Texto de autoria de Camila Gadelha, psicóloga
formada pela UFAM – atualmente, fazendo especialização em Psicologia Clínica no
Instituto de Psicologia Fenomenológica Existencial do Rio de Janeiro, tendo o
autismo como objeto de estudo.
Nas últimas semanas venho escrevendo sobre autismo
e dando ênfase as crianças e adolescentes, mas no texto de hoje escreverei
algumas considerações sobre o autismo na idade adulta. Pouco pode se encontrar
na literatura a respeito do assunto, e talvez essa falta de pesquisa sobre o
autismo no adulto faça crescer o mito de que na idade adulta, a criança que foi
diagnosticada com autismo necessariamente sairá no espectro.
É fato que existe uma necessidade de intervenção
precoce para que a criança diagnosticada com autismo possa ter maiores chances
de se desenvolver e se tornar um adulto produtivo e o mais independente
possível. Porém, se o diagnóstico na criança já é um desafio, na idade adulta é
ainda maior.
O diagnóstico no adulto frequentemente é feito
quando o indivíduo tem um filho que recebe o diagnóstico de autismo ou de outra
perturbação do espectro e as manifestações clínicas são reconhecidas como
semelhantes às que ele próprio apresentou na infância. (FOMBONNE, 2012)
Porém, muitas vezes isso não acontece, e pode ser
por conta de muitos fatores, como a falta de preparo dos profissionais que
poderiam fazer esse diagnóstico, ou do Estado que não oferece uma rede de
atendimento para essas pessoas e suas famílias. Enfim, existem muitos motivos.
Vários estudos feitos sobre a transição da
adolescência para a idade adulta demonstram que a resistência à mudança pode
aumentar, comportamentos agressivos também tendem a ser mais frequentes, como
também os comportamentos sexuais inadequados, e por não serem mais crianças, a
família tem mais dificuldade de lidar com o autista.
A prevalência de atraso mental ou estabilidade no
nível de QI da infância para a adolescência ou idade adulta tem apresentado uma
taxa de 70% a 80%. Além disso, a maioria dos adultos com autismo continua a
apresentar dificuldade no discurso e na linguagem (VOLKMAR & Col., 2005).
É importante lembrar que os sintomas do autismo que
aparecem na infância prevalecem até a idade adulta. Porém, por causa das
experiências de vida, aprendizagem e o próprio crescimento, esses sintomas
aparecerão de maneira diferente dos quais apareciam na infância.
Também tem sido feito crítica aos manuais de
diagnósticos, pois eles se pautam em um quadro típico que é apresentado por
crianças de idade escola, e como foi citado acima, os sintomas em adultos se
dão de maneira diferente.
Apesar de muitas vezes o autismo ser diagnosticado
na infância ainda existem muitos casos de adolescentes e adultos que chegam aos
médicos, psicólogos, psiquiatras sem um diagnostico de autismo fechado. E isso
é agravado por existir um interesse de pesquisa muito menor em relação ao
autismo em adultos comparado ao autismo infantil.
Ainda não é possível falar em cura, pois não se
sabe ainda qual a causa do Transtorno de Espectro Autista, mas sabe-se que existem
inúmeras técnicas para estimular o desenvolvimento das diversas áreas afetadas
pelo autismo, essas técnicas e terapias serão usadas desde o momento do
diagnóstico até o fim da vida dessas pessoas, por isso é tão importante o
diagnóstico correto e mais ainda, persistir no tratamento até a vida adulta.
Referências:
FOMBONNE, E: Autism in adult life. Can J
Psychiatry. 2012; 57(5), 273‑274.
VOLKMAR, E, PAUL, R, KLIN, A, COHEN, D. Handbook of
Autism and Pervasive
Developmental Disorders: diagnosis, development,
neurobiology and behaviour (3ed). John Wiley &
Sons, Inc: New Jersey, 2005.
FONTE:
Figura de domínio público no Google.
Inc: New Jersey, 2005.
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