A faixa etária em que o TDAH pode ser diagnosticado amplio de 7 para 12
anos.
Veja o que isso significa na prática.
TDAH; menino; pulando; brincando (Foto: Shutterstock) |
Queixa das mais comuns nos serviços de apoio
educacional e psicológico, estima-se que o Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) afete cinco em cada 100 crianças no Brasil e no mundo.
Identificar o transtorno não é fácil, já que os sintomas podem sugerir outras
doenças psiquiátricas ou simples problemas de comportamento. Mas, entre todas
as dificuldades, uma delas começa a diminuir – pelo menos nos Estados Unidos.
Até pouco tempo, considerava-se que os sintomas deveriam aparecer antes dos 7
anos de idade para que a criança fosse diagnosticada com o distúrbio. Agora, a
Associação Americana de Psiquiatria acaba de ampliar essa faixa etária para 12 anos,
conforme medida publicada na quinta edição do Manual de Estatística e
Diagnóstico de Transtornos Mentais (o DSM) que traz também outras mudanças em
relação à abordagem do TDAH.
Ou seja, é muito provável que aumentemos
diagnósticos, já que muitos quadros são percebidos apenas quando a criança vai
para o ensino fundamental. O que isso muda para os pais? Nos Estados Unidos, o
sistema de saúde será obrigado a tratar também quem começa a apresentar
sintomas após os 7 anos, o que não ocorre hoje. E tanto lá quanto aqui as
crianças poderão ter o diagnóstico correto.
Por enquanto, a orientação continua a mesma: ao
desconfiar de que seu filho tem o transtorno, recorra a um psiquiatra,
independentemente da idade dele, mas, lembre-se de que o tratamento com remédios
só deve começar a partir dos 6 anos. “Normalmente, as pessoas adiam a busca por
ajuda até os prejuízos à vida da criança se tornarem significativos”, lamenta o
psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, coordenador do ambulatório de TDAH na
infância e adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
(SP).
A seguir, o médico explica o que muda, na prática,
com as novas diretrizes.
Por que a alteração foi feita?
Não é simples fechar o diagnóstico até os 7 anos.
Estudos demonstram que muitas crianças só têm sintomas evidentes após o
ingresso na escola, quando a atenção é mais exigida. Se não ampliassem o prazo,
esse grupo ficaria sem diagnóstico correto e tratamento.
Qual o impacto disso?
A maioria dos casos aqui no Brasil já é
diagnosticada depois dos 7 anos, quando a criança entra na escola e chegam as
reclamações de comportamento e dificuldades de aprendizado. A novidade mais
significativa é que antes não se podia diagnosticar TDAH se a criança tivesse
um quadro de autismo, pois todos os sintomas eram atribuídos exclusivamente a
ele. Agora, ambas as doenças podem ser tratadas conjuntamente. O fato é que o
Brasil segue a CID 10 (Classificação Internacional das Doenças), da Organização
Mundial da Saúde. Por causa disso, o DSM influi pouco. Só que a CID 10 também
está em processo de atualização e levará em conta critérios do manual americano
de psiquiatria.
Há quem critique o excesso de medicação para
TDAH...
É claro que há muito diagnóstico indevido, mas é
absurdo negar a existência do transtorno ou supor que são prescritos remédios
demais. De vez em quando, são publicados dados sobre o aumento na prescrição e
na venda de metilfenidato, a principal droga empregada no controle do TDAH. Mas
um levantamento do número de caixas vendidas mostra que nem 1% das pessoas com
a doença tomam o medicamento no Brasil.
Tire suas dúvidas
PODE SER
TDAH
O transtorno se manifesta por 18 sintomas. Conheça
alguns deles:
1 - A criança parece não ouvir quando se fala com
ela.
2 - Ela mexe com as mãos ou pés ou se remexe o
tempo todo na cadeira.
3 - Corre de um lado para outro ou sobe onde não
deve com frequência.
4 - Não presta atenção em detalhes ou, por
descuido, erra nas tarefas escolares.
5 - responde logo a uma pergunta que nem acabou de
ser feita.
NÃO É TDAH
Embora sejam similares aos sintomas da doença,
algumas atitudes podem ter outros gatilhos:
1 - Efeitos colaterais de alguns medicamentos, como
os antialérgicos, podem interferir no comportamento normal da criança.
2 - Quadros psiquiátricos como ansiedade, depressão
e distúrbio bipolar eventualmente provocam impulsividade e agitação.
3 - A própria personalidade da criança, que pode
ser brincalhona. Não é motivo de preocupação se ela se sair bem na escola.
4 - Diante de situações novas, como ir ao teatro,
por exemplo, ela pode ficar nervosa, agitada.
5 - Falta de limites e de uma educação adequada
também fazem com que ela apronte além da conta.
FONTE:
Por
Cida de Oliveira
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