Recém-lançado no Brasil, o livro "Passarinha"
traz
a história de Caitlin,
10 anos, autista e portadora da Síndrome de Asperger
Foto: Divulgação / Divulgação |
Kathryn Erskine é uma escritora americana da literatura
infantil que já ganhou vários prêmios com seus romances.
Sua nova obra,
Passarinha, que acaba de ser lançada no Brasil durante a Bienal do Livro, no
Rio de Janeiro, traz a história de Caitlin, 10 anos, autista e portadora da
Síndrome de Asperger. A personagem perde o irmão em uma tragédia.
Com a morte do familiar, se vai a ponte com o
mundo, já que ele era seu tradutor da realidade. Ela precisa se virar sozinha,
porque o pai fica devastado.
Apesar de ter escrito uma ficção, a autora — que
tem uma filha autista de 16 anos — baseou-se em extensa pesquisa científica
sobre o tema.
Na entrevista a seguir, saiba um pouco mais sobre o
que passa na cabeça de uma criança com autismo, e entenda melhor seu
comportamento.
Vida — O seu livro chamou a atenção da crítica por
tratar de um tema pouco comum na literatura de forma sensível e ilustrada. Qual
foi a sua intenção com essa publicação?
Kathryn Erskine — Minha esperança é que os leitores
possam entender melhor o espectro do autismo. Estando dentro da cabeça dela,
eles podem ter uma ideia de como é ter autismo de alto funcionamento. Eu
acredito que quando entendemos algo, então nós somos muito mais tolerantes e se
sentir mais à vontade, porque a situação não é mais tão estranho.
Vida — Nas primeiras páginas do livro, percebe-se
que você trata do autismo no contexto familiar. Como a família pode ajudar um
filho ou irmão que tenha autismo?
Kathryn — A família é o primeiro sistema de suporte
da criança. A família conhece ele ou ela melhor que ninguém. Toda a família
pode ajudar, os pais e irmãos, bem como tias, tios, avós, etc. A família é um
lugar seguro para a criança estar, especialmente após o dia na escola, que é
bastante desgastante. Pense em ter que conduzir uma situação durante todo o dia
que você não entende. Isso é o que se sente uma criança com autismo.
Compreensão e ajuda são importantes, mas também as regras e ordem são
importantes. Isso ajuda a tornar uma criança com autismo se sentir segura e ser
capaz de prever o que vai acontecer, o que é de particular interesse para essas
crianças. Há tanta coisa em seu mundo que fica fora de controle que os limites
e previsibilidade são muito importantes.
Vida — O que todos deveriam saber sobre como lidar
com esta doença?
Kathryn — Realmente, aprender tanto quanto puder e
ter paciência. Também ser direto ajuda muito. Se a criança faz algo e você quer
que ela pare, então você fala "eu gostaria que você não fizesse isso"
ou "eu preferia que você fizesse aquilo" não tem muito significado.
Você pode pedir a eles que parem, e talvez explicar por que é importante parar
e claramente o que deveriam fazer.
Vida — Em que você se inspirou para escrever esse
livro?
Kathryn — Desde que minha filha está no espectro do
autismo, embora o dela é muito leve, eu entendo como isso pode ser frustrante -
tanto para a pessoa com autismo e aqueles que lidam com essa pessoa. Eu queria
compartilhar isso com os outros na esperança de que eles possam entender e ter
um tempo mais fácil se comunicar. Então, muitas pessoas já me disseram que eles
agora entendem o seu primo ou aluno ou amigo muito melhor agora. Isso é muito
gratificante.
Vida — Quais os desafios para um autista na
educação? Ser professor de uma pessoa com essa doença requer esforços
adicionais dos professores?
Kathryn — Sim, exige um esforço adicional porque
você tem que entender a criança e antecipar as suas reações. Interrupções na
rotina muitas vezes são difíceis para as crianças com autismo, assim como
barulhos e luzes, e multidões ou empurra-empurra, assim, por exemplo, se a sua
escola está tendo uma evacuação de fogo, é uma boa ideia para deixar a criança
saber antes do tempo ou levar a criança fora da escola antes dos outros
evacuar. Quanto mais o professor sabe sobre como a criança lida com o estresse
e como acalmá-lo, ou evitar a reação, melhor. Como com qualquer criança, pode
ser um trabalho duro, mas as recompensas são grandes.
FONTE:
Lara Ely
lara.ely@zerohora.com.br
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