quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Deficiências Educacionais

Como pais, mantemos o inabalável sentimento que nossos filhos, serão eternamente crianças.

Sobre o indivíduo, René Zazzo, psicólogo francês, falecido em 1995, que deixou uma vasta obra sobre a psicologia da criança, observa deficiências nos sistemas educacionais de países francamente evoluídos, inclusive na própria França, no que diz respeito ao estudo do comportamento de crianças deficientes.

Foi dele um dos primeiros textos no mundo a definir oficialmente Psicologia Escolar como um campo específico de atividades de natureza psicológica.

Em uma das suas mais conhecidas citações, está a sugestão de que deveríamos interrogar um estudante de psicologia infantil para constatar que: “ele será capaz de recitar Piaget, Freud, Skinner e talvez Wallon. Mas ficará estupefato se você lhe pedir que descreva como é uma criança de três anos...”

Uma das principais razões, para que os pais obtenham sucesso com necessidades educacionais do seu filho autista ou não, é manter para si mesmos, um nível elevado de autoestima, pois ele é visto por seu filho como um bom modelo para ser imitado.

Com pais inseguros, sem autoestima, e cheios de dúvidas de sua capacidade ou de suas possibilidades de sucesso para o enfrentamento da síndrome, será impossível aproveitar-se da evolução na educação para desenvolver o seu filho deficiente.

Não se pode deixar passar em branco, que o filho recebe estímulos desde que é feto, tanto internos provenientes do corpo da mãe, quanto externos proporcionados pelo meioambiente.

Partilhadas as emoções da mãe com o feto desde os primeiros dias da gravidez, sabe-se da produção dos sentimentos positivos que favorecem o desenvolvimento do filho.

O senso comum para colocar nossos conhecimentos do ponto de vista bio-psico-sócio-espiritual é ter o firme propósito de informar a todos que nos lêem uma ação pedagógica, para que o resultado reflita-se no comportamento de cada um em relação aos deficientes, autistas ou não.

É o nosso desejo que uma fundamentação teórica supere o espontaneísmo, permitindo que o trabalho espiritual também se torne eficaz, sem dogmatismos que denunciem formas de educação como instrumentos de dominação.

Ser pai de um deficiente de qualquer matiz, a partir da maternidade e paternidade instinto, é alcançar a fase maternidade e paternidade sentimento, doação incondicional em direção da paternidade-maternidade, indissociáveis, numa síntese integral de instinto, emoção, sentimento, consciência e espiritualidade.

Quando se pergunta como se processa a interferência do perispírito do reencarnante na organização genética do corpo após a fecundação, Vianna de Carvalho elucida:

“O perispírito é o agente modelador dos equipamentos orgânicos, assim como dos delicados processos mentais, que decorrem das conquistas do Espírito.”

Quando se questiona arraigado no mecanicismo da ciência à raiva e a dor de ser pai de um deficiente, mental ou não, por que, logo eu, sem rever sua convicção sobre a realidade espiritual lhe impingindo reprovações, ainda não sabe que as provações enrijecem as fibras morais responsáveis pela ação dignificadora.

Ressalte-se também que os fatores genéticos, genes e cromossomos, bem como as “condições psicossociais e econômicas” contribuem também para a formação de “um quadro dos processos de burilamento moral-espiritual, resultantes de dispositivos individuais para a evolução”.

O processo educativo nos permite visualizar e nos propõe praticar, ao mesmo tempo, com os sentidos, com o intelecto e com a afetividade, procurando ampliar a capacidade perceptiva do autista e, portanto, elevar a sua sintonia.

O autista interage com o meio a partir da percepção que possui do meio, percepção essa em seus aspectos sensorial, intelectual e afetivo.

Essa interação ocorre tanto no sentido horizontal, ou seja, com o meio físico, social, como no sentido vertical, ou seja, com o meio espiritual.

Reiteramos que o deficiente é um Espírito que traz em si mesmo sua bagagem do passado (subconsciente) e, ao mesmo tempo, o "germe da perfeição", uma meta superior a atingir (superconsciente) e que, para evoluir, deve trabalhar no presente, usando as conquistas passadas, buscando a inspiração superior para construir seu próprio futuro.

As metodologias, a nosso ver, são apenas recursos.

Sempre! Ótimos recursos, necessários sem a menor dúvida, mas estão aí para nos orientar e servir sem interferir.

Muitos especialistas das áreas das neurociências, professores e técnicos, já perceberam que seus alunos têm condições de se apropriarem de conhecimentos pedagógicos e procuram avançar com eles rumo a conhecimentos mais complexos, do ponto de vista das deficiências mentais ou síndromes que são portadores.

No entanto, alguns céticos, por teimarem em não acreditar, envidam imensos esforços para que não se saia da regras estabelecidas pelos padrões conservadores superados pelo tempo, Senhor da Razão.

Preocupam-se apenas com o desenvolvimento de habilidades que permitam aos alunos/pacientes operar socialmente, trabalhando dentro de critérios de funcionalidade que apenas limitam as possibilidades dos alunos se desenvolverem.

Não levam em consideração afinidades ou desajustes entre os seres, necessidades de realização e autorrealizações ético-morais, unindo-os ou não, de forma a darem cumprimento aos imperativos, responsáveis pela evolução individual.

É fato que não precisamos ser donos de “mente brilhante” o filme, como John Nash, o matemático e professor, Prêmio Nobel de Economia para sabermos da extrema fragilidade de um ser humano.

Não precisamos entrar no mundo de uma pessoa assim porque não temos a mínima noção de como uma patologia daquele tipo afeta uma vida do deficiente mental ou não, autista asperger ou não, e da sua dependência.

Um pouco de vontade e bom senso, basta para entender que ficamos totalmente dependentes, afora o discernimento de cada um, após a descoberta ou o diagnóstico dramático, para descobrirmos que também precisamos de amparo, não só terapêutico e espiritual, mas de treinamento e preparação para atender as mínimas necessidades daquele que é uma extensão da nossa própria existência.

Não devemos esquecer que os estudiosos e os pesquisadores destes assuntos, mesmo que reducionistas, timidamente nos advertem que acima de tudo, o amor ainda é fundamental.

Esta tensão atinge primeiramente a mãe, que poderá ficar assustada, triste, depressiva, cansada, e até infantilizada com a nova responsabilidade.

O pai, também, só que de maneira menos visível, e sua ansiedade em face às mudanças, com freqüência atingirá as relações do casal, a vida de cada um dos parceiros, e as mudanças que ocorrerão.

Sem a preparação adequada nenhum terá discernimento para enfrentar a brutalidade da situação futura.

No entanto, o pai poderá oferecer à sua mulher, sua parceira, ao seu filho deficiente, autista ou não, o maior de todos os confortos, que são as suas ações acontecendo de forma tranqüila, acalmando a mãe, diminuindo seus temores a apreensões do dia-a-dia e transmitir segurança de toda ordem para o futuro.

Cada autista traz um repertório inato, de preferências e aversões. Cabe a mãe essencialmente encontrar a melhor forma de ampará-lo nas suas dificuldades.

Os pais devem ter a consciência e saber que o excesso de zelo nunca conduzirá o autista para uma educação que dê bons resultados, assim como acontecerá com o descaso.

Por ocasião da exibição de uma novela na televisão, o personagem autista foi personificado com tamanho lirismo, era tão lindo e simpático que freqüentemente em discussões afins, encontrávamos pessoas expressando vontade de ser “autista”.

Era bonito ser autista. O Autismo ganhou status equivocado.

Alguém contou a história errada para o autor da novela e o Autismo está pagando pelo estigma até hoje, pois as pessoas lembram-se da palavra e ligam imediatamente aquele personagem.

Cada pai, cada mãe de autista, cada responsável, tem que resolver suas próprias nuances autísticas, eventuais conflitos aos pontos de vistas adversos e conflitantes, vigentes na sociedade em que vivemos, e devemos fazê-lo de acordo com os ditames da nossa própria consciência.

Devemos nos convencer que, o futuro dos nossos filhos, autistas ou não, depende da educação e dos exemplos que dermos a eles, que dependem das condições que nós pais criarmos.





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