sábado, 10 de maio de 2014

Autistas dizem não ao CAPS



*Berenice Piana
Perplexos, cerca de 2 milhões de pais de autistas estão lutando com as únicas armas que conhecem: a paciência e o bom senso, contra o decreto regulamentador da Lei 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Através da regulamentação, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (Conade) propõe novas diretrizes à legislação conseguida depois de décadas de mobilização popular.
No artigo 3, item C, o decreto de regulamentação, subliminarmente, estabelece que os autistas deverão ser tratados pelos Centros de Atenção Psico Social (CAPS), criados para substituir os hospitais psiquiátricos, incluindo tratamentos manicomiais, porém, sem a devida capacitação profissional dos seus quadros.
Os pacientes autistas que necessitarem dos CAPS serão encaminhados para atendimento nas instituições da iniciativa privada, algumas delas integrantes do conselho do Conade.
O decreto apresentado pelo Conade deixa claro que o atendimento das pessoas na condição do espectro autista (TEA) nos CAPS, criados pelo Ministério da Saúde para pessoas com esquizofrenia, necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, para tratamento contínuo, revela total desconhecimento do autismo e das suas especificidades. Por serem extremamente mal estruturados, os CAPS, na prática, estão longe do ideal para atendimento, principalmente daqueles que necessitam de tratamento mais complexo como é o caso do autismo, conforme foi defendido até pela Associação Paranaense de Psiquiatria. O Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Consulta CFM 8.589/10 também considerou antiéticas as condições de segurança do CAPS para a assistência médica aos pacientes e ao próprio ato médico.
Autistas são pessoas com deficiências, para todos os efeitos legais, de acordo com a nossa Constituição e a Carta da ONU da qual o Brasil é signatário. Todos os dias, pais de autistas se engalfinham nas áreas médicas, de educação e previdenciária, para conseguir atendimentos para os seus filhos. Tais atendimentos, não raro, só são conseguidos após ação do Ministério Público, enquanto o Ministério da Saúde ainda não faz uso dos recursos do Programa Viver sem Limite e as Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista.
A exclusão ou alteração do artigo 3, item C da regulamentação, que levaria os autistas a equívocos indesejados, além de manter a fidelidade à Lei 12.764/12, terá a chancela de toda a comunidade autista do Brasil.
A afirmação de que o decreto não pode ser alterado é simplesmente política e por isso é preciso trazer a tona o Censo 2010 do IBGE que mostra 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 23,92% de brasileiros. Entre eles, cerca de 2 milhões de autistas que hoje são visíveis em todo o país. Se for acrescido a esse porcentual seus responsáveis e cuidadores, teremos um número considerável de votos em jogo. Só queremos que nossos filhos não sofram mais do que o inevitável. 

*Berenice Piana, idealizadora da Lei 12.764, membro do Conselho da Pessoa com Deficiência no Município de Itaboraí-RJ e presidente do Grupo de Mães Família Azul.
 
FONTE:http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1467788&tit=Autistas-dizem-nao-ao-CAPS
Foto: Ronaldo Cruz

Falta consciência da necessidade de terapia precoce no autismo



 
A partir da terapia, que tem como base a ciência do comportamento, cria-se um programa específico para as lacunas da criança, em que se utiliza "o reforço positivo" para se praticarem as competências em falta
O presidente da cooperativa My Kid Up - Centro de Intervenção Comportamental, que apoia cerca de 30 crianças autistas na região Centro, alertou hoje para a falta de consciência das famílias da necessidade de uma intervenção precoce.
O diagnóstico do autismo "surge cada vez mais cedo e há cada vez mais sensibilidade", mas ainda "não há consciência da necessidade de uma intervenção precoce na criança", por as famílias terem "a esperança de que os problemas se desvaneçam", advertiu Sérgio Baptista, presidente da direção da cooperativa My Kid Up.
O tratamento tardio afeta o seu sucesso e também o desenvolvimento da criança, "porque quanto maior for a criança maior será o problema", principalmente quando surgem crianças "em idade escolar, que têm de frequentar as escolas e que, por isso, limita o tempo de intervenção", explicou o responsável.
Para além da dificuldade do centro em aceder "às crianças mais novas", sendo preferível a intervenção ser realizada a partir dos três anos, a ajuda do Estado às famílias "não é suficiente" e a terapia utilizada pelo centro, ABA (Applied Behavior Analysis - Análise Comportamental Aplicada), "a única com evidência científica quanto à sua eficácia", "não tem reconhecimento" por parte das instituições públicas, afirmou.
A partir da terapia, que tem como base a ciência do comportamento, cria-se um programa específico para as lacunas da criança, em que se utiliza "o reforço positivo" para se praticarem as competências em falta.
No centro, sediado em Condeixa-a-Nova, com quatro técnicos especializados, faz-se trabalho "individual com as crianças", tendo também a opção da "família terapêutica", em que há um treinamento "específico e intensivo" da família para que esta possa intervir junto da criança.
Esta opção resulta da falta "de recursos", mas também de técnicos, por "não existir formação na área em Portugal", tendo os técnicos sido formados "no estrangeiro", explicou Carla Martins, técnica responsável pelo centro My Kid Up.
A cooperativa My Kid Up promove no sábado o 2.º Encontro My Kid Up, que se realiza no Auditório da Fundação Bissaya Barreto, onde estará presente o docente e especialista americano neste tipo de terapia, Thomas Higbee.
FONTE:
Por Agência Lusa
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/falta-consciencia-da-necessidade-terapia-precoce-no-autismo

sexta-feira, 9 de maio de 2014

"Presença da mãe é essencial', diz idosa símbolo da luta contra autismo



História de Temple Grandin 
virou tema de filme que conquistou o Emmy.
Diagnosticada com autismo grave, ela conta ao G1 como venceu a doença. 

Temple conta que a mãe foi fundamental no seu desenvolvimento
 Quem assiste às palestras da professora Temple Grandin, de 67 anos, não imagina que na infância ela não se relacionava com outras pessoas e só pronunciou a primeira palavra aos quatro anos de idade. Diagnosticada autista grave, Temple formou-se em veterinária, fez pós-doutorado na área e é especialista em ciências animais. Os passos para a nova vida foram dados graças à ajuda da mãe, que a incentivava a ter uma rotina normal. “Se não fosse pela dedicação dela, talvez eu não chegasse onde estou.”
Nascida em Boston, nos Estados Unidos, Temple foi diagnosticada ainda criança com grau considerado grave de autismo. Os médicos indicaram internação em uma clínica psiquiátrica, decisão que dividia a família, já que o pai concordava, mas a mãe optava por uma educação inclusiva. "Sempre que alguém nos visitava, minha mãe me obrigava a receber o convidado, dar a mão para cumprimentá-lo, pegar o casaco, conversar e ficar com todos na sala. Isso fez com que eu aprendesse um comportamento novo, algo que não conhecia."
   
Saiba Mais:
   A insistência da mãe em fazê-la conviver com outras crianças e ensiná-la que a doença não a deixava diferente das outras pessoas, conseguiu mudar o jeito de Temple ser e pensar. Hoje, a veterinária viaja o mundo transmitindo os mesmos ensinamentos aos pais de crianças autistas. Para ela, o apoio da família - e, principalmente, das mães - é fundamental na formação e na evolução do filhos.
“O pai e a mãe têm que perceber o comportamento das crianças, têm que sentir se há alguma coisa errada. Por isso, a presença da mãe é essencial. Não pode ficar só jogando videogame. Elas precisam sair, ver e viver o mundo", afirmou a professora, cuja história de superação virou tema de filme lançado em 2010 e que conquistou o Emmy - considerado o oscar da TV norte-americana - em cinco categorias.

Temple esteve em Ribeirão Preto durante rápida visita ao país 
  Temple Grandin venceu o autismo e hoje ajuda outras pessoas a superarem a doença
Desenvolvimento
Ainda segundo Temple, os pais devem incentivar os filhos autistas a praticarem atividades culturais, para o desenvolvimento cognitivo das crianças. A professora relembrou que aos oito anos, a mãe percebeu sua vocação para as artes e a fez participar de aulas de pintura e trabalhos manuais na própria escola onde estudava. Aos 14 anos, Temple também foi levada pela mãe para uma fazenda e foi nessa oportunidade que teve a ideia de desenvolver o que ela chama de "máquina do abraço", ao observar como as vacas eram vacinadas.
"Os animais eram colocados em um corredor com barras de ferro, que se fechavam. Eles não se machucavam e ficavam tranquilos. A pressão ajudava a acalmar os bichos. Eu gostei e tive a ideia de copiar isso, criando a máquina do abraço. Eu controlava a pressão da máquina e ficava ali até 20 minutos", afirma.
Em uma rápida visita pelo Brasil, Temple esteve em Ribeirão Preto (SP) e afirmou que o autismo não deve ser encarado pelos pais e pela sociedade como um obstáculo. "Existem dois tipos de cérebro: um social e outro pensante. Aqueles que têm cérebro social, estão por aí, passeando e socializando. Os pensantes, são capazes de fazer criar coisas geniais."
FONTE:
Do G1 em Ribeirão e Franca
Michel Montefeltro
(Fotos: Paulo Villas Boas/ Divulgação)
http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2014/05/presenca-da-mae-e-essencial-diz-idosa-simbolo-da-luta-contra-autismo.html
  










quinta-feira, 8 de maio de 2014

Rosinha da Adefal lança guia para a imprensa falar sobre deficientes



Rosinha da Adefal (C): 
é preciso tratar as pessoas com deficiência com igualdade, 
nem vitimizando nem supervalorizando seus feitos - 
Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
O Guia "Como falar sobre deficiência" foi lançado nesta quarta-feira  na Câmara dos Deputados. O manual para profissionais de comunicação traz, em um texto leve, exemplos do que é preciso evitar no tratamento da pessoa com deficiência. Segundo o guia, é preciso evitar o termo "deficiente" porque passa a ideia de que a deficiência está presente nessa pessoa inteira, o melhor é usar pessoa com deficiência.
Tratamento e preconceito
O texto, proposto pela Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa das Pessoas com Deficiência, traz ainda frases veiculadas na imprensa que demonstram preconceito e por isso precisam ser evitadas.
A deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) coordenou o trabalho de produção do guia. Na opinião da parlamentar, que é cadeirante, é preciso tratar as pessoas com deficiência com igualdade, nem vitimizando nem supervalorizando seus feitos. "Nós deficientes temos que ser vistos pela sociedade de uma forma geral, antes da cadeira, antes da muleta, antes dos óculos, do aparelho auditivo, da bengala, como uma pessoa, como um cidadão que tem direitos e deveres como qualquer outro."
O presidente nacional do Movimento Orgulho Autista Brasil, Fernando Cotta, participou da cerimônia de lançamento da cartilha e explicou que a forma de chamar uma pessoa com deficiência é um meio de combater ou reforçar o preconceito.
Cotta destacou que o guia vai balizar toda a imprensa que “carrega toda essa responsabilidade de passar para essa sociedade como se dirigir a essas pessoas, sem que seja de uma forma difamatória, de uma forma com que essas pessoas se sintam mal".
Pessoas com deficiência
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.
FONTE:
KARLA ALESSANDRA
http://al1.com.br/noticias/seguranca/2014/05/07/7521/rosinha-da-adefal-lanca-guia-para-a-imprensa-falar-sobre-deficientes