Nos EUA, residência a ser lançada visa
inspirar uma
“vida com propósito”
FOTO: Winni Wintermeyer/The New York Times
Uma das casas que fazem parte do condomínio na Califórnia A-G Comunidade.
No Sweetwater Spectrum, uma residência
para 16 adultos autistas,
há diversas atividades, algumas no saguão social
SONOMA, EUA.
Eis uma verdade sobre
crianças com autismo: elas crescem e se tornam adultos com autismo. Defensores
estimam que ao longo da próxima década, 500 mil desses indivíduos se tornarão
adultos nos Estados Unidos.
Ninguém pode afirmar com certeza o que a
vida adulta lhes reserva. Para começar, onde eles vão morar e trabalhar? Um
estudo de 2008 da Easter Seals descobriu que 79% dos adultos jovens com
distúrbios do espectro do autismo continuam a residir com os pais. A maioria
deles nunca procurou emprego.
Mesmo assim, a expectativa de vida dos
autistas é mais ou menos igual à média. Então, crianças com autismo não podem
ficar em casa para sempre.
Essa percepção – tão óbvia quanto
preocupante – despertou recentemente uma reação de pesquisadores, arquitetos e,
especialmente, dos pais. Em 2009, duas acadêmicas, Kim Steele e Sherry
Ahrentzen, colaboraram em “Propostas de habitação para todo o espectro”,
diretriz abrangente para projetar casas para adultos autistas; um livro mais
detalhado sobre o tema deve ser lançado no ano que vem.
O primeiro avanço dentro deste modelo
pode ser o Sweetwater Spectrum, residência para 16 adultos cujas capacidades e
deficiências abrangem todo o espectro autista. O projeto inovador de US$ 10,4
milhões (R$ 22,7 milhões) foi inaugurado em janeiro no centro da região
vinífera da Califórnia; as famílias fundadoras e a diretoria esperam torná-lo
um modelo para experimentos similares pelos EUA.
A dupla de acadêmicas citou uma lista de
projetos habitacionais novos ou futuros. Uma das iniciativas mais promissoras é
o Airmount Woods, Ramsey, em Nova Jersey, que vai receber moradores em
novembro.
Cotidiano.
É fácil planejar um dia
agradável em Sweetwater.
Comece a manhã com 30 minutos no aparelho elíptico na
sala de ginástica. Para o café, ovos frescos do galinheiro na cozinha
comunitária. Depois, semear um canteiro de sementes de tomate na enorme estufa,
treinar arremessos na cesta de basquete ao ar livre. E se for sexta-feira, por
que não dar uma passadinha na noite de atividades no saguão social?
Tais comodidades são fundamentais para o
empreendimento, afirmou a CEO e diretora executiva do Sweetwater, Deirdre
Sheerin, 53. Segundo ela, a imagem pública de ter autismo é a de letargia e
isolamento social. Pense em alguém “sentado em uma poltrona com videogame,
comendo coisas estranhas”. Em contrapartida, tudo a respeito do Sweetwater
existe para inspirar uma “vida com propósito”.
Custos.
Para começar, os moradores
escolheram se mudar para lá, e também escolheram com quem dividir a casa. De
forma similar, as famílias contratam seu próprio atendimento, seja auxílio 24
horas ou ajuda casual. Segundo Deirdre, de certa forma, o Sweetwater é um
locador glorificado: todo inquilino assina um contrato de aluguel de 12 meses,
pagando aluguel de US$ 650 (R$ 1.430)e taxa de associação, no valor de US$
2.600 (R$ 5.730), mensais.
A declaração da missão do Sweetwater
alinha princípios ambiciosos. Os moradores vão poder envelhecer ali. A
comunidade deveria “acomodar uma ampla gama do espectro financeiro”,
subsidiando a moradia de um quarto dos inquilinos. E os atendentes (que não são
empregados do condomínio) deveriam receber incentivos para formar relações de
tratamento estáveis e de longo prazo.
“Você escuta sobre organizações
planejando essas coisas, mas demora até as fontes de financiamento funcionar”
FONTE:
MICHAEL
TORTORELLO
THE
NEW YORK TIMES
Sherry Ahrentzen
colaboradora
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