terça-feira, 1 de maio de 2012

Interdição legal de pessoas com deficiência intelectual será discutida em audiência


     A Comissão de Seguridade Social e Família realiza audiência pública na quinta-feira (3) sobre a interdição legal total de pessoas com deficiência intelectual e paralisia cerebral severa. O debate foi proposto pelos deputados Mandetta (DEM-MS) e Rosinha da Adefal (PTdoB-AL).

     Rosinha da Adefal afirma que a exigência é preocupante, pois prejudica o exercício da cidadania, especialmente de pessoas com Síndrome de Down e paralisia cerebral grave. “Em muitos casos, os familiares das pessoas com esses tipos de deficiência – ainda que assim não desejem - se veem obrigadas a promover judicialmente a sua interdição, pois, de outra forma, não conseguiriam ter acesso a documentos como o passaporte”.
     Interdição total
     A deputada concorda que nem todas pessoas são aptas ao exercício dos atos da vida civil e não discorda da necessidade da previsão do instituto da interdição, parcial ou total, no Código Civil. 
              “O que nos preocupa são as notícias de casos em que as pessoas com deficiência não são vistas em toda sua potencialidade e simplesmente por terem deficiência – e sem que haja qualquer outro argumento – sofrem interdição total, sem que se investigue de sua real capacidade para a vida civil”.

     Ela argumenta que, lamentavelmente, os direitos das pessoas com deficiência não são temas prioritários dos cursos de Direito. “Por isso, grande parte dos juristas e advogados desconhecem as particularidades deste grupo, em flagrante e injustificável desvantagem social, sendo insensíveis às suas particularidades”.
     Rosinha da Adefal lembra que alguns juristas já têm apontado que a interdição total só deve ocorrer nos casos de incapacidade total, exaustivamente comprovada. “Não há razão para restringir totalmente a cidadania nos casos em que as pessoas com deficiência intelectual demonstram aptidão e capacidade para o exercício dos atos da vida civil, ainda que parcialmente”.
     Ela defende que a interdição parcial deve ser a regra, pois são mantidos direitos equivalentes aos de uma pessoa entre 16 e 18 anos, ou seja: não podem casar, contratar ou abrir conta bancária, sem a assistência dos pais; mas têm direito ao trabalho, à educação e ao exercício do voto.
     Convidados
     Foram convidados para o debate:

     - a ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República; 
     - a procuradora da República em São Paulo Eugenia Augusta Gonzaga Fávero; 
     - Francisco Alexandre Dourado Mapurunga, integrante do Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Ceará; 
     - João Carlos Estevão de Andrade, representante da Associação Pestalozzi.

     A reunião está marcada para as 9h30 no Plenário 7.

Agência Câmara de Notícias

Um comentário:

Yvonne Falkas disse...

Olá Nilton,
Tive que fazer a interdição judicial da minha filha porque fiquei viúva e tive que assegurar o benefício do INSS para ela. É uma segurança para quando eu não mais estiver aqui.
Infelizmente a política no Brasil não dá apoio suficiente ou quase nada aos autistas.
Tenhamos confiança que tudo irá mudar neste país.
Um abraço fraterno,
Yvonne