Doença atinge 70 milhões de pessoas no mundo.
No
Brasil, são cerca de 2 milhões
Deiseone Matilde Verônica tem 34 anos e há sete
ganhou sua primeira e única filha, Thaiane Fernanda Verônica. Quando a
garotinha completou seis meses de vida, a mãe começou a desconfiar que havia
algo errado em seu desenvolvimento. O primeiro temor era de que o bebê fosse
surdo, já que Thaiane era muito parada e quase não se mexia. O exame de audição
não apontou problemas, mas por outro lado os pais descobriram que a moleira da
criança já estava fechada e a pediatra pediu que a mãe esperasse para monitorar
a evolução da filha. Deiseone esperou até que ela completasse nove meses e
voltou a procurar especialistas. Quase com 2 anos, Thaiane deu os primeiros
passos. Mas só aos 3 foi encaminhada ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde um
psiquiatra deu o diagnóstico: a menina sofria do transtorno do espectro
autista.
“O diagnóstico precoce foi muito bom para minha
relação com Thaiane, pois o contato físico e visual dela melhorou e acho que
isso também ajudou na socialização”, diz Deiseone. Ela conta que tem uma boa
comunicação com a filha. Ela me pede água, pede copo e anda normalmente. Tento
proporcionar um bom ambiente para minha filha. Vou com ela à terapia
comportamental-cognitiva, fonoterapia e terapia ocupacional. Levo Thaiane na
escola e, como é longe, fico lá esperando”, conta a dona de casa, que vive em
função da filha.
Mãe mostra como é o tratamento do filho com autismo:
https://www.youtube.com/watch?v=7L-E3uL3TxQ
Mãe mostra como é o tratamento do filho com autismo:
https://www.youtube.com/watch?v=7L-E3uL3TxQ
SAIBA MAIS...
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atendimento precisa ser ampliado
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recém-nascidos
Tema constantemente debatido por especialistas, o
diagnóstico precoce do autismo – que, segundo estimativas da Organização
Mundial de Saúde, atinge 70 milhões de pessoas no mundo e no Brasil cerca de 2
milhões –, ainda não é consenso entre os profissionais da área médica. Vem
ganhando força porém a tese de que iniciar uma intervenção o quanto antes,
quando a criança apresenta os primeiros possíveis sintomas, ajuda os pais a
ganhar um tempo precioso para estimular o cérebro de seus filhos portadores do
problema. De acordo com Fábio Barbirato, psiquiatra da infância e da
adolescência e coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria Infantil da
Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, hoje é possível detectar o autismo
numa criança entre 12 meses e 18 meses de vida. Para isso, porém, é preciso
profissionais treinados.
“Há 20 anos, quando comecei a conhecer a
psiquiatria da infância, não se falava em diagnósticos antes dos 5 anos de
vida”, lembra o psiquiatra. Segundo ele, há 10 anos, apenas uma criança de até
cinco anos era atendida por mês em seu consultório e no serviço de saúde. Hoje
são em média 20 crianças por semana no consultório e outras 20 no serviço de
saúde. Para Barbirato, isso ocorre porque os pais estão perdendo o medo de
encarar o problema e levando seus filhos mais cedo ao consultório psiquiátrico.
Deiseone Matilde está sempre com Thaiane. Diagnóstico aos 3 anos, segundo a mãe, foi fundamental para o desenvolvimento da filha (Marcos Michelin/EM/D.A Press) |
O autismo, de fato, é uma doença de diagnóstico
difícil, que apresenta sinais raramente conclusivos. Quanto antes os pais
levarem seus filhos para avaliação médica, melhor. Uma abordagem desse tipo
adotada por pesquisadores do Davis Health System, ligado à Universidade da
Califórnia (EUA), vem, aparentemente, eliminando sintomas e atrasos no
desenvolvimento de crianças autistas que receberam estímulos específicos a
partir dos seis meses.
Publicado no Journal of Autism and Developmental
Disorders, o estudo aplicou a terapia chamada infant start (início da infância)
em sete crianças diagnosticadas com o transtorno. De acordo com os
pesquisadores, o programa busca alterar seis comportamentos que podem ser
observados nos primeiros meses de vida: fixação visual em objetos, repetição
anormal de movimentos, ausência de atos intencionais de comunicação,
desinteresse na interação social, desenvolvimento da fala abaixo do esperado e
baixa resposta a interações afetivas pelo olhar e pela voz.
Para implementar a estratégia, os médicos contaram
com a participação de importantes aliados, os próprios pais dos pequenos
pacientes, que se transformaram em verdadeiros terapeutas dos bebês que tinham
entre seis e 10 meses quando começaram a ser tratados. “A mãe e o pai estão ao
lado das crianças todos os dias e é nos pequenos momentos, como a troca de
fraldas, a hora de comer, os passeios e as brincadeiras, que eles influenciam
no aprendizado dos bebês”, explica Sally Rogres, uma das autoras do artigo.
Arthur Kummer, psiquiatra de crianças e
adolescentes e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
explica que “o conceito de autismo vem sendo lapidado. A definição atual
ressalta que a principal alteração provocada pelo autismo é na habilidade
comunicativa. Essa observação vem permitindo a definição de diagnósticos com
mais frequência e de casos mais leves.”
Alteração da habilidade comunicativa é um dos principais sintomas que ajudam a definir os casos, egundo o psiquiatra Arthur Kummer |
Pesquisa do governo americano mostra que o número
de casos de autismo em 2010 (últimos dados disponíveis) aumentou quase 30% em
relação aos dados anteriores (de 2008), quando se apontava que havia um caso
para cada 88 crianças e quase 60% em comparação com 2006, quando foi registrado
um caso para 110 crianças normais. A maioria das crianças foi diagnosticada
após os 4 anos. Em 2010, essa relação subiu para uma em cada 68 crianças com 8
anos de idade. Os números são do CDC (Center of Diseases Control and
Prevention), órgão máximo do governo americano para a saúde. Segundo Barbirato,
o espectro autista tem basicamente duas características: na socialização e na
comunicação (a criança não fala, nem aponta o que quer, ou fala mas não tem
reciprocidade social; algumas podem melhorar a linguagem, mas não conseguem
manter um diálogo) e as alterações de comportamento. Entre elas, pode haver uma
inflexibilidade com mudanças na rotina, movimentos estereotipados (repetitivos
com as mãos ou mexer o corpo de forma anormal), e um interesse não usual na
intensidade ou no foco (por exemplo, ficar aficcionado por palitos de picolé).
“Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de
80%. Aos 5 anos, cai para 70%, e acima disso fica muito prejudicada”, observa.
Risperidona
Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde
anunciou que vai disponibilizar, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde
(SUS), o medicamento risperidona. A substância age na irritabilidade e
agressividade, sintomas comuns no autismo. O ministério estima que a medida
será capaz de beneficiar 19 mil pacientes ao ano. Saiba mais.
Mitos e verdades
» Mito – O problema é causado pela relação mãe e
filho.
» Verdade – Trata-se de um transtorno do
neurodesenvolvimento de forte base genética.
» Mito – A criança não aceita afeto ou beijos.
» Verdade – Sim, pode aceitar.
» Mito – Ou a criança é superinteligente ou tem grave
défict intelectual.
» Verdade – Pode haver uma supercapacidade de
memória, mas o autista se concentra num interesse só.
» Mito – Dietas podem controlar o autismo.
» Verdade – Não existe comprovação científica sobre
isso
Fonte: Fábio Barbirato
SAÚDE PLENA
http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/09/14/noticia_saudeplena,150355/autismo-diagnostico-precoce-mostra-se-fundamental-para-que-pais-possa.shtml
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