Pesquisadores
analisam genes de cada paciente para prever remédios cada vez mais certeiros
para luta contra a doença.
Por Carolina Dantas, do G1
26/09/2016
Um novo
laboratório localizado em São Paulo criará “minicérebros” para ajudar no
tratamento personalizado de pacientes com autismo.
Inaugurado, a startup de biotecnologia Tismoo é uma parceria entre o
biólogo molecular Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, e a professora
Patrícia Beltrão Braga, da USP. Eles pretendem, por meio da análise genética
dos pacientes, obter um tratamento mais certeiro para a doença.
De acordo com
Muotri, o laboratório é o primeiro do tipo no mundo. O passo inicial do
tratamento é fazer a análise genética detalhada de cada indivíduo ou família, e
detectar a mutação que causou o autismo. Ele defende que a técnica, em alguns
casos, seja feita pelo menos com o pai, mãe e filho -- no caso de o casal
desejar um segundo filho, isso é importante.
(Foto: Tismoo/Divulgação)
Primeiro
laboratório é parceria entre pesquisadores
O último passo
é o dos “minicérebros”. Com o mapa genético do paciente em mãos, é feita uma
reprogramação celular por meio de células-tronco e são criados esses
"minicérebros" com a genética do autista. São pequenas estruturas de
neurônios que recriam em certa medida o funcionamento cerebral. Desta forma, é
possível testar quantos medicamentos forem necessários para o tratamento.
Mas o
"minicérebro" não tem uma estrutura completa e não é um cérebro em miniatura.
Ele não tem consciência, mas simula de forma rudimentar o tipo de organização
que existe no cérebro humano.
A vantagem de
usar "minicérebros" em laboratório é que eles crescem como culturas
de células e formam naturalmente uma estrutura em camadas – similar à que
existe no córtex, a superfície do cérebro, responsável pelo processamento mais
sofisticado de informações no sistema nervoso.
Possuindo
tamanho médio em torno de 30 micrômetros — largura de um fio de cabelo de bebê
– essas estruturas são maiores que os grupos isolados de neurônios em cultura
de células bidimensionais. É possível, assim, medir os impulsos elétricos que
trafegam por essa estrutura e verificar se estão ocorrendo de forma normal.
“Você pode
criar 100 ou 200 'minicérebros', gerados a partir de células-tronco. E com isso
pode testar 100 drogas ao mesmo tempo, o que é uma coisa que jamais um médico
conseguiria em um ser humano”, explicou Muotri.
Por enquanto,
o laboratório deverá focar no tratamento de autismo. Muotri diz que, no futuro,
devem expandir para outras síndromes.
Minicérebros
(Foto: Editoria de Arte/G1)
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