quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Autismo não é deficiência

Autistas são mentalmente superiores em vários aspectos
   "Nós precisamos parar de considerar que a estrutura cerebral diferenciada dos indivíduos autistas seja uma deficiência."
   O alerta está em um artigo do Dr. Laurent Mottron, da Universidade de Montreal (Canadá), publicado nesta semana pela conceituada revista Nature.
   Segundo o cientista, as pesquisas revelam que muitos autistas têm capacidades e qualidades que frequentemente excedem aquelas dos indivíduos ditos "normais".
   "Dados recentes, e minha própria experiência pessoal, sugere que é hora de começar a pensar no autismo como uma vantagem em algumas esferas, não uma cruz para carregar," afirma Mottron.
  
   Inteligência autêntica

   Mottron e sua equipe demonstraram de forma firme e sistemática as habilidades - e às vezes as superioridades - dos autistas em múltiplas operações cognitivas, tais como a percepção e o raciocínio, entre outras.
   Seu grupo inclui vários autistas, dos quais Michelle Dawson é um sucesso em particular. Michelle está dando grandes contribuições para a compreensão da condição por meio de seu trabalho e de seu julgamento.
   "Michelle desafiou a minha percepção científica do autismo," confessa Mottron.
   Esse desafio levou à interpretação dos pontos fortes do autista como a manifestação de uma inteligência autêntica, e não de uma espécie de truque do cérebro que lhes permite executar tarefas inteligentes sem pensar.
  
   Variação da espécie humana

   "É incrível para mim que há décadas os cientistas estimem a magnitude da deficiência mental baseando-se na aplicação de testes inadequados e na interpretação incorreta dos pontos fortes dos autistas," diz Mottron.
   "Nós cunhamos uma palavra para isso: normocentrismo, ou seja, o preconceito que você tem de que se você faz ou é algo, é normal, e se o autista faz ou é, então é anormal," acrescenta.
   O pesquisador afirma lamentar o fato de que muitas crianças autistas acabam fazendo trabalhos repetitivos, trabalhos braçais, apesar de sua inteligência e da aptidão para dar contribuições mais significativas para a sociedade.
   "Michelle e outros indivíduos autistas têm-me convencido de que, em muitos casos, as pessoas com autismo precisam mais do que tudo é de oportunidades, muitas vezes de apoio, mas raramente de tratamento," afirma.
   "Como resultado, meu trabalho e o de outros propõe que o autismo deva ser descrito e estudado como uma variante aceita dentro da espécie humana, não como um defeito a ser suprimido," conclui Mottron.


Fonte:
William Raillant-Clark
Por publicação do Argemiro no:
Foto: Google 

Nenhum comentário: