domingo, 2 de fevereiro de 2014

Convivendo com o autismo



O autismo é plural, tem especificidades e variações que não permitem delinear um perfil único. Conheça passos para entender e conviver com o transtorno
Não é um mundo de isolamento ou de impossibilidades. O Transtorno do Espectro Autista leva no nome o leque variado que as pessoas nele diagnosticadas podem apresentar. Cada caso tem limitações e possibilidades de desenvolvimento que escapam de formas prontas e entram na dinâmica da vida. O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, tem fator genético relevante, causas ambientais relacionadas, mas ainda poucas certezas sobre o que realmente é decisivo para sua manifestação. As pesquisas apontam para incidência quatro vezes maior em homens e 20 vezes maior em famílias que já possuem o autismo em seu histórico, explica Fátima Dourado, médica, presidente da Casa da Esperança e mãe de dois autistas.
Os casos são variados, o que impossibilita traçar um perfil único. A  variedade é imensa e muda de forma considerável de caso para caso. Assim, existem autistas que apresentam comprometimento da comunicação e deficiência intelectual associada e qualidade de vida diminuída. Mas também existem os que apresentam limitações consideradas leves ou moderadas no desenvolvimento da linguagem, na interação social e, com acompanhamento, têm qualidade de vida preservada e podem ser excepcionais em algumas áreas.
Com acompanhamento adequado, pessoas diagnosticadas podem ‘caminhar’ dentro do espectro, passando de um comprometimento moderado para um comprometimento leve no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem e da comunicação, por exemplo. Mesmo assim, a cura do autismo não deve ser realidade em 2014.
Os primeiros registros urgiram na década de 1940, quando a neurociência não tinha as ferramentas atuais. Mas o transtorno ainda se revela um desafio para a ciência e para os especialistas. Mas ao longo dos anos, os resultados do desenvolvimento dos diagnosticados vêm aumentando as respostas e a esperança.

Como no caso de Luiz Eduardo Mapurunga (foto), 9. Encaminhado quando tinha 2 anos e meio à Casa da Esperança para avaliação e atendimento, acabou sendo adotado. “Logo nos apaixonamos. Ficamos sabendo da sua disponibilidade de adoção e não pensamos duas vezes. Foi tudo muito natural, acreditamos que ele já era nosso, desde sempre”, conta a mãe, Tatyana Braida. Com atendimento diário na instituição, Luiz Eduardo já obteve vários avanços.
A presença do autismo na sociedade vem sendo indicada como maior nos últimos anos, já se falando de um caso a cada 100 pessoas. Mas o autismo ainda é um assunto misterioso para muitos. Com a atenção voltada para a personagem Linda, da novela global Amor à Vida, a curiosidade e as discussões sobre o transtorno aumentaram. Polêmicas sobre a caracterização da personagem, a mudança ao longo da trama e a possibilidade do envolvimento amoroso envolveram famílias, profissionais e curiosos.
Para a neuropsicóloga e coordenadora da ONG Autismo e Realidade, Joana Portolese, o momento atual é importante, pois as pessoas estão em busca de conhecer o transtorno. Para ela, a informação fecha as janelas do preconceito e abre as possibilidades de compreensão do assunto e de uma convivência com o autismo de outra forma, melhor para todos.
Por:
Samaisa dos Anjos

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