Movimentos do cavalo auxiliam no resgate do equilíbrio e da coordenação motora, afetados por doenças como o Mal de Parkinson e outras síndromes.
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Há meses sob o tratamento conduzido pela instrutora Dora Alho, Nicolas, de 3 anos, já consegue sentar e controlar o tronco |
O uso do cavalo como método terapêutico, sobretudo
para os que buscam o desenvolvimento de pessoas com algum tipo de deficiência,
está se mostrando eficaz também para pessoas diagnosticadas com doença de
Parkinson. A doença degenerativa, provocada por uma disfunção dos neurônios,
prejudica progressivamente os movimentos e a coordenação.
O representante comercial Joel de Arruda, 61, que há
oito anos descobriu ter a doença de Parkinson, não imaginava que o gosto pelo
hipismo um dia o levaria à terapia complementar contra a doença. Após ser
diagnosticado e perder o emprego, Joel pensou também em abandonar o hipismo,
até ser informado que a equoterapia poderia ajudá-lo.
INDICAÇÕES
Tratamento também pode ajudar vítimas de AVC e
outras doenças
A equoterapia é indicada para casos em que há
comprometimento neuromotor de origem encefálica ou medular. Pode ser aplicada
em pacientes com autismo, paralisia cerebral, infartados, pessoas com problemas
circulatórios, psíquicos, vítimas de AVC ou que tenham deformidade de membros,
deficiências auditiva, visual ou na fala. É indicada também para crianças
hiperativas ou que têm desvio de atenção, pelo fato de a atividade exigir
grande concentração.
Síndromes
O tratamento de síndromes também pode ser
complementado com a terapia. É o caso de Nicolas Felipe Pereira, 3 anos, que
sofre de síndrome de Angelman, doença caracterizada pelo atraso no
desenvolvimento intelectual e dificuldades na fala.
A dona de casa Eliane da Silva Refundini, 38, mãe de
Nicolas, conta que o filho foi diagnosticado aos 2 anos de idade. Ele não
andava nem falava. A mãe conta que, no início, o tratamento indicado pelo
fisioterapeuta lhe causou desconfiança, mas em dois meses começou a perceber
mudanças positivas no comportamento da criança. Hoje, segundo ela, o menino já
se senta sozinho, controla o tronco, e, com apoio, consegue até ficar em pé.
“Acredito que ele ainda vai andar sozinho”, comemora (RS).
Método
Segundo a instrutora de equoterapia Dóris Alho, o
método surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial. Os soldados voltavam para
casa com muitos problemas psicológicos e como havia um grande número de cavalos
no exército, muitos deles eram colocados para cavalgar. A partir daí começou-se
a observar progressos psicológicos e, algumas vezes, motores. Depois, estudos
foram comprovando os benefícios da equoterapia.
A terapia ocorre por meio da equitação, o ato de
cavalgar. Segundo a instrutora Dóris Alho, educadora física especializada em
equoterapia, a principal característica do tratamento é o movimento
tridimensional do cavalo, ou seja, o animal se move para cima, para baixo, para
as laterais, para frente e para trás. Movimentos globais, como esses, nenhum
outro aparelho consegue simular. Os principais benefícios são o desenvolvimento
do equilíbrio, da coordenação, melhor controle do tronco, desenvolvimento de
noção de espaço e do senso tátil.
A fisioterapeuta Marília Ramalho Assunção, que
ministra aulas de equoterapia, lembra que são atendidos pacientes de todas as
idades e a maioria dos que procuram a terapia tem comprometimento neurológico e
motor, mas alguns entram no programa apenas para buscar socialização. Ela diz
que a equoterapia teve um salto na procura nos últimos dez anos.
A instrutora Dóris Alho explica que a terapia é
apenas complementar ao tratamento, que deve reunir ainda o trabalho da
fonoaudiologia, da fisioterapia e da terapia ocupacional. “Alguém pode dizer
que sentiu melhora muito grande com a equoterapia, mas não foi só isso.
Melhorou porque tem um conjunto de terapias. Não dá para medir, mas ajuda
muito, especialmente no equilíbrio”, diz.
Essa melhora no equilíbrio foi percebida pelo
representante comercial Joel de Arruda. “Ajuda cem por cento”, comemora. Ele
conta que, além da condição física, sente-se melhor no campo emocional e,
principalmente, em relação os tremores causados pela doença de Parkinson. As
pernas dele também respondem melhor aos movimentos. “Às vezes queria movimentar
as pernas, correr, mas não consigo. A montaria força a trabalhar todos os
músculos da perna.”
O instrutor Paulo Roberto Vicente ressalta a
importância dos exercícios que passa a Joel Arruda, especialmente no
alongamento. Para ele, ajudar quem necessita com esse trabalho é gratificante.
FONTE:
RAFAEL SANCHEZ, ESPECIAL PARA O JL
http://www.gazetadopovo.com.br/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=1471413&tit=Os-beneficios-da-equoterapia
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