A limitação de conhecimento sobre o autismo pode
resultar na confusão de simples expressão de sexualidade com desvios de
conduta, colocando em risco a integração da criança, adolescente ou adulto com
autismo. “As pessoas com autismo correm grande risco de consequências negativas
e castigos que incluem perda de privilégios como andar de transporte público ou
mesmo um trabalho”, aponta o estudo “Comportamentos sexuais no autismo:
problemas de definição e gerenciamento” (no original: “Sexual Behaviors in Autism:
Problems of Definition and Management”).
Os autores ressaltam as dificuldades que as condutas
sexuais de pessoas com autismo podem trazer para seus pais. Existem hipóteses
sobre a exibição pública da conduta sexual do autista, e alguns especialistas
apontam que a masturbação persistente de alguns autistas pode ser reforçada
como opção para liberar sua tensão sexual. “Os comportamentos socialmente
inaceitáveis podem estar relacionados às características do autismo”, alertam.
Antes de se pensar em castigos ou reprimendas,
portanto, é importante lembrar que autistas apresentam consciência social
alterada, assim como a noção de reciprocidade. Esses elementos são essenciais
para o processo de aprendizagem e compreensão da interação sexual apropriada.
De acordo com o estudo, a dificuldade para aprender os comportamentos sociais
de uma maneira estruturada confundem o desenvolvimento sexual do autista e
contribuem para as chamadas condutas inadequadas. Autistas, ressaltam os
autores, não reconhecem facilmente sinais afetivos sutis, e têm dificuldades em
reconhecer outros pontos de vistas.
Os autores destacam as condutas sexuais inadequadas
mais comuns em pessoas com autismo: tirar a roupa em público, masturbação em
público e tocar suas partes íntimas em público, além de debater determinados
temas de cunho sexual. Com o aumento da socialização, é possível ensinar-lhes a
ser discretos e seletivos. “Desde 1970, os tratamentos enfocam a repressão da
conduta inadequada e o reforço de um comportamento alternativo”, aponta o
estudo, que questiona ainda a efetividade das chamadas terapias de aversão,
assim como o tratamento hormonal, devido aos possíveis efeitos secundários.
Fonte:
Journal of Autism and Developmental Disorders.
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