segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Autismo: sono e comportamento

     Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:

    



1) Inabilidade para interagir socialmente;










2)Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;


3)Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
      

      O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.     
     A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos. Devido a essa variedade de distúrbios nos casos de autismo, os portadores desses variados distúrbios agora são denominados de portadores de desordem do espectro do autismo(DAS ou ASD em inglês )
     O autismo acomete crianças de todas as classes sociais e etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente.
     O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos.
     Pesquisadores americanos de Providence fazem um estudo para avaliar as relações entre problemas do sono e comportamentos durante o dia em um grande grupo bem definido de crianças com autismo (ASD) .De uma população de registro de 3.452 crianças com ASD, um subconjunto de 1193 crianças de 4 a 10 anos de idade registradas em 14 centros em todo os Estados Unidos foi utilizada para avaliar a relação entre os diferentes níveis de problemas do sono com o comportamento durante o dia .
     Foram usados inúmeros testes psicológicos, do sono e comportamentais, além de vários analises estatísticos. Os resultados sugerem que os problemas relacionados ao sono , identificados pelos relatórios dos pais e testes das crianças têm uma relação negativa com o comportamento durante o dia .
     Mais especificamente, as crianças com ASD que tem problemas com o sono tiveram mais externalização de problemas de comportamento , e desenvolvimento de habilidades adaptativas mais pobres do que crianças com ASD e sem problemas de sono.
     Crianças com moderada a grave problemas do sono apresentaram maiores problemas de dificuldades de comportamento , mas não necessariamente mais pobre funcionamento adaptativo, que crianças com leve a moderada problemas de sono.
     Ambas as crianças na época pré--escolar e escolar demonstrou uma relação negativa entre comportamento e sono , enquanto a relação entre sono e funcionamento adaptativo foi muito mais variável nos resultados. Estes resultados sugerem que, embora o sono tem uma relação negativa com a externalização e comportamento , ele pode ter uma relação diferente com a aquisição de habilidades adaptativas.

Fonte :: Pediatrics 2012 November


domingo, 18 de novembro de 2012

Escola da Inglaterra usa robôs para interagir com crianças autista

     Os pequenos Max e Ben fazem os passos de Thriller, sucesso de Michael Jackson, imitam posições de tai chi chuan e fazem brincadeiras para atrair a atenção de algumas crianças na sala de aula. O detalhe é que os dois não passam, na verdade, de robôs humanoides usados para melhorar a interação social e a comunicação de crianças autistas em fase escolar.

     Karen Guldberg, pesquisadora da Universidade de Birmingham, diz que os robôs são uma das iniciativas tecnológicas usadas para desenvolver as habilidades sociais em crianças autistas.

     "Alunos e professores estão fazendo experiências com os robôs e outras tecnologias na fase de desenvolvimento, e eles estão mostrando resultados significativos dentro das classes. Os robôs estão agindo, inclusive, como amigos das crianças."

     Os robôs foram testados na Escola Primária Topcliffe, na região de Birmingham, na Inglaterra, e também foram aprovados pelos educadores. "Os robôs têm sido importantes no apoio ao aprendizado de crianças autistas. Você pode programa-los para ensinar idiomas e jogar games aos alunos. No futuro, eles poderão ser usados não só para estímulo no ambiente escolar , mas também dentro de casa, com a família", reflete Ian Lowe, diretor do colégio.

Fonte:

http://www.paraiba.com.br/2012/11/17/37947-
escola-usa-robos-para-interagir-com-criancas-autistas



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pitoco o Heroi da desorganização

Santa Bárbara d' Oeste - SP - 1ª Corrida pela Inclusão do Autista acontece dia 2 de dezembro



 Com objetivo de arrecadar fundos para a Associação de Monitoramento dos Autistas Incluídos de Santa Bárbara d' Oeste (AMAI SBO) e conscientizar a população sobre a existência do autismo e da necessidade da inclusão será promovido no mês de dezembro a 1ª Corrida pela Inclusão do Autista.

O evento será realizado no dia 2, a partir das 6h30 no Condomínio Residencial Dona Margarida.

      De acordo com a presidente da AMAI, Eufrásia Agizzio, a idéia surgiu por causa de dois fundadores da entidade que praticam corrida "dentro dos sócios fundadores da AMAI temos dois que praticam corrida. Queremos divulgar a existência do autismo, assim como a existência de métodos de tratamento para superação da síndrome, a necessidade da inclusão como forma de não segregação do autista e a conscientização da sociedade de que o autismo é tratável se diagnosticado precocemente", disse a presidente.

     Para participar da corrida os participantes devem se inscrever pelo site www.ativo.com especializado em corrida. O evento é corrida e também caminhada. O circuito será fechado com realização nas mediações do Condomínio Residencial Dona Margarida com 4 km de extensão. Todas as distâncias serão disputadas individualmente.

     "A equipe disponibilizará para os participantes da prova pontos de hidratação com água, banheiros químicos, guarda-volumes, ambulância e tenda médica", frisa a presidente.

     Segundo a presidente, a inscrição para a corrida será de R$ 40, a caminhada R$ 20, o idoso terá 50% de desconto e o deficiente é isento. "A pessoa que se inscreve deve chegar ao local 1h antes. Ela vai receber um kit com direito a uma camiseta do evento e no local haverá banheiros químicos para que ela se troque. Antes de participar da corrida o atleta receberá um bronzeador da natura para passar. No termino da corrida ou caminhada ela receberá uma medalha de participação. Haverá também 4 tendas montadas onde os atletas receberão frutas após e lanche ao termino da corrida”, explicou Eufrásia.

     Eufrásia Agizzio, é presidente da AMAI de Santa Bárbara e mãe do Victor, que aos dois anos de idade foi diagnosticado autista. Segundo ela, "é fundamental que a sociedade perceba a criança autista como outra criança qualquer, com desejos, expectativas, potencialidades e sentimentos, de maneira a eliminar preconceito e garantir seu desenvolvimento".

     Outras informações sobre a 1ª Corrida pela Inclusão do Autista poderão ser obtidas através dos telefones (19) 3454 2861 e (19) 9155 7479. Sobre o autismo e o trabalho realizado pela AMAI, basta acessar o site www.autismonossahistoria.com.br ou entrar em contato com a presidente da associação, Eufrásia Agizzio.

Fonte: Redação

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Adultos com autismo à mercê da sorte

Crianças com a síndrome recebem diagnóstico cada vez mais cedo, lutando pela inclusão escolar,
mas na vida adulta falta atendimento
Aos 26 anos, Vinícius está em seu primeiro emprego e tem o incentivo do patrão, Alessandro
     Crianças com a síndrome recebem diagnóstico cada vez mais cedo, lutando pela inclusão escolar, mas na vida adulta falta atendimento autismo foi descrito pela literatura médica pela primeira vez em 1943, pelo psiquiatra norte-americano Leo Kanner. Pesquisas demonstram que a prevalência da síndrome é cada vez maior (a quantidade de portadores aumentou dez vezes em quatro décadas). Semana passada, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), divulgou a estimativa de portadores do Transtorno do Espectro Autista: uma em cada 88 crianças apresentam sintomas, sendo a prevalência cinco vezes mais comum em meninos.
     Uma das explicações para o aumento das estatísticas é a melhora no diagnóstico, que acontece cada vez mais cedo e evoluiu de forma a reconhecer até mesmo os sinais mais sutis da síndrome. Mesmo antes de ser estudado pela Psiquiatria, o autismo já apresentava significativa incidência. Milhares de portadores hoje são adultos ou idosos. Sem cadastro, sem diagnóstico, sem atendimento especializado.

Rosana não consegue atendimento para o filho, Lincoln

     “Onde estão os adultos autistas? Estão em entidades de assistência social, em casas de repouso, em poucas escolas. Ou em casa, tratados como alguém com inabilidade intelectual, o que chamávamos de deficiência mental. Muitos estão sem atendimento, sem trabalho laboral adequado”, afirma o neuropediatra Sérgio Antoniuk, coordenador do Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
     Não há vagas
     A professora da rede municipal de Curitiba Rosana de Fátima Cordeiro, 43 anos, está há dois meses afastada do trabalho por estresse. Quando for liberada pelo médico para voltar ao trabalho, não sabe o que vai fazer com o filho Lincoln, 20 anos, que tem autismo e não consegue atendimento em Curitiba. “Quando consigo entrevista, a primeira coisa que perguntam é se ele está calmo. Mas sem escola ele está cada vez mais ansioso, com agressividade e instabilidade. A resposta que escuto é sempre ‘não’, porque ele tem autismo. É desesperador”, conta.    
     
Lincoln teve características tidas como normais até os 4 anos. A partir daí, veio o isolamento, a interrupção da fala, as autoagressões e a dependência para toda e qualquer tarefa. “Ele consegue apagar a luz, mas não sabe passar sabonete no corpo. Quando era pequeno, a gente dava conta, mas não imaginava o que ia passar quando ele crescesse. Vejo que faltou alguma coisa lá atrás, quando o neuropediatra pediu um monte de exames e não apareceu nada. Ficamos sem orientação, sem ajuda”, diz.
     Uma das clínicas que têm Lincoln na lista de espera é o Centro Conviver, que de forma particular atende 80 pessoas entre crianças e adultos. Não há estrutura ou profissionais especializados para ampliar o atendimento. A diretora, Luciene Vianna, diz que a cada semana recebe ao menos quatro famílias para avaliações de autismo, mas não tem como recebê-las. “Quando é um adolescente ou adulto, a situação é bem mais complicada. Pelo sistema público não há perspectiva de futuro, amparo, moradia, oficina de treinamento para o trabalho ou para a vida”, diz.
     Sem incentivo, primeiro emprego se torna desafio
     Com um ar de timidez e certa relutância em cumprimentar desconhecidos, Vinícius Ceccon, 26 anos, transita atarefado entre as mesas do restaurante Outback, no Shopping Curitiba. Ele foi diagnosticado com autismo na infância e frequentou uma clínica particular por alguns anos. Por indicação da clínica, conseguiu o emprego, há quase dois anos. Vai trabalhar de ônibus e gasta parte do salário com viagens, como a que fez no verão, para o Nordeste. O portador de autismo severo diz que não precisa mais de psicólogos, agora que tem um trabalho.
     No início, Vinícius apenas polia talheres, um tanto incomodado com o grande fluxo de pessoas à sua volta. Hoje, tem a mesma responsabilidade dos outros auxiliares de atendente e, com o incentivo dos colegas, já se acostumou com a grande movimentação e barulho do restaurante. “Quando ele fica ansioso com alguma coisa, vai pra um espaço mais reservado que temos aqui e passa alguns minutos lá até se acalmar. Depois volta e continua com seu trabalho normalmente. Levou um tempo, mas ele encontrou essa forma de se acalmar”, conta o proprietário do Outback, Alessandro Ilkiu. Ele diz que clientes valorizam a presença de Vinícius no local e a iniciativa do restaurante.
     Hoje, a contratação de pessoas com autismo ainda não têm incentivo do governo e elas não podem ser encaixadas nas vagas destinadas a pessoas com necessidades especiais, a menos que tenham deficiência mental ou inabilidade intelectual associada. Isso representa cerca de 40% dos portadores de autismo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
     Considerado por muito tempo um prisioneiro de seu próprio mundo, alheio a tudo que o cerca, o portador do autismo é visto hoje como alguém que precisa de ajuda para se desenvolver e se relacionar. Com um diagnóstico cada vez mais precoce e atendimento específico multiprofissional, até os casos mais severos podem ter avanços e alcançar algum grau de independência. Em casos com menor comprometimento, como os que têm a chamada Síndrome de Asperger, as altas habilidades, como grande capacidade de concentração, memória e foco, podem tornar essas pessoas bastante atrativas para determinadas áreas, como as ciências exatas.

Fonte:
conteudo.phtml?id=1240008&tit=
Adultos-com-autismo-a-merce-da-sorte#.
UKQLvB0n8JA.facebook
Fotos:
Hugo Harada / Gazeta do Povo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Gripe na gravidez dobra risco de bebê autista

Diante do vínculo observado entre a gripe da mãe e o autismo da criança, os autores do estudo recomendam às mulheres grávidas que se vacinem por precaução

Estudo:
O risco de autismo até triplicou quando as mães sofreram febre por períodos prolongados,
de sete dias ou mais de duração, antes da 32ª semana de gravidez.
   Uma gripe durante a gravidez têm duas vezes mais chances de conceber um filho autista, revela um estudo realizado na Dinamarca e publicado nesta segunda-feira nos Estados Unidos.

   A pesquisa, baseada em entrevistas com as mães, envolveu quase 97 mil crianças dinamarquesas com entre 8 e 14 anos nascidas entre 1997 e 2003. Deste total, apenas 1% (976) foi diagnóstico com autismo.

   Perguntaram às mães se haviam sofrido algum tipo de enfermidade durante a gravidez, entre as que relataram a ocorrência de gripe o risco de ter um filho autista mais que dobrou, destaca o estudo publicado pela revista americana Pediatrics.

   O risco até triplicou quando as mães sofreram febre por períodos prolongados, de sete dias ou mais de duração, antes da 32ª semana de gravidez.

   Os autores ignoram "se o tratamento com antibióticos está associado com o autismo observado". "Esta relação entre antibiótico e autismo é algo novo e ainda não confirmado".

   Diante do vínculo observado entre a gripe da mãe e o autismo da criança, os autores do estudo recomendam às mulheres grávidas que se vacinem por precaução.

   Os pesquisadores realizaram o estudo com base em resultados de uma investigação realizada com ratos que sugeriu que a ativação do sistema imunológico materno durante a gravidez pode provocar deficiências no desenvolvimento neuronal do feto.
 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Documentário revela cérebro do autista


Paula (à esquerda) e a filha Júlia Balducci ficaram satisfeitas com o resultado da filmagem
O transtorno que atinge o desenvolvimento do cérebro social — autismo — é tema de um tocante documentário gravado pela ONG Autismo & Realidade — Associação de Estudos e Apoio. Apresentado recentemente em Porto Alegre e batizado de Em Busca de um Novo Caminho — Desmistificando o Autismo, o filme de 45 minutos deve ser comercializado para um canal de televisão por assinatura nos próximos meses. Baseado na forma com o psiquiatra e idealizador da ONG Marcos Tomanik Mercadante (falecido em 2011) entendia a doença, o documentário conta com a participação de Júlia Balducci de Oliveira, portadora da Síndrome de Asperger, como assistente de direção. Formada em cinema, Júlia é portadora de uma desordem genética semelhante ao autismo e traz ao documentário a interferência real de uma pessoa que convive com o problema internamente, todos os dias. Confira a seguir a entrevista com ela:


Vida — Como foi para você fazer parte deste trabalho?

Júlia — Foi maravilhoso! Tive a oportunidade de aprender a me relacionar com os membros da equipe, me expor a situações novas e aprender sobre técnicas específicas de filmagem, roteiro e animação, além das sutilezas da profissão. Foi muito rica a experiência como assistente de direção e atriz.

Vida — Você aprendeu mais sobre você mesma fazendo este filme?

Júlia — Pude entrar em contato com outros casos de autismo e conhecer suas famílias. Tive contato com pessoas que passam por algumas coisas pelas quais eu passo também e isso foi muito bom para mim. Fiquei feliz em ver que esta experiência é o que realmente quero para a minha profissão...trabalhar com cinema.

Vida — Qual o principal mito que as pessoas têm sobre o autismo?

Júlia — Que são pessoas que ficam em suas casas, que não se relacionam com o mundo, que não têm sentimentos, que não entendem piadas e são incapazes de entrar para o mercado de trabalho. Para mim este filme é a oportunidade de demonstrar exatamente o contrário. Assim como eu, uma pessoa que tem a Síndrome de Asperger (uma das formas de autismo) pode estar no mercado de trabalho, sair de casa, conviver e participar...interagindo com as pessoas, gostando delas e amando o que faz, tais como: Steven Spielberg, Stanley Kulbrick e Alfred Hitchock.

Vida — Você enfrenta algum tipo de preconceito por causa da desinformação das pessoas?

Júlia — Muitos. As pessoas tendem a ignorar o que eu falo, o que eu penso, por não saberem lidar comigo. Elas não entendem que posso vir a gostar delas, querer a presença delas, mas não necessariamente irei querer beijá-las e abraçá-las.

Vida — Como o documentário ajuda a compreender os comportamentos de um autista?

Júlia — Conseguimos transmitir com esse documentário, exatamente a maneira com que o médico Marcos Tomanik Mercadante (in memorian) - compreendia o funcionamento do cérebro autista. Ele pensava que cada indivíduo com autismo é diferente um do outro, com comportamentos diferentes entre si. Por isso é importante planejar uma intervenção específica para cada um. A família é muito importante nesse processo e sem dúvida, ter tido um médico como ele e uma família como a minha, sempre por perto, acreditando e investindo o seu tempo em mim foi, é e sempre será muito importante para o meu desenvolvimento.

Livro é guia para entender doença

Leitura obrigatória para quem deseja entender melhor esta misteriosa doença, Mundo Singular (Editora Fontanar, 296 págs., R$ 39,90) aborda, além das questões médicas, uma série de emoções e assuntos práticos.

Escrito pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa em parceria com especialistas de sua equipe — Mayra Bonifácio Gaiato e Leandro Thadeu Reveles —, o livro é um guia para pais, professores e profissionais de saúde cujo foco é o funcionamento mental da criança com autismo e os elementos que influenciam sua vida: a família, a escola, o diagnóstico, o tratamento, a afetividade e as perspectivas futuras.

Confira, a seguir, trechos de um dos capítulos mais interessantes, de número nove, que traz as prováveis causas do autismo e seu funcionamento cerebral.

"Durante muitos anos, pais e cuidadores (muitas vezes, toda a família) de uma pessoa com autismo foram bombardeados com informações inadequadas sobre as causas do transtorno, que geravam culpa e sofrimento sem propósitos.

Entender as causas do autismo desmistifica uma série de teorias que relacionam a sintomatologia com padrões de cuidados dos pais. Mesmo após décadas, algumas teorias ainda são usadas por profissionais desavisados, e não é incomum encontrarmos mães desoladas por se sentirem responsáveis pelo autismo do filho. Os estudos genéticos nos dão uma boa base para entender o problema".

"Vários estudos e pesquisas estão focados na ligação entre os genes e o autismo. O maior deles é o Projeto Genoma do Autismo (Autism Genome Project), da Aliança Nacional para Pesquisa sobre Autismo (National Alliance for Autism Research). Esses estudos, realizados em aproximadamente 50 instituições de 19 países, investigam os 30 mil genes que forma o genoma humano, com o objetivo de identificar aqueles que desencadeiam o autismo.

Que aproximadamente 15 genes seriam os "candidatos" do autismo, isto é, uma pessoa que tiver uma associação desses genes teriam genes teriam maior probabilidade de desenvolver autismo".

Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoalLara Ely

lara.ely@zerohora.com.br





quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Programa "Eis a Questão" da TV Câmara. PL 1.631/11 (Senado Federal 168/11)


     No programa, projetos de lei e propostas de emendas à Constituição são defendidos pelos seus autores ou relatores. Do outro lado, especialistas vão sabatinar o deputado e apontar sugestões que podem colaborar para a melhoria da proposta.

     No dia 05 de Novembro de 2012 o Sr. Fernando Cotta, presidente do MOAB esteve participando do programa pois o programa teve como tema "O reconhecimento dos direitos dos autistas".

     "Os direitos das pessoas com autismo na área da saúde, da educação e também no campo profissional é tema do projeto de lei relatado pela deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). O projeto de lei 1631/11 estabelece políticas públicas para os autistas.

      Reconhecer os direitos de quem tem transtornos mentais é um avanço, mas como integrá-los à sociedade quando sabemos que nem os direitos básicos de acessibilidade das pessoas com deficiência física são atendidos? Eis a questão!"

PARTE I



PARTE II

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CÉLEBRES AUTISTAS


      A maior prova de que a síndrome de Asperger não significa incapacidade total de desenvolvimento e de relacionamento está nos seus próprios portadores. Muitos músicos, matemáticos, líderes de empresa e cientistas considerados gênios em suas áreas têm, se não o diagnóstico já fechado, traços do distúrbio tão claros que levam especialistas a colocá-los na lista dos supostos portadores de autismo. Outro podem não ter recebido um laudo positivo apenas porque não viveram tempo o bastante até que a doença fosse amplamente conhecida e diagnosticada. Confira alguns dos ilustres nomes que compõem essa lista:

     Peter Howson, pintor

     A obra do pintor escocês, famoso pelos seus retratos da guerra civil da Bósnia, no início dos anos 1990, e principalmente de trabalhadores e classes sociais mais baixas, figura nas coleções de personalidades como David Bowie, Madonna e Mick Jagger. Enfrentou problemas com o álcool e as drogas — também retratados na sua obra — e só em 2009 recebeu o diagnóstico de síndrome de Asperger.

     Jerry Newport, matemático e escritor

     O diagnóstico de Newport também veio tardiamente: apenas aos 47 anos. Newport é licenciado em matemática pela Universidade de Michigan e também portador da Síndrome de Savant, um distúrbio caracterizado por uma grande habilidade intelectual — memória apurada ou capacidade de fazer cálculos complexos, por exemplo — aliada a um déficit de desenvolvimento. Hoje, ele escreve artigos para uma revista especializada em autismo e Asperger, além de proferir palestras sobre o assunto. Sua vida e a de sua mulher, Mary Newport, também Asperger, inspirou o longa Loucos de Amor, de 2005.

     Craig Nicholls, músico

     O guitarrista e compositor australiano é conhecido por liderar a banda de rock alternativo The Vines. Antes de ter o diagnostico feito por um especialista, em 2004, o músico protagonizou algumas cenas de rebeldia que causaram problemas à banda, como o episódio, em maio do mesmo ano, em que se irritou com a plateia durante uma apresentação para a rádio Triple M, porque ouviu uma risada vinda da multidão. Antes, ele já havia destruído o cenário do Tonight Show with Jane Roy, em um ataque de rebeldia durante o ensaio, o que deixou o Vines de fora da programação do talk show. Em 2008 o The Vines cancelou shows pela Austrália e pelo Japão, em função de uma piora na saúde mental de Nicholls.

     Adam Young, músico

     O norte-americano é o criador do projeto de música eletrônica Owl City. Ele começou a produzir no porão da casa dos pais e a postar suas composições na sua página do MySpace e na loja virtual de músicas da Apple, o iTunes. O seu primeiro álbum, lançado de forma independente em 2008, chegou à 13ª posição do ranking de eletrônicos norte-americanos, o que o levou a se apresentar em uma turnê por todo o país. No ano passado, o terceiro trabalho, All Things Bright and Beautiful, alcançou o primeiro lugar de vendas no top 10 álbuns eletrônicos do iTunes, tanto nos Estados Unidos, como no Canadá.

     Tim Page, crítico musical

     Page tem formação musical e desde cedo, ainda na faculdade, começou a escrever para algumas publicações especializadas em artes e música. Nos anos 1980, entrou para o The New York Times como repórter de cultura. Nos anos 1990, pouco depois de se tornar o crítico chefe de música clássica do Washington Post, ganhou o prêmio Pulitzer pelo seu criticismo “esclarecedor e lúcido”. O diagnóstico de Asperger de Page também não veio nos seus primeiros anos de vida. Apenas em 2007, ele revelou à revista The New Yorker que finalmente havia descoberto qual era seu problema, após uma longa procura por explicações para alguns desconfortos que o acompanharam durante toda a vida. Em 2010, o crítico lançou o livro Parallel Play: Growing Up With Undiagnosed Asperger's (Jogo paralelo: crescendo com Asperger não diagnosticado, em tradução livre), ainda sem versão oficial para o português.

     Bill Gates, fundador da Microsoft

     O líder por trás da gigante de informática e um dos homens mais ricos do mundo protagoniza uma complexa discussão pelos sites e fóruns de autistas, portadores de Asperger e especialistas. Entre as evidências que o colocam como possível Asperger estão sua timidez exagerada, o comportamento estranho na infância relatado por algumas pessoas próximas, movimentos circulares e de vai e vem nos momentos de tensão e angústia e o fato de ser canhoto, algo bastante comum entre autistas. Ainda assim, se Gates algum dia recebeu o diagnóstico, ele nunca foi divulgado oficialmente.

     Albert Einstein, cientista

     Há quem diga que o criador da teoria da relatividade só não recebeu um diagnóstico ainda em vida porque o autismo ainda não era comum e estudado na época. Mas os relatos contam que ele só pronunciou as primeiras palavras aos quatro anos, tinha problemas de aprendizado na escola, se expressava com dificuldade, sonhava acordado com frequência e se expressava melhor em imagens. Além disso, uma autópsia teria revelado que o cérebro de Einstein era maior que o normal — uma característica também presente em autistas e portadores da síndrome de Asperger.

     Charles Darwin, biólogo

     Em 2009, um renomado psiquiatra norte-americano, Michael Fitzgerald, levantou a hipótese de que o cientista, criador da teoria da evolução das espécies, teria sido portador da síndrome de Asperger. Segundo Fitzgerald, Darwin era uma criança solitária e sua imaturidade emocional e medo de intimidade teriam se estendido até a vida adulta. Além disso, ele gostava de caminhar sozinho pela mesma rota diariamente, era um excelente observador e permaneceu bastante introspectivo por toda a vida.

Fonte: Correio Baziliense
Reportagem:
Carolina Samorano
Publicação: 21/10/2012

sábado, 27 de outubro de 2012

Autismo e desafios da inclusão

   Para ampliar a conscientização de todos, alguns temas devem estar sempre em pauta. Um deles é o autismo, que atinge mais de dois milhões de brasileiros, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

   O diagnóstico precoce pode fazer enorme diferença no desenvolvimento do indivíduo. Este, ainda que seja portador de limitação física ou psíquica, possui a extraordinária capacidade para se adaptar e alcançar importantes objetivos de vida. O mundo está repleto de exemplos. O que falta às vezes é o devido investimento no Capital de Deus, ou seja, na própria criatura humana.

   SINTOMAS E CUIDADOS

   Alguns autistas apresentam determinadas habilidades que superam as da média da população. “Eles têm bastante facilidade para números, decorar, resolver expressões matemáticas e para várias questões diferenciadas da vida. Mas não conseguem dar funcionalidade a isso”, explica a assistente social Simone Bruschi.

   Um ponto que prejudica o acompanhamento especializado do autista é, num primeiro momento, a negação do problema, situação frequente no seio familiar. Simone, integrante da Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (Abads), em entrevista ao programa “Sociedade Solidária”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), comenta: “Quando falamos do autismo, abordamos algo que não se pode identificar por exame de sangue, eletroencefalograma, tomografia. E o diagnóstico é muito difícil de ser aceito pela família. Existe a avaliação clínica — que é muito rica —, porém, os familiares sempre questionam: ‘Ah, não. Acho que pode ser algo diferente’”.

   Nesses casos, de acordo com Simone, devem-se buscar outros profissionais, inclusive para que também eles se envolvam na vida dessa família, dessa criança ou desse adolescente.

   É fundamental procurar um especialista ao perceber na criança qualquer indício constante de preferir ficar sozinha, de apatia diante dos brinquedos, de não reclamar por ser deixada no berço, em vez do colo dos pais. “Existem famílias que só começam a levar para o tratamento na idade escolar, quando o professor sinaliza: ‘Olha, o seu filho precisa de auxílio’. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as possibilidades de tratamento.”

   Simone ressalta que “algumas pessoas com autismo podem apresentar uma deficiência intelectual, mas não é necessariamente uma regra”.

    E aí entra um desafio, o de inserir no mercado de trabalho portadores de deficiência intelectual. “É mais fácil — não sei se posso usar essa expressão — contratar um jovem com deficiência física, por conta das acessibilidades existentes, do que alguém com deficiência intelectual, para o que não temos ainda a tecnologia assistiva. Por isso, é um desafio para o consultor de emprego apoiado. Ele tem de ir à empresa e provar que a pessoa com transtorno é capaz. É necessário um trabalho de sensibilização tanto com os empregados e colaboradores quanto com os empregadores e a família”.

  É preciso ampliar as condições para a inclusão social dos portadores de qualquer deficiência, seja física, seja intelectual.

José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
Fonte:

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Autistas, procuram-se

 Quando um homem soube do autismo do filho, resolveu que havia de ser uma vantagem no mercado de trabalho.

Thorkil Sonne, fundador da Specialisterne
     Concentração. Memória. Atenção aos pormenores. Capacidade de repetir muitas vezes a mesma tarefa, o mesmo gesto, sem se distrair. Obsessão com ordem e com classificações. Persistência. Estas qualidades são importantes nalgumas áreas profissionais - por exemplo, a informática. A um nível elevado, são raras. As pessoas com autismo tendem a tê-las mais do que as outras pessoas. É lógico aproveitar tal diferença. Assim faz uma empresa dinamarquesa especializada em testes de software.

    A Specialisterne (Especialistas, em dinamarquês) foi fundada por Thorkil Sonne, um executivo de uma firma de telecomunicações. Quando há onze anos souberam que o seu filho de 3 anos tinha autismo, ele e a mulher começaram a pensar como o poderiam ajudar a ser feliz. Concluíram que nada teria mais valor para Lars do que um trabalho onde as suas características particulares fossem apreciadas.

    Não bastava encontrar uma tarefa que ele pudesse fazer. Tinha de ser algo em que fosse especialmente qualificado, para o valorizar e o compensar das outras limitações - sociais, sobretudo - com que teria de viver.

    A resposta veio após contatarem organizações de apoio a pessoas com Desordens do Espetro Autista (DEA). Estas desordens têm em comum a dificuldade em perceber sentimentos alheios, em ler gestos e sinais, em captar sarcasmo, mas variam imensamente em grau e manifestações, desde as quase imperceptíveis até às incapacitantes.

    No lado leve do espetro está o síndrome de Asperger, cujas vítimas, geralmente descritas como altamente funcionais, incluem um bom número de génios. Consta que Einstein apresentava indícios de Asperger. E mesmo pessoas muito menos fluentes do que ele - e portanto, com desordens em zonas mais graves do espetro - podem ser extraordinárias nas respetivas áreas profissionais. A chave estava, portanto, em descobrir uma área adequada.

Mão-de-obra de primeira

    A Specialisterne verifica software e outras coisas que exigem um enorme grau de atenção - por exemplo, a localização detalhada de redes de fibra óptica. Dos seus 50 e tal empregados, 75% têm autismo. Ao serem aprovados para entrar na empresa, iniciam uma formação de cinco meses financiada pelas câmaras municipais.

    É o único apoio que a empresa recebe, uma vez que não existe tradição de empresas de responsabilidade social na Dinamarca, segundo explica Sonne. O investimento sai barato, tendo em conta o que se poupa em subsídios de desemprego e outros. Um funcionário chamado Mads diz que em mais de vinte anos é o primeiro emprego que consigo manter, e acrescenta: "A maioria dos meus colegas são como eu. Temos em comum sermos esquisitos".

    Terminada a formação, a maior parte dos empregados são colocados fora, junto dos clientes da Specialisterne. A assistência técnica que dão é considerada 'premium', e paga a condizer. Não é mão-de-obra barata nem terapia ocupacional, frisa Sonne em repetidas declarações. É trabalho de primeira fornecido por uma empresa comercial. Porque só assim, em última análise, resulta. "A nossa organização precisa do tipo de financiamento que só uma empresa com fins lucrativos pode gerar. Tem de ser bem sucedida nos termos do mercado".

    O objetivo último de Sonne é exportar o modelo de negócio pelo mundo fora. Com esse objetivo, criou uma fundação à qual entregou as ações da Specialisterne. Escócia, Islândia, Alemanha, Polónia e os Estados Unidos já adotaram ou vão adotar o modelo, e Sonne recebeu meia-dúzia de prémios europeus. A sua expectativa é que, quando o agora adolescente Lars for adulto, a situação tenha mudado o suficiente para ele não ter problemas de empregabilidade.

Reduzir o stress

    Quanto aos atuais empregados da empresa, as histórias que contam falam por si mesmas. Um trabalhava antes num supermercado. Apesar de altamente inteligente, nunca conseguia passar nas entrevistas de emprego, onde o que conta é a famosa química emocional. Aí ele falhava.

    Sonne sugere que toda a gente é social, embora de formas diferentes. O facto de alguém não dizer bom-dia não significa que não goste de conviver de vez em quando. E a dificuldade em suportar ruído, típica dessas desordens, pode implicar alguns ajustamentos no escritório (sobretudo se for um 'open space') mas não torna ninguém inapto para trabalhar.

    "As pessoas com autismo não são os únicos empregados que não florescem em open space' ou no sistema tradicional de gestão", afirma. O essencial é adaptar às características das pessoas, não impor o mesmo ambiente a todas. "Isso só provoca estresse, e os locais de trabalho já produzem demasiado disso".

    À sua estratégia dá um nome: filosofia dente-de-leão. O dente-de-leão é uma planta que a muitas pessoas vêm simplesmente como erva daninha. Outras apreciam-na como planta medicinal, rica em vitamina e ferro. "uma erva daninha é uma planta bela no lugar errado", diz Sonne. E quem decide se o lugar é errado ou certo é a sociedade

FONTE:

sábado, 20 de outubro de 2012

Menina autista realiza sonho ao cantar ao lado de Katy Perry e faz público chorar


  • O canal de televisão americano Comedy Central vai promover um evento com o intuito de arrecadar fundos para projetos, escolas e outros serviços em prol de pessoas autistas. O “Night of Too Many Stars: America Comes Together for Autism Programs” vai ao ar neste domingo (21). A fim de alertar o público, o canal publicou nesta quinta-feira (18) um teaser do programa – que viralizou na internet quase instantaneamente.
O videozinho conta a história da menina Jodi DiPiazza, diagnosticada com autismo aos dois anos de idade. Com ajuda de um programa de educação especial, ela conseguiu realizar muitos sonhos. O maior deles aconteceu nesta semana, quando Jodi tocou piano e cantou a música “Fireworks” ao lado de sua cantora favorita: Katy Perry. A dupla parece incrivelmente emocionada no palco, assim como toda a plateia que acompanhava a apresentação. Muitas lágrimas rolaram. Em menos de um dia de publicação, o vídeo já ultrapassou 700 mil visualizações!
Katy Perry ficou tão tocada com o acontecimento que, após o evento, publicou no Twitter: “Eu nunca vou esquecer a noite passada. Até agora, foi o momento mais importante da minha profissão”. Assim que o vídeo foi divulgado no YouTube, ela também colocou o link na rede social, usando a frase “Jodi é o meu fogo de artifício”, em alusão ao nome da música que as duas cantaram, que significa fogo de artifício em português.
E você, ficou emocionado?
Érika Kokay
Érika Kokay
Repórter do site de ÉPOCA.
Nasceu em Manaus (AM), mais perto do Sol do que o resto do Brasil,
e sonha em conhecer o espaço, mas teme a vida sem internet de lá.
Com ajuda do Google Reader mais bizarro que você possa imaginar,
 ela alimenta diariamente este blog.
E-mail:
erkokay@edglobo.com.br
Twitter: @ekokay




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Impacto do autismo pode ser diferente em homens e mulheres

Homens e mulheres com autismo podem ter diferenças sutis, mas significativas, nas funções cognitivas afetadas pelo problema, de acordo com um levantamento do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Os dados foram divulgados pela publicação PLoS ONE.
Os cientistas compararam aspectos da cognição entre adultos com desordens do espectro autista (DEA) e com desenvolvimento típico.
Constataram que a percepção das emoções faciais foi igualmente prejudicada em ambos os sexos com as desordens. Mas, nas tarefas que envolvem atenção a detalhes ou que exigem pensamento estratégico, as mulheres com DEA tiveram desempenho comparável aos das sem, enquanto os homens com DEA mostraram mais dificuldades que os outros.  
“O que sabemos sobre os homens com DEA não deve ser generalizado para as mulheres”, disse o pesquisador Meng-Chuan Lai. “Suas semelhanças e diferenças precisam ser investigadas sistematicamente na pesquisa do autismo.”
Fonte:
Foto: Getty Images

Pitoco Metafísico

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

SAÚDE MENTAL: quando a Bioética se encontra com a Resiliência.

Em todas as unidades, a HRW encontrou corredores e quartos em péssimas condições com fezes e urinas no chão, sistemas hidráulicos quebrados e superlotação”. Uma dura realidade que não é um privilégio africano, mas que ainda persiste em muitos lugares da Terra. Uma realidade manicomial que ainda temos de ultrapassar e nunca mais retomá-la como modelo de cuidados em Saúde Mental, aqui, lá e em qualquer longitude ou latitude...
 Tornou-se uma atividade mundial a lembrança com datas para os assuntos que mobilizam em direção tanto para o consumo como para as questões humanas ou humanitárias. No dia 10 de outubro, assim como recentemente outros “dias” (Alzheimer, Autismo, etc...), comemora-se, ou melhor, somos lembrados do Dia Mundial da Saúde Mental. E este como muitos outros dias já passou, e a realidade sempre volta.
 Eu, aqui entre quem já estive em seu “front”, na área psicossocial, hoje me sinto muito mais próximo dos que a vivem como uma ”guerra” cotidiana. Digo isso, pois também tenho minhas comemorações nesses 10 dias de outubro. Aliás, muito menos devo comemorar do que relembrar apenas a data de minha neurocirurgia há 03 anos. E ainda tive também meus dias seguintes, meus “days after”... Ou seja, a minha “queda” dentro de um hospital público da rede do SUS..
 Foi após esse Outubro, que não deixava de ser também o Outubro Rosa no combate contra o Câncer de Mama, que pude vivenciar o quanto precisamos, urgentemente, da Bioética. Essa “invenção” transdisciplinar dos anos 70 tem uma presença cada vez mais indispensável nos campos das ciências, biotecnologias e, em especial, no campo da Saúde.
 Quando passei pela experiência, corporal e psíquica, da ameaça de vulneração dentro de um hospital é que comecei a repensar a resiliência e seu sentido bioético. Este termo não é muito empregado, por enquanto, nas questões de saúde, em especial na Saúde Mental. Porém posso dizer que o experimentei na própria pele...
 A “resiliência” significa, no seu sentido primordial, a capacidade de plasticidade que um material, mesmo rígido, tenha de recobrar sua forma original depois de ser submetido às pressões que o deformem. O termo e conceito foram inicialmente tomados de empréstimo pela Psicologia, em sua crítica às leituras que se fizeram sobre as crianças que sofrem traumas infantis.
 A visão clássica era de que estariam condenadas a reproduzir esses traumas, e, como seres humanos vulneráveis, trariam para sua vida adulta todas as “feridas” da tenra infância. Porém o que verificou com pesquisas é que não esse determinismo. Nem todas as crianças, ou seres humanos, são marcados por essas situações de vulneração e trauma igualmente.
 O surgimento da capacidade de resiliência, em muitos, pode demolir essa visão tanto quanto a ideia de invulnerabilidade. Nem condenados, nem vítimas e, muito menos, heróis. Somos, nos tornando resilientes apenas seres humanos em sua infinita capacidade de superação e aprendizado. Não digo que temos resiliência, digo que a experimentamos e a desenvolvemos.
 O que acontece quando temos uma doença crônica, um diagnóstico de AIDS ou câncer? O que se passa, principalmente, por nossas mentes? O que essa situação de hiperestresse provoca em nossos corpos?
 O que se passa com nosso mundo psíquico, fragilizado e frágil, quando temos de aprender a conviver com outro modo de andar, conviver e se relacionar, vivenciando, por exemplo, uma deficiência pós-traumática?
Tornamo-nos aquilo ou aqueles antes apontávamos ou identificamos como sendo diferentes de nossa suposta normalidade? Talvez essa vivência inesperada possa vir a ser a diferença. Porém, cada um em sua singularidade e subjetividade, passará por uma experiência vital única e incomparável. É quando podemos desenvolver essa capacidade de projeção menos sombria e mortal que muitos alardeiam ou se vitimizam. Pode nascer em nós a capacidade de ir além dos diagnósticos, incapacidades ou perdas de funcionalidade.
 Há aí uma capacidade, que poderíamos ousar dizer universal, de aprendizado, superação e formas diferenciadas de transformação pessoal. Chamaremos essa potencialidade de resiliência ou re-existência? Podemos como muitos fazem, e se utilizam disso, nos colocarmos no papel de vítimas. As nossas novelas que ocupam, a meu ver, muito mais espaço das vidas e das redes sociais, são peritas nessa produção de subjetividade.
 Nessa temporalidade da Idade Mídia e da Sociedade do Espetáculo há sempre alguém muito mais interessado no destino de uma “Carminha” do que dos muitos brasileiros e brasileiras que vivem reais condições de produzir, enfrentar ou serem derrotadas pelas adversidades inevitáveis da Vida.
Somos estimulados uma posição vitimada e vitimizadora. Diante dos processos de perda de papel micropolítico, ou mesmo macro político, é que muitos passam a situação de hiper-vulneráveis pelo Estado. Sugiro, então, a partir de minha própria vivência, que é a busca dos antídotos revitalizadores, para além das urnas, que podem multiplicar nossas resistências e resiliências coletivas.
 O campo da Saúde Mental é e sempre será propício para esta práxis e proposta psicossocial. Porém não podemos revitalizar o que for fazer crescer em nós, como cicatrizes mal tratadas, os modelos messiânicos, as buscas apocalípticas, os fundamentalismos e as micro-fascistações que nos são profundamente tentadoras por suas promessas fáceis e mistificadoras. Não há mudanças radicais de uma vida sem o aprendizado com suas perdas, mas também com seus ganhos em novos saberes ou sabedorias.
 Eu, aprendi a sonhar, mas não creio nesses profetas que hoje saem das igrejas-partidos em direção às Câmaras ou outros espaços da política e dos poderes constituídos. Principalmente pela ausência real de propostas de políticas sociais realmente estruturantes. Ainda mais no campo da Saúde Mental ou a Coletiva e Pública.
 Basta que pensemos nas promessas de candidatos a prefeitos, recém-propagandeadas, de resolução “total” de nossos problemas sociais, econômicos, habitacionais, educacionais e, mais localizadamente, de nossas muitas saúdes. São as falácias e os espetáculos macro políticos que se perpetuam abusando das camadas populacionais vulneráveis.
 Essas chamadas de “comunidades” estão e estarão precisando de uma intervenção micropolítica que as ajude a despertar na e com a resiliência. Assim como em nós, individualmente. Porém como nos ajudar nesse processo de recuperação da dignidade e do direito à justiça social? Há sim como recuperarmos nossas diferentes saúdes, principalmente se a reconhecermos como um fundamento para todos os outros direitos humanos que temos.
 Não há com quebrar os mecanismos do que chamo de vulneração, por exemplo, das pessoas com deficiência, sem um processo ativo de seu emponderamento. Um processo histórico que quebra os velhos paradigmas reabilitadores ou biomédicos e lhes dá um lugar social e políticas públicas para além da visão sedimentada de que são apenas objeto e não sujeitos de direitos.
 Essa mesma mudança de paradigmas, que conquistamos com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, apesar da conceituação e o abraço conceitual de deficiências psicossociais para quem vive transtornos mentais graves ou persistentes, ainda não ocorre, a meu ver, no campo da Saúde Mental.
 Ainda temos uma visão e práxis que não reconhece a força das pressões sociais e econômicas na produção de muitos quadros psicopatológicos. Quando lemos que as pessoas estão vivenciando mais quadros depressivos e as taxas de suicídio aumentam é que deveríamos pesar, para além de refletir, o quantum da pressão social que as crises econômicas vêm produzindo, desde 1929, a Grande Depressão nos EUA.
 E, então para socorrer e tratar dessas populações em crescimento “assustador” e “epidêmico” surgem apenas as constatações e as epidemiologias. São criadas as recentes biopolíticas. Os orçamentos e os seus valores em milhões, a princípio, são grandiosos. Há, porém, a persistência da serialização e multiplicação dos diagnósticos e das suas curas. Serão apenas 350 milhões ou 5% da população mundial (OMS) que vivencia as diferentes depressões? E amanhã, quantos seremos?
 Um psiquiatra português diante do chamado “desânimo” diante da crise econômica que castiga seu país e a Europa nos informa que: “...os doentes mentais crônicos também são vulneráveis a esta situação de crise". Roma Torres salienta que "o sistema de saúde é onde as pessoas acorrem muitas vezes em situações de dificuldade que nem sempre é da saúde e isso nota-se particularmente na área da psiquiatria".
 Essa mesma psiquiatria que tenta a remoção dos estigmas e dos mitos tentando ensinar novos modos de ver, cuidar, institucionalizar e revisar perguntando às crianças: “o que é um maluco?”.
 Outras notícias e outras visões nos informam que, nesse Dia Mundial da Saúde Mental, devemos sim é fortalecer as chamadas redes psicossociais de cuidados e tecnologias sociais. São os sujeitos em interação, com os mais diferentes suportes em suas territorialidades ou espaços de convívio que, emponderados, passam de vítimas vulneráveis a ativistas de seus direitos. Podem, então, participar e até fiscalizar as políticas públicas, não assistencialistas, que possam ir para além dos paradigmas biomédicos ou reabilitadores.
 O exemplo do surgimento dessa resistência que fomentará a resiliência que pode vir, por exemplo, das pessoas que são consideradas objetos de intervenção social. Nessas medidas, desde os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) até os Centros de Reabilitação, os governos investem em busca do atendimento de uma demanda crescente chamada de “doentes mentais”, a maioria, como no resto do mundo ocidental, submetida ainda um modelo fisicalista, farmacológico e orgânico de seu adoecimento e sua cronificação.
 As depressões prefiro-as no plural e na pluralidade, só estão cada dia mais “diferentes”.
 Nessa constatação o colega ultramarino também identifica e prescreve a solução final dos nossos modelos tão difundidos de re-internação, re-hospitalização, inclusive com a judicialização da saúde mental e os processos de justificação das internações compulsória, em especial dos drogadictos, reedição dos modelos higienistas e manicomiais.
 Há alguma perspectiva que nos dirija para as desinstuticionalizações para além das Reformas? Há, realmente, em ação uma mudança de paradigmas que nos abra um caminho para resiliência comunitária, ou melhor para uma resistência diante de tanta desumanização do cuidado em Saúde? Nossos novos minicômios em ação são mais pulverizadores e invisibilizadores do que os Juqueris, os velhos manicômios, e seus muros visíveis? As correntes que se usam aqui são mais “finas e sutis” que as usadas em Gana?
 Minha utopia, aliás, minhas utopias e sonhos não serão demolidos por essas duras tecnologias que se repetem e reproduzem nas palavras “compulsória e involuntária”. Há um desejo nascente do meu estudo da Bioética que aponta possibilidades, pontes para o futuro, que transformam os chamados “portadores” de deficiências ou doenças, mesmo as raras, em novos sujeitos resilientes.
Em minha própria pele, esse que é o maior órgão do corpo humano, e também nosso egóico protetor, às vezes excessivamente narcísico, venho tentando a experimentação do árduo aprendizado de me tornar resiliente. Por isso escrevo tantas Cartas de Vida(s) à Dona Morte. Por isso amplio minha própria vulnerabilidade, questiono meus pré-conceitos, busco essa nova e renovada visão da saúde, para além de quaisquer doenças ou incapacidades.
 Com mais este texto, em nosso contexto político das privatarias, dos mensalões, das corrupções visíveis e invisíveis, faço mais um convite para o re-conhecimento do quanto a Bioética pode trazer de estímulo para a proteção e salvaguarda dos que estão em uma ponte, só que pensando, silenciados e silenciosamente, no suicídio e falsa redenção pela morte.
 Entre a ponte para um futuro com mais justiça, menos exclusões, sem estímulo às desfiliações sociais e aos horrores econômicos de um hipercapitalismo parasitário, essa ponte de onde saltam a cada 40 SEGUNDOS globais os seres em desesperança e desilusão vital, qual é a ponte que pretendemos atravessar, juntos, em direção de nossos devires?

 Copyright/left 
jorgemarciopereiradeandrade

domingo, 7 de outubro de 2012

Conscientização do Autismo - Arapiraca (AL) tem primeiro espaço público para autistas do Brasil

Prefeito Luciano Barbosa e secretária Aurélia Fernandes
inauguram espaço para atendimento a autistas
O prefeito Luciano Barbosa  e a secretária de Saúde, Aurélia Fernandes, inauguraram, o primeiro espaço público ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS) destinado ao atendimento de crianças autistas com necessidades especiais do Brasil.
O Espaço Trate está localizado na Rua Abraão de Oliveira, no bairro Cavaco, e foi construído como prédio anexo do Centro de Medicina Física e Reabilitação de Arapiraca (Cemfra), que já atende pacientes de 48 municípios alagoanos.
A solenidade de inauguração também contou com a presença dos secretários de Agricultura, Manoel Henrique Cavalcante; de Administração e Recursos Humanos, Lúcia de Fátima Cavalcante; subsecretária de Finanças, Marciete Barros, além dos diretores do Cemfra, Marcos Fontes, e do Centro de Referência e Assistência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Sandra Márcia Lima, bem como de psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e representantes da classe empresarial de Arapiraca.
O Espaço Trate possui modernas instalações, com salas climatizadas e foi construído com o apoio de um grupo de 46 empresários locais que doaram material de construção, móveis, equipamentos visuais, entre outros materiais destinados ao trabalho dos profissionais no atendimento diário das famílias e crianças com autismo.
Na ocasião, a psicóloga Ana Paula Rios agradeceu ao prefeito Luciano Barbosa e secretária Aurélia Fernandes pelo apoio dado à iniciativa, que também foi idealizada pelas psicólogas Luana de Freitas e Sílvia Sobral.
“A credibilidade dos nossos gestores facilitou nossa parceria com a classe empresarial”, frisou Ana Paula Rios.
Ela adiantou que o antigo prédio, que funcionava como anexo do Cemfra, foi totalmente reformado e adaptado para receber os profissionais, familiares e as crianças com autismo.
No local foram construídas salas de recepção, sala de fonoaudiologia, sala de reuniões, sala de avaliação, cozinha, quarto, jardim e um galpão em concreto para futura ampliação do espaço.
“Absorvemos a luta e o sentimentos das mães, e o resultado está aqui”, disse emocionada a psicóloga.
Acolhimento
Representando as mães das crianças, a dona-de-casa Maria Nunes de Amorim, que tem um filho de sete anos de idade com autismo, agradeceu a todos pela inauguração do espaço.
“Só nós (mães) sabemos o sofrimento e a angústia de lidar com esse problema, mas vocês abriram seus corações e acolheram a gente e os nossos filhos”, declarou.
A secretária de Saúde, Aurélia Fernandes, disse, na ocasião, que a Prefeitura de Arapiraca entregava e oferecia mais um serviço de qualidade para o povo.
“Isso aqui é a prova de que o SUS pode dispor de serviços modernos, com qualidade e, acima de tudo, com o trabalho de pessoas comprometidas com a saúde das crianças e famílias”, acrescentou, agradecendo também o apoio da iniciativa privada.
Aurélia Fernandes falou da sensibilidade do prefeito Luciano Barbosa como gestor público. “Ele compreende as nossas apreensões e necessidades, e tem dado total apoio para a realização de um trabalho digno e que tem colhido muitos frutos”, afirmou a secretária.
Capacidade
Em seu pronunciamento, o prefeito Luciano Barbosa saudou as mães das crianças e parabenizou a equipe de psicólogas da Secretaria de Saúde. “Sinto orgulho de ser prefeito de Arapiraca e contar com servidores capazes, ousados, competentes e comprometidos com a melhoria constante da qualidade de vida de nossa população”, enfatizou.
“A inauguração deste espaço prova que é possível contar com o apoio do setor privado para avançarmos em nossas ações por uma cidade mais saudável e cada vez melhor. Isso serve de exemplo, desde o trabalho do gari até o prefeito, que juntos fazem o que podem para enfrentar os desafios e oferecer ao cidadão uma vida mais digna e com qualidade ”, completou Luciano.
Após o pronunciamento das autoridades, o padre Geraldo Freire abençoou as instalações do prédio e, em seguida, prefeito e secretária descerraram as placas de inauguração do Espaço Trate.
Pioneirismo
O trabalho com nove crianças autistas começou em maio deste ano. As psicólogas resolveram adotar o Sistema de Comunicação pela Troca de Figuras (Picturing Exchanging Communication System) e vêm obtendo resultados altamente satisfatórios, sendo, inclusive, referência em todo o País, sensibilizando o Ministério da Saúde, que também decidiu aplicar recursos para manutenção do projeto.
O Pecs foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro do autismo em idade pré-escolar, mas está atualmente sendo usado por crianças e adultos com transtornos do espectro do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades com a fala e a comunicação.
O PECS é dividido em 6 fases. Na 1ª fase, o objetivo é o de permutar a figura. Mais tarde a criança aprende a generalizar essa habilidade de forma que possa se comunicar com um grande nº de pessoas diferentes, em diferentes lugares e por diferentes motivos. Eventualmente, a criança poderá produzir sentenças com as figuras em uma "tira" de sentenças e poderá expandir o vocabulário.
O PECS dá à criança a possibilidade de expressar suas necessidades e desejos de uma maneira muito fácil de entender. Muitas crianças que começaram a utilizar o PECS também desenvolvem a fala como um efeito colateral, claro que é um efeito colateral muito agradável!
A ideia da secretária Aurélia Fernandes, com o aval do prefeito Luciano Barbosa, é ampliar, no próximo ano, o Espaço Trate para o acolhimento e atendimento a mais famílias e crianças com autismo.