Trabalho mostra que conexão fraca entre o córtex auditivo e
regiões responsáveis pelo sistema de recompensa no cérebro faz com que crianças
com autismo não se sintam motivadas a trocar informações
As crianças com autismo apresentam dificuldades em estabelecer relações sociais (Thinkstock) |
Instituição: Universidade de Stanford, EUA
Dados de amostragem: 20 crianças com autismo e 19
crianças que não sofrem com o distúrbio
Resultado: Os pesquisadores descobriram que a fraca
conexão entre o córtex auditivo e estruturas responsáveis pelo sistema
dopaminérgico no cérebro das crianças autistas pode fazer com que elas não
considerem o estímulo da fala como agradável
Um estudo publicado nesta segunda-feira no PNAS,
periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, pode ajudar a
esclarecer os motivos que levam as crianças autistas a desenvolverem problemas
relacionados à linguagem. Segundo o trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade
de Stanford, na Califórnia, a fraca conexão entre o córtex auditivo – parte
responsável por processar sons – e os centros de recompensa no cérebro das
crianças com autismo faz com que elas não reconheçam o estímulo da fala como
agradável, dificultando o aprendizado.
Para chegar à conclusão, os cientistas compararam
resultados de ressonâncias magnéticas feitas em dois grupos de crianças: um
formado por meninos e meninas autistas e outro composto por jovens sem o
distúrbio. Analisando uma região cerebral específica, o sulco temporal
posterior superior, que é ativado ao ouvir a voz, os pesquisadores descobriram
que, nos autistas, a conexão entre essa área e algumas estruturas ligadas ao
sistema dopaminérgico (o sistema de recompensa do cérebro) é extremamente
frágil.
Assim, diferentemente do que acontece no cérebro
das crianças com desenvolvimento normal, ao reconhecer o estímulo da fala, as
crianças com autismo não têm seus sistemas de recompensa ativados. Isso faz com
que elas não sintam motivação e prazer na troca de informações, nos
relacionamentos e na linguagem.
De acordo com o psiquiatra Estevão Vadasz,
coordenador do PROTEA (Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo), para os autistas
"todo processamento de informações gera um desprazer, pois o recebimento
de estímulos por qualquer um dos sentidos é uma espécie de tsunami,
extremamente caótico", afirma.
FONTE:
VEJA SAÚDE
VEJA SAÚDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário