Pesquisadores brasileiros criaram uma
técnica para
identificar se uma criança está infectada pelo rotavírus selvagem,
presente na natureza,
ou por uma
derivação do vírus usado nas vacinas.
Contra-ataque dos vírus
O combate ao
rotavírus no Brasil conta com um aliado importante: a vacinação gratuita,
incluída no calendário nacional de imunizações.
A vacinação,
no entanto, coloca um desafio para os cientistas.
O rotavírus
tipo A - o maior responsável por casos de gastroenterite infantil aguda em todo
o mundo - pode apresentar uma série de pequenas variações genéticas, compondo
um conjunto de diferentes genótipos.
Por isso,
eventualmente uma criança vacinada poderá ser infectada por uma variante do
próprio vírus usado na vacina.
Infecção pelo vírus
da vacina
Para que o
tratamento seja adequado, é crucial identificar quando uma criança está
infectada pelo próprio vírus da vacina, o genótipo G1P, que é utilizado na
produção da vacina Rotarix™, adotada no Brasil.
Como, então,
diferenciar se a amostra clínica de uma criança infectada contém vírus vacinal
ou selvagem?
Cientistas do
Instituto Oswaldo Cruz compararam as diversas técnicas disponíveis e acharam a
solução.
O resultado é
um método inovador, eficaz, altamente específico e que pode ser executado em
apenas 24 horas.
A rapidez do
diagnóstico é indispensável na investigação de casos de crianças vacinadas que
foram novamente infectadas pelo rotavírus A.
Rotavírus
A vacinação é
a estratégia de controle mais eficaz contra o rotavírus, por reduzir a forma
grave da doença.
Para gerar
imunidade, contudo, a vacina inclui em sua formulação partículas virais
atenuadas.
Os rotavírus A
estão associados às gastroenterites agudas e são responsáveis pela morte de
aproximadamente 511 mil crianças menores de 5 anos todos os anos, sobretudo nos
países em desenvolvimento.
Transmitidos
principalmente por via oro-fecal, por água, alimentos e superfícies
contaminadas e pelo contato direto com pessoas infectadas, provocam um quadro
de diarreia, vômito e febre branda nos pacientes.
Eficácia da vacina
"A
técnica que utilizamos é mais rápida e sensível para distinguir entre o gene
NSP3 da vacina Rotarix™ e o da amostra selvagem do rotavírus A. Com o nosso
método, em apenas 24 horas é possível saber se a amostra é vacinal ou
selvagem", ressalta Tatiana Rose, da Fiocruz.
De acordo com
os pesquisadores, o trabalho terá efeitos importantes na saúde pública,
especialmente no Brasil, na América Latina e nos países que adotaram a mesma
vacina, pois o monitoramento dos genótipos circulantes do rotavírus A e a
diferenciação entre amostras são cruciais.
"Teremos,
assim, a possibilidade de avaliar o impacto do esquema vacinal na prevalência
dos genótipos mais comuns, no surgimento de genótipos que 'escapam' da
imunização e, ainda, no estudo da evolução dos rotavírus A", justifica
José Paulo Leite, membro da equipe da Fiocruz.
Imagem: Fiocruz
13.02.2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário