Os programas sociais do governo foram, para muitos,
um espelho revelador do elitismo que caracteriza a sua visão de mundo:
"Para mim, sim; para eles, não". Bolsa Família, Bolsa Escola, ProUni,
Brasil Carinhoso, Brasil sem Miséria, Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida,
entre outros, foram combatidos pelos representantes desse elitismo, na grande
mídia e no Congresso.
Esse combate refletiu a estranheza, o
constrangimento e a revolta que muitos sentiam ao conviver, no dia a dia, com
novos personagens em meios antes exclusivos:
"O que essa turma está fazendo no meu
aeroporto?"
"O quê! Esta família vai jantar no meu
restaurante?"
"Peralá! Shopping é lugar de passeio dessa
gente?"
"O que o meu porteiro está fazendo na minha
cidade estrangeira preferida?"
Um desses programas, baseado na visão solidária e
inclusiva do mundo, acaba receber mais um petardo vindo de uma representante de
um mundo que custa a perceber que já morreu. Uma escritora, uma intelectual que
se orgulha do rótulo de "artista" (Lya Luft), escreve na edição mais
recente da "Veja" (onde?), sobre a educação inclusiva, política
pedagógica de convivência entre deficientes e alunos regulares, nas salas de
aula:
"O politicamente correto agora é a inclusão
geral, significando também que crianças com deficiência devem ser forçadas (na
minha opinião) a frequentar escolas dos ditos 'normais' (também não gosto da
palavra), muitas vezes não só perturbando a turma, mas afligindo a criança, que
tem de se adaptar e agir para além de seus limites - dentro dos quais poderia
se sentir bem, confortável e feliz".
http://meufilhotemmielo.blogspot.com.br/2012/12/absurdo.html
Ou seja, "inclusão geral" é somente um
modismo politicamente correto – e não uma expressão do espírito de
solidariedade do ser humano. Deficientes são "forçados" a conviver
com seus coleguinhas da escola tradicional e se "afligem" por isso.
Falando por eles, a escritora afirma que se sentiriam "bem, confortáveis e
felizes" se segregados do convívio com crianças da mesma idade.
Na verdade, a escritora está somente projetando
seus sentimentos sobre aquelas crianças: é ela que se sente "forçada"
a conviver com realidades que preferia evitar; é ela que se "aflige"
e se "perturba" com essa nova situação; é ela que sente dificuldade
em se "adaptar" a algo que está "além dos seus limites"
restritos – dentro dos quais vivia "bem, confortável e feliz". Um
retrato perfeito do estrago que os novos tempos estão causando nos corações e
nas mentes dos elitistas.
Por trás de supostos argumentos para defender direitos
exclusivistas, vê-se claramente a imagem da tela de Edvard Munch, "O
Grito". Da boca da imagem desesperada ouvimos: "Socorro! O que eles
estão fazendo com o meu mundo?!".
No fundo, é simbólico: essa turma não consegue
acessar sentimentos de solidariedade e congraçamento nem nas festas de fim de
ano.
Um Ano Novo Solidário para todos.
Fonte: O Escritor
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-intolerancia-elitista-de-lya-luft
2 comentários:
Nilton, este é mais um exemplo lamentável. A sociedade brasileira ainda tem muito que crescer. Tempos atrás, eu li por acaso um ou outro artigo de Lia Luft e nunca mais fui atrás de outro.
Aqui se dá espaço na mídia sem uma avaliação prévia - e depois a pessoa vai ficando. E quanto mais m... escreve, mais é garantido o seu lugar. Coisa difícil de entender.
Valeu pela postagem.
Perfeito,Nilton. Zona de conforto de muitas pessoas,nem q isso custe dor ,angústia e sofrimento do próximo.Parabéns!
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