Neurocientistas explicam como o cérebro decide o que é real
Padrões no mundo, como esta formação rochosa em Ebihens, França, por vezes podem ser parecidos com rostos humanos (Erwan Mirabeau/MIT) |
Objetos parecidos com rostos estão em todo o lado. Desde a face de Jesus numa tortilha ao perfil de Elvis numa batata frita, os nossos cérebros são capazes de detectar imagens que se parecem com rostos. No entanto, o cérebro humano normal quase nunca é enganado em pensar que tais objetos são realmente rostos humanos.
Muitos estudos anteriores mostraram que os neurónios no gyrus fusiforme, localizado na parte inferior do cérebro, reagem preferencialmente às faces. A equipa de cientistas decidiu então investigar como essa região do cérebro decide o que é e não é uma cara, especialmente em casos onde um objeto muito se assemelha a um rosto.
Para realizar a investigação, os cientistas criaram um contínuo de imagens que incluíam umas que nada se pareciam com caras e outras que eram verdadeiras faces.
Os lados esquerdo e direito do cérebro assumem papéis diferentes no processamento visual |
Em seguida, a equipe usou ressonância magnética funcional (fMRI) para digitalizar os cérebros dos participantes à medida que categorizavam as imagens. Inesperadamente, os neurocientistas encontraram padrões de atividade diferentes em cada lado do cérebro: do lado direito, os padrões de ativação dentro gyrus fusiforme permaneceram bastante consistentes para todas as imagens do rosto humano verdadeiro, mas mudou drasticamente para todas as imagens que não o eram, independentemente do quanto se assemelhavam a uma cara. Isto sugere que o lado direito do cérebro está envolvido em fazer a declaração categórica se uma imagem é ou não um rosto.
Entretanto, na região análoga do lado esquerdo do cérebro, os padrões de atividade mudaram gradualmente à medida que as imagens se tornavam mais parecidas com caras, e não havia nenhuma divisão clara entre faces verdadeiras e falsas. A partir daí, os investigadores concluíram que o lado esquerdo do cérebro divide as imagens em escalas de quão semelhantes são com rostos, mas sem as atribuir a uma categoria ou outra.
Relações temporais entre dois hemisférios
A chave para a investigação foi a tecnologia de análise de imagens que permitiu que os cientistas pudessem examinar padrões de atividade em toda a gyrus fusiforme.
Os cientistas descobriram que o lado esquerdo faz primeiro o seu trabalho e, em seguida, passa informações para o lado direito. No entanto, esperam obter provas mais sólidas de relações temporais entre os dois hemisférios com estudos utilizando eletroencefalografia (EEG) ou magnetoencephalography (MEG), duas tecnologias que oferecem uma visão muito mais precisa sobre o calendário da atividade cerebral.
Os investigadores do MIT também esperam descobrir como e quando os lados direito e esquerdos do gyrus fusiforme desenvolvem estas funções independentes através do estudo de crianças cegas que têm a visão restaurada numa idade jovem.
*MIT
Massachusetts Institute of Technology
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