As opiniões de Donald Trump sobre
vacinas estão há muito tempo fora de sincronia com a ciência. As vacinas
infantis causam autismo, disse ele em um debate em 2015, ecoando suas
declarações feitas em 2014 e 2012.
Mas agora o presidente eleito
está prestes a fazer mais do que apenas passar adiante informações equivocadas:
ele nomeou um representante "antivacinação" para liderar uma comissão
sobre "vacinação e integridade científica".
O nomeado é Robert Kennedy Jr.,
cético em relação a vacinas há anos, que acredita -- assim como Trump, sem
nenhuma evidência -- que o conservante contido em algumas delas está ligado ao
autismo.
Infelizmente, não se trata apenas
de dois homens que compartilham de uma teoria que já foi completamente
desacreditada. Nos EUA, e cada vez mais no restante do mundo, a crença sobre o
perigo das vacinas está se propagando, o que faz com que alguns pais as
descartem completamente, aumentando assim o risco de que as crianças sofram e
morram de sarampo e de outras doenças que podem ser prevenidas. No Texas, que
se transformou no centro do movimento antivacinação, dezenas de milhares de
crianças estão crescendo sem vacinas, 20 vezes mais do que em 2003.
O perigo é que Trump e Kennedy
estimulem mais reações contra as exigências estaduais de que as crianças sejam
vacinadas contra as principais doenças transmissíveis antes de se matricularem
na escola.
A maioria dos estados permite
isenções religiosas a regras como essa, mas apenas 18 ainda permitem isenções
baseadas em crenças pessoais. O Texas é o maior deles e a legislatura está
debatendo várias maneiras de fortalecer sua lei. Todos os estados deveriam,
pelo menos, exigir que as escolas publicassem a porcentagem de seus estudantes
que foi vacinada para que os pais tenham a garantia de que as escolas são
seguras.
As vacinas seguras, conforme são demonstrado
por muitos estudos e relatórios. O único estudo que alguma vez afirmou ter
detectado uma ligação entre as vacinas e o autismo era uma fraude e seu autor
foi impedido de exercer a medicina.
Os médicos também demonstraram
que o calendário de vacinação recomendado para crianças não é nem muito
antecipado e nem muito apressado, como alegou Trump. Ao contrário, é importante
proteger os mais jovens de coqueluche, difteria e outras doenças e é essencial
que tomem as vacinas no momento em que elas serão mais eficazes.
Kennedy disse na terça-feira que
ele e o presidente eleito simplesmente pensam que "precisamos ler a
ciência e precisamos debater a ciência". Se os dois homens fossem tão
razoáveis, não estariam transformando as vacinas em um problema.
FONTE:
Bloomberg
http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2017/01/11/visao-de-trump-sobre-vacina-infantil-desafia-ciencia-editorial.htm
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