No atendimento, o médico analisa o que influencia na saúde e na qualidade de vida do jovem |
No atendimento, o médico analisa o
que influencia na saúde e na qualidade de vida do jovem
Apesar de causar estranhamento, o
indivíduo entre os dez e os 20 anos de idade ainda é considerado criança, tanto
pela OMS (Organização Mundial de Saúde) quanto pela SBP (Sociedade Brasileira
de Pediatria). Mas como os pais podem lidar com a vergonha do filho que já não
se sente à vontade para fazer acompanhamento de saúde regular com um pediatra?
"No último encontro da
Associação Americana de Pediatria, em 2012, estabeleceu-se de forma clara que a
pediatria é a área do conhecimento médico que deve atender recém-nascidos,
lactentes, crianças, adolescentes e jovens adultos", afirma José Martins
Filho, professor titular e emérito de pediatria da Unicamp, de Campinas (SP), e
fundador e pesquisador do Ciped (Centro de Investigação em Pediatria), ligado a
essa universidade.
Segundo Martins Filhos, na prática
médica, há uma constatação de que os jovens de 20 a 25 anos precisam de um
clínico geral para acompanhá-los, e o de adultos, dificilmente, se dá bem com
esses pacientes.
Hebiatra: o médico dos
adolescentes
Embora ainda difícil de encontrar,
existe, dentro da pediatria, um especialista preparado especificamente para
atender pré-adolescentes e adolescentes: o hebiatra. "A especialidade
existe desde 1974 e seu primeiro curso surgiu na Faculdade de Medicina da USP.
Depois, deu-se início a outro no Rio e assim foi se disseminando", fala
Maurício de Souza Lima, médico hebiatra, formado pela USP e diretor de
pediatria do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
A AMB (Associação Médica
Brasileira) reconheceu a especialidade em 1998, mas são poucos os cursos de
medicina que oferecem essa formação. "O crescimento tem ocorrido devagar,
até porque muitas pessoas ainda não têm conhecimento da existência de um
profissional que atenda especialmente o adolescente", declara o pediatra e
hebiatra Mauro Fisberg, professor do Centro de Atendimento e Apoio ao
Adolescente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Sem contar
que não é todo pediatra que atende o adolescente", afirma Lima, do Sírio
Libanês, que há 25 anos atende apenas jovens.
A consulta
A dinâmica da consulta do hebiatra
difere da do pediatra. Com este médico, os pais procuram e participam do
atendimento. No caso do hebiatra, os adultos só tomam parte da primeira
consulta.
"O médico, durante o
atendimento, observa e analisa vários quesitos que influenciam na saúde e na
qualidade de vida do adolescente, como seus hábitos alimentares,
comportamentais e sexuais, além do relacionamento com a escola e com a
família", afirma o hebiatra Mauro Fisberg.
Depois da
primeira consulta, o adolescente passa a se consultar sozinho. "Esses
momentos servem para o jovem ficar à vontade para expor problemas e dúvidas que
o afligem e que não quer compartilhar com a família. O médico fala com os pais
sobre a conduta a seguir e, se o jovem permitir, o especialista pode contar o
que foi conversado em particular, sempre respeitando a privacidade do
jovem", diz Maurício de Souza Lima, hebiatra do Sírio Libanês.
FONTE:
Fabiana Gonçalves
Nenhum comentário:
Postar um comentário