culminou com uma tentativa de golpe nas políticas públicas de educação inclusiva no país.
Usamos aqui a palavra TENTATIVA porque estamos baseados na Constituição Federal.

A RECENTE TENTATIVA DE GOLPE NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

      No último dia 18 de novembro, foi publicado um novo Decreto (7611/2011) que revoga o Decreto 6571/2008. Em seu Art. 8º,
que inclui e dá nova redação ao Art. 14 do Decreto 6253/2007,
o texto diz:
      Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente. (Redação dada pelo Decreto nº 7.611, de 2011)
      § 1o Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais ou especializadas. (Redação dada pelo Decreto nº 7.611, de 2011, grifos nossos)
      Desta forma, o novo decreto permite que escolas especiais ofertem a Educação, ou seja, que sejam espaços segregados de escolarização regulamentados por lei. Isso significa que elas poderão substituir a escolarização em classes comuns de escolas regulares, fato já superado no nosso país. Além disso, poderão receber duplamente pela matrícula do aluno na escola especial e no AEE. A força motriz da inclusão (a dupla matrícula no Fundeb) tornou-se, agora, a força motriz da exclusão.
       O sistema educacional inclusivo do Brasil foi exemplo para o mundo na 4ª Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência, ocorrida em setembro deste ano. Os esforços empreendidos para a garantia da educação para alunos com deficiência e o total respeito ao artigo 24 da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e demais preceitos constitucionais foram os motivos. Os avanços promovidos pelo Ministério da Educação por meio da antiga Secretaria de Educação Especial (atual DPPE/SECADI/MEC) nos últimos 9 anos garantiram Direitos Humanos, garantiram que as pessoas com deficiência saissem da invisibilidade e se tornassem estudantes de classes comuns da escola regular e da Educação de Jovens e Adultos, e com rescursos destinados.

      O evento que mascarou a tentativa de um retrocesso

      O Brasil inteiro acompanhou, pela imprensa, o lançamento do Plano “Viver Sem Limites”, do governo federal, destinado a promover a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Este evento ocorreu no último dia 17 de novembro e trouxe diversas ações muito positivas para o segmento. Mas também trouxe, embutido no plano, o novo decreto que tenta desmontar as políticas de inclusão.
      As Equipes do Inclusão Já! e da Rede Inclusiva – Direitos Humanos BR tomaram conhecimento da eminência do novo decreto e fez denúncia poucos dias antes do evento. Além disso, solicitaram agenda com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Maria do Rosário (Direitos Humanos). Foram enviados e-mails e mensagens por redes sociais e nenhuma resposta foi dada.
      À revelia de todo o movimento da sociedade civil organizada em defesa da Educação Inclusiva e dos pedidos de audiência, a presidenta Dilma Rousseff assinou o Decreto 7611/11, que restringe direitos e viola os preceitos constitucionais, algo totalmente contraditório com o intuito do próprio Plano “Viver sem Limites”.
      Como garantir o exercício da cidadania sem o aprendizado da escola onde estudam pessoas com e sem deficiência? Como fazer com que a cultura da exclusão e a discriminação sejam extintas se são incentivadas pelo Governo? Como exercer plenamente a cidadania se espaços segregados são legitimados e regulamentados como escola? Como, diante desse retrocesso, é possível pessoas com deficiência participarem na sociedade de acordo com os 33 artigos de conteúdo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que tem equivalência de Emenda Constitucional?
      Agora se faz necessário refletir e, principalmente, lutar para garantir que o Art. 14 do Decreto 6711/11 não seja efetivado, simplesmente por ser inconstitucional. Vamos trabalhar para que o Direito Inalienável à Educação não seja violado e para que os Preceitos Constitucionais continuem a ser devidamente respeitados.


Neste link, é possível enviar mensagens à presidente
Dilma Rousseff:

Neste link, é possível enviar mensagens ao ministro
Fernando Haddad, da Educação:

Este é o endereço eletrônico da ministra
Gleisi Hoffmann, da Casa Civil:

Este é o endereço eletrônico da ministra
Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos:


Fonte:
Inclusão Já! ⋅ 20/11/2011











Inovação: Pesquisadores utilizam computador para configurar o meaVOX


Inovação:
Pesquisadores utilizam computador para configurar o meaVOX
Com alguns toques na tela do celular, o autista monta uma frase, expressando suas emoções ou vontades, que são imediatamente pronunciadas, em voz alta, pelo aparelho. Parece até coisa de filme de ficção científica, mas não é. Trata-se do meaVOX - que significa "Minha voz" -, programa desenvolvido por pesquisadores da UFF (Universidade Federal Fluminense), do campus Aterrado, como parte do Adaca (Ambiente Digital de Aprendizagem para Crianças Autistas). A iniciativa é pioneira no Brasil e visa facilitar a comunicação do paciente com o mundo externo. A coordenadora do projeto, professora Vera Caminha, revelou que as atividades são financiadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A docente disse como surgiu o programa, que, vale repetir, é inédito no país.
- O meaVOX nasceu a partir do Adaca, quando, no decorrer de nossas pesquisas, percebemos que poderíamos trabalhar também com algo que se relacionasse à comunicação dos autistas. Daí, a fonoaudióloga da equipe, Priscila Félix, deu a ideia de desenvolvermos uma ferramenta semelhante a que já existe nos Estados Unidos. Então, esse programa surgiu para ajudar a comunicação da criança autista não-verbal com pais, terapeutas e demais pessoas com quem ela se relacione - explicou.
Desenvolvimento
      O físico Gustavo Vicente Furtado, professor da UFF (Aterrado), foi o responsável pelo desenvolvimento do software operacional do meaVOX.
      - O fundamento do meaVOX é uma plataforma open source (código aberto), ou seja, as ferramentas são livres e podem ser baixadas na internet. O principal mecanismo é o Java. A ideia é que o programa possa ser utilizado da forma mais fácil possível, visto que será operado por pessoas não iniciadas em computação.  
      A ferramenta é composta por duas partes: o celular, que será manuseado pela criança autista, e o programa que roda no computador. Nele, é feita a configuração do software - apontou.
Sobre o funcionamento do aplicativo, o especialista acrescentou mais informações:
      - O programa transforma o celular numa ferramenta de comunicação para a criança autista. As sentenças montadas pelo paciente são verbalizadas pelo aparelho. No visor, se localizam figuras que representam ideias, intenções e sentimentos, entre outros, que podem expressar o que o indivíduo está querendo ou sentindo.
      Por exemplo, pressionando o ícone "Eu quero", abrem-se várias opções de imagens que remetem a possíveis vontades, como brincar, comer, beber, ir a algum lugar etc. Assim, são articuladas frases pictográficas, que o celular pronuncia, em voz alta, para que os pais tenham acesso à manifestação do que a criança está pensando.
      Gustavo frisou, ainda, que o programa é adaptável ao nível de aprendizado de cada paciente.
      - Existe a possibilidade de configurar o software de acordo com a necessidade da criança. O mapa de opções proporciona a alternativa de pressionar apenas palavras "soltas", que não formam uma frase, mas, não deixam de expressar sentido. Respostas simples, como "sim", ou termos isolados, como "casa", são apresentados, levando em consideração as dificuldades de comunicação do autista - ressaltou.

      Auxílio no tratamento

       Para a fonoaudióloga Priscila Félix, que faz parte da equipe responsável pelo meaVOX, a iniciativa vai ajudar no tratamento de crianças autistas, visto que, segundo ela, os portadores da síndrome, em geral, tem afinidades com produtos tecnológicos.
      - A maioria das crianças com autismo gosta de lidar com computadores, celulares e outros aparelhos do ramo. Elas costumam ser familiarizadas com joguinhos e outras atividades, desempenhadas por meio da tecnologia. Esse é um ponto positivo - disse.
      A profissional destacou os benefícios que o programa vai trazer ao tratamento de crianças com autismo.
      - A ideia é que o celular esteja sempre por perto, sendo a voz do paciente na relação com seus pares.    Esse sistema apresenta ao indivíduo um modelo esquematizado de comunicação adequada e isso é uma forma de aprimorar a expressão que a pessoa já desenvolve, além de facilitar o convívio com os outros - fomentou.
Felippe Carotta

domingo, 20 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA – UMA LIÇÃO

     Em poucos dias, toda estrutura escolar estará adormecendo, parecendo que todas as dificuldades foram vencidas e as dores que o ano letivo enfiou goela abaixo dos pais dos alunos dotados de deficiências, serão esquecidas embora atravessadas na garganta, com base na ineficiência do estado que dificulta o cumprimento das leis da sua própria criação.
      Neste já em agonia, se repetiram os rituais dos anos anteriores, que depois de tanto pedir, reclamar, apelar, estar à beira da humilhação, litigando até em nível de justiça municipal, estadual e instância superior, para que a filha autista fosse recebida em Classe Regular do ensino Regular ou à Classe Especial do Ensino Regular ou ainda à Escola Especializada, a mãe recebeu da Secretaria de Educação, uma cópia do documento do Ministério Público, determinando que a aluna seja alocada à Classe Regular de Ensino       Regular além do acompanhamento de professores treinados para lidar com alunos especiais, com o natural descaso, ou seja, dois meses depois do despacho.
     Para quem lutou tanto, a revolta e o tamanho da mágoa no coração em relação a demora, descaso, omissão e o desrespeito com os pais, nem se põe em conta do prejuízo imenso que teve a sua filha e aluna autista por mais um ano perdido, mas sim, o estarrecimento por descobrirem que a própria escola em que está matriculada, omitiu sua inscrição no fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino básico, deixando falhas na matrícula do ensino regular, negligenciando o fato, por julgar que o Ministério Público negasse um posicionamento favorável à inclusão da dela.
      Sacrificaram minha filha, conta a mãe entristecida, pois a escola a segregou em classe distinta, inclusive com o apoio de núcleos regionais de ensino que em sintonia nada fazem pela inclusão de alunos deficientes, além de resistirem à reciclagem da sua própria profissão, embora não perdendo oportunidades para ofender, ameaçar, fazer suposições e chantagear por desdém levantando dúvidas sobre o comportamento dos pais e irmãos em relação à pessoa autista.
      Quem pagará, ou compensará os anos que uma aluna autista perdeu deixando de receber a oportunidade de evoluir e ainda absorver os preceitos que as leis prevêem, pergunta a mãe desesperada pela negligência dos responsáveis pela escola e seus imediatamente superiores da secretaria de educação, propositalmente para ganharem tempo e assim continuarem não fazendo nada a respeito da inclusão escolar, mas mantendo o domínio de interesses típicos de currais políticos.
      Perguntaram a mãe na secretaria de educação qual seria o documento que ela desejaria receber para a conclusão do ensino na escola?
      O boletim e um relatório psicopedagógico de cada professora envolvida com a aprendizagem da aluna, para que ela possa continuar estudando e seguindo adiante no método da inclusão, agora por determinação de Justiça.
      Aí todos ficaram boquiabertos, pois foi possível sentir um ar de preocupação na secretaria quando a mãe afirmou que sua filha autista vai continuar estudando e aprendendo, mesmo com as dificuldades que eventualmente enfrentará... Possivelmente por estarem chegando à conclusão que os pais dela sempre tiveram e tem razão.
      Um dos problemas da educação inclusiva não são os autistas, falamos. São os educadores que despreparados, e isto não se pode generalizar, até por falta de recursos que o próprio estado não lhes concede, mas nem por isso ela vai pendurar o despacho do Ministério Público por seu Promotor de Justiça, num quadro da sala vibrando pela vitória cada vez que passa na sua frente.
      Novos casos de alunos autistas estão aí e surgindo a todo instante... A mãe da nossa história espera que mais nenhum pai de autista tenha que acionar a justiça e ainda trilhar mesmo caminho doloroso que ela e seu marido trilharam e ainda ouvindo absurdos que beiravam a desumanidade.
      Ela lamenta profundamente que os integrantes daquela escola tivessem um comportamento tão reprovável e se penitencia por ter deixado sua filha perder tanto tempo lá, mesmo considerando a situação que prevalece principalmente em pequenas e médias cidades do interior de um estado.
      Evidentemente que os integrantes da escola tentaram melosamente contornar a fúria daquela mãe, passando mal pela imensa carga mista de revolta e emoção presa no seu coração, que ao ser liberada, mesmo assim o desabafo não lhe deixou feliz pelo alto preço que lhe custou.
      A mãe da aluna autista não encara o despacho do Ministério Público determinando a inclusão da sua filha, aluna autista, na Classe Regular do Ensino Regular como uma vitória depois de uma boa briga, mas sim como uma aprendizagem que jamais será esquecida por todos que dela participaram inclusive os céticos.
São experiências para serem divididas.
      Para os alunos deficientes, autistas ou não, que estejam enfrentando as mesmas situações, ela deseja melhor sorte para serem incluídos no sistema inclusivo, e principalmente que sejam amparados pelas leis que regem a Educação sem passar por tantas agruras que ela e sua família passaram.
      Cada ano, as requisições de histórico escolar dos alunos para matriculas normais a transferência entre escolas são mais frequentes. Para pessoas com deficiência, autistas ou não, principalmente a falta de organização e conhecimento de síndromes em escolas pode complicar pedidos para inclusão.
      Procure manter a documentação, laudos, atestados, certificações e acervo em ordem, bem como seus itens essenciais para evitar dissabores e danos, às vezes irreparáveis.
      Abençoada sejas, mãe, por esta lição de amor que nos dá.

Foto 1 - Imprensa Oficial de SP.
Foto 2 - Governo do Paraná