quinta-feira, 30 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Abordagem lúdica para tratamento odontológico do autista
Abordagem lúdica para tratamento odontológico do autista |
A odontologia para pacientes com
necessidades especiais tem um grande desafio no que diz respeito ao atendimento
ambulatorial do paciente autista em razão da dificuldade de relacionamento
social que este apresenta. Psicólogos e especialistas em desenvolvimento
infantil têm apontado há décadas que crianças que possuem desenvolvimento
típico aprendem melhor através de experiências interativas e emocionalmente
prazerosas com outras pessoas. Nestas interações, a criança é um participante
ativo ao invés de um recipiente passivo de informação.
Nos últimos dez anos, os
pesquisadores têm percebido que o mesmo vale para crianças com autismo e
dificuldades similares.
As novas perspectivas e pesquisas
em relação ao autismo estão começando a perceber o que o Programa Son Rise® já
vem praticando há anos. Este programa tem sido utilizado internacionalmente por
mais de 30 anos com crianças e adultos representantes de todo o Espectro do
Autismo e dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. O Programa Son Rise® é
centrado na pessoa com autismo. Isto significa que o tratamento parte do
desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da
pessoa, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus
interesses. O Programa Son Rise® descreve isto como "ir até o mundo da
pessoa com autismo", e é isso que fazemos para alcançar com êxito o
tratamento odontológico.
O autismo infantil é um transtorno
global do desenvolvimento caracterizado por um desenvolvimento anormal ou
alterado, manifestado antes dos três anos de idade, e apresentando uma
perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios
seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e
repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras
manifestações, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação,
hetero ou autoagressividade, hand flapping (agitar as mãos), rodopiar etc. O objetivo desse trabalho é apresentar a
técnica usada pela autora para facilitar o tratamento odontológico, minimizando
o estresse e os custos com o procedimento, favorecendo a inclusão social e
treinamento para que mais profissionais usem a técnica, tornando-se aptos a
realizar o atendimento em nível ambulatorial.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero masculino, 14
anos, autista, apresentou-se na clínica de odontologia do Projeto Social
"Vila Maria - Um Caso de Amor", da Escola de Samba Unidos de Vila
Maria, acompanhado da mãe à procura de tratamento. Após realização de uma anamnese
criteriosa foi constatado ser um autista de baixo funcionamento, sem
verbalização, riso inapropriado, pouco contato visual, resistência à mudança de
rotinas, sem acompanhamento psicológico, terapêutico ou escolar, que nunca
havia ido ao dentista e apresentava dificuldade de aceitar a higienização bucal
feita pela mãe. Foi relatada sua preferência por carros de brinquedo, e o que
realmente mais apreciava era comer.
Não gostava de ser contrariado e
se sentir preso, nessa situação poderia desencadear uma crise. Essa anamnese
foi realizada só com a mãe sem a presença do paciente porque o tempo da
entrevista poderia deixá-lo nervoso. Após a entrevista iniciou-se o
planejamento das sessões de condicionamento lúdico para o tratamento
odontológico. Nosso vínculo seria conseguido através dos carrinhos e esse era o
primeiro caminho.
Na 1ª sessão de condicionamento
lúdico iniciei com abordagem adaptando o método Son Rise® à odontologia, fui ao
encontro do paciente, que estava sentado na sala de espera realizando
movimentos estereotipados com o tronco para frente e para trás, sem notar minha
presença. Abortei o uso do jaleco branco e nas mãos levava um carrinho de
plástico. Não falei nada, apenas passava na frente dele com o carro entre os
dedos. Sentei ao seu lado e aos poucos fui empurrando o carrinho sobre sua
perna, imediatamente ele pegou. Comemorei com aplausos e disse: "muito
bem!", como indica o Programa Son Rise®. Dessa forma estava sendo motivado
a interagir e a intenção era "entrar no mundo da pessoa com autismo".
Aos poucos foi aceitando que manipulasse o carrinho sobre suas pernas. Mas
precisava mais, teria que entrar ao consultório e era um ambiente novo,
desconhecido, cheio de estímulos visuais que podem sobrecarregá-los e serem
competitivos ao condicionamento, além de odores que poderiam desencadear crises
nesse paciente.
Devemos simplificar o ambiente de
trabalho. Na cabeça, fiz a opção de usar uma tiara com 2 borboletas presas por
longas molas que se mexiam num simples toque, o retorno com essa ação era
buscar o contato visual, uma das mais difíceis maneiras de relacionamento do
paciente autista. Associei o uso da tiara à música "Borboletinha" das
cantigas infantis, em tom baixo e buscando o contato visual. Aos poucos estendi
as mãos ao paciente e o conduzi ao consultório. Mais uma vez deu tudo certo e
ele me seguiu. Comemoramos novamente: "Muito bem! Formidável!", e
mais aplausos. O Programa Son Rise® é lúdico. A ênfase está na diversão. As
atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao paciente mesmo
que ele seja um adulto. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para
interagir com o profissional, este poderá criar situações de aprendizagem - e
no nosso caso é conhecer, entender e aceitar o tratamento odontológico. O
paciente tem que ter segurança no profissional, confiar em suas palavras e
gestos, e o profissional não deve nunca quebrar esse vínculo, respeito e
confiança.
Entramos no consultório e sentamos
sobre um tapete de EVA colocado no chão, onde alguns carrinhos nos esperavam para
prosseguir o condicionamento. Falo em prosseguir porque o mesmo já foi iniciado
no 1º contato, ainda na recepção, onde detalhes não podem ser esquecidos, já
que para esses pacientes não são detalhes. Na altura de nossos olhos estava
fixo na parede um espelho de 0,50 x 1,00 m, para tentarmos de várias maneiras o
contato visual. Alguns pacientes autistas buscam o contato visual através da
imagem refletida no espelho e devemos ficar atentos a isso e comemorar
imediatamente quando esse contato for alcançado, motivando para que ele seja
repetido. Sempre que comemoramos a habilidade adquirida estamos fortalecendo
para que ela se repita. Quando um comportamento é fortalecido é mais provável
que aconteça no futuro. Podemos comemorar com aplausos, bolinhas de sabão e
várias tentativas até encontrar o que realmente motiva essa pessoa.
Buscamos o contato visual porque
será o melhor caminho de comunicação para o paciente perceber que você existe e
aceitar você para seu mundo. Não podemos ter medo de ousar, confiar sempre,
estudar a técnica e aplicá-la com amor. Nessa sessão, conseguimos o contato
visual por três vezes, além disso o paciente entrou espontaneamente ao
consultório, observou tudo, sentiu alguns objetos com as mãos e aceitou o
contato das minhas mãos - que, nesse momento, já estavam com as luvas.
Na 2ª sessão de condicionamento
lúdico, o paciente chegou e imediatamente entrou ao consultório procurando o
carrinho usado na sessão anterior. Meu planejamento era que ele sentasse na
cadeira odontológica, então prendi o carrinho no refletor com fita crepe e
deixei a luz acesa para chamar a sua atenção. Ótimo, ele encontrou o carrinho e
sentou na cadeira. Bati palmas, comemorei e, é claro, dei o carrinho em suas
mãos. Nesse momento consegui mais um contato visual e percebi que nosso vínculo
estava ficando mais forte. Aproveitei o momento para apresentar a seringa
tríplice lançando um pouco de ar no carrinho e depois na perna do paciente,
subindo a caminho da boca. Nesse momento gosto de fazer uso das músicas
infantis, brincando, cantando e apresentando os instrumentos do consultório.
É importante observar cada reação
de nosso paciente, apresentar verbalmente cada ação para não ser uma surpresa e
fazer de maneira calma sem assustar nem causar estresse. Podemos usar figuras
para apresentação dos instrumentos do consultório e depois mostrar o objeto
propriamente dito. Parece que dessa forma eles reagem melhor a novidades, essas
figuras devem ser simples e exemplificar realmente o objeto de maneira clara -
como a fotografia de mãos com luvas, mostrando as mãos com as luvas para que
ele possa sentir sua textura. Se a opção for atender pacientes autistas não
pense que tudo isso "são detalhes". Ótimo, aceitou a tríplice, as
luvas e a manipulação da face, com auxílio de fantoches de dedo e todo apoio
lúdico conseguimos acesso à cavidade bucal, e a higiene oral com escova e pasta
foi realizada. Nunca se esquecer de recompensar: muito bom! Bolinhas de sabão.
Isso é o que afirma o Programa Son Rise®. Para essa sessão já estava ótimo.
Na 3ª sessão ele entrou muito
tranquilamente e sentou na cadeira, arrancou o carrinho do refletor e começou a
gritar alguma coisa que não entendi. De repente o compressor ligou e foi um
desastre, uma gritaria só. Ele batia a mão na cabeça e movimentava o tronco
para frente e para trás. Pedi que desligassem o compressor mas já era tarde,
encerramos a sessão.
A 4ª sessão foi marcada com
intervalo de uma semana para diminuir o estresse anterior. Estava muito ansiosa
ao recebê-lo, mas foi tudo bem: ele entrou, sentou e arrancou o carrinho do
refletor. Desta vez o compressor já estava desligado! Iniciamos com profilaxia
com uso da baixa-rotação, 1º no carrinho, depois na mão, no rosto e finalmente
na boca. Foi ótimo, consegui a profilaxia de todo arco superior e deu para
terminar o exame clínico. Conforme fazia a profilaxia, ia mexendo a cabeça para
que as borboletinhas balançassem e foi ótimo, consegui por várias vezes o
contato visual e percebi que já tínhamos um vínculo. Sessão terminada para não
estressar o paciente. Nesse momento sempre pego o brinquedo e guardo afirmando
que irá encontrá-lo na próxima sessão e sempre dá certo no retorno. A 5ª sessão
foi a mais tranquila de todas: o paciente entrou, sentou, arrancou o carrinho
do refletor e ficou com a boca aberta. ÓTIMO! Terminei a profilaxia e marcamos
retorno bimestral para controle e prevenção, porque o paciente não apresentava
cáries.
CONCLUSÃO
Para conseguir o tratamento
odontológico do paciente autista em ambulatório sem uso das faixas de
contenção, é preciso dedicação do profissional, estudo da técnica proposta,
compreensão das necessidades e limitações dos indivíduos, acreditar que é
possível, paciência, tentar várias vezes cada procedimento e ter muito amor no
que se faz.
Baron-Cohen et AL. Psychological markers in the detection of autism in
infancy in a large population. British Journal of Psychiatry, n.168, p.158-163,
1996.
2. Frith,U. Autism and Asperger Syndrome .Cambridge University Press,
1991.
3. Gauderer, E. Christian.
Autismo. São Paulo: Atheneu; 1993.
4. Hogan. Autism Treatment Center of America. Home of the Son-Rise
Program®. Modelo de desenvolvimento do Programa Son-Rise®, tradução:
Barreto,AD e Inspirados pelo autismo, 2007.
5. Katz, CRT, et al. Abordagem
psicológica do paciente autista durante o atendimento odontológico. Odontologia
Clín.Cientif. Recife, 8 (2):115-121, a br/jun.,2009
6. Moore, ST. Síndrome de Asperger
e a escola fundamental: soluções práticas para dificuldades acadêmicas e
sociais. São Paulo: Associação Mais 1,2005.
7. Zink,AG et al. Atendimento
odontológico do paciente autista - Relato de caso. Revista ABO Nacional -
vol.16, nº5, 313-316, out/Nov.2008.
Adriana Zink
link do lattes:https://wwws.cnpq.br/curriculoweb/pkg_menu.menu?f_cod=9B470E8BB09F91E8B3C8861E51F47146 -cirurgiã-dentista especialista em pacientes com necessidades especiais -mestranda na Unicsul -membro da Câmara técnica de pacientes especiais do CROSP -vencedora do VI prêmio orgulho autista Brasil
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Arte Autista - Reais exemplos.
Vídeo mostrando como foi o 'passo a passo' das telas
pintadas pelos alunos do
Centro de Convivência da Escola Municipal de Educação
Especial Maria Lucia Luzzardi,
na cidade de Rio Grande-RS.
Ao final, os alunos artistas ganharam uma exposição de seus
quadros.
Orientação das educadoras de arte :
Magali Olioni Silveira e Maria Helena Castro
Publicado no YOUTUBEem 22/08/2012 por Dani Laidens.
Daniela Laidens é owner do blog:
Janelinha para o Mundo na cidade de Rio Grande -
Rio Grande do Sul - Brasil
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Amigos da causa da pessoa com autismo no Brasil
A nossa luta este momento será
pela aprovação do PL 1631/11 junto à Comissão de Constituição e Justiça-CCJ.
Estamos fazendo uma grande
mobilização para o dia 19 de setembro de 2012, onde queremos chamar a atenção
da sociedade e dos políticos em Brasília para a URGÊNCIA DA APROVAÇÃO DO PL
1631/11. De Norte a Sul do país este projeto está sendo esperado. As famílias
do Brasil que tem um filho com autismo esperam que com a aprovação do PL
1631/11, regulamente-se uma série de procedimentos, tratamentos específicos
sejam implantados, a elaboração de uma proposta psicopedagógica voltada as
especificidades da síndrome autista junto as ESCOLAS torne-se uma realidade,
que as famílias recebam apoio profissional ADEQUADO, que NENHUMA CRIANÇA, JOVEM
OU ADULTO COM AUTISMO SEJA TRATADO DE FORMA DESUMANA, AMARRADO, TRANCADO DENTRO
DA SUA PRÓPRIA CASA, DEVIDO O FATO DE SUA FAMÍLIA NÃO TER CONDIÇÕES DE ARCAR
COM OS ALTOS CUSTOS PARA SEU TRATAMENTO...
Enfim, é isso, UMA VIDA INTEIRA
NÃO SERIA O BASTANTE PARA CONTER TUDO O QUE TEMOS VIVIDO NESTES ÚLTIMOS 13 ANOS
DE LUTA PELOS DIREITOS DAS PESSOAS COM AUTISMO NO BRASIL. OBRIGADO POR QUE VOCÊ
ACREDITOU!
Vá além e assine esta Petição em
favor do PL 1631/11, QUE ESTAREMOS ENTREGANDO NO DIA 19 SET 12 AOS DEPUTADOS EM
BRASÍLIA:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=Familias
...A mobilização já começou e você
faz parte dela. A grande vitória de nosso movimento será a nossa DETERMINAÇÃO
DE DAR UM BASTA A TANTO DESCASO E DESLEIXO COM OS NOSSOS FILHOS COM AUTISMO!
CHEGA DE FICARMOS ESPERANDO QUE
ALGUÉM FAÇA ALGO POR NÓS, O PL Nº 1631/11 FOI FEITO POR PAIS E PROFISSIONAIS
DEDICADOS A CAUSA DA PESSOA COM AUTISMO NO BRASIL, QUE NÃO AGUENTAVAM MAIS VER
O DESINTERESSE DE NOSSOS POLÍTICOS E ADMINISTRADORES PÚBLICOS EM ELABORAREM
POLÍTICAS PÚBLICAS QUE DE FATO ATENDESSEM NOSSOS FILHOS COM QUALIDADE E
EFICIÊNCIA NECESSÁRIAS.
- DIA 19 DE SETEMBRO DE 2012, EM
FRENTE A CÂMARA DE DEPUTADOS EM BRASÍLIA, ÀS 09:00HS, GRANDE CONCENTRAÇÃO DE
PAIS, FAMILIARES, AMIGOS E PROFISSIONAIS DEDICADOS A CAUSA DA PESSOA COM
AUTISMO NO BRASIL, PEDINDO PELA APROVAÇÃO URGENTE DO PL 1631/11!
DIVULGUEM JUNTO AOS SEUS AMIGOS,
FAMILIARES...
ENGAJE-SE NESTA LUTA, E AJUDE-NOS
A RESGATAR A DIGNIDADE DAS PESSOAS COM
AUTISMO NO BRASIL!
"Dia 19 Set 12 teremos sessão
na Câmara de Deputados e o deputado Hugo Leal vai anunciar o nosso movimento
dando ênfase à causa da pessoa com autismo e pedindo a aprovação urgente do PL
1631/11!"
Projeto de Lei nº 1631/11
Projeto de Lei nº 1631/11 -
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta Lei institui a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista e estabelece diretrizes...
Colaboração: Valéria Llacer
sábado, 18 de agosto de 2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
sábado, 11 de agosto de 2012
PL 1.631 - Votação em REGIME DE URGÊNCIA
O deputado federal
Hugo Leal, CONSEGUIU TODAS AS
ASSINATURAS para aprovar o requerimento de
URGÊNCIA URGENTÍSSIMA PARA VOTAÇÃO DO
PL. 1631/11.
Agora o PL 1.631/11, deve ser votado em caráter de
Urgência
- Urgentíssima.
Não podemos esquecer que este evento teve o apoio
fundamental das deputadas federais Mara Gabrilli e Rosinha da Adefal
incansáveis defensoras da Pessoa com Deficiência.
Que cada um continue fazendo sua parte...
FELIZ DIA DOS PAIS
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Mulher com autismo que pensa como animais é "encantadora" de rebanhos
Americana criou uma série de
mudanças radicais na indústria da carne nos Estados Unidos e é considerada uma
autoridade mundial em saúde animal.
Temple
Grandin fica no meio dos animais para enxergar os problemas que eles enfrentam |
Quando era criança, a americana
Temple Grandin não se relacionava com outras pessoas e só começou a falar aos
quatro anos de idade. Hoje, é uma celebridade, foi tema de filmes, dá aulas na
Universidade de Colorado, é assessora do governo dos Estados Unidos e uma
autoridade mundial em saúde animal.
Temple Grandin foi diagnosticada
com autismo durante a infância. A empatia de Grandin com o gado e sua capacidade
de entender o que os animais sentem levou à introdução de uma série de mudanças
radicais no trabalho com o gado e na indústria de carne americana.
Seus livros e palestras a
tornaram tão popular que sua vida foi mostrada em documentário para televisão americana
e européia.
Grandin esteve recentemente no
Uruguai, participando de um encontro sobre saúde animal.
Ela afirmou que o autismo está
na raiz de sua habilidade.
"O autismo me ajuda a
entender o gado", disse Grandin em entrevista à BBC.
"Penso de forma totalmente
visual e é assim que os animais pensam. Minhas memórias são fotográficas e este
pensamento visual me permite perceber detalhes que podem aterrorizar os
animais, como as sombras, os reflexos no metal ou uma entrada que é muito
escura."
A professora afirmou que suas
memórias parecem um vídeo que ela pode passar várias vezes em sua mente,
explorando cada detalhe.
Detalhes e métodos
Grandin disse que tanto a
"mente autista como a mente animal" notam detalhes que podem parecer
mínimos para outras pessoas.
Em um dos casos em que
trabalhou, ela notou que o gado parava abruptamente na entrada de um curral e
que isso ocorria devido aos objetos que estavam espalhados no caminho dos
animais.
"Penso de forma totalmente
visual e é assim que os animais pensam."
Temple Grandin
Em outro caso, o que assustava
os animais era uma entrada muito escura. Ao invés de reconstruir o curral, a
abertura de uma janela foi o suficiente para resolver o problema.
Os métodos utilizados por
Grandin não são convencionais e incluem deitar-se no chão, no local onde o gado
fica, para que os animais se aproximem, como se fosse uma
"encantadora" de gado.
"O gado se sente ameaçado
por coisas desconhecidas (...). Uma vaca em uma fazenda de leite vai caminhar
sem problemas sobre uma sombra se a vê todos os dias. Mas um animal em um
curral vai se assustar com esta mesma sombra se a ver como algo novo."
Bem-estar e medo
Grandin disse à BBC ser
fundamental para a saúde dos animais que os abatedouros obedeçam a alguns requisitos.
"Paredes sólidas e um chão
que não escorrega são essenciais. Os animais entram em pânico quando
escorregam", afirmou.
"Os funcionários também
devem manter a calma e reduzir muito o uso do bastão elétrico (para ajudar a
conduzir o rebanho). A forma como os animais são tratados afeta a qualidade da
carne. O uso do bastão e a agitação durante os últimos cinco minutos antes do
abate fazem com que a carne fique mais dura", disse.
No entanto, a professora afirma
que a principal razão de mudar o tratamento dos animais é que "eles são
capazes de sentir tanto medo como dor".
Alguns críticos perguntam a
razão de se melhorar o bem-estar do gado se eles serão mortos para o consumo
humano e se o melhor seria simplesmente não matar estes animais.
"Quando me perguntam como
posso justificar a matança de animais para o consumo de sua carne, minha
resposta é a seguinte: o gado não teria nascido se não os tivéssemos criado com
fins alimentícios. Devemos dar a eles uma vida boa e uma morte sem dor",
afirmou Grandin.
Palestras
Além de seu trabalho com
bem-estar animal, Grandin também dá numerosa palestras sobre autismo,
destacando a importância de fornecer logo cedo o apoio de professores capazes
de dirigir as fixações de crianças autistas em direções que rendam frutos.
"(Albert) Einstein hoje
seria diagnosticado como autista. Ele não falou até os três anos de
idade."
"Steve Jobs, o fundador da
Apple, foi perseguido por seus colegas de escola e era considerado um
solitário, estranho quando estava na escola", disse Grandin à BBC.
"As pessoas diferentes são
capazes de conseguir coisas grandiosas", acrescentou.
Fonte:
BBC
Foto:
Rosalie Winard
sábado, 4 de agosto de 2012
Chegada de um animal de estimação em casa melhora comportamento de crianças autistas
Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico PLoS
One mostrou que o contato com animais de estimação pode ter um efeito positivo
no comportamento de crianças autistas. Segundo especialistas do Centro de
Pesquisa do Hospital de Brest, na França, pessoas com a síndrome que passam a
ter um cão ou um gato, por exemplo, depois dos cinco anos de idade podem
apresentar um melhor relacionamento com outras pessoas do que os indivíduos que
já nascem em lares com a presença algum bicho ou que passam a vida sem conviver
com um.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Does Pet Arrival Trigger Prosocial
Behaviors in Individuals with Autism?
Onde foi divulgada: periódico PLoS One
Resultado: Pessoas com autismo que passaram a ter animais de
estimação a partir dos cinco anos de idade se relacionam melhor socialmente do
que quem nunca conviveu com algum bicho de estimação. Embora de forma menos
intensa, quem nasce em lares com animais também apresentam melhora
No artigo, os autores explicam que, embora a terapia
envolvendo contato com animais já venha sendo recomendada a crianças com
autismo há algum tempo, os resultados concretos dessa abordagem nunca haviam
sido estudados.
Animais de estimação fazem bem à saúde, revela estudo
Participaram da pesquisa 260 indivíduos de seis a 34 anos
que tinham a síndrome. As pessoas que passaram a ter algum animal de estimação
a partir dos cinco anos de idade apresentaram melhora em alguns aspectos
específicos do comportamento social: elas se sentiam mais confortáveis e se
mostravam mais solidárias quando se relacionavam com outras pessoas do que
pacientes que nunca tiveram um animal. Os participantes que já nasceram em
casas com a presença de animais também mostraram uma melhor relação social,
embora menos intensa do que o outro grupo. Para os autores do estudo, esses
resultados devem incentivar outras pesquisas que aprofundem os mecanismos
envolvidos na relação entre pessoas com autismo e animais.
O que é autismo?
Qual a diferença entre autismo e Síndrome de Asperger?
A partir de que idade é possível detectar o autismo?
A que sinais os pais devem ficar atentos antes dessa idade?
Quais são os sintomas mais comuns?
Quais são as causas conhecidas do autismo?
Existe alguma relação entre vacina e autismo?
Como o diagnóstico é feito?
Existem níveis diferentes de autismo?
Por que o autismo é mais frequente no sexo masculino?
O que os pais devem fazer quando descobrem que o filho tem
autismo?
Autismo tem tratamento?
Qual tratamento tem sido mais bem sucedido?
É possível levar uma vida normal?
Estamos vivendo uma epidemia de autismo?
Autista tem problema de Q.I. ou retardo mental?
O que fazer quando o filho autista tem também retardo
mental?
Autismo pode ser confundido com TDAH?
*O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não
pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um
médico.
Estevão Vadasz, psiquiatra e coordenador do Programa de Transtornos do Espectro Autista
do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da USP (PROTEA)
terça-feira, 31 de julho de 2012
sexta-feira, 27 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Como vamos tratar as doenças mentais?
Caso não tenham percebido, vivemos uma crise na medicina experimental. Medicamentos desenvolvidos nos últimos 60 anos são prescritos amplamente pelos médicos, mas causam pouco efeito nos pacientes. O mais surpreendente é que, mesmo com essa janela de oportunidade, testemunhamos uma diminuição dramática de interesse da indústria farmacêutica e biotecnológica para o desenvolvimento de novos fármacos.
Enquanto as intervenções psicossociais, incluindo novas tecnologias como o uso de tablets, mostram-se extremamente promissoras, a ausência de um plano estratégico para o desenvolvimento de medicamentos mais eficientes é preocupante. A situação é ainda mais grave porque grande parte da população humana é afetada por doenças mentais, causando sérios problemas financeiros para familiares e para o governo. Tome por exemplo o caso do autismo, que afeta cerca de 1% das crianças norte-americanas: o custo para o governo durante a vida de um único indivíduo autista beira os US$ 3,2 milhões (quase R$ 6,5 milhões). Isso representa um custo anual de US$ 35 bilhões (quase R$ 71 bilhões) para a sociedade americana. Números semelhantes servem para a esquizofrenia e quase o triplo do custo vai para o mal de Alzheimer.
Enquanto as intervenções psicossociais, incluindo novas tecnologias como o uso de tablets, mostram-se extremamente promissoras, a ausência de um plano estratégico para o desenvolvimento de medicamentos mais eficientes é preocupante. A situação é ainda mais grave porque grande parte da população humana é afetada por doenças mentais, causando sérios problemas financeiros para familiares e para o governo. Tome por exemplo o caso do autismo, que afeta cerca de 1% das crianças norte-americanas: o custo para o governo durante a vida de um único indivíduo autista beira os US$ 3,2 milhões (quase R$ 6,5 milhões). Isso representa um custo anual de US$ 35 bilhões (quase R$ 71 bilhões) para a sociedade americana. Números semelhantes servem para a esquizofrenia e quase o triplo do custo vai para o mal de Alzheimer.
Mas o que pode ser feito então?
A descoberta e desenvolvimento de novos medicamentos é um processo lento, caro e de alto risco. Dados recentes sugerem que para cada nova droga que entra no mercado, foram gastos, em média, mais de US$ 2 bilhões de dólares (cerca de R$ 4 bilhões) durante um período de 15 anos. Além disso, o processo falha em mais de 95% das vezes (referências sobre o cálculo desses números estão abaixo). Dá para entender por que a indústria tem fugido dessa área. O gráfico abaixo dá uma dimensão dos riscos e dos custos com que os pesquisadores arcam:
Os governos podem investir mais em novos medicamentos? Os governos têm o direito de não investir mais em novos medicamentos? Ignorar essa questão é simplesmente riscar a palavra “esperança” do dicionário dos pacientes que não respondem aos medicamentos atuais. Na ausência de suporte do governo, resta a solidariedade humana. Enquanto nos EUA o hábito cultural da doação de dinheiro para pesquisas é presente em todas as esferas sociais, em outros países, como o nosso, a filantropia é ainda incipiente. Apesar de estarmos na era do “crowdfunding”, não temos motivos para esperar que a moda pegue para fins científicos.
Uma ideia interessante para acelerar a entrada de novas drogas no mercado é melhorar o fluxo, desde a descoberta até o uso clínico. Obviamente, não temos como acelerar o teste rigoroso e cauteloso em seres humanos, mas podemos acelerar o processo que leva as drogas a serem testadas. Nos EUA, algumas estratégias estão sendo estudadas. Entre elas, destaco o “reposicionamento de drogas”, ou seja, pegar uma droga que falhou em estágios clínicos para uma doença “x” e testá-la contra uma doença “y”. Remédios que já foram testados em humanos e não serviram para o Alzheimer podem ser úteis para o autismo, por exemplo. Essa realocação de medicamentos permite encurtar em alguns anos todo o processo.
Mas não adianta ter drogas disponíveis para testes se não sabemos exatamente como elas funcionam. Os antidepressivos atuais são um bom exemplo. Usamos antidepressivos há três décadas, mas eles não funcionam para todos pacientes. Melhores tratamentos requerem uma melhor ciência, um melhor conhecimento da biologia por trás dos sintomas. É através da compreensão dos mecanismos celulares e moleculares que são desenvolvidas novas terapias contra o câncer a todo o momento. Claramente, isso não tem sido aplicado para doenças mentais e, portanto, não existem novas terapias para autismo ou depressão. Por quê? Possivelmente porque estamos usando os modelos errados. Testam-se novas drogas contra o câncer em células tumorais retiradas dos próprios pacientes. Se a substância bloqueia o crescimento dessas células em laboratório, possivelmente irá funcionar da mesma forma no organismo. Se der negativo, testa-se outra.
A lógica funcionaria também para doenças mentais. No entanto, não havia como isolar neurônios dos pacientes em laboratório e tudo era feito em modelos animais, em camundongos, que são extremamente caros. Não existem roedores com Alzheimer, esquizofrênicos ou autistas.
A indústria farmacêutica sofreu um rombo financeiro enorme por ter apostado alto em modelos animais, muitas inclusive faliram. Não quero negar a contribuição de modelos animais para o entendimento de doenças humanas – esses modelos são e vão continuar sendo elementos críticos para o progresso da ciência. Mas os modelos animais não são consistentes para prever como os compostos vão funcionar em seres humanos. Neurônios humanos são, com certeza, mais complexos.
Por isso mesmo, aposto em novos modelos produzidos a partir da reprogramação celular, gerando redes neurais derivadas de pacientes em quantidades suficientes para testes em laboratório. Mesmo com as limitações da reprogramação genética – afinal, não deixa de ser um modelo humano in vitro –, acredito que seja o que mais se aproxima do sistema nervoso do paciente. O sucesso dessa nova forma de encarar a busca de novos fármacos vai depender de centros criados a partir de consórcios colaborativos e multidisciplinares entre cientistas e a comunidade clínica – acelerando os testes em humanos –, além da parceria com empresas privadas ou filantrópicas – cobrindo as inconsistências governamentais.
Essas ideias fazem parte do que entendemos como medicina experimental, portanto ainda é um experimento em progresso. Considerando a taxa de sucesso atual – menos de 5% das drogas desenvolvidas vêm a funcionar em humanos –, acho que essas ideias não são tão caras e valeria o risco. Se não funcionarem, saberemos que esse não é o caminho e economizaremos para investir em outras opções. Na minha visão, essas são alternativas razoáveis e podem destacar mundialmente países emergentes, como o Brasil, como líderes de um novo modelo para o tratamento de doenças mentais.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Livro Brincanto - autismo tamanho família, da Mariene e do Argemiro dia 18 de agosto na Bienal.
Jornalista e psicopedagoga baiana e seu marido, lançam livro em São Paulo
Decididos a compartilhar sua experiência na educação de seu filho caçula Gabriel, que é autista, a jornalista e psicopedagoga Mariene Martins Maciel e seu marido, o geólogo Argemiro Garcia lançam Brincanto - autismo tamanho família na Bienal do Livro de São Paulo.
A obra apresenta um apanhado do conhecimento sobre o autismo e, a seguir,
apresenta as estratégias adotadas pelo casal e sua família para trabalhar o
desenvolvimento de Gabriel, seu quarto filho. A abordagem criada por eles,
chamada de Brincanto, foi aplicada com sucesso no atendimento de
outras 42 pessoas autistas, o que também é relatado no trabalho.
O casal ressalta: "Este livro apresenta uma abordagem que brotou da nossa experiência como família de um garoto autista. Esperamos que esta obra ajude profissionais em seu trabalho e possibilite outras famílias a trilhar seu próprio caminho, construindo-o em cima de esperança e da crença de que o futuro se faz com as próprias mãos."
Opiniões:
"O livro é uma aula de vida no enfrentamento das dificuldades e como se fala em Minas, os autores não esconderam leite na explicação dessa técnica, o que a torna aplicável em outras pessoas." Walter Camargos Júnior
"Os capítulos de Brincanto espelham sua extensa procura de conhecimentos, caminhos, métodos, ajuda, que agora compartilham com o leitor
O casal ressalta: "Este livro apresenta uma abordagem que brotou da nossa experiência como família de um garoto autista. Esperamos que esta obra ajude profissionais em seu trabalho e possibilite outras famílias a trilhar seu próprio caminho, construindo-o em cima de esperança e da crença de que o futuro se faz com as próprias mãos."
Opiniões:
"O livro é uma aula de vida no enfrentamento das dificuldades e como se fala em Minas, os autores não esconderam leite na explicação dessa técnica, o que a torna aplicável em outras pessoas." Walter Camargos Júnior
"Os capítulos de Brincanto espelham sua extensa procura de conhecimentos, caminhos, métodos, ajuda, que agora compartilham com o leitor
." Margarida
Windholz
Informação:
Os autores estarão autografando o livro no sábado, dia 18 de agosto, das 10h00 às 13h00, durante a Bienal do Livro de São Paulo, no estande da Editora Scortecci.
Informação:
Os autores estarão autografando o livro no sábado, dia 18 de agosto, das 10h00 às 13h00, durante a Bienal do Livro de São Paulo, no estande da Editora Scortecci.
Fonte:
http://cronicaautista.blogspot.com/
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