A técnica ensina a desenvolver
a concentração,
a aprendizagem,
a memorização o equilíbrio emocional.
Quem encontra Felippo Bello
conversando ao lado da mãe, participando das atividades escolares ou interagindo com outras colegas pode imaginar estar diante de uma criança como
outra qualquer.
Desde cedo, no entanto, a
família luta para vencer o autismo, uma disfunção geral do desenvolvimento, que
compromete a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento,
ameaçando a convivência da criança com o mundo.
Adriana Nogueira transformou sua
vida para ajudar ao filho, Felippo Bello
Além do amor abdicado de
Adriana, Felippo contou com o auxílio do neurofeedback. A técnica –
desenvolvida há 50 anos - consiste numa espécie de treinamento neurológico do
cérebro, que ensina a desenvolver a concentração, a aprendizagem, a memorização
e o equilíbrio emocional. O processo não utiliza medicamentos, apenas os
estímulos.
Com apenas um ano e meio, em
meio aos telefonemas diários, a avó de Felippo percebeu que algo havia de
estranho com o pequeno. A experiência com a educação de crianças especiais
ajudou a identificar o isolamento do mundo. Em seguida, a família percebeu a
fala desconexa e a dificuldade de
construir frases.
Desde então, a mãe de Felippo, a
empresária Adriana Nogueira, travou uma luta pessoal em busca de mecanismos e
tratamentos que facilitassem e emprestassem mais qualidade à vida do filho.
Mesmo diante de diagnósticos
confusos que, por vezes, apontavam para a Síndrome de Asperger (que consiste
num espectro autista que se diferencia do autismo clássico por não comportar
nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do
indivíduo, os portadores são também conhecidos como autistas de alta performance),
ela não perdeu a fé de encontrar uma forma de reconectar Felippo.
Neurofeedback
O psicólogo especializado em
neurofeedback nos Estados Unidos e Mestre em Neurociência pela Universidade de
São Paulo(USP), Leonardo Mascaro explica que, na prática, o tratamento
consiste, inicialmente, na realização de exames com o tomográfo, que descreve
as bases neurológicas de cada paciente.
A partir da leitura
eletroencefalográfica, são identificados as estruturas profundas do
comprometimento que acomete o cérebro do paciente e, melhor ainda, viabilizam o
treinamento destas estruturas cerebrais. “Com o resultado da leitura do mapa,
condicionamos os neurônios através de estímulos diversos”, explica.
Leonardo esclarece que, embora
clinicamente e do ponto de vista dos sintomas, muitas doenças de cunho
neurológico - como déficit de atenção e
TOC, ou dislexia e quadros de anóxia – imitem umas as outras, o exame permite
que haja uma diferenciação clara, evitando erros no diagnóstico e,
conseqüentemente no tratamento, inclusive, o medicamentoso.
O resultado do tratamento por
neurofeedback é demonstrado através de mapas obtidos no início e no final do
tratamento de cada paciente, evidenciando cada condição de sua evolução.
O tratamento é válido não só
para os casos de autismo, mas também no tratamento da dislexia, déficit de
atenção, ansiedade, depressão e pânico, além de TOC (transtorno
obsessivo-compulsivo), estresse pós-traumático, fadiga crônica e fibromialgia,
insônia, bem como quadros iniciais de Alzheimer, traumatismo crânio-encefálico
e de isquemia ou derrame.
“Cada vez mais é possível
desenvolver as potencialidades do cérebro. Na última década, a tecnologia
permitiu o alcance de uma evolução sem precedentes, fazendo com que o
tratamento não medicamentoso dessas diversas condições seja uma realidade”,
esclarece Mascaro.
O especialista revela que o
neurofeedback não possui contra indicações, nem mesmo para aqueles pacientes
portadores de deficiência visual ou auditiva. “Conforme o trabalho acontece,
novos mapeamentos são feitos e ajustes no tratamento são destacados”, diz .
Carmen Vasconcelos
carmen.vasconcelos@redebahia.com.br
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