No sentido de desenvolver os estudos científicos no
Brasil, criou-se em 2001, pela Lei 10.221, o Dia Nacional da Ciência que, a
partir de então, deveria ser comemorado a cada 08 de julho. Instituir esta data
foi um primeiro passo no sentido de incentivar a divulgação do papel
estratégico da Ciência, da tecnologia e da informação para o desenvolvimento do
país. A palavra “ciência” significa “conhecimento”. Identificar e descrever as
mais diferentes características da realidade é sua função. A ciência é o pleno
exercício da observação, da investigação, da curiosidade e é o exercício da
curiosidade que produz o conhecimento. Daí, ser a ciência uma porta aberta para
a dinâmica de um mundo de novos conhecimentos.
E como a ciência tem mudado o nosso mundo! Quantas
inovações científicas têm surgido para nosso conforto e bem estar! Mas o
investimento nesta área, aqui em nosso país, tem sido bastante tímido. Embora
sem muitos incentivos, o Brasil tem sido berço de estudiosos que têm dado
contribuições expressivas ao desenvolvimento científico mundial.
Uma das
últimas notícias que me deixou encantada foi sobre a pesquisa que está sendo
feita sobre o autismo. Cientistas da USP - Universidade de São Paulo -, em
parceria com o professor brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da
Califórnia, estão desenvolvendo um projeto denominado A Fada do Dente, no
sentido de tentar reverter o quadro do autismo.
Para desenvolver o estudo, os pesquisadores têm
coletado dentes de leite de crianças com autismo, com o intuito de transformar
as células da polpa dentária em células-tronco diferenciadas, em neurônio. Em
entrevista dada à Agência Brasil, a bióloga, professora da USP e coordenadora
da pesquisa no Brasil - Patrícia Beltrão Braga - explicou que o foco do estudo
é tentar entender o que acontece no cérebro do autista. O autismo é um mistério
da mente ainda pouco compreendido. É uma disfunção global do desenvolvimento
que afeta a capacidade de comunicação, de socialização e de comportamento da
criança. Algumas parecem fechadas e distantes; outras mostram estar presas a
rígidos padrões de comportamento. A grande dificuldade do autista é interagir
com o outro. Sem empatia, vive num mundo só seu. Com dificuldade de se
comunicar, não consegue demonstrar o que quer ou sente.
Ter uma família e ter filhos é o sonho da maioria
das pessoas. É claro que todos esperam ver seus filhos correndo e brincando com
outras crianças, falando sem parar, respondendo a carícias ou fazendo
malcriação. Esperam que saibam falar bem, que explanem suas ideias, que
respondam a perguntas, que façam artes, que contem casos, que inventem
situações, que façam amigos, enfim, que se relacionem com a vida que os abraça.
E esta é a grande dificuldade da criança autista. Ter uma criança diferente
pode ser difícil de aceitar. Principalmente, quando essa criança tem
características que a afastam do mundo dos outros, inclusive do mundo dos
próprios pais.
Que maravilha saber que as crianças que vêm à vida com autismo poderão,
num dia próximo, se Deus quiser, viver uma vida socialmente mais estável! Que
maravilha se a ciência conseguir livrar as crianças desta síndrome que a impede
de interagir com o mundo que a cerca! Freud já dizia que “A ciência não é uma
ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o
que ela pode nos dar.” Por acreditar nisto, torcemos para que os cientistas
brasileiros tenham sucesso nos seus estudos. Que tenham sucesso nesta pesquisa
que envolve autismo, ciência e afeto.
A professora Marlene Salgado de Oliveira é mestre em Educação pela UFF,
doutorada em Educação pela UNED (Espanha) e membro de diversas organizações
nacionais e internacionais.
Fonte: universo.edu.com.br
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