Cantinas e pizzarias vêm contratando jovens com
síndrome de Down e autismo leve, mas rejeitando a conotação assistencialista.
Emanuele Raffaele, 24, está aprendendo a culinária
observando o chef de seu restaurante
(Foto: Erika
Zidko/BBC)
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Jovens com deficiência intelectual, síndrome de
Down e autismo leve têm conquistado espaço profissional em novas cantinas e
pizzarias italianas, que tentam expandir sua contratação para todo o país.
Muitos desses restaurantes são criados por
associações e cooperativas, já incorporando a mão de obra de jovens com
deficiência que passaram por cursos de especialização.
Só na Locanda dei Girasoli, em Roma, 15
funcionários com necessidades especiais trabalham na cozinha, servindo às mesas
ou na fabricação de doces.
Graças ao sucesso da experiência, os responsáveis
estão abrindo outras filiais do restaurante, uma delas em Palermo, na Sicília,
e pensam em transformar a ideia numa franquia.
"Recebemos diversos pedidos de consultoria por
parte de associações e restaurantes interessados em adotar o nosso modelo.
Estamos criando um protocolo com ajuda de especialistas de diferentes setores,
porque não se trata de um sistema para atrair clientes ou para fazer
assistencialismo", disse à BBC Brasil o presidente da Cooperativa Social Síntese,
responsável pela gestão do local, Enzo Rimicci.
"É muito importante evitar especulações. Nosso
objetivo é o acesso efetivo desses jovens ao mercado de trabalho",
afirmou.
No restaurante, os funcionários portadores de
deficiência têm o mesmo tratamento previsto aos trabalhadores da categoria.
"São todos remunerados, inclusive os estagiários. Assim como os demais,
eles também recebem treinamento e têm horário de trabalho e funções
específicas", disse Rimicci.
Como em qualquer atividade comercial, os empregados
passam por um processo de seleção. "O trabalho em restaurantes requer
agilidade. É preciso dizer sem rodeios que são pessoas com deficiências
cognitivas e que nem todas são aptas a realizar este tipo de atividade",
explica.
"Os que não superam o período de prova certamente
poderão realizar um outro trabalho. Há sempre uma oportunidade para
todos".
Boa comida e integração social
Para o ajudante de cozinha Emanuele Raffaele, jovem
de 24 anos com síndrome de Down, o segredo da boa cozinha é o cuidado com os
ingredientes.
"Para preparar algo bom é necessário lavar bem
as hortaliças e verduras, saber cortar as partes duras ou eliminar as folhas
ruins". Para ele, poder trabalhar na cozinha é uma conquista e o próximo
passo é aprender a preparar peixes. "Vejo tudo com os olhos, depois
memorizo e repito tudo o que o chef faz", disse à BBC Brasil.
Viviana Ponzelli, 39, é garçonete no local há oito anos e portadora da síndrome de Down (Foto: Erika Zidko/BBC) |
Segundo a mãe de Emanuele, Antonella Marrazzi, o
trabalho no restaurante tem ajudado o filho a amadurecer. "Vejo que a cada
dia ele adquire mais segurança no modo de relacionar-se com os colegas e com os
chefes no seu trabalho. Hoje ele se sente importante", disse.
Entre os funcionários especiais, a mais antiga da
casa é Viviana Ponzelli, garçonete de 39 anos e portadora de Down, que trabalha
no local há oito anos. "Preparo a mesa e sirvo os clientes. Estou bem
aqui", contou.
"Se os clientes vissem que os portadores de
deficiência estão no nosso restaurante sem fazer nada, pensariam que estão
fazendo beneficência. Não é o nosso caso. As pessoas vêm ao nosso local porque se
come bem e porque há jovens com algumas dificuldades fazendo o próprio
trabalho", afirma o responsável pelo restaurante.
Em toda Itália
Outro local em Roma a empregar pessoas com
deficiências intelectuais é a Trattoria degli Amici, localizado no bairro de
Trastevere. Em Florença o restaurante I ragazzi del Sipario abre apenas para
almoço, enquanto em Milão o serviço de catering do Laboratório Procaccini
Quattordici deve ser reservado com muita antecedência.
Em Modena, o La Lanterna di Diogene emprega jovens
com síndrome de Down inclusive na própria horta.
Aberto em Turim em 2008, o Caffè Basaglia também
conta com funcionários especiais. O nome é uma homenagem ao psiquiatra Franco
Basaglia, responsável pela lei de 1978 que aboliu os manicômios na Itália em
favor da criação de redes de serviços territoriais de assistência às pessoas
com distúrbio mentais.
FONTE:
da BBC
da BBC
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/05/jovens-com-deficiencia-ganham-espaco-em-restaurantes-italianos.html
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