Entre reivindicações está manutenção das escolas
e turmas especiais.
Cerca de 150 pessoas participaram de passeata no
Parque da Cidade
pelos direitos dos autistas
(Foto: Raquel Morais/G1)
Cerca de 150 pessoas com camisetas, faixas e balões
azuis participaram na manhã deste domingo (1º) de uma passeata no Parque da
Cidade, em Brasília, para pedir a regulamentação da Lei 12.764, sancionada em
dezembro de 2012, que estabelece as políticas de proteção aos autistas. Entre
as principais reivindicações estão a manutenção das escolas especiais e a
capacitação da rede pública de saúde para o diagnóstico precoce. O ato ocorre
paralelamente em São Paulo, Porto Alegre, João Pessoa, Salvador e Rio de
Janeiro.
Diretora do Movimento Orgulho Autista Brasil e mãe
de uma garota de 6 anos que tem o transtorno, Evellyn Diniz explica que as
classes diferenciadas são importantes para que as crianças e adolescentes
consigam se desenvolver. Ela também diz que faltam profissionais preparados
para acompanhar esses estudantes na rede pública. O G1 não conseguiu contato
com a Secretaria de Educação para comentar o caso.
“Querem fazer a inclusão a ferro e fogo, colocar um
autista que às vezes não tem nem coordenação motora para segurar o lápis em uma
sala com 40 alunos. Dizem que só em Brasília existem classes especiais e que
por isso tem que acabar. Em vez do Brasil nivelar por Brasília, Brasília vai
nivelar por baixo”, afirma.
Evellyn Diniz, diretora do Movimento Orgulho
Autista Brasil em Brasília
A caminhada, iniciada por volta de 11h, começou
atrás da administração do parque. Durante o percurso, o grupo pedia o não
fechamento das Apaes e escolas especiais, o cumprimento da lei e a capacitação
de profissionais.
Em abril deste ano, o GDF informou que nomeou cem
monitores tomariam posse nas escolas públicas e que estava promovendo gestões
junto a Secretaria de Administração Pública e área financeira do governo para a
contratação de mais profissionais. Na época, a pasta contabilizava 834 alunos
diagnosticados com autismo na rede pública de ensino.
"Cabe esclarecer que todas as escolas públicas
são inclusivas e recebem alunos com autismo, entretanto, dependendo do grau de
comprometimento, o estudante poderá ser atendido por uma escola especial”,
disse, por e-mail.
Regulamentação
Por meio da lei 12.764, serviços de saúde,
educação, nutrição, moradia, trabalho, previdência e assistência social devem
beneficiar não só os pacientes com diagnóstico fechado, mas também aqueles
casos em que há suspeita.
A política estende à categoria todos os benefícios
legais de todos os indivíduos com deficiência, incluindo desde a reserva de
vagas em empresas com mais de cem funcionários até o atendimento preferencial
em bancos e repartições públicas, segundo informou a Agência Câmara.
O texto prevê ainda uma punição para gestores
escolares que recusarem a matricular alunos com autismo. O responsável pela
negação está sujeito a multa de 3 a 20 salários mínimos. Em caso de
reincidência, os gestores podem até perder o cargo.
Entenda
O autismo é um transtorno incurável que afeta quase
todos os aspectos do comportamento: a fala, os movimentos do corpo, o interesse
por amizades, a vida social e as emoções. Um estudo apontou que, enquanto nos
Estados Unidos o diagnóstico é feito antes dos 3 anos de idade, no Brasil o
transtorno só é identificado quando a criança já tem de 5 a 7 anos. Esse atraso
agrava as deficiências do autismo e traz mais sofrimento para as famílias.
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talentos específicos
Dados da Autism Society (ASA) apontam que uma em
cada 50 crianças dos Estados Unidos são diagnosticadas com autismo. Segundo a
diretora de eventos do Movimento Orgulho Autista Brasil, Adriana Alves, o
transtorno é mais prevalente na população que câncer, Aids e diabetes juntos e
pelo menos três vezes mais comum que a síndrome de Down.
Mãe de um adolescente com autismo, Adriana diz
acreditar que pouco se tem feito no Brasil para preparar essas pessoas para o
futuro. "[Entendo que] ignorar as estatísticas, principalmente as
americanas, é protelar um enorme problema social e de saúde pública que, muito
em breve, atingirá uma parcela muito significativa da população, tanto
brasileira quanto mundial."
FONTE:
Raquel Morais
Do G1 DF
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