O autismo é plural, tem especificidades e variações
que não permitem delinear um perfil único. Conheça passos para entender e
conviver com o transtorno
Não é um mundo de isolamento ou de impossibilidades.
O Transtorno do Espectro Autista leva no nome o leque variado que as pessoas
nele diagnosticadas podem apresentar. Cada caso tem limitações e possibilidades
de desenvolvimento que escapam de formas prontas e entram na dinâmica da vida.
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, tem fator genético
relevante, causas ambientais relacionadas, mas ainda poucas certezas sobre o
que realmente é decisivo para sua manifestação. As pesquisas apontam para
incidência quatro vezes maior em homens e 20 vezes maior em famílias que já
possuem o autismo em seu histórico, explica Fátima Dourado, médica, presidente
da Casa da Esperança e mãe de dois autistas.
Os casos são variados, o que impossibilita traçar um
perfil único. A variedade é imensa e
muda de forma considerável de caso para caso. Assim, existem autistas que
apresentam comprometimento da comunicação e deficiência intelectual associada e
qualidade de vida diminuída. Mas também existem os que apresentam limitações
consideradas leves ou moderadas no desenvolvimento da linguagem, na interação
social e, com acompanhamento, têm qualidade de vida preservada e podem ser excepcionais
em algumas áreas.
Com acompanhamento adequado, pessoas diagnosticadas
podem ‘caminhar’ dentro do espectro, passando de um comprometimento moderado
para um comprometimento leve no que diz respeito ao desenvolvimento da
linguagem e da comunicação, por exemplo. Mesmo assim, a cura do autismo não
deve ser realidade em 2014.
Os primeiros registros urgiram na década de 1940,
quando a neurociência não tinha as ferramentas atuais. Mas o transtorno ainda
se revela um desafio para a ciência e para os especialistas. Mas ao longo dos
anos, os resultados do desenvolvimento dos diagnosticados vêm aumentando as
respostas e a esperança.
Como no caso de Luiz Eduardo Mapurunga (foto), 9.
Encaminhado quando tinha 2 anos e meio à Casa da Esperança para avaliação e
atendimento, acabou sendo adotado. “Logo nos apaixonamos. Ficamos sabendo da
sua disponibilidade de adoção e não pensamos duas vezes. Foi tudo muito
natural, acreditamos que ele já era nosso, desde sempre”, conta a mãe, Tatyana
Braida. Com atendimento diário na instituição, Luiz Eduardo já obteve vários
avanços.
A presença do autismo na sociedade vem sendo
indicada como maior nos últimos anos, já se falando de um caso a cada 100
pessoas. Mas o autismo ainda é um assunto misterioso para muitos. Com a atenção
voltada para a personagem Linda, da novela global Amor à Vida, a curiosidade e
as discussões sobre o transtorno aumentaram. Polêmicas sobre a caracterização
da personagem, a mudança ao longo da trama e a possibilidade do envolvimento
amoroso envolveram famílias, profissionais e curiosos.
Para a neuropsicóloga e coordenadora da ONG Autismo
e Realidade, Joana Portolese, o momento atual é importante, pois as pessoas
estão em busca de conhecer o transtorno. Para ela, a informação fecha as
janelas do preconceito e abre as possibilidades de compreensão do assunto e de
uma convivência com o autismo de outra forma, melhor para todos.
Por:
Samaisa
dos Anjos
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