Foram longos nove meses de espera. Enquanto isso, a
emoção ao ouvir pela primeira vez seus batimentos cardíacos, a ansiedade para
saber o sexo, um enxoval montado, a escolha do nome, conversas e carinhos para
alguém que ainda estava na barriga e muitas expectativas para ver aquele
rostinho. Enfim, chega o grande dia! Um
bebê lindo, encantador e saudável. Nos primeiros meses de vida foi uma alegria
só: risadas, caretinhas, balbucios, primeiros passinhos. Até que um dia, algo
ficou diferente. Aquele bebê tão risonho agora parece estar um pouco distante,
com o olhar perdido, já não responde mais aos chamados e tampouco está falando
“mama” ou “papa”.
Preocupados, os pais iniciam uma busca desenfreada
para saber o que está acontecendo. No entanto, em muitos casos, a resposta não
vem rapidamente. Existe a dificuldade de diagnóstico. Até que um dia um
especialista fala sobre autismo. Autismo? O que é isso?
O Autismo é um transtorno do desenvolvimento que
apresenta algumas características ainda nos primeiros três anos de vida da
criança e que pode ter como causa a genética ou os fatores ambientais. Apesar
de o desenvolvimento da criança ter sido compatível com sua faixa etária por um
período de tempo, a criança que tem autismo começa, em um determinado momento,
a apresentar um déficit na realização desses mesmos comportamentos e também na
aprendizagem de novos.
Pode-se dizer que a criança que tem autismo percebe
o mundo de forma fragmentada, com uma dificuldade especial em interpretar
contextos, resultando em prejuízo significativo na comunicação e na interação
social. Essas são as principais características do autismo, mas não as únicas.
Não responder quando chamam por ela, não gostar de contato físico, intolerância
a alguns sons, autoagressão, ecolalia, comportamentos repetitivos
(estereotipias), apreço por movimentos circulares e particularidades durante o
brincar são outras características do autismo. Há ainda casos de autismo em que
é possível identificar o desenvolvimento de alguma habilidade extraordinária em
determinadas áreas, como por exemplo, a matemática.
Mas é preciso frisar aqui que existem diferentes
graus de autismo: leve, moderado e
severo. Vale ressaltar que o que há algum tempo era conhecido por Asperger
recentemente passou a fazer parte do espectro autista. Portanto, as
características apresentadas pela criança com autismo variam de acordo com o
grau. Da mesma forma, irá variar também como será a aquisição de
comportamentos.
É muito importante que o autismo não seja
diagnosticado tardiamente, pois quanto mais cedo diagnosticar, mais rapidamente
será iniciado o tratamento adequado. Para os pais aflitos que temem que seus
filhos com autismo não possam ter uma vida tranquila assim como desejaram, é
importante saber que eles terão sim algumas dificuldades já que possuem algumas
limitações. Mas também é essencial saber que a criança com autismo é capaz de
realizar uma variedade de comportamentos desde que esses sejam ensinados para
ela de forma adequada.
O tratamento do autismo deve ser realizado por uma
equipe multiprofissional: psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional, pedagogo e neurologista, entre outros. A Terapia Comportamental é
forma mais indicada para o tratamento do autismo. Em virtude das dificuldades
apresentadas e da necessidade de aquisição de novas aprendizagens, a Terapia
Comportamental objetiva o desenvolvimento de habilidades sociais de uma forma
geral, incluindo tanto as tarefas de vida diária quanto as de cunho acadêmico
(proporcionando maior independência à criança e maior desenvolvimento
cognitivo).
Papai e mamãe, diante de tal diagnóstico não se
desesperem. Pelo contrário, o que seu filho autista necessita não é de
desorganização, e sim organização. Conhecendo bem o transtorno, com dedicação e
com a ajuda de profissionais especializados, seu filho com autismo terá muita
qualidade de vida. E como diria uma das melhores campanhas sobre autismo que já
vi: “ensina-me de várias maneiras, pois sou capaz de aprender”.
Por Renata Lopes Santos
CRP 15/3296
Psicóloga Clínica Comportamental
FONTE:
http://www.jaenoticia.com.br/blog/100/Alem-da-Caixa
Nenhum comentário:
Postar um comentário